Loucura

Foto de Drica Chaves

Afeição

Ah! Doce prazer
O que quer fazer?
Diz, eu farei
De você um rei
Luzes piscando, iluminando
Esferas e sons sonhando
Com o seu real encanto
Quantos sonhos, uma aventura
Demasiada loucura
Insano querer
Amar-sofrer
Percalços e assombros
Ilusões e sempre emoções
Corações
Misteriosos olhares
Lugares comuns
Sem imitações.
Criações e arte final
Afinal,
Nós, chocolate e champanhe
Brinde suave
orvalhado
de pétala-canção
Afeição...
Saborosa sensação!

(Drica Chaves)

* Direitos autorais reservados.

Foto de Nailde Barreto

O Despertar do Sonho!!!

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Sei que durmo, mas já despertei. O meu corpo presente, dilacerado de tanto sofrer, diz-me que ainda não é tarde...
Numa melancolia lúcida, cá estou, em alerta durante o sono, guardando você no meu sonho. O vejo sorrindo, refletindo no meu mundo turvo, a sua luz...
Alimento esse amor platônico, durante as manhãs, junto do nascer do sol, que envaidece o dia, e há de ainda trazer, para ambos, intenso deleite...
Crio uma realidade imaginária, para sempre tê-lo por perto, e me perco entre esses mundos que me deixam confusa, contudo, que lugar é esse, que não posso tê-lo no abrir dos olhos?
E, ao perceber os feixes cintilantes do dia, começa a loucura descontente, que me faz percorrer os extremos da mente, enquanto observo-te entre tecidos coloridos, perfumes, maquiagem dos bordéis, e tantos outros detalhes, impregnados no seu corpo, cujo olhar te condena...
A loucura, alheamento da mente, é imperfeição! Então, a desejada concordância do aconchego, será cingida por incertezas. Será esta a lógica de amar?
Vivemos nossas próprias tragédias, tornados e furacões, quer seja no plano real ou no plano da ilusão, no entanto, somos contidos ao descrever a angustia que há em nossos corações, que mais uma vez adormece, diante de tantas imperfeitas emoções...
Agora, essa lógica, visível e emergente e desconexa, interpenetra-me, causando-me ligeira confusão. Então, já não sei se durmo e se realmente despertei, já não sei se despertei e ainda continuo a dormir, já não sei se quero dormir e jamais despertar...
Tudo que sei, é que quero dormir e acordar, ter a certeza que você existe, certificando que isso tudo não é invenção da minha mente, que criou esse personagem “fantasma”, para argumentar a lógica das faces de amar, vivenciadas no dia-a-dia de toda gente.

Nailde Barreto.
20/01/2011

Foto de Carmen Vervloet

GRITO

Na curva te encontro pulsando paixão.
Vens insinuante, palpitante,
numa nuvem de sedução.
A fome busca sustento
na pele arrepiada.
Seqüestra os sentidos...
As mãos modelam o corpo
que sem resistência vai se entregando...
Mas grita a razão
que não sucumbe à sedução,
nem permite a loucura...
Solta a larva guardada no âmago
para que assuste o desejo.
O desejo foge com medo
de fazer o coração sofrer outra vez.

Carmen Vervloet

Foto de MorumySawá

MINHAS VISITAS AO INFERNO

Já visitei o inferno em vida. Já entrei em suas câmaras horrendas diversas vezes. Em todas, padeci muito. Nada tem a ver com o "Hades" mencionado na bíblia e nos estudos teológicos que são dados por religiosos. Aquele que jaz embaixo da terra e começa depois da morte não me interessa aqui. O inferno que já conheci e que me machuca fica mesmo na terra dos viventes.
Já estive no inferno do engano. Há algum tempo debato com um cenário surreal e dantesco que aconteceu dentro de minha mente. Vomito e sujeira, mau cheiro e loucura atolava meu filho no submundo dos tóxicos. Ali não existem humanos, apenas carcaças ambulantes. Sempre que tenho este pesadelo desejo dormir profundamente só para fugir do que testemunhei imaginando no futuro um cenário tão real que aflige não só a minha mente, mas, também a minha alma. Vivo a me perguntar por que os jovens se revoltam contra o sistema a sua volta. Tentam ser livres e acabam criando uma masmorra para si mesmo. Constroem o inferno com suas próprias mãos.

Sempre que desperto deste pesadelo um Lago de Enxofre permeia o mundo em que existo. Cada um dos jovens perdidos neste mundo tem uma mãe e um pai. Pais que choram como eu. Choram por não saber como apagar as labaredas medonhas que teimam em alcança-los.
Já estive no inferno da culpa. Hoje sei que nenhum tormento provoca maior dor que a culpa. Qualquer mulher culpada sabe o tamanho de sua opressão. Qualquer homem culpado fala que os ossos derretem com uma consciência pesada. Culpa é ácido que corrói. A culpa avisa que o passado não pode ser revisitado. Assim as pessoas se submetem a carrascos internos e esperam redenção através de açoites. A dor da culpa lateja como um nervo exposto.

Os culpados procuram dissimular o sofrimento com ativismos, divertimentos e prazer, omissão e loucura. Mas a culpa não cede; persegue, persegue, até aniquilar a iniciativa, a criatividade e a esperança. Recordo quando no final de uma reunião, uma mulher me procurou pedindo ajuda. Seu marido se suicidara de forma violenta. Mas antes, ele procurou vingar-se. Deixou uma nota responsabilizando a mulher pelo gesto trágico. Diante da tragédia, aquela pobre mulher, desorientada e aflita, não sabia como sair do cárcere que o marido meticulosamente construíra.

Já estive no inferno da maldade. Conheci homens nefastos, mulheres perdidas em sentimentos da inveja. Sentei-me na roda de escarnecedores. Frequentei sessões onde o martelo inclemente da religião espicaçou inocentes. Vi pastores alçando o voo dos abutres. Semelhante às tragédias shakespearianas eu própria senti o punhal da traição rasgar as minhas vísceras. Fui golpeada por suspeitas e boatos. Com o nome jogado aos quatro cantos, minha vida foi chafurdada como lavagem de porco. Senti o ardor do inferno quando tomei conhecimento da trama que visava implodir o trabalho que consumiu meus melhores anos de ministério. E eu sem saber como reagir.

Portanto, quando me perguntam se acredito no inferno, respondo que não, não acredito, eu o conheço! Sei que existe. Eu o vejo ao meu redor. Inferno é a sorte de crianças que vivem nos lixões brasileiros em meio às drogas. Inferno é a negligencia de pessoas que se acomodam em seu mundo particular e que se danem os que estão lá fora. Inferno é o corredor do hospital público na periferia de Brasília e em outros estados brasileiros. Inferno é a vida de meninas que os pais venderam para a prostituição. Inferno é a luta que meu filho enfrenta todos os dias quando acorda dizendo que não vai mais ser escravo do vicio.

Um dia, aceitei lutar contra esses infernos que me rodeiam, assustam e afrontam. Ensinei e continuo a ensinar que Deus interpela homens e mulheres para que lutem contra suas labaredas. E passados tantos anos, a minha resposta continua a mesma: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Acordo todos os dias pensando em acabar com os infernos. Gasto a minha vida para devolver esperança aos culpados; oferecer o ombro aos que tentam se reconstruir; usar o dom da oratória para que os discriminados se considerem dignos. Luto para transformar a minha escrita em semente que germina bondade em pessoas gripadas de ódio. Dedico-me porque quero invocar o testemunho da história e mostrar aos mansos que só eles herdarão a terra onde paz e justiça um dia se beijará.

Cleusa de Souza Klein

Foto de Lefurias

Sol e chuva

Vem me enlouquecer Sol e chuva,
Mas vem por favor e me ajuda,
Tô precisando curar o meu coração,
Vai buscar e trazer minha paixão.

Sol e chuva vem, me tira essa loucura,
Sol e chuva você tem poder de cura,
Sol e chuva me transforma de repente,
Sol e chuva muda toda a minha mente.

De momento Sol e chuva estás contente,
Mais muda constantemente,
Isso tudo bem tranquilamente,
Sol e chuva nem parece que é gente.

Sol e chuva você é a minha vida,
Sol e chuva já não quer ser minha amiga,
Sol e chuva vem aqui que eu te quero,
Nosso amor sempre será o mais sincero.

Foto de Mary Escritora

Sozinho

Num quarto fechado
Sufocado pelo medo
De quem é a culpa?
De quem é a culpa.
Sombras, vozes me levam à loucura
Onde está a realidade?
Essa é a verdade.
Finalmente de quem é a culpa?
Louco, sozinho num quarto apertado.
Loucura, medo, sonho sozinho.

Foto de Arnault L. D.

7° Concurso literário (As faces do amor: Conto ) Estatua branca

Na beira de um estrada, aonde a grama se perdeu entre ervas daninhas, existe uma estatua branca. Agora nem tanto... Porque a Lua e o Sol seguindo a cruzar o céu, muitas, e muitas vezes, datas, anos, décadas, a tingiram de tempo.

Ela retrata um lindo rosto... com o olhar cheio de amor. E uma história, triste, que ninguém mais sabe, ou quase.

Figura alguem que fora muito e muito amada, e por estocadas, cuidadosas, de cinzel, este amor foi eternizado, talhado ao mármore frio. Uma ternura tanta, que não deixa espaço à duvida, e fala em voz alta, ser obra de quem lhe dedicou este amor.

E esta entrega foi tão linda e sincera... Que até mesmo os ateus veriam nela algo de divino.
Mas, infelizmente, acontece que o divino e o humano, são coisas distintas.... E ela se foi.

Além do amor, existem outras riquezas, riquezas estas que o homem do cinzel não possuía.
Mas, que um outro, sim.
E ela escolheu, e se foi.

Para ele, restaram aqueles olhos na pedra fria... talhada e branca, para mesmo assim teimar em pedir:
_ “...Volta, volta amor... !”
Mas, apenas a loucura respondia....
E repetiu por tanto tempo, que o tempo passou..., que o tempo acabou.

Quanto a ela, longe dali, muito longe... descobriu que o preço das “coisas” é sempre em metal, mas, o valor... não. Certos valores são incalculáveis. São pagos por primícia, presentes de Deus, coisas de divindade...

E muito rica, constatou esta verdade, e que sempre, não é para sempre. E envelheceu.
Para ela o tempo passou, na certeza gélida das coisas incompletas... Seus olhos nunca mais foram como na branca estatua.... Aquele olhar, aquele amor; preterido, diminuído...

E o tempo passou, e o tempo acabou...

Lá na beira de uma estrada, onde a grama se perdeu. Existe uma estatua branca.
Dizem que as vezes, quando o luar compete com as gotas de chuva, quem passa por ali, se prestar bem atenção, pode ver quando a agua a banhar o pálido rosto, empresta-lhe um pouco de vida, na forma de lagrimas...

Por seus olhos a chuva chora...
Na espera de um antigo amor, a pedir: Volta, volta...

Foto de Alicinhalinda

A um poeta

Naquela madrugada que eu estava sem nada fazer e de repente você surgiu,conversamos um pouco e me fez um convite que pensava que eu não aceitaria, disse: já sei que não vai poder mas estou no jardim com dois violões e uma gaita baixando música para tocar se quiser sentar no jardim, conversar bobagens e ouvir música.... sinta-se convidada.
Aceitei na hora´foi um belo convite e eu queria saber onde isso ia dar (no seu jardim, claro), não sei bem por quê mas algo entre nós dois deveria ter acontecido no passado mas naquela época eu não te via da maneira que te vi naquela madrugada. Estranho...fiquei fascinada por suas palavras, seu convite inusitado da madrugada. E não acreditando pedi que refizesse o convite porque pensei que fosse brincadeira e você disse novamente quer amanhecer o dia no meu jardim, ao som de um violão que pede, de efetiva e súbita forma seu desnude e seu carinho? Ouvir o toque, tocar e ser tocada?
Confesso que quase morri e renasci ao ler as suas palavras e ainda concluiu perguntando:quer ter uma aventura carnal e irresponsável escrita nos seus capítulos de vida? na madrugada amanhecendo o dia. Quero que saiba que desfrutei do mais perfeito momento que já tive em toda a minha vida...Não, eu não estou apaixonada mas sim, gostaria de desfrutar de muitos outros momentos desses com você. Loucura, eu sei. Você mesmo disse somos loucos, mas é bom ser assim, fazer loucuras de vez em quando reaviva a alma...te espero

Ana

Foto de Isabeluxis

Escolhas

Ousadia, loucura, paixão, dor
Tudo o que um ser pode sentir
Quem não os sente, não pode existir
Fomos criados para tal efeito
Fomos feitos e educados com um fim
Sê audaz, e terás um bom futuro
Um pouco de loucura,também
Paixão e amor por outros ou por ti
Dor, de doença ou de emoção
Emoções, quem me dera não as ter
Loucura, quem me dera poder mostrá-la
Paixão, quem me dera desapaixonar-me
Audacia, quem me dera ter mais
Vida e Morte, aí mora a diferença
Pois enquanto vivemos, tudo sentimos
Mas quando morremos,tudo desapareçe
Vida, uma conexão de sentimentos
Que nos leva a fazer opções
Quer queiramos ou não, hipótese não há
Será sempre um sim ou não
Perguntas que não temos de responder
Mas sim, termos nós a última decisão
Aí perdura a questão única
Aquela que cada um faz de si
Retrata-se na sociedade e em mim
Que se lixe as escolhas, de mim
Pouco levarão, e eu não deixo opção

Foto de jessebarbosadeoliveira27

SÍLABAS DE ESCOMBROS

Miséria ano após ano anulando-nos:
Ria, mira;
Séria, mera;
P-MISERANDOS!

Indústria que se enriquece ao sol dos filhos da magna carência:
Dura, instrua;
Esquecer, doer, durma;
Lufada de ar frio que a estrela ígnea não esquenta nunca.
Fugaz oceano de alegria e rio eterno de tristeza que nos cala:
Radiosa face, fome, falta;
Esmola-Escola-Anuência-Máquina;
Sem-Terra, Sem-Teto, Sem-Aurora, Sem-Nada;
MAR-DE-GENTE-TRISTONHA-NO-JARDIM-E-EM-CASA!

Carcomida casta que lavra a seara de Garanhuns:
Carmo, caco, cava, cova;
Manada que acorda com os galos ao nascer d’aurora.
Comida comendo nenhuma coisa que se valha:
Que come mesmo é nada!

Glebas, Sáfaras, Estilhaços, Estrados, Pratos, Agros, Labuta;
Grilhões, Gritos, Cactos, estertores, ultrajes, loucura;
Grilhões, Luares, Sonhos, Fé, Romeiros, Procura;
Grilhões, Sertões, Profusa água esconsa, Miraculosa chuva;
Grilhões, Sorrisos rurais, Sofreres faciais, Perpétua luta!
Sim, é a Seca que molda, marca, mata, enxovalha, flagela, Inunda...
Sim, é a Seca que se faz a edaz comensal, a insaciável vampira,
A carnívora planta...
Sim, é a Seca, é aquela com a qual se lucra a cúpula dos Sanguessugas...
Sim, é a Seca quem fala, quem manda e desmanda...
Sim, é a Seca que se quer:
Quer que se traduza. Traduza-a em disformes caminhos e Estradas. Traduza-a em disformes frases, orações e
Sintaxes. Traduza-a em plenos coloquialismos, línguas
Semi-padrões, a forma culta!
Finalmente, traduza-a na intradução da tenacidade
Destas pessoas que, ao lançar seus olhos ao céu,
Sempre vêem um arco-íris dar-lhes em retribuição
Uma gargalhada de esperança que semeie aquele
Antigo provérbio no ressequido chão e
Diga a estes que dias melhores certamente virão.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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