Lógica

Foto de Rosamares da Maia

Emoções

Emoções

Teus olhos são lagos turbulentos,
Onde Minh ‘alma insiste em nadar,
Exposta, desarmada e indefesa.
Meus segredos são teus, todos,
Mesmo os incontáveis, desvelastes.

Tua voz é como a flauta de Pan,
Converte-me às tuas vontades,
Não há lógica ou qualquer razão,
Somente emoção servil, a me servir,
Na bandeja dos teus caprichos.

Não há generosidade em ti, não!
Mas emoções densas, dissonantes.
Somente jogo de cena, sedução.

Teus cabelos, como de um anjo barroco,
Emolduram o sorriso de menino.
Posso sentir de longe o teu cheiro.
E lembrar o gosto da tua pele,
Sonho contigo noite a fora e desejo.

Não há generosidade em ti anjo,
Mas as sensações que desejo sentir,
Somente emoções, pecado e loucura.

Repudio o pensamento e cultivo o desejo.
Estou perdida, mas, quero perder-me.
Sabes de tudo e atiças perversamente,
Sussurras ao meu ouvido tua melodia,
Sensual que a boca ousada premeditada.

Sopra inocentemente a minha nuca.
Inocente? Por certo que não!
Malicioso, deliciosamente sedutor,
Caçador que espalha as armadilhas.
Mas, sou presa espontânea e fácil,

Deixo-me abater sem lutar, vencida.
Depus todas as armas, cativa.
Jamais pretendi uma saída vitoriosa,
Teu amor é um julgo, mas é minha emoção,
Uma explosão do sol que me faz viva.

Rosamares da Maia /06.11.2002

Foto de Rosamares da Maia

Só as Mães Deveriam Ir à Guerra

SÓ AS MÃES DEVERIAM IR À GUERRA

A guerra é uma invenção dos homens.
Também eles não têm útero!
E sem parir, como saber ou sentir?
São como lobos, urinam demarcando o território.
Lei de balas e bombas que estabelecem o poder.
Na guerra somente as mães deveriam combater.
Depois é claro, de uma metamorfose,
Onde o ventre contrariando a lógica da natureza,
inverte a determinação da vida, e por osmose,
torna a agasalhar os filhos que teve, também,
preventivamente, os que estão por nascer.
Assim, guardados na forma primitiva da semente,
esperam por tempos de paz, onde florescerão.
Nas frentes de batalhas, mães lutam bravamente,
trazendo o seu amor guarnecido no ventre.
Defendem o direito de não doar filhos à pátria,
de não oferecer em holocausto a sua cria.
— As pátrias sempre deserdam as mães.
Que sejam elas então, filhas degredadas,
Mas, de ventres intactos, livres.
Pereçam combatentes, mas, rosas perpétuas,
mães meninas, guerreiras de viço permanente.
Derramem filhos nos novos campos da paz.
E neste chão cultivado de amor, sejam sempre
e somente, sementes de vida,
Pulsantes, pungentes, brotando de gente.

Rosamares de Maia

Dedico:
Às mães deserdadas das pátrias do Oriente, também as mães da Pátria da gente, atingidas em seus filhos, pela fome, pela droga, nas ruas, pelas balas perdidas, na violência cotidiana, que mata tanto ou mais que as guerras do Oriente.
(Exposição com David Queiroz - Traços e Versos / Niterói - 2010)

Foto de Rosamares da Maia

CORAÇÃO SUICÍDA

Coração Suicida

Meu coração é um poço profundo,
Mergulho em queda livre, sem fundo,
Mundo de identidade obscura,
Visão desfocada, formas profanadas.

Por ele circula uma dor antiga.
Inconsequente e por conveniência inexplicável.

Matéria amorfa, desnorteando o sentido.
Amor cultivado na região abissal.
A mágoa contida é solidão acompanhada.
Só a dor flui na nossa angustiada vida.

Mas, não amar o amor é lógica suicida.
Vaticínio de morte consentida.

Da nossa vida invisível emerge silêncio denso.
Mas, há você - viagem que faço sem rumo,
Como um passaporte para a insanidade.
Teu coração é poço profundo, sem fundo,
Onde depositei o expurgo de Minh ‘alma,

Mesmo assim desprovida da razão, creio,
Neste intangível castelo pulsa o amor!
Tênue sopro de ti, quase ausente, meu presente,
Espaço vazio e insipiente onde transpiramos
Vidas,...sobreviventes.

Rosamares
26/11/2009

Foto de Samir Querino

Crônicas de uma existência

O mundo sorri enquanto meu sangue escorre. Todos cantam, mas meu choro se sobrepõe. Eles correm, eu só consigo rastejar. Não é culpa minha... talvez seja! A solidão é o castigo que determina o culpado? Então eu sou culpado. E quem me culpa? A verdade! E a verdade é que o medo se tornou maior que a esperança. O sonho se tornou maior que o desejo. A dor afugentou minha coragem. A saudade tornou o tempo maior. Tempo esse que nem era grande, mas se fez eterno... por que você se foi! E se foi por quê? Por que você? Não sei dizer... não posso dizer. Caprichos da vida que leva e que traz, que dá e que tira, que faz e desfaz. Talvez o acaso que se fez pleno, Por que em certeza responde o incerto. Mesmo o tudo nada me responde, no entanto o nada é a resposta mais certa para tudo. E o que fazer com essa certeza insana de saber que estou fadado à solidão? Como curar uma ferida invisível que insiste em manter rasgado o coração? Esse coração que já nem me pertence e que é regido pelo som melancólico de uma melodia desconhecida, que ecoa pelos pensamentos e desafina cada segundo da minha existência. Há remédio para essa loucura? Estarei tão perdido
no tempo – naquele tempo – que talvez já nem tenha mais salvação? Sinto que as palavras
mais propícias afim de descrever o que sinto, ainda não foram inventadas. Sinto que a única canção que conta em detalhes toda a minha dor, ainda não foi composta. Sinto que a ajuda da
qual disponho... realmente nem sabe que pode me ajudar - se é que alguém pode me ajudar. Estou cansado. Finalmente percebi que não posso – ainda que queira – continuar travando esta batalha. Minhas forças – que já eram escassas – acabaram de se exaurir. Eu não tenho mais por quês... não tenho mais motivos... eu não tenho nada... por que eu não tenho você.
Qual é o sentido? Qual é a lógica? Não há um sentido lógico. Não há lógica que faça sentido... a única pessoa que eu realmente amei pertence a outro mundo... talvez nunca mais a veja. E é isso o que sou... isso é o que me tornei. Um andarilho que vaga sem rumo nem direção na tortuosa estrada da vida. Um capitão impotente que observa o seu navio à deriva da fúria do mar durante a mais intensa das tempestades. Uma folha... que plana ao acaso tal qual a vontade dos ventos. Eu tenho escolha? Não! Eu tive escolha. Eu escolhi o caminho certo... antes tivesse escolhido o errado. Mas agora é tarde! Não adianta chorar, não adianta se lamentar, não adianta tentar retroceder e nem tampouco se adiantar. O tempo é esse! A hora é essa! Viver é sofrer! No passado eu não existia... no futuro, eu deixarei de existir... então se eu quero viver que seja hoje... que seja agora! Mas a pergunta é... eu quero viver??? A única resposta que eu tenho encontrado é... que ainda que sem motivos... ainda que sem porquês... eu devo viver. Eu devo viver!!!

Foto de nelson de paula

EVANGELHO CIRCULAR (de "Vozes do Aquém")

Repetir o que já foi feito,
não parece uma boa idéia.

De cada página virada,
melhor é tirar proveito,
trocando em miúdos
o valor recolhido.

Não vejo lógica em expor outros
ao mesmo sacrifício,
o que foi feito, está feito.

O preâmbulo não deve
circunscrever o ato,
é ele quem confere autoridade
ao poeta,
pela qual transcreve a vida
em mera linha reta . . .

E depois alcança, do outro lado,
o entroncamento, mas não a cruz.

Assim, a luz exerce o seu direito
e repõe no centro da pauta
a questão da abstinência,
que interrompe,
mas não oblitera
o direito a tentar.

Não há como não voar.

A força das asas vai levantar o planeta,
embora os elos ainda mantenham
coesos os pés
e alma,
possuídos pelo mau mentor
da escuridão.

Foto de Rute Mesquita

'Compreender o que os matemáticos entendem por infinito é contemplar a extensão da estupidez humana', Voltaire.

O que é em parte o infinito para os matemáticos? E para um homem vulgar?
Creio que o infinito para os matemáticos, são os números. Dentro destes, infinitas são as fórmulas em que se conjugam. Infinitas são as rectas que estes mesmos originam. Infinitas são as suas coordenadas, as suas constantes, os seus produtos e imagens. Infinitos são aqueles algarismos que os envolvem em raciocínios. Mas, na verdade, tenho a certeza porém, que dominam de infinito, ao que desconhecem. E é precisamente nesse ponto que coincide e se manifesta um Homem vulgar.

Para um Homem vulgar, é-lhe entendido que o infinito é algo inacabado, que se prolonga para lá dos seus conhecimentos, para lá do seu alcance. Um Homem vulgar só conhece o finito da sua experiência e o infinito dos seus pensamentos. Não lhe é permitido compreender do que se trata o infinito neste caso, para e na matemática. Mesmo que nesta fosse entendido, ‘conheceria’ aqueles infinitos e saberia apenas que se prolongavam, vindo no fim a comprovar/constatar que nunca os conheceu.

Um matemático é um Homem, com perícia para os números, com dotes de um raciocínio desenvolvido e com uma lógica constantemente treinada. Contudo, e dando ênfase, ‘é um Homem’.
E como tal, escolhe num conjunto de infinitas possibilidades, um finito. Um finito no qual se alberga, um infinito do qual terá de ir aos seus radicais para partir do principio. Num processo, que a pressa é o pior inimigo. Num processo que se é fácil divagar, pelo que o tem de fazer cautelosamente. Um processo baseado na experiencia, nos deixados para a posterioridade. Um caminho muito longo e finito.

Concluímos, que somos demasiado finitos para compreender o infinito. E que o facto de um Homem vulgar querer entender o que é um ‘infinito’ para e na matemática, que como argumentei, julgo que nem mesmo os matemáticos podem estabelecer um infinito por si só, deixa muito a observar, pois assim o Homem assume logo à partida a sua ignorância com a grande marca da sua inocência.
Sabendo que o Homem é um ser curioso e que vive permanentemente insatisfeito com a realidade, não admira que queira compreender o que é incompreensível. Se é esta a estupidez humana? Não sei bem, só sei que toda a estupidez também teve um início e que se prolonga para o infinito.

Foto de Arnault L. D.

Além de mim

Quanto eu te adoro...
Não sei calcular,
entranhas em cada poro,
num reverso transpirar.

O que sei não comporta
entender a vastidão,
e toda lógica aborta
muito aquém da visão.

Te amo, mais que conheço.
A tropeçar no limiar
do que sei e esqueço.
Sou menor que este amar.

Da loucura que prefiro,
do ego a se equivocar
de entender, sei que deliro
no desejo eterno de estar.

Amor que ao ter me espanto
como pode caber em mim?
Se é tanto, tanto e tanto...
que só pode ser se a morte é fim.

Meu querer é encantamento.
Não sabe viver, sem se viver,
quero-o durar, se-lo o mais lento.
O vivo e vivo, sem mais me saber.

Foto de Paulo Gondim

Dor ilógica

DOR ILÓGICA
Paulo Gondim
08/05/2011

A dor ainda lhe rompe o peito
A mãe chora a perda amarga
São lágrimas que não secam
Dor que o tempo não apaga

No desolado impacto da morte
O mundo sobre ela desabou
O corpo fio, agora inerte
É o que resta do filho que gerou

E em cada lágrima derramada
O sangue sai de cada entranha
E com ele, toda esperança
Que se vai nessa dor tamanha

É o contrário da lógica
O ouro que perdeu o brilho
Não há dor maior que essa
A mãe enterrar seu filho

Foto de Edigar Da Cruz

****APRESENTANDO O AMOR****

****APRESENTANDO O AMOR****

. Como e bom falar de amor
não venha me falar de razão
nem venha cobra logica
nem simplesmente imagine o termo LÓGICA
Eu sou emoção e romantismo,..
Tenho razão e motivação de emoção
sou que sou ! Eu mesmo sou,..eu
sou movido por paixão
essa é minha Religião sem discussão por favor..
e ciência do coração amar com fogo da sedução da paixão!!
Vou apresentar o amor !!
não somente o meu ! O seu também, dele a dela, ei psiu você que olha ai atrás você também apresento o amor..
Não meço pensamentos e sentimentos
nem tente compará-los a nada
Deles sei somente eu ...dos meus claro..
Eu e meus fantasmas,...
eu e minha alma metade,..
Sua incerteza e minha razão
sua incerteza pode me feri
mas pode não me matar.
Duvidas me açoitam,..
que tudo seja perfeito o amor e um presente constante
nunca deixas cicatrizes
Não fale das nuvens,
Fale do sol e da linda lua,
Em companhia com as lindas mais brilhantes estrelas
feito testemunhas das palavras
não conte a poças pouco me interessa poças
EU SOU O AZUL DO MAR ,.;.
Profundo imenso quase passional mais ROMANTICO (a) MAR !!! de mistérios
não se exige nada ! Ou Prazos e datas
eu sou eterno temporal
não importa condições,..
sou absolutamente incondicional,...
sou o amor ,...
Não espere explicações não as tenho em livro
ou escrita pessoal!,..
simplesmente ela vem sem hora marcada ou pré aviso,..
ou local ou ordem linear
Vivo em cada molécula
sou o todo e sou uno sou,..
Você me que sente o que o coração sente
que o corpo sente !,...
Estou onde menos imagina sou aquele PSIU, CHAMATIVO, AQUELE OLHAR QUASE MALICIOSO, sou aquela piscada de longe
ou aquele ou aquela , que sorri na HORA DO RECREIO
SOU SIMPLESMENTE O PRESENTE O AMOR!

Autor: Edigar Da Cruz

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Lamúria - Parte 2

Ah, paz no mundo que nunca chega...

Estou em um telecentro. Finjo esquecer os cheiros que a cidade e minha existência me obrigam a discernir. O município onde moro está repleto de drogados. Pessoas se dopam para demonstrar clareza nos pensamentos. Não há muita lógica nisso. Olho para a tela de um computador público, imagino quem havia de tê-lo tocado e ainda assim amo aquele porco. Sou cristão, por educação familiar. Acredito no que dizem na igreja que nunca vou, pela esperança de ser verdade, tudo parece tão bonito lá. Lembro-me: sou paulistano. O Rio de Janeiro não deveria ser meu foco de atenção. Ainda mais um lugar sem praias. Amo aquelas crianças que morreram, mesmo que elas me odiassem antes, sem saber da minha vida. Não me sinto um justiceiro. Não quero ser um.

Amai ao próximo como a ti mesmo, diria a Bíblia.

Ah, paz no mundo que não chega!

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