Neste momento olho para a janela e quando vejo a chuva a cair e a bater no vidro busco inspiração... tudo e nada me sai...parece-te estranho... confuso até... Creio estar naqueles dias...dias em que tudo parece turvo e cinzento, mesmo quando olho para as árvores do jardim que transbordam de tons de Outono, ora com folhas vermelhas de paixão ou amarelas como os girassóis num campo de Verão.
E assim...
procuro-te no vazio ...
na luz que me guia,
talvez me perca,
talvez escute a razão,
prefiro ignorar...
as palavras brotam...
numa insustentável leveza...
pairam no ar como partículas de átomos
somam-se as dúvidas e subtraem-se as certezas...
nada se conclui...
apenas o fogo que me atiça
me aquece a alma nesta tarde
gélida, nostálgica
ora ...
na cama, os beijos que saem da
tua língua descem em torno do meu
corpo que transpira de desejo...
loucura, mas doce, como o mel
das tuas palavras
que no escuro da noite
soam como flautas de vento
criam melodias... jamais escutadas
apenas por aqueles que ousam amar
sem destino ...correndo contra o tempo
contra tudo e todos...
enfim...
são os cheiros animalescos, feromonas,
dos gritos do interior, emanadas
numa imensidão .. num abismo
e perdidos soltamos um suspiro entre espasmos
orgásmicos... iguais aos teus...
quem me dera ver o mar contigo
escutar as ondas e sentir a espuma nas mãos
molhar os pés e deixar a areia escorrer
entre os meus dedos
entrelaçados nos teus
e agarrados aos laços do teu coração
e tu? queres ver o mar comigo?
vem... se te pedisse muito
escutavas o meu pedido?
por vontade?
chamo o teu nome
procuro criar algo...
num embalo ... surge isto
O poder dos teus lábios que libertam os beijos
o suor do teu corpo e o teu olahr ténue,
deslumbram-me e tu vens
perturbar o meu sono...
e eu como fico?
perdido, sem rumo
procurando o meu norte!
A ti...