Frio

Foto de Joel Fonseca Reis

Desligo o cabo

Desligo o cabo que te liga
À vida dormente
Deste palco de intriga
Qu’ está cheio de gente.

Mendigos não viram,
Deitados no chão
Suplicando a esmola
E um pedaço de pão.

Desligo os cabos que vos ligam
Ao teatro dos interesseiros.
O que querem só me fatigam
Por serem tão carniceiros.

Crianças que gritam
No fundo, inocentes.
Em canos se abrigam
Com frio, rangem os dentes.

Joel Fonseca Reis (16.Junho.2011)

Foto de Emerson PS

Triste Amor História Real: A Procura

Como lutar contra o que não se pode vencer?
Hoje em mais um dia frio e cinzento, de trabalho e labuta... mas agora estou em casa, mas não queria estar!
Todos os dias passo pelo mesmo processo, e todas as noites são realmente solitários, mas o que torna as noites tão duras é o fato de você não estar mais aqui.
Como pude te deixar partir? Como você conseguiu me deixar mesmo me amando?
Seu amor é tão grande quanto o meu.
Em muito reflito sobre tudo que passamos, o quanto aprendi, o quanto amei, o quanto fui feliz... Infelizmente também vi como o “imprevisto sobrevêm a todos” na pratica... você ficar doente e por isso se afastar de mim.
Desse dia em diante não sei mais o que é viver...!
Deus, Por quê?
Ah algum tempo não sei o que é dormir, também não me alimento bem, na realidade não acho que essas coisas sejam essenciais para minha vida... aliás parece que estou deixando de viver...
Deus, Por quê?
Sei que Deus não traz sofrimento assim, mas as vezes penso que sou alguém de tão pouco valor, que Ele à afastou de mim por não merecer tamanha benção... um verdadeiro amor... um alguém que valha apena fazer de tudo para vê-la feliz... um alguém que agora está tão longe e levou o meu coração...
Como posso eu viver sem meu coração?
Não sinto mais meu coração pulsar, não sinto minha mente trabalhando... pensando sempre em algo que à surpreendesse, que à deixasse sorridente e esplendidamente linda... deve ser por estes mesmos motivos que não me sinto vivo...
Agora entendo...
Eu não existo longe de você...!
O que devo fazer?
Deixar que o grande amor da minha vida se vá porque existe a possibilidade dela partir antes do que se denomina natural na vida, ou ir em busca dela e talvez presenciar a triste partida?
“Faz um tempo eu quis fazer uma canção pra você viver mais...”
Deus me ajude, por favor... EU À AMO!
Não posso ficar aqui definhando , sucumbindo, esperando apenas e sofrendo... afinal “o que o sofrimento para mim que estou jurado a morrer de amor...”
SE SEI QUE MORREREI SE NÃO A TIVER, ENTAO VOU DAR A MINHA VIDA PARA ESTAR COM ELA...
Se não sou bom o bastante, então vou dar o meu melhor para tê-la, se você se afastou com medo de me ver sofrer... então vou arriscar ter que sofrer, porque não existe sofrimento maior do que o que estou sentindo agora...
Finalmente percebo o que devo fazer!
É lutando que se vence... é buscando que se alcança... é amando que se é amado...
Obrigado Deus, e que o senhor me abençoe pelo caminho que escolhi, pois vou percorrer o mundo para encontrá-la, vou andar por lugares desconhecidos por mim ate achá-la, e quando este dia chegar vou olhar em seus olhos e dizer: EU TE AMO! Quero viver com você... Quero morrer por você... Quero te ter e para sempre te amar!!!

Foto de Melquizedeque

Olho da rua

Na espreita de um velório
Quando quis envenenar-me
Recuei por ver perigo
Em coleiras me guardastes

Da fogueira as bruxas fogem
Na madrugada em noites quentes
Um prevalente suor frio
Que enferrujam as correntes

Sangue nos olhos dos heróis
Reencarnados nas serpentes
Ascendem tochas de discórdia
Por seus medos contundentes

Corriqueiro navegante
No rio de gente enlouquecida
Da meretriz me torno amante
Sem ter água nem comida

Condenado sem ter provas
No julgamento misterioso
Encarcerado por instintos
Fui privado do meu gozo

Descalço e nu, na rua estou
Um pedinte humilhado
Desumano e desdentado
Pela angústia sou tragado

Tu condenas o meu não saber
Pensas ser mais do que eu
Mas nasci sem ser bebê
E agora bebo o que não é meu.

(Melquizedeque de M. Alemão, 15 de junto de 2011)

Foto de cnicolau

Dias, Semanas e Meses

Outro entardecer frio, e a vontade de
escrever toma-me por completo.

Minha mão roga pelo papel...

Dias
Semanas
Meses

Vividos, passados, entregues,
e que muito sentirei...

Dias
Semanas
Meses

Vão-se passando, vão-se indo,
e pouco ou muito vou sentindo...

Os sentimentos estão embaralhados,
jogados a mesa como cartas, prestes
a serem virados a uma pessoa,
ou a um destino qualquer.

Qual destino será pertence a mim?
Que peça ainda me será mostrada?
Que dados ainda terei que jogar?

Dias
Semanas
Meses

Ainda virão, chegarão,
e pouco ou muito irei sentir...

Minha mente espero estar segura,
Meu coração curado,
E meu corpo descansado.

Cura-me ó Pai, é só o que te peço.

"O passado não pode ser reescrito,
O futuro não pode ser previsto.
Então vivo o presente, como se fosse
o último de meus dias..."

Uma semana longe, apenas mais uma semana
longe de tudo...

O tempo tenta cicatrizar a dor que a
mente teima em deixar aberta e exposta...

Deus, todos os dias fala comigo, me
mostrando o quanto a vida é maravilhosa,
porém a mente teima em continuar escrava...

Coisas boas acontecem, muito boas...

Velhos amigos retornam, novos nascem,
e alguns se vão sem deixar rastro...

O que era bom torna-se maravilhoso, porém,
parece que por mais que tente, falta algo,
falta alguma coisa, simplesmente falta...

Penso em pessoas que ressurgiram em minha
vida, me fazendo sorrir novamente.

Mas porque será que as coisas ruins sempre
sobrepõe as coisas boas?

Porque???

Respiro fundo pra tentar responder...

Não consigo. Meu coração ainda sofre,
ainda tremula, e é por estar assim
que eu não poderei responder essa pergunta.

Cleverson Luiz Nicolau
15/06/2011

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Orfanato

- O Orfanato

No orfanato
Toda linhagem de enjeitado
Toma a forma de legião

Todo o povo da região
Passa-nos com o ego apontado
Acusando nossa rejeição

E a sombra que aqui relato
Desnuda a treva em ebulição
Sonho irrealizado

Presente desembrulhado
Futuro em suspensão
A humilhação em seu recato
Frio, destrato

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O Sol é falso, losango angular.

Umas poucas crianças cantam.

Outras tantas crianças gritam.

A volta da escola é lenta e singular,
Pois não há ninguém há esperar.

O vento espalhar seu vento, e a folhagem.

Uma nuvem nos faz pajem.

Nosso ritmo é policial e folhetinesco.

Reside o medo do grotesco.

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Os moleques do orfanato são feios e não têm receio em admiti-lo, já que no verso de sua condição morava o adverso, o ridículo dos corações partidos, a brevidade de sua relevância.

Um deles riu-se automaticamente:
- Somos completos desgraçados!

Esta frase correu sem gírias ou incorreções.

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Os moleques
Sabendo serem desgarrados
Destravavam seus breques
Em serem desencontrados

Faltava-lhes o saber da identidade
Descobri-se em um passado plausível
Ver-se na evolução da mocidade
Em um lar compreensível

Mas não lhes foi dada explicação
Nem sentido da clemência
Nem pedido, nem razão
Para sua permanência

Viviam por viver
Por invencionice
Viviam por nascer
Sem que alguém os permitisse

Abandonados
No porão de um orfanato
Sendo assim desfigurados
No humano e seu retrato

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Os moleques eram órfãos
E eu estava no meio deles sem me envergonhar!
Minha vida é curta
Dura, diante dos comerciais contrários!
Meu cárcere é espesso, grosseiro, não derrete nem sob mil graus!
Subo mil degraus e não encontro o final da escada
E a realidade é tão séria como o circo ao incêndio dos palhaços,
Pois nem meu hip-hop consola mais a sombra da minha insignificância
E nem toda a ostentação suporta o peso da veracidade

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O mundo me usa
Ao agrado parnasiano
E me recusa
O verso camoniano
Não tenho honra nem musa
Não tenho templo nem plano
A vida é pouca e Severina
Louca e madrasta carnificina

Solidão
No meu retiro na multidão

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Somos uma falange
Outrora negada pelo sistema
Zunido como abelhas de um enxame
Invadindo os isolamentos propositais;
Nação sem cara
Homericamente mostrando seu rosto
Olhando a palidez da polidez
Sendo enfim mortos de fome.

Sendo enfim cheios de vida!
O braço que nos impede a pedir banha-nos com seu sangue;
Nós somos encharcados
Havendo assim a benção que ignoraram em prestar
A afirmativa de um futuro inevitável;
Matamos e nutrimos
O pavor que nos atira para a vida;
Somos assim não só uma falange como uma visão intransponível.

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Em esperar ter condições
Só restaria estacionar
Ao choro das lamentações

E logo quando o meu lugar
For definido às lotações
Na margem sem quem se importar

Ou mantenho insurreições
Ou vou me colocar
Abaixo das aspirações

Se calar minhas intenções
Alguém vai me sacanear
E se buscar santas missões
Cair no desenganar

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Estamos descontrolados!

- Foi ele, tia, eu vi!
- Não, eu não fiz nada!

- Cala a boca molecada!
Ou vai entrar na porrada
Cambada de desajustados!

Nem suas mães os quiseram
Desde o dia que vieram
E ainda bem que não nasci
No mesmo mal em que estiveram

Enquanto existir distração
Restrito será seu contato:
Problemas não chamam a atenção
Ao veio da escuridão
Silêncio do assassinato

Eu me calo e penso então
Em como o mundo é ingrato
Por sobras ajoelhadas
Firmo-me em concubinato
Em estruturas niveladas
Para minha exploração

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A noite chega aos esquecidos
E com ela sonhos contidos
De um sono forçado

Sinto-me encarcerado
No meu instinto debelado
Pelo pânico dos inibidos

E os olhares entristecidos
Cerram-se em luto fechado
Da morte sem celibato

Estamos envelhecidos
Tão jovens e tão cansados
Estamos aprisionados
Na cela de um orfanato

Foto de Melquizedeque

Quimera

Um soneto retumbante encontra-se escrito no instante do meu olhar com o teu
Pois alegorias e falanges que percorrem a tua pele ao tocar-me traz o arrepio
Não sei se sinto o que me parece ser, ou apenas estou iludido. Talvez seja!
Face a face contigo me sinto perdido, já não sei mais se sou íntegro ou profano
Torna-se deusa da vontade e meu ímpio desejo jorra-se amiúde

Há um magnetismo em ti inerente. Tu és a bela e a fera, e eu as vírgulas do conto
Ao me achar em tuas andanças, eu era uma frágil criança em um berço de ébano
Não sabia se no frio chorava ou se demonstrava incontrolável alegria
Frágil e intocável fui carregado nos dorsos de dolosas fantasias
Por motivos não clarificados me vi entrelaçado na sinfonia dos seus beijos

Hoje cresci e ceio na mesa de meus inimigos. A cascata de medos já não me submerge
Minha vontade é explícita, fraudulenta e incontrolável. Tu fazes a chama reascender!
Quando estamos juntos, de tudo falamos, porém, nada é dito
Tua beleza é a própria transcendência. Estou definhando pela peçonha de seus lábios
Teu corpo seduz minha inocência. Diante de ti percorro do romance à tragédia
És tu um Belerofonte encantado e, também, uma malevolente Quimera.

(Melquizedeque de M. Alemão, 11 de junho de 2011)

Foto de Diario de uma bruxa

Sozinho

No centro de tudo
Como se o tudo fosse único
Nada mais poderia acontecer
Viagens, festas e risos
Tudo acabou

No centro sozinho
No frio o vazio
Sem ninguém sem carinho
Sem compreensão

Quem compreenderia
Uma historia como a minha
Ninguém
Só eu tenho razão
Só eu estou certa

Então sozinho estou
Sem amigos sem família
Ai esta minha falta de noção.

Poema as Bruxas

Foto de Arnault L. D.

Mas uma coisa não mudou

Era um menino quando viu o amor.
Naquele rosto, alegre, de infância.
Não sabia de nada do que sentia.
Primavera então: O mundo em flor...
Todos os lugares, erros de inocência,
enquanto a rosa do tempo eclodia.

Era adolescente quando viu o amor.
Nos traços e curvas firmes, jovens...
Achava saber tudo e tudo podia.
Verão: O sol a queimar em ardor...
Todos os lugares, metas, e nuvens,
enquanto a flor da pele se abria.

Era adulto quando viu o amor.
Face matemática de realidade.
O mundo inteiro, um pouco diminuía.
Outono: frutos a tomar o lugar da flor.
Os lugares, opções e responsabilidade,
enquanto as verdes folhas desprendia.

Era velho quando viu o amor.
Sua cara, pelo tempo macerada.
Sábio, em saber menos que achava...
Inverno: O frio, o dormir, o torpor...
Os lugares, distantes; sol, fruta e florada,
enquanto seu calendário completava...

Foto de Eveline Andrade

Amargo

Meu coração chega a arder de tanta dor, não quero permanecer no teu jogo frio e triste! Porque magoa tanto o coração que mais te ama? Suas ironias só servem pra isso para magoar. Onde esta teu sentimento? Será que não tens? Onde esta teu coração? Será que não tens? Eu te peço desculpas, reconheço meu erro. E você não reconhece o seu, não me pede às desculpas que eu mereço. Como posso viver assim? Como vamos viver assim? Essas duvidas corroem meu coração, e corroem junto o sentimento que pode ser levado por falta de cuidados. Sinto o amargo da tua incompreensão, e sinto o coração chorar o endurecimento que vem chegando, minha sensibilidade esta prejudicada sinto ela se esvaindo, não posso perder minha essência sensível, não posso amargar a dor desse coração que magoas tanto. Meu amor puro merece mais cuidados, merece mais querer, merece mais importância, merece mais teu sentimento, merece mais puramente você!

Evelyne Andrade

Foto de Carmen Vervloet

Momento Único

Diante do vento viajante
a noite se curva de frio...
O meu coração cantante,
no aconchego do lar,
debruça-se sobre o calor do amar.

No ritmo de uma linda canção,
aqui tudo se aquece...
Uma bebida quente no fogão
e o inverno se esquece.
Tempero o instante com chocolate e paixão.
A vida? Um ponto de interrogação.

Sei que sou um pouco menos do que penso
e muito mais do que sinto...
Se hoje melhor estou,
a dor foi o caminho do aprimoramento.
Este é um único momento
que logo, logo passará!
Vou vivê-lo intensamente!

Amanhã quando o sol derramar seus raios
sobre a cidade
talvez a alegria parta, até num cavalo baio,
levando mais uma vez meu contentamento.
Mas eu embalarei outra lembrança
em pedaço de céu anil...
E vou juntando minha felicidade.

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