Latas

Foto de Carmen Lúcia

Segundo Concurso Literário-2007 Tema:Esperar...Até quando?"Viaduto"(In memorian)

Nível divisório (e ilusório) entre dois mundos,
Que não se encontram, mesmo perto, sempre juntos,
Realidades paralelas, não se cruzam, se recusam,
A apoteose e o apocalipse, a discrepância, a discordância.

Em cima o sol, a passarela, a vida bela,
Poder sonhar, a ostentação, a ambição.
Embaixo a escória, restos de vida, degradação,
O submundo, o escracho, a solidão.

No alto, a vida indo ao encontro do sucesso;
Debaixo... escorrendo ao retrocesso.
Passa o burguês, indiferente à desigualdade,
E indiferente, o indigente...o que perdeu a identidade.

Muitos despencam lá de cima, lá do luxo,
Feitos suicidas,os "kamikases"a detonar o desamor...
Sombras que assombram, que retratam o prolixo,
São bichos-homens, vira-latas, degustam lixo.

E permanece lá em cima, a indiferença.
Todo o glamour, a arrogância, a burguesia,
E os maltrapilhos, recolhidos, embevecidos,
Com os out doors, os pisca-piscas...Zombaria!

Até quando esse cenário revoltante?
Só se aproximam pra tirar fotografias,
Virar manchete nas colunas de jornais,
Tão cordiais com tais problemas sociais!
E as soluções? Ora, quanta hipocrisia!

Quando acolhido pelo abraço maternal
E acarinhado pela morte, o indigente,
Seu corpo jaz, caído ao chão, sobre um jornal,
Do pedestal (aí se cruzam), a sociedade
Vem dissecá-lo para o bem da Humanidade.

Foto de sonhos1803

Travessuras

Hoje quero Travessuras,
Peço silencio,
Risos e sussurros,
Caminho devagarzinho,
Largo os sapatos,
Caminho no escuro,
Passos sem rumo,
Tropeços ,
Caímos no colchão,
As latas de bebida largadas no chão,
Era o fim da noite,
Os olhos travessos,
Cabelos no travesseiro,
Ali não,
Peço silencio com a mão,
Minhas amigas riem,
Inclino-me,
Viro o rosto,
Não posso esperar mais um pouco,
O Barulho desperta,
Os passos alerta,
Procuro a carteira,
Corremos para a porta,
O grito ressoando as nossas costas,
Tiro os sapatos,
No carro gritamos,
Vamos, vamos,
Os pneus derrapam,
Estamos livres,
A noite espreita.

Foto de Rodrigo obelar

principios

Sonhos são latas
Que piso, que chuto
Amores são lanças
Que jogo que furo.

Vidas são notas
Que toco com emoção,
Morte são acordes
Que me sangram a mão.

Dias são risos
Que consigo acrescentar,
Noites são rascunhos,
Borrachas, preciso apagar.

Beijos são segredos
Que preciso guardar,
Tapas são desprezos
Que não preciso levar.

Felicidades são momentos
Que faz a vida rodar,
Lágrimas são fardos
Que preciso abortar.

Foto de Rodrigo obelar

Princípios

Sonhos são latas
Que piso, que chuto
Amores são lanças
Que jogo que furo.

Vidas são notas
Que toco com emoção,
Morte são acordes
Que me sangram a mão.

Dias são risos
Que consigo acrescentar,
Noites são rascunhos,
Borrachas, preciso apagar.

Beijos são segredos
Que preciso guardar,
Tapas são desprezos
Que não preciso levar.

Felicidades são momentos
Que faz a vida rodar,
Lágrimas são fardos
Que preciso abortar.

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