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Se tivesse sido o Dia do Trabalhador
Maria, simplesmente, teria cruzado as pernas,
Não teria feito niente e...
Ainda teria saído para um passeio.
Mas, como foi o Dia do Trabalho...
Ralou, ralou, ralou muito!
Balde com água, vassoura, rodo, sabão,
Lá foi Maria esfregar o chão.
E Maria ralou! Ao tocar o telefone,
Ela não disse hello... Disse: ralôoou!
No chão, no tanque, na cozinha...
Coitada da Maria, que dia! Quanto trabalho!
À noitinha, pobre Maria!
Dores nas pernas, costas e braços...
A coma arrepiada, unhas quebradas,
Olhou-se no espelho... Conteve uma lágrima!
Ah... Ele chegou com fome...
De comida e de amor!
Maria foi pro fogão...
Garfo, colher e faca na mão.
Preparou arroz, farofa e feijão.
Fritou lingüiça de porco...
Pôs a mesa... Ali, mesmo...
Na cozinha.
Acendeu uma vela...
Jantar romântico?
Não... Foi o apagão!
Não pode assistir à televisão!
Ainda no escuro, depois do jantar,
A cozinha, Maria foi arrumar,
Como se não bastasse todo o dia
Que ela passou a ralar.
Uma fungada no cangote,
Uma alisada no traseiro
E... Só love!
Maria estava pronta pra amar!
Ralou Maria...
Na pia, no chão,
Na parede, na cama,
No telefone...
Ralôoooooou!
©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES - 02/05/07