Grito

Foto de Logan Apaixonado

Amor Cruel

Esteja certa, que minha sede é tamanha...
Sinto nas entranhas, saudades suas...
Minha triste lembrança, do que me foi forte...
Nem agora, nem na morte...
Esquecerei do teu rosto...
Tão belo quanto a lua...
Na mais perfeita loucura...
Mora em meu peito...
Amor sem preconceito...
Tenha certeza que posso...
Ter sempre resposta...
Aos beijos teus...
Me pesa na alma, tristeza farta...
Dor intolerável, existente, precisa...
Atinge-me de morte...
Me fere na fronte...
Teu orgulho maldito, não escuta meu grito...
Chamando teu nome...

Foto de Thiago Fernandes

Meu Erro

Chove noite a dentro
Me perco em meus pensamentos
Minto pra mim mesmo
Disfarço e finjo que não conheço você
Me escondo dizendo que nunca nada aconteçeu
E nego que o erro foi meu
Me encontro chorando
E grito preciso de você
Não tenho pra onde correr
Deito o sono não vem
Percebo que não sou ninguem
Temo não aguentar
De forças pra esperar a chuva terminar

Foto de TrabisDeMentia

Sono profundo

Febril te vejo deitado
"Tu dormes profundamente"
Um pesadelo no rosto traçado
"Tu dormes profundamente"
Gemes, suas, choras
"Tu dormes profundamente"
Teu corpo se agita, aperta a corda
"Tu dormes profundamente"
Acorda amigo, já é hora
"Tu dormes profundamente"
A vida se vive cá fora
"Tu dormes profundamente"
Te peço, te grito, te sacudo
"Tu dormes profundamente"
Insistes cego, surdo e mudo
"Tu dormes profundamente"
Peço aos céus que o teu dia amanheça
"Tu dormes profundamente"
Rogo a Deus que tua alma estremeça
"Tu dormes profundamente"
"Tu dormes profundamente"
"Tu dormes profundamente"
...
Impotente face á voz que te fala te deixo á sorte
Pois mais forte que esse amor que te embala só mesmo a morte
...
"Tu dormes profundamente"
"Tu dormes profundamente"...

Foto de Welington de Haia

Grito em silêncio

Se houvesse como viajar no tempo
Voltar às horas e recomeçar
Explorar as emoções contidas
Sem limites de querer sonhar
Mergulhar em meio às fantasias
Em mil e um desejos de saciar
Pode ser tudo uma grande utopia
Almejo um dia alcançar.

A razão ofusca e interrompe
Cortando as asas do imaginar
Inibindo o sempre o anseio
Rolando aos olhos muitas lagrimas...
Aceitar a face de uma mentira
É o egoísmo e o medo de fracassar
Ver de perto um sorriso fingido,
E ter o orgulho de lutar

Ao vento há de ecoar
Meu grito em silêncio.
Não há como evitar a soma de dois sentimentos
Entra a lua e o sol, nós dois e o infinito...
Pode tudo mudar, eu vou gritar!
Te amo, te amo!

Ao vento há de ecoar
Meu grito em silêncio.
Não há como evitar a soma, te quero te amo!
Em silencio minha alma gritara
Não há como evitar...
Juntos nós conseguiremos tudo
Para sempre, sempre...
Você é aquela que eu encontrei em minha vida
Não importa o quanto tenhamos que tentar
Eu te amo, eu te quero!

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor.
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia.
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua, estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olho para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; só porquê estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir? – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, no chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como fantasma – não posso fugir.
Angustia-me, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade está mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz, eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido
pequenas e grandes coisas, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Chupo-te como uva, urino no esgoto - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é meu anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei aonde vou.
Virei olhando seu rosto; uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha penas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme!.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância, vou embora - você é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – lá você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marca os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova; sou invisível, nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre rouba um pouco.
Solitário ou nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Chamarei-te de Teresa, ela também cansa a minha beleza.
Responda-me com certeza; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Sim mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para estes tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio.
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda; me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura.

Foto de Samoel Bianeck

A Montanha

I
Na frente o mar; dos lados vou nadar - sair e a montanha olhar.
Quero abraçar, alta o céu vai arranhar - a mim abençoar.
Lá vou chegar, montanha sei te amar - teu cume quero alcançar.
Com um véu te coroar, Cristo não mais crucificar - lá vou rezar.
Alguém acompanhar, ninguém desolar - e talvez desposar.
II
Fugir da maldição, ganhar saúde no coração - gritar para o irmão.
Na montanha tem o leão, o tigrão - lá no alto frutas e limão.
Me erguerei em ascensão, terei o céu na mão - para Eva serei Adão.
Com ela jogarei xadrez e gamão, esquecerei o pão - serei um bebesão.
Nasce no coração, amor uma boa aflição - não pare quero continuação.
III
Me cobri com seu manto, senti seu pranto - no entanto.
Não almoço mas janto, esqueci o desencanto - ficarei não sei até quando.
Para chegar esperei tanto, agora da manhã levanto - olho sem espanto.
Não mais tenho quebranto, rezei já sou santo, posso voar - até canto.
Repouso no recanto, aqui falo esperanto, árvores me entendem - é um encanto.
IV
Montanha faça jus, mostra tua verde luz - para o alto me conduz.
Tua força me induz, sonhos que produz - já não sou avestruz.
Fez leve minha cruz, não uso capuz; saro com ervas - há mentruz.
Subo a pé sem bus, não tenho status - até vivo com os jacus.
Oro a Jesus, no alto há uma luz - só o bem se traduz.
V
Montanha, você sempre me apanha - a fé é tamanha.
Sem artimanha, acolhe a pomba e a aranha - lá tem castanha.
Água pura é champanha, não se faz barganha - tudo é façanha.
Canto, ouço a Betanha, a garganta não aranha - nem a voz fica fanha.
Eu vou, alguém me acompanha? Ela vem e me ganha - meu braço apanha.
VI
Sempre jovem menina, dentro guarda uma mina, fora - muita adrenalina.
Tua cor ilumina, tem verde e albina - ser sábio me ensina.
Não tem dor nem angina, és nua sem batina - não usa gás ou benzina.
Parada é bailarina, sem sapato ou botina - não é santa nem cafetina.
Parece pequenina, mas é sábia e divina - tem uma lá na esquina..

VII
Inicia a jornada, lá em cima ela fica amedrontada - está paralisada.
No meus braços se vê abrigada, quieto, não digo nada - está gelada.
Tonta e assustada; mas olha apaixonada - se sente desarmada.
Presa fácil será atacada, parece machucada - vai ser desnudada.
Não quero mais nada, estás nua quase pelada - vai ser amada.
VIII
Sou o Maomé que vai, a faço tremer mas não cai - feliz grito "ái".
Outros gritam "uái", ela grita mas não sai - no Japão a gueixa e o samurai.
Filho onde vai? A procura de Adonai, peça por mim – pode ir que não cai.
Lá de cima gritai, ou como um pai - com voz suave falai.
Sobe num bonsai, assim você não cai, mas deste lugar - vê se sai.
IX
Teu solo é sagrado, lá Ele foi crucificado - mas não ficou calado.
Teu semblante abalado, deve ao alto ser lavado - bons ares respirado.
Lá não tem dor nem machucado, ninguém é magoado - o espírito é elevado.
Vai; seja abusado, só ou acompanhado, não seja Maomé - nem enjoado.
Não fique parado, te cuidada no cerrado, nem sempre - abra o cadeado.
X
Subir é lendário, suave calvário - lá terás o imaginário.
É um grande cenário, onde tudo é voluntário - nada arbitrário.
Saia do armário, você é o beneficiário - libere o peixe do aquário.
Pobre ou bilionário, esqueça o calendário - ou o crediário.
Ele não vai; deixe o otário; o livro, o dicionário, a escola – e o secundário.
XI
Tem perfume de flor; muito gosto e sabor - lá nasce o amor.
Ele é seu admirador, ela só quer amor, respirem - não tem filmador.
Seja na terra nadador, a seus pés um orador, escute - só faça amor.
De paquerador vira professor, o surdo ouvidor - adeus falso pudor.
O retrógrado vira inovador, o desiludido sonhador - o fraco tem vigor.
XII
Vem cá, traga um parente, aqui não é frio nem quente – só passe um pente.
É verdade, há quem não agüente, K2 não é para gente – mas não invente.
Do sofá levante, tome coragem e vai avante – da altura não se espante.
São amigos, ratos e elefantes, tem mais velho e infantes – nada é oxidante.
Pega um barbante, coloca um pisante – esqueça tudo dantes.

XIII
Esqueço a monotonia, trago uma companhia – na rede vivo uma poesia.
Tenho tudo que queria, fugi do que é fria – abandono quem me angustia.
O som não tem cacofonia, foi embora a azia – tirei uma radiografia.
Muito de bom não conhecia, agora estudei geologia – sem querer teologia.
Antes, todo dia, acho que um pouco morria – por muito pouco sofria.
XIV
Da montanha vejo o sul e o norte, não se pensa na morte – me sinto muito forte.
Toda hora é um esporte, nada que muito importe – acho que tive muita sorte.
Às vezes recebo um reporte, vem de aerotransporte – pede palavras que conforte.
Pode vir quero passaporte, carrego faca de corte – tenho um braço de porte.
Montanhismo é esporte, escalar é pra forte - difícil é o vento do norte.
XV
Sou lobo da montanha, só uma loba me ganha – um poeta da montanha.
Segui a sermão da montanha, fugi da maldição da montanha
– e senti a tentação da montanha.
Como lasanha, as vezes piranha – só quando me assanha.
Ganhei muita manha, agora picanha - só sem banha.
Tua imagem a terra banha, a sombra te apanha – vem pra montanha.
Esta é a manha; passar 40 dias e 40 noite no alto da montanha e...
– aceitar a tentação da montanha.

Foto de Samoel Bianeck

Jogral da Solidão

-I-
Solidão; porque coloca esta sua mão fosca
sobre minha inocente cabeça?
Destilas a tua seiva, não doce, que vai ao poucos
se misturando com meus maus pensamentos
e descem lentamente até meu coração.
Nada te fiz - porque me persegues?
---
Olha quem diz; sou a solidão sim; mas é você quem me segue.
Estou sempre a seu lado – sou tua aprendiz.
Nunca amaldiçôo quem na minha frente não se ajoelha.
II
Me enganas, sua loba com pele de ovelha,
Invades o meu ser e ainda me aconselha!
Espedaça a minha vida; fico sangrando então se apresenta
- camuflada de remédio.
Me arrebata para o tédio; te trago e me sufoca no isolamento.
Em minha pele injeta seu veneno - não suporto este tormento.
---
Sou um pleonasmo inverso – “a bebida que você não bebeu”.
Sou gustativa - “a delícia de mulher” que você não degustou.
Sou utopia da sensação - “o corpo que você não sentiu”.
Sou o paradoxo da companhia – “comigo; sempre estará só”
III
Não entendo teu linguajar, basta; já esta me arrancando tudo.
Sinto ira; ordeno, suplico - alguém me conte uma mentira!
Grito; vou para rua, lá você está, como um rolo compressor
Não ouve meu brado; me esmaga, tritura – fico quebrado.
Levanto arrasado e você só diz – veja mais um pobre diabo!
---
Sou a mescla rara de um néctar maldito - tudo que te magoa.
Sou a mãe da tristeza - filha primogênita da angustia,
Me chamaste; vem tristeza - agora sou sua pele, “sua beleza”.
Me atiras para o alto; sou bumerangue – circulo com teu sangue.
--IV--
Sigo a rua estou só, mas você me segue e grita – não esqueça de mim.
Olha um manequim: escute estão rindo, não tem ninguém - só pode ser de mim.
Sussurras no meu ouvido; sou invisível, é de você; viro e olhos para eles.
Fazem cara de sério, não digo nada, mas te interrogo – eles são felizes?
Sim; não sabem que vão morrer; nem porque estão rindo?
---
Porque usas de metáforas para me atingir? Vai indo!
Teus passos sabes dirigir – acha que agora vou rir.
Estou aqui para: com dor te atingir – não vou fingir.
Nem pense que vou te acudir, não chão pode cair.
Tenho uma missão a cumprir - tenho que te punir.
--V--
Logo decido, vou seguir - mas como posso?
Você é uma sombra, me segue como um fantasma – não posso fugir.
Me angustia, me faz mal, olha a manchete no jornal
– a felicidade esta mais à frente.
Mas não sou crente, me empreste o pente, não te; esqueça
– nunca mais coloque a mão sobre minha cabeça.
---
Conheço tuas sensações tácteis – e sempre estarei te atormentando.
E fui, eu fiz eu sou, tudo de bom que você queria ter vivido.
Pequenas e grandes coisa, um amor querido – sem viver, ficou inibido.
Alguém querido que não ajudou – uma conquista interrompida.
-VII--
Escute é a voz do mar; na esquina vou virar - acho que é lá seu ninho.
Te chupo como uva, urino no esgotos - mas voltas com a chuva.
Tenho preguiça; tento correr e me seguras - como a areia movediça.
Na hora derradeira; sem querer te chamo de companheira.
Sei que és a antítese – do meu viver sem vida.
---
Esqueceu; sou o acróstico das iniciais de todos os teus males.
Mas lembre-se; sou tua companhia mais sociável - não te deixo ao léu.
E nem te quero no mausoléu – sempre te alcanço um chapéu.
--IX--
Esta é boa, agora você é me anjo da guarda, minha amante.
Lembrei estou precisando é de uma amante, duas ou três
– quem sabe a solidão eu espante.
Estou ilhado preciso de alguém, vou ver uma boneca ou uma madona
- se não tiver vou para zona.
Vejo uma; grito; estou aflito - vem meu amor, me tira da solidão.
---
Engana-se; sou insubstituível; nem amor, dor ou pudor.
Sou a esfinge; ninguém me decifra; não tenho cor – sou ilegível.
Sem pudor dou a luz à angústia – e batizam meu filho de dor.
--X--
A festa acabou, vem comigo - mas não sei onde vou.
Virei olhando seu rosto uma lágrima rolou; ela chorou - que foi?
Tu és uma flor; sim mas você vai - a solidão me atacou.
Sai em silêncio, bati a porta, corri, gritei, adeus - nunca mais solidão.
Deixei-a com ela, ela ficou com minha solidão - estou livre!
Como um pássaro; quase seminu - atirei minha roupas para o ar.
---
Pare, pare, aquela solidão era a dela - eu sou a sua.
Cada um tem a sua companheira que é a solidão verdadeira.
Sempre te acompanhei, acompanho - nunca largarei.
Senta ai e se acalme, volte a ser triste – nada de alarme.
--XII--
Se cada um tem a sua; porque ninguém gosta da solidão?
Quero distância vou embora você – é bem sem elegância.
Há quem se queixe; nas festas, nos amores – você está presente.
Veja quanta gente; fernandinhas e caubóis – mas tua marcas os corrói.
---
É filho; estou com os poderosos, incapazes e medrosos.
Nova sou invisível - nada aparece, com o tempo meu ser se fortalece
– junto com tuas desilusões meu poder cresce.
Sou abstrata, imaginária mas todos sentem o peso de minha mão
– minha maldade sempre aparece.
--XIII--
Não me chame de filho. Alguém disse que você é a praga do século.
Tem muita gente sofrendo por tua causa, até se matam ou matam.
Você leva a depressão; a tristeza, que deve ser tua irmã ou irmão.
Toda vez que sua sombra cinza visita um ser - sempre roubas um pouco.
Solitário, nas festas, sempre tem alguém sofrendo – aqui acolá.
---
Amigo; nós da família solidão não temos culpa – cada vez tem mais espaço.
Estamos só cumprindo nossa função; tem gente que vive em uma eterna solidão
- sempre me chamam com a droga, intrigas, brigas – dizem que são amigas.
Você é um que sempre fica comigo. A propósito gostou de te chamar de amigo?
--XIV--
Amigo está melhor; já que não posso me livrar - vou te aceitar.
Te chamarei de Rodrigo, pelo menos rima com quem
- da felicidade é mendigo.
Agora te pergunto ou digo; e esta gente que só enxerga seu umbigo?
Mesmo aquele que se dizem bravos; também são seus escravos?
---
Amigão; para este tipos de coisa eu nem ligo, são estúpidos sem receio
Cá entre nós; são os que mais vivem a sós - e para solidão é um prato cheio.
Não invento, e ao ver eles afundando na amargura – só contemplo.
Ainda é tempo, me entenda me aceite como sua amiga – sou pura.
Fico má, te afogo no veneno quando você quer – o sabor é da tua mistura

Foto de Coyotte Ribeiro

Voz da Alma

O coração se cala a ouvir a voz da alma
que suavemente ressoa o grito de paixão
em canção harmoniosa e ardente
aos ouvidos da mente.

O coração se cala a ouvir a voz da alma
Investindo nos sentidos da face
Do obscuro medo faz Ter coragem
E declara o desejo intensivo de amar

O coração se cala a ouvir a voz da alma
A cantar uma linda melodia
Na dança de amor que lhe fascina
E viver a história que jamais foi contada

O coração se cala a ouvir a voz da alma
Declarando-se altamente apaixonada
Mas sem nada a oferecer
O mínimo que tens faz todo esse amor valer

O coração se cala a ouvir a voz da alma
Dizer que de sua calma flui a nova era
Onde tudo que fizeras será lembrado
Por toda a eternidade será enamorado

O coração se cala a ouvir a voz da alma
Que de fato fala do coração
O que sente em grande emoção
Para viver essa reluzente paixão

O coração se cala a ouvir a voz da alma
Que me faz falar em voz alta
O quanto de amor meu corpo inteiro guarda
Para um dia ser amado como hoje eu tenho amado

O coração se cala a ouvir a voz da alma
Dizer que tanto amo viver
Por que sempre ouço o meu coração
Em silêncio a ouvir a voz da alma

Por MJPA o Coração de um Coyotte

Foto de TrabisDeMentia

Mas tu...

Mas tu...

Se tudo não fosse tão imprevisível, tão escuro...
Se o acaso não fosse tão certo quanto a morte...
Se a vida não me enclausurasse na dúvida...
Talvez não te admirasse na devida proporção.
Seria tudo mais fácil, natural, espontâneo.
Mas o grito fica cá dentro, devora o meu orgulho.
Amarra-me num mundo só meu.
Mas tu...
A minha indiferença intimida-me, corroi-me.
A minha presença rebaixa-me.
Quero vegetar, mas o sol se esconde na escuridão.
E tudo é lindo!
A música apodera-se do vácuo.
A consciência desanuvia-se.
As silhuetas perdem-se na sensação.
O teu rosto voa e eu afogo-me.
O coração bate, a dor vem.
A timidez viola-me, despropria-me.
E o sonho?!
Morre na minha recusa, reclusão.
Os olhos secam de lágrimas.
A sede sacia com o sal que queima as feridas.
Mas quais?!
O desespero protege-me, alimenta-me.
Os pensamentos acumulam-se numa última sensação.
A dúvida aumenta.
Já não sei quem sou, nem me interessa se o serei.
Mas tu...
Nem mil palavras, apenas algo que sinto.
Acorrentado na mais impiedosa jaula sou um animal feroz, voraz,
ávido de sangue, de carne, de paixão, de ti.
Sim tu!
Mas tu..
Mulher, deusa, filha de Júpiter, esposa de Lucifer,
espezinhas, esmagas, desprezas, difamas, atormentas, sufocas, magoas,
beliscas, trincas, beijas, abraças, possuis...
Eu?!
Apenas existo, observo, lamento, sofro, choro, morro.

Foto de Fatima Cristina

Amor imortal!

Um segundo sem ti `e um minuto de dor.
Cada palavra que pronuncio `e em vao!
Tudo o que sei foi resumido ao teu encontro.
Sera que sabes que as lagrimas que me escorrem pelo rosto procuram um rio a seguir?!
Sera que te terei alguma vez nos meus bracos?
Amei te muito e amar te ei, juro te.
Espero por ti como quem anseia um milagre.
Tudo o quanto tenho `e tudo o que possas recusar.
Tudo isso para dar a alguem que partiu sem avisar!
Quero fechar os olhos e viver contigo em sonhos. Sonhos!!! Foi tudo o quanto te deixei!
A restia de esperanca que morreu no teu ultimo beijo.
Que sera que pensaste quando te surgi em forma de anjo, deixando no ar a essencia nostalgica do meu desejo mortal, na parede do teu quarto a nossa foto juntos, nos lencois de cetim o perfume do meu corpo, no teu coracao a minha imagem destorcida pelo tempo!
Porque choras? Choras sem parar, como se Deus a ti te tivesse levado e nao a mim!
Porque me chamas?Porque dizes o meu nome como se ja nem forcas ou vontade tens para continuar a viver. Nao, abdiques da vida!
Porque gemes e gritas, porque so agora o admites o quanto te faco falta!
Faltas me tu, o " eu " e " tu"...
Falta me o amor que te deixei...
E agora?
Lembro o teu sorriso, as covinhas que fazias quando rias, o brilho no olhar quando me tocavas, o tremer das tuas maos na minha pele branca.
Tanta coisa lembrada, recordada com carinho e saudade.
Leio o teu pensamento, pensas em mim, ate mesmo quando estas no trabalho, em frente ao computador, lembras te da ultima vez que falamos, o ruido da minha voz que te parece tao longe, estendes a mao, como se a minha quisesses alcansar, agarrar, e pedes me para te levar ate onde eu estou, nao te importas aonde, exiges que o tempo pare naquele segundo que eu fechei os olhos, abanaste me, beijaste me, mesmo sentindo ja os meus labios gelados, nao paraste.
O meu espirito lado a lado com o teu, toquei te no cabelo, acareciei te o rosto e depois entendi que era o nosso fim.
Mas nada disto parece bater certo!
Ultrapassamos todas as barreiras mas eu pisei o risco, abandonei te, so, sozinho.
Continuas ai?
Ouves me?
Da me um sinal como nao te esqueceste de mim,das coisas boas, do odor que os nossos corpos largavam juntos, do cheiro do cafe pela manha, da musica que eu contava no duche,das roupas espalhadas pelo chao do nosso quarto, do som do meu sorriso.
Tu e eu, nunca "nos" lembras te?
Talvez eu perceba agora o quanto isso `e verdade, doi e magoa.
Mas ja nao posso chorar, sentir... Nao tenho mais sentimentos,sou transparente, nao me ves, nao me podes tocar,nem sentir,nem ouvir mas no teu pensamento, na tua imaginacao,no teu coracao podes sempre procurar me,buscar me, por mais longe que esteja, o meu lugar `e habitado no teu peito pelo meu amor que `e imortal.
Grito por ti e nao me oicas porque nao te quero aqui por metade daquilo que nem sequer fomos.
Sim, continuo a tua espera, aqui neste lugar, onde poderemos viver o nosso amor livre mas ainda nao chegou a tua hora, fica, ai, nesse mundo onde a vida `e vivida uma so vez, tudo isso `e simplesmente uma passagem para a morte.
Nao tenhas medo, estou aqui, olhando te, rezando, fazendo um pacto com Deus, para que ele me permita uma vez mais a mortalidade.

Sera que sabes que nao voltarei, nao deixarei as minhas asas de anjo, embora para mim, o paraiso `e onte tu estas, contigo.

Espera por mim, que eu chegarei ate ti, nao me lembro do caminho, ou se alguma vez o percorri mas o teu amor guiara os meus passos.

Eu estou, nos teus sonhos, na agua que te escorre pelo corpo, na manta que te aquece, no radio que toca a nossa musica, na minha morte injusta...

E perguntas me " Onde estas meu anjo? "
Desci a terra, para viver o nosso amor!

Cristina Costa

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