Fevereiro

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

A NOSSA TRILHA

A NOSSA TRILHA
Produzido por zacarelli

As pessoas se entusiasmam, outras duvidam...
Não cruzemos os braços agora
Estamos no circulo do nosso limite
No ápice do acreditamos.

Há um pouco de nossas pegadas naquela trilha
Há um pouco de nossa alma naquela ilha.

As portas ainda estão abertas
Muitas pessoas passam Por ela
Devemos continuar com a nossa missão
Com a nossa força e auto crítica.

Tudo que temos é o que carregamos conosco
Seria talvez a hora de aceitar a ajuda de um estranho
Dê um gole nesta bebida
Sinta o amargo que é duvidar
Só não perca a sensibilidade dos teus passos
Não deixe jamais os rastros dessa trilha se apagar.

Há um pouco de nossas pegadas naquela trilha
Há um pouco de nossa alma naquela ilha.

Escrito por Marcelo Henrique Zacarelli

Mauá fevereiro de 2006 no dia 26

Foto de Manu Hawk

RESPEITEM os Direitos Autorais! Plágio do meu poema, leiam poetas!

Talvez não seja correto, mas me sinto usurpada e insultada com a lamentável atitude de um membro aqui do site, que assina "SolEterno".

No dia 22/11 entro no site e leio um poema postado por ela, e fico indignada, pois o que lia era MEU poema "Tato Virtual", apenas com algumas alterações de palavras por sinônimos, e outras acrescentadas. Fiz um comentário para ela mostrando toda minha tristeza e indignação, inclusive postei o poema na versão original, e link dele no meu blog, para que todos pudessem comparar e ver que não estava acusando indevidamente. Avisei inclusive que estava encaminhando cópia para a administração do site. O que recebi dessa pessoa? Nada! Nenhuma resposta, sequer um pedido de desculpas. Ela simplesmente apagou o post do poema, e com ele foi minha resposta, ficando assim a confirmação de que agiu incorretamente.

Como até hoje, 24/11, não recebi nada por parte dessa pessoa, deixo aqui todas as provas que tenho, para que todos tomem ciência, e possam também se precaver com esse tipo de atitude. Sempre uso abaixo dos meus poemas, e tenho também no meu perfil, a seguinte mensagem:

Respeitem os Direitos Autorais. Incentivemos a divulgação com autoria. É um direito do criador que se dedicou a compor, e um dever do leitor que apreciou a obra. [MH]

Isso não é enfeite, é para lerem, compreenderem, e respeitarem! Existe a LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998, que protege os Direitos Autorais. Quem quiser ler mais acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9610.htm

Vejam a imagem copiada do post de SolEterno com minha resposta:
http://img179.imageshack.us/img179/1504/plagiotatovirtualem3.jpg

Poema que ela postou no dia 22/11/2008 as 11:31:

Ler o que você escreve é puro tesão,
Que dom é esse que você tem ,
Provocando em mim emoção ao digitar?
Fico imaginando seus dedos
Não no teclado e sim...
Teclando no meu corpo.....
Vejo as palavras surgindo na tela,
Fecho os olhos, e começo a sonhar ...
Posso sentir tua lingua,
Lambendo minha boca e nuca.
Teu corpo quente encostando levemente em mim,
E teus braços me envolvendo,
Continuando a beijar minhas costas...
Suas mãos acariciam meus seios ,
Descendo lentamente, explorando cada centímetro,
Desse corpo que é puro desejo por você
me enlouquecendo a cada segundo,
Desejando mais...e mais...
De repente.. abro os olhos......
infelizmente!!!
Estava sonhando....
Vejo você ali na minha frente , em uma foto na tela,
Imóvel, eu sei...
Mas espero o dia em que fecharei os olhos,
E serei levada para tua cama....
Quero sentir o teu corpo,
Se esfregando no meu ..
Tua boca no meu corpo...
Tua língua na minha boca..
Tuas mãos na minha pele...
Teu corpo no meu...Fazendo-me...
Estremecer... Arrepiar... Sonhar...!!! Um sonho real .....

SolEterno
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Meu poema, escrito em 25/09/2003, e postado aqui no site em 28/05/2008 as 15:48:

Ler você é puro tesão!
Que dom é esse que possuis,
provocando arrepios ao digitar?
Fico imaginando esses dedos
teclando meu corpo, minha alma...
As palavras vão surgindo na tela,
fecho os olhos, e começo a viajar.
Posso sentir sua barba por fazer
roçando a boca na minha nuca,
ao mesmo tempo em que sinto
seu corpo quente encostando levemente,
e seus braços me envolvendo,
continuando a beijar minhas costas.
Suas mãos acariciam meus seios retesados,
descendo lentamente, explorando cada centímetro,
enlouquecendo a cada minuto,
querendo mais e mais...
Mas abro os olhos, infelizmente.
Você ainda está ali, um retrato na tela,
imóvel, eu sei,
mas espero o dia em que fecharei os olhos,
e essas palavras serão um sussurro em meu ouvido,
movendo o chão e invadindo todo meu corpo!

(por Manu Hawk - 25/09/2003)

http://www.poemas-de-amor.net/blogues/manu_hawk/tato_virtual

Espero que entendam minha indignação, acho que tinha o direito de postar levando ao conhecimento de todos, uma vez que minha voz foi calada quando ela apagou o post.

Manu Hawk

Foto de Armando Tomaz

Homenagem ao meu amigo Chico Mineiro...

PENSA... QUE SAUDADES , NÉ CHICO!!!

Eu era garotinho, ainda me lembro, ajudava meus pais na roça, pisava descalço no estrume do gado e isso não tenho vergonha de falá pra trabaiá na lavoura, Meus Pais me ensinaram a carreá e os burros chucros da fazenda, eu tinha que amansá.
Tinha que entregá o redomão bem prontinho e bem mansinho prá o Velhão ir passeá.

Papai também me ensinou a laçá boi no carrascá, e ele era exigente;
Tinha que travá o mestiço pelas guampas, tinha que apartá as orelhas e ele falava, cuidado moleque porque o cipó vai esticá.
Eu gostava daquela lida, vibrava quando via o cruzadão lá embaixo na ponta do laço berrá.

O potro enfiava os cascos no chão e o marruá na chincha podia sapateá, que não ia escapá.
Fui culateiro, fui ponteiro de boiada, até berrante aprendi a tocá, porque parece que já desde pequenino eu já campiava o meu lugá.

Mas um dia o velhão chegou prá mim, botou a mão no meu ombro e falou, senta aí meu filho que nós vamos proseá,
essa vida de roceiro e de peão de boiadeiro não vai te dá muito dinheiro e você vai ter que estudá.
Gostava do que fazia, mas os conselhos do papai eu não podia retrucá.

Meio a contra gosto, fui prá cidade grande e com muito sacrifício e com as economias dos meus pais eu consegui me formá.
Me especializei em eletricidade, profissão que a gente não pode errá.

A parte burocrática eu tinha que administrá, as equipes de plantão e manutenção, eu tinha que supervisioná, tava meio enjoado daquela vida, mas tava tudo muito bom, porque era alí o meu ganha pão, mas um dia, pensei comigo mesmo, esta minha rotina eu vou ter que alterá.

Enfiei a mão no bolso, comprei um par de botinas, um chapéu preto, e as festas do RODEIO comecei a acompanhá.
Gostava de ver a Marrucada entrá na roda pra bate e prá girá, ficava na beira da cerca observando os Potros Redomão corcoviá,
Oiava pra cima e via a poeira levantá, e garrava a imaginá ...

Será meu " Deus " será ?

Um grande amigo, parceiro de verdade, pelas iniciais de J. A. ( Júnior Aliberti), me orientou, norteou e as grandes ginetiadas comecei a narrá.
A partir de fevereiro de 1993, comecei a apresentá Rodeio e acho que o negócio vai virá.
Meus amigos, meus companheiros, o Povo Brasileiro me chamam de Chico Mineiro e este nome eu tenho que zelá.
Já rodei praticamente o Brasil inteiro, tô morando na nossa querida Limeira, mas sou nascido e criado na minha saudosa Ibirá.
O meu maior orgulho é ter o sobrenome Rombola.

Ao nosso Pai Celestial eu agradeço e, peço a Ele pra que a minha voz nunca venha a faltá.
Porque lá em casa tenho duas piazinhas pequeninas ainda, pra acabá de criá, uma até já cresceu, tá até querendo namorá, mais a cartucheira tá armada atrais da porta e se o gavião aparece por lá, é só pena que vai avuá ...
A Nossa Senhora, a Imaculada Conceição Aparecida, agradeço à Nossa Santa Brasileira por tantas Graças Recebidas e peço a ela prá que os meus passos continue a iluminá.

Porque quando termina a Festa do Rodeio, bate uma saudade danada e prá casa a gente tem que vortá.
Porque lá na minha palhoça, eu tenho uma muchacha bem charmosa, esperando com muito amor e carinho pra me amá.
Meu sucesso devo ele todo aos Meus Pais, pois foram eles que souberam me educá.
Mas o nosso Destino é só o Arquiteto do Universo, o nosso Deus absoluto, Ele sim é quem sabe até onde a gente vai poder chegá.
A nossa vida não pode parar e a emoção tem que continuar...

Boiadeiro preparou, ajeitou, analisou, autorizou, decolou, a cancela abriu foi embora, viajou :
espora batida, bateu, puxou, rasgou, trouxe na aba do arreio, arrepiou o pelo do potro, cutuca menino aproveita, sacodi o galho no limoeiro, ginetiada linda, espetacular, colosso seguuuura... pode pegá.
Nóis fala errado porque nóis que ... estudado nóis é.
Um grande abraço aos amantes apaixonados pelo Rodeio Brasileiro, à minha família, e em epecial ao meu pai João Rombola.

Homenagem de Armando Tomaz

Foto de Vadevino

COISA DE IMPERADOR

Quando Julius e Augustus
Mandavam no mundo inteiro,
Cada um tirou um dia
Do nosso mês de fevereiro.

Para homenagear a si mesmos
Agiram de modo afoito;
31, para julho e agosto;
Para fevereiro, só 28.

Foto de Teresa Cordioli

PICOLÉ E BEIJINHO... em um caso verídico...

*
PICOLÉ E BEIJINHO...
Teresa Cordioli
*

PICOLÉ E BEIJINHO...

Entrando em uma sala
vi muitas cadeiras pretas estofadas,
aquelas que assim não eram
é porque estavam desbotadas, mas todas ocupadas..

Fiquei observando em silêncio
As moças de branco, andando de um lado para outro
com agulhas, garrotes e soros nas mãos..
no rosto, cada uma esboçava um sorriso que mostrava o coração.

Enquanto uma pessoa que estava ali sentada, chorava
o restante da sala sorria.. mostrando alegria.
A que chorava, o marido à abraçava.
as que riam, para o centro da sala olhavam.

Também olhei e vi uma moçoila vestida de boneca
que trazia em seus lábios pintados, um coração desenhado,
fazia com sua graça e magia, aquele ambiente radiar de alegria.
Para todos, distribuía um lindo beijo estalado,
“Beijinho” é o seu nome, o qual anda com Carol lado a lado...
E digo muito bem acompanhado.

Depois vi alguém que minha atenção chamou.
- Quem será aquele homem ali a falar?
Todos a olhar, rir e até com olhos a lagrimar....
Suas roupas eram estranhas, rosto pintado nariz embolado.

Ele de costa, eu sem entender nada, me perguntava:
Quem será aquele homem? Que se mostra tão pouco,
com tamanho poder de chamar atenção?
Um simples homem? Não!!!
Palhaço? Não.....
é um louco!!!!

Tão louco, que está ai a falar e encantar, pessoas totalmente desconhecidas
mesmo com sinais de cabelos brancos deixa vazia em sua casa
uma cadeira de balanço e sua rede de descanso.
Dentes perfeitos, pele bonita, homem inteligente,
pelo seu falar parece ser gente de escrita, um poeta!

De repente ele tirou de uma sacola
flores de plástico e uma caixa surpresa
contendo lindas frases de amor e de fé.
Simplesmente um pequeno gesto de nobreza
diante de tanta dor e tristeza.

Encostou-se no canto de uma maca e fez mágica
com seus apetrechos mostrava destreza...
Suas mãos eram rápidas e leves,
os velhos olhavam desconfiados,
os mais novos querendo pegar o fio da meada como se diz.

Mas me pergunto ainda: - Porque me olhas assim?
Perto de ti nada tenho a dar, apenas te admirar!
Pergunto novamente: Quem foi aquele homem? O louco...
Tão belo ainda, dentre seus traços
já distantes da sua juventude?
Para que hoje venha a praticar tão bela atitude?

Isso é o que menos importa...
Fez mágica, piadas contou, dança ensinou,
Viola (de mentirinha tocou)
até um breve sapateado arriscou...

Eu sou o PICOLÉ gritou.....E vocês que são?
Vamos ouvir o que ele fala, pois neste instante
Ele nos fala ao coração:
Declamando tão bela poesia confirmou sua sabedoria...

Assim ele acompanhado de seu coração declamou:

“Quando você colocar o amor em primeiro lugar,
Nem o medo, nem a vergonha, nem a dúvida, nem o desânimo, nem a preguiça,
Nada deixará você parar ....

Quando você colocar o amor em primeiro lugar,
As regras, as convenções, os que as pessoas irão dizer ou pensar
Nada vai me importar ....

Quando você colocar o amor em primeiro lugar,
Você abrirá mão de algumas horas de seu descanso
Vestirá esta roupa colorida, irá se maquiar, colocara este nariz de palhaço
E se transformará, tentando levar alegria e esperança a pessoas que eu nunca vi, não sei como se chamam , nem onde moram, e muito menos que idade tem ,

E se um dia vocês me encontrarem na rua , com certeza não me reconhecerão....
Mas ao me lembrar da sensação que senti em receber o teu sorriso , nem que tenha sido somente o sorriso do teu olhar,
Vou ter a certeza, convicta de coração, que valeu a pena ter estado aqui estes poucos minutos, junto a vocês, e colocado o meu amor em primeiro lugar....”

Autora : TELMA LOTIERZO

Com o rosto cheio de lágrimas, eu o abracei, nos apresentamos, e conhecemos mais um pouco deste Sr. ANTONIO CARLOS GOMES, que é o palhaço PICOLÉ, e da Beijinho que é a Carolina.
Eles fazem um trabalho maravilhoso junto aos hospitais, é um trabalho voluntário, sem fins lucrativos, e mantido pelos participantes e algumas doações. É uma empresa séria, podem até ser visitada aqui. www.hospitalhacos.org.br .
Fiquei encantada com tanta dedicação e doação, a doação do tempo, do amor, da caridade, esta é a verdadeira doação, muito maior que muitos milhões de reais. Ali dentro havia apenas pessoas necessitadas. Necessitadas de carinho, de amor, de afeto, de saúde, e muito, muito de calor humano.
Dentre os ali presentes estavam dos mais simples aos mais cultos, mas nesta hora não existe diferença, todos se tornam um, suas dores, suas dúvidas, seus medos, angustias, são uma só, “a esperança”. Todos ou a maioria passam por 3 a 4 horas de quimioterapia, de dores e ânsias, posso até garantir que ninguém viu o tempo passar, muito menos sentiram dores e as ânsias costumeiras, porque os “palhaços” não deram tempo de alguém pensar, fizeram uso de sabedoria nas suas palavras passavam tanta serenidade e confiança que ninguém mais chorou, ninguém também reclamou...
Então neste momento eu apresento a todos vocês leitores, o palhaço PICOLÈ, Sr. Antonio Carlos Gomes, O AMOR EM FORMA DE GENTE....... nada de louco.
A palhaça BEIJINHO, Carol, que transforma o ambiente, jogando seus beijos em forma de coração (lindo mesmo) e o estalo é especial...rsrsrsr. À boneca coração, deixo aqui meu beijo, que esta mocinha, cresça com este coração lindo, não apenas desenhado em sua boca, mas também, que ele continue tatuado em seu peito.

“...Um dia no Hospital da UNICAMP, na secção de quimioterapia acompanhando meu marido...” que faleceu em seguida... fevereiro de 2005.
Teresa Cordioli.

Foto de Vlad Silva

UMA MULHER, QUANDO QUER...

Uma mulher, quando quer,
Quer por inteiro
Não aceita doses homeopáticas

Uma mulher, quando quer,
Quer de janeiro a janeiro
E ainda lamenta o fevereiro

É capaz de suportar
uma árdua jornada
Para estar um átimo
Junto à pessoa amada

É capaz de pular de um precipício
Para sentir os pés no chão
Ou de inventar um vício
Só pra distração

Uma mulher, quando quer,
Sabe fazer o mundo girar
Para o lado que lhe convier

(Vlad Silva)

Foto de Lou Poulit

CANTOS RECENTES DO POETA PASSARINHO (PROSA E VERSO)

BLASFÊMIA

Porque eu não quis o fardo de perdê-la, com cada dardo de luz a sua estrela moça me apunhala; mas o tempo entre nós, de dedo em riste, fez-me triste pela sua intangível plenitude. Em quietude, reflito. E me lembro da sua pele tesa, ansiosa sobre trêmulas fibras, me comendo como a uma jovem presa predada às sombras frescas do dia (hoje dessa minha tristeza). Como esquecer suas tramas ingênuas, de uma mulherice de reações rosadas vestida de saltos e brilhos para a noite? Como resgatar tão tênues limites tangidos pelo olhar, quando dissimulando bramidos e silêncios de um improvável e profundo mar fazíamos concessões fugazes, como espumas na areia?

Porque como um bardo adolescente eu quis detê-la, e ao seu instinto inevitável na ponta dos pés, a sua estrela ferida por outro vagueia ao rés dos meus exílios e possui os brancos fartos dos meus pelos, sem pressa, até dos meus cílios, ferrenhas grades dos porões dessa minha lágrima tardia e inconfessa. Reflito. À beira de penhascos resvalo, e reflito. Sob o trepidar dos cascos da memória me ralo, mas ainda reflito. Mesmo ao engasgo com que rasgo os vazios subterrâneos da minha decrépita esperança, desesperadamente reflito!... Até que refletir seja apenas um estratagema, ignóbil, imperdoável e ironicamente necessário, que à transitoriedade de tudo blasfema: o amor não tem idade!

Mas é tarde. Porque entre a reflexão e a lágrima já não há vago, é tarde. Porque a certeza que trago caminha de bengala, porque não se cala mas já não trama, é tarde. Porque o fim de quem ama não está no decurso do tempo nem no percurso da distância, mas na vagância de não amar; nem na demência da moral nem na presença de juízo, mas na ausência de saudade; o fim de quem ama está em não se exercer o tempo. A melhor de todas as minhas descobertas fora encontrar, nas flores abertas, o divino de cada mulher, em que devia crer como menino; mas a pior de todas as minhas íntimas blasfêmias, foi não me prostrar ao que sempre houvera crido nas fêmeas.

(Itaipú, mar/2008)

AMANTE EU ME QUIS

Amante eu me quis
E ela quis-se prenda
Cio e cena, senda
De uma bela atriz;

Jugo e julgamento
Paguei preço justo
Mas depois, que susto...
Mesmo hoje inda tento

Inda quero e busco
Tombo ávido e brusco
Nos dorsos da vida:

Quem sabe, com sorte
Morro inda de morte
Do amor comovida.

(Itaipú, mar/2008)

ERGUE-SE A VIDA

De sob o tempo indolente de um caminho íngreme e da sua penitência, de descer sem resvalar para saber como voltar, de não ter a quem contar como devesse ser julgada, e saber que a solidão voluntária mais que um direito é uma dádiva, ergue-se ávida a vida.

De sob julgamentos ilegítimos, os ritmos do destino crido, o protagonista interino, ferido pelo próprio veredicto, o bailarino das sombras, refém das próprias luzes, exilado no silêncio e na castidade, banido remido da cidade profana, nele ergue-se a vida, soberana.

Porque o amor não é óbvio como a nudez que se revela, porque se a procela íntima jura e insulta, a paixão mesmo impura indulta a florada dos espinhos... O amor não tem caminhos e caminha mesmo longe dos aplausos, como um monge velado por sua estrela, selado por seu arcano... Meu amor é pela vida um amor humano.

(Itaipú, mar/2008)

ANTES

Antes que me profane esse céu que eu mesmo criei por querê-la, tanto, de minha alma tardia como seu leito tardio... Antes que me sacuda um aplauso de mim mesmo arredio, e a chama expire e repouse sobre a cinza o pavio e soluce a sombra do que antes fomos... Antes que a paixão, descida dos seus tronos, renuncie à nossa milenar cumplicidade... Antes que essa saudade me deserde dos seus hormônios, pelos meus poros, posseiros das minhas estrelas, juízes dos meus himeneus... Mas antes!... Antes que meus rasgos desalinhados sejam remendados por impura compostura e se recomponha o herdeiro das idéias, dos golfos nas traquéias por impostura, a criatura completa perdida da sua costela, incontinente em sua cela: solidão... Oh, antes que uma vergonha aflita me possua e a desdita lembrança dela, inconha e nua, toque fundo no berço o sonho que já não sonha... Poesia!... Oh, minha poesia, arrebata-me das palmas desse papel frio e sedento! E colha-me em teu colo colossal... E recolha meu corpo estilhaçado, poro a poro, esse impagável fardo em que ainda agora eu ardo e evaporo, incomodado, sobre uma chama abissal.

(Carioca, mar/2008)

POR QUE SE ME DESTE?

Porque se me deste manhã, quando já não havia um luar que me oferecesse a sua esmola, implora esse meu amor agnóstico por um crepúsculo de relâmpagos e lama, arrastando-se o leito cósmico, em que se alargue bem, e aos poucos, com roucos protestos, o inventário dos meus futuros restos, aos punhados, desapunhalados dos tremores que acarinham o gozo que me assola... Eis, enfim, a mais desejada esmola!... Ah, por amor mais se amarga a ausência do que se alarga o silêncio na distância, e mais se erguem vãs defesas do que se embarga a manhã de ilesas estrelas... Pois o amor não tem sentido em si mesmo, porque dar-se exige quem o receba, ao alcance do tato! E porque o fato... É que não suporto mais essa espera! Apenas um momento quisera. Depois quis o tempo de espera. Mas o amor exagera e agora só quer tudo, o tempo todo. Não transige, não mente e mais se sente nada, tanto, tanto... Oh, por que tanto assim se me deste, Manhã?

(Carioca, mar/2008)

ESPANTALHO

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse hoje que ruge e fulge no poço o anjo quando ela se debruça sobre o céu grisalho, eu seria tão injusto quanto um fútil amante, plantando em meu peito um inútil espantalho. Pois que se deite comigo à nossa colheita e abarrote as suas entranhas de sementes e acolha esse rio meu de estrelas cadentes (e o seu silêncio morno) à espreita
dos nossos futuros percalços, inseguranças, intrigas, ciúmes, brigas e tudo que desune. Protegido, esse nosso amor permaneça imune e ao mais profundo arrebatamento desça.

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse em lucidez, nem fosse a sua tez a aurora dos meus escuros (toda vez que o amor se mete em apuros), o espantalho, refém do próprio espanto, em vez de um encanto seria um anjo degredado. Pois que venha o amor à mesa, e a sua chama acesa ao fio dos olhares, sobre a comovente juventude dela e a minha paixão, essa cadela indecente... Pois que se mantenha o indignado julgamento alheio longe do dorso amado, sem nenhum arreio, veio profundo dessa droga genérica, minha liberdade homérica e indigente.

Ah, como eu amo essa mulher, tanto... Com o vigor de cada fio branco, quitado com a minha velha juventude inquieta, que me arde o peito franco de poeta enquanto guarde o quanto exerça o espantalho, emancipada do talho, a emoção da minha amada.

(Itaipú, mar/2008)

CALÇADAS DESSA NOSSA VIDA URBANA

Calçadas dessa nossa vida urbana... A insana crença de ser e estar sempre dando uma chance ao destino, ser solto no mundo e, ao mesmo tempo, estar como na sala, receber e ser também recebido e, em compartilhada privacidade, desarmar o proibido. Sobretudo a nossa libido, assenhorada, indultados de habitá-la.

Alçadas pela divina verve humana (que assim profana que se preserve) ao dossel da densa solidão da urbe, por mais que lhe conturbem as dívidas das tão vívidas ilusões tão frágeis, ah, as nossas calçadas intermináveis são retos labirintos de preces devotadas, de penitências e caçadas. Nenhum decreto, nenhuma vela acesa... Qualquer promessa liberta a alma, ilesa de ser no fundo só e íntima do exíguo (ínfima queixa que nem vale à pena); à lua plena, quem precisa de liminares em lugares onde os olhares, como floradas, defloram a jurisprudência do desejo?

Pois na minha calçada predileta, hei de plantar ainda uma placa. Mas uma placa de poeta, como convite póstumo a Baudelaire e Pessôa, onde escreverei: "VOILÁ LA VOLUPTÉ". Por que não? As paixões são também portuguesas, como as volupitosas pedrinhas de Copacabana! E em baixo: "MOI ET TOI". Onde habitamos e somos habitados...Oh, as calçadas dessa nossa vida urbana.

(Itaipú, mar/2008)

ME ABDUZA

De manhã, a manchete de hoje era um salto de espinha abaixo, sem truques nem cambalachos, sem volta, sem escolta... Implume, à beira do ninho. Imberbe ao fim do caminho.

Mesmo sem ter a quem pedir ajuda ou conforto, nem morto, meu coração, eu te renego. Não te nego o direito (nem ao torto) agora que enfim tuas dívidas cairão do prego, que virá ela pousar plena ao meu tão sonhado alcance... Não caia o poleiro, o verso não canse. Porque voa essa pássara no rumo em que lhe aguarda o amor e a poesia... Pois, que à revelia ela arda! Pois que a valia de arder é ter amado.

Mas não espero ser meramente amado pelo seu amor medido em eras de anos-luz. Nem apenas seduzido. Quero ser em verdade abduzido! Varrido e vasculhado, desidratado pela cauda de um cometa, que me reduza à uma lágrima de mulher... Ah, Pássara, me abduza.

(Itaipú, março/2008)

SE FOSSE TANTO O AMOR CRUEL

Tomou-me, ufano e covarde à faina da velha bateia, à tarde, de ser notado por tardios, preciosos olhares, roubados ao céu e ao mel mas curvados ao seu e ao meu: um desertado amor magoado.

Era tanta, tanta a sua mágoa, a dessedentar-se no meu espanto, que pensei: se fosse tanto o amor cruel não cantaria seu canto a cotovia, não haveria o sonho de amar, nem (que falhassem) tantos venenos, e nossos enganos seriam pequenos.

Devolveu-me esse amor (que ainda arde) a mim mesmo, depois e a esmo, numa calçada sem esquinas: se fosse tanto o amor cruel as minhas amadas seriam todas bailarinas e aos seus palcos (tão mais ardidos) talvez me faltassem proteínas.

(Carioca, março/2008)

PINTURA FRUGAL

Súbito, nas palmas da lua o tema...
Plena e deserta a tela implora a cena
Como um teorema a ser consumado.
Ávida e nua, dádiva a ser consumida.

O amor usa de sofismas só seus
Para nos converter em cismas suas.
É demônio e é santo. Até deus!
Doando luares como hóstias cruas.

Traços, aguadas, promessas, primícias
Devassas servidas, doces sevícias...
A arte é um coito que nunca termina.
Pierrô afoito. Oh, afoita colombina!

No epicentro de um pouco épico tombo
E no assombro de um gozo nem tão estético
Em que a febre viceja (e a alma a deseja)
O artista verseja, quase profético:

Pintura frugal, a dar-se a mim estreito
Hás, limiar, de dar-se além do leito.

(Carioca, março/2008)

CANTOS GAIOS

Eis a vida, aos pés da sorte.
Um sonho galgo, galgando gratas misérias
Sem temer tombos e trombos que suporte
Nos largos ombros do anjo que lhe vier.

Donde vejo essa, na estratosfera
Perdoaria Dalila e acudiria Prometeu
Porque a eternidade é uma quimera
Para um amor tão generoso como o meu.

Do que entre fatias fugazes de amenidades apenas
Fazendo mágicas tenazes (nem tão amenas)
Seria eu eterno e inteiro entre seus dedos
Mais à vontade do que no caderno do jornaleiro.

Ah, eu pagaria com juros as minhas juras
Doando-me a ler todo dia o jornal de ontem
Só para recair de todas as minhas curas!
E loucamente amar de novo... Oh, cantem

Ao precipício entre os olhares e aos seus soslaios
Meus pássaros, os meus cantos gaios, cantem.

(Carioca, fevereiro/2008)

ESGUICHO

Um esguicho aspergindo agonia tingiu o nicho escuro da minha auto-estima, com tons claros de uma líquida e morna alforria. Eu corria tanto. Corria e corria... Como um bicho sem paz eu zanzava, sem sair jamais do lugar em que estava; preso no visgo, vesgo de amor eu não via meus escombros na poça (a que fiz jus!), do corte certeiro de um raio de luz.

Dissimulada, a estrela que fez isso (do instinto intangível, íngreme e insubmisso o poeta dócil, submerso no esgarço do velame e acoleirado pelo verso ao firmamento) quer apenas que eu ame. Ame e ame... E escame o brilho d’alma ao vento. Mas o amor teme a própria catarse e por uma múltipla entorse (do salto para dentro) exila-se num centro em que tudo se lhe roce.

Ah, o amor que desnuda e desarma... O penitente que em sua Compostela espera ungir-se com os estilhaços da janela, no entanto preserva os cordeiros do vitral; até que converta-se a noite atéia em dia, e a alcatéia em coral e a teia casta da anorexia em um esguicho lustral.

(Carioca, fevereiro/2008)

UM RAIO INSUSPEITO E ARREBATADOR

Um raio insuspeito e arrebatador entre opostos exílios, antes tramados por escolhas colhidas à razões tolhidas, nos fez amantes desertados.

Quando nada os detém, olhares detonam uma reação em cadeia servida à ceia de um desejo vasto, em que sós nossas testemunhas somos, ideais sem pejo de aias e mordomos, comensais intrépidos em tépidos covis...

Oh, tépidos covis da madura idade!
Oh, ledos covis sem cocho ou grade!

Um olhar insuspeito e arrebatador do exílio colheu-me e comeu-me à flor da minha abissal leviandade; a lágrima fringiu-se e evaporou-se, cingiu-se de cinzas o peito que a trouxe, decerto, meus covis hoje correm a céu aberto.

(Engenho Novo, fevereiro/2008)

JARDIM DO ABISMO

Nem eu me lembrei do tempo nem ele se apercebeu da minha ausência, mas se agrisalharam os meus pelos... Nem eu quis vertê-los nem capturei os seus buquês, mas os momentos voaram do cálice... Seixos que um dia, talvez, encaixem-se, a memória amontoa, assim à toa, cobertos de pó nos recônditos do absurdo... Em cada beijo um estalo, eco surdo de lirismo, que roga um resvalo à nudez das paredes. Ah, os dias sem amar... Ajardinam o fundo do abismo.

(Largo da Carioca, fevereiro/2008)

TEZ SEM EXTREMOS

Ah, porque ela não tem na tez extremos
(Salvo os olhos, que também são morenos)
Pouso a alma e vejo o meu próprio reflexo
Porque o sexo, estância além do mundo

Rio profundo, caminho estelar
Grafara n’alma, ao silêncio das curvas
Feitas sem o zelo de me tomar
Dos limites: A morte não me quis.

Restou, feliz, este amor são e salvo
Alvo das suas perguntas tolinhas
Rangendo as janelas donde as rolinhas
Nos espiavam, pelas persianas;

Em preces profanas, tão doidivanas
Sim, eu amei... E como nunca soubera;
Porque não era o fim a antiga era
Porque eu não estava ainda preparado.

Pouso alado (ao lado a tez sem extremos)
No ermo lúcido do amor em que cremos.

(Carioca, fevereiro/2008)

VENHA

Venha, porque eu tenho
Bem mais do que fui
E donde hoje eu venho
A dor não possui;

Venha, porque trago
Bem mais do que cabe
Neste meu vago
Que ninguém mais sabe;

O meu sonho é um salmo
Na tez d’alma escrito
Com letras de um palmo
E ainda a ser dito:

Se o afago perpassa
A tona do lago
E é luz o seu cio...
É o amor que trago

Guardado e tardio...
Divina devassa.

(Carioca, fevereiro/2008)

QUISERA O AMOR QUE EU AMASSE

Quisera o amor que eu amasse
Tanto, tanto ele quisera
Que ao desarmar-se o amor que era
Ele antes me devassasse.

Quis o amor assim tocar-me
Tanto, tanto, o sol ao lis
Que o céu que de mim eu fiz
Devassou a minha carne!

Será sempre o amor assim.
E eu serei sempre o que sou
Sem saber mais que soubera.

A me armar, como arlequim
O amor vem (quem nunca amou?)
Deserdar-me do amor que era.

(Carioca, fevereiro/2008)

ME SABER ME BASTA

Eu dissimulava por onde fosse. Cantava o tempo todo. Sussurrava, depois quase gritava. Ah, eu cantava, cantava, cantava... A música era a da amada, sua preferida. Eu a tomava emprestada. Se pudesse, seria capaz de roubá-la! Eu dissimulava perdidamente. Colhia todos os olhares do caminho mas só ficava mesmo com os dela... E com a carne úmida dos sorrisos e o risinho tímido dos mamilos e o andar, que mal tocava os pisos, e os glúteos. Glúteos? Oh, comprimi-los...

Eu dissimulava enquanto ria de mim mesmo. Não por auto-piedade ou desestima. Eu dissimulava piamente! Ela era um templo, uma porta entreaberta. No nicho, uma absolvição além da palma, roçando a alma como açoite de dia, de tarde e de noite, vazando entre os dedos da mão tenaz. Sonhada... Uma graça fugaz sob a coberta de credos e dogmas deserta. Generosamente incontinente. Mas até seu resíduo era emprestado, como tudo o que era dela crido. Até que da vidraça fez-se o alarido de miríades de estrelas, janela afora vazada.

Mas não doeu nada, não doeu nada... Eu mesmo fiz isso. Avidamente eu mesmo fiz isso... Não há mais no que crer. Me saber me basta.

(Itaipú, fevereiro/2008)

O ESPELHO E A BAILARINA

Esse amor meu de poeta...

Cuja paz decreta e se professa ungida
Que, impune, confessa ser a própria sobrevida
Do réu imune, ao rés de mais uma vez tocá-la
Com um arrepio de sopro, pele tão desejada...

É uma montanha que jamais se cala!
Mas resvala e em profundo silêncio se esbate
No magma de um improvável vate.

Dentro dela habita uma estrela antiga
Que sussurra uma cantiga e nina a emoção
De ser a mansão e a monção da bailarina
De infladas cortinas e peito pronto a se fender...

Oh poesia das entranhas do ensandecido
Sou eu que fendo! Sou eu que fendo! Eu, a montanha...
Ao gume úmido, entre arabesques colhido...

Na poça, em que de versos me embriago seu
Tombam a lua e o gozo com que pago eu
As minhas brancas súplicas no breu da fonte...
Então... É a poça que seduz o lago?...
Ou a dor de amar? Que a ninguém se conte...

Esse amor meu de homem...

Cujos olhos comem a carne emancipada
E que verte o sonho e o seu torpe inchaço
No levitado abraço do amor da amada
Não aconselha jamais o que se cobre...

Mas esse nobre amor meu sempre a espelha
Concede a verdade e a fantasia e as espalha
Aos dentes da noite e aos palcos do dia...

Que dentro do espelho havia nela um abismo
Por cujas paredes o seu sismo, que a desvalia
Refém das suas areias e dos meus espumados dedos
Escorregava e em mim cravava velhos medos.

Oh céus dos meus sentidos
Eu fui o mar! Eu fui o mar! E o espelho-mar...
Mas sou agora os rochedos... No olhar, bramidos...

A moça, estrela cujo sonho na poça repousa
A senhora da lousa, de sapatilhas desatadas
Confia como as fadas no amor frugal, mas ferina
Despetala o seu amor de bailarina, cada centelha à mó
Do aço nu... Do espelho amado que a espelha só.

(Itaipú, Fevereiro/2008)

HOJE A CELEBRO, TÃO GUARDADA

Não era minha, nem tua
A mão que encrespava o mar
Pastoreava o vento
E escavava os grãos de areia...

Nem na vinha, nem na lua
Nem ao amor restava amar
Tão doce, o resto lento
Mais que o sonho pastoreia...

Era d’alma dos amantes
Que, indelével, o tempo habita
Montando em pelo a delícia
De sermos assim da vida

Ermos d’estrelas distantes...
A lembrança mais bonita
(a mais eterna primícia)
a emoção na voz contida

Celebrada, tão guardada:
Como, Sempre, és tão amada...

(Itaipu, mai/2007)

PREDESTINAÇÃO
(Poema Tríptico)

Manhã I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar
Das profundezas do desejo vindos.
E na areia a luz de um gozo rendado
Extrema unção de um amor guardado
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

Tarde II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los
Os brancos fios dos meus cabelos?

Noite III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

ANIVERSÁRIO DA MIXINHA

Hoje celebro uma estrela, extrema estrela velada pelos véus de antigas eras, de fogaréus, de esperas, quimeras, deveras dada; que em silêncio crepita n’ara desdita que lhe valha a dor do peito. Acalenta. E por direito se apascenta dos lapsos de um anjo canalha...

Hoje celebro uma fêmea, efêmera crença minha, roubada a um conto de fadas por arcanos, comezinha; e por anos de vigília, ppr um gozo que eviscere a plenitude, em que se esmere a rapsódia do claustro. Fausto íntimo, fausta chama, que só não cala a quem não ama.

Hoje celebro uma luz que só nus temos por nossa; querer bem a um anjo alado, de um querer que não se apossa, é um amor iluminado, que não se pode tocar sem que se toque a si mesmo, por inteiro. É o amor mais verdadeiro... Inconho amor, já por si mesmo tão naturalmente celebrado.

(Itaipú, maio/2007)

Foto de Henrique Fernandes

TRINTA DE FEVEREIRO

.
.
.

Espero um toque que me encha de vida
E me dê leveza á mente
Uma carícia dada com natureza
Ampliando o que me tem faltado
Nos talvez de um salto em falso
Desculpado em cedos de mais
Porque o para sempre não é hoje
Prisioneiro de um trinta de Fevereiro
Receita inventada para enfartar
A loucura sã das minhas palavras
Estendendo textos em volta do ego
Uma utopia com nódoas de ilusão
Acontecer é uma insónia de desejos
Perseguido por sonhos acordado
Seguindo pegadas sem marca
Na periferia da realidade

Foto de angel_in_love

Hoje decido...

Se desistir é próprio dos fracos...
e a sorte protege sempre os audazes...
Eu,hoje... ,
neste exacto momento decido....
que vou ter a audácia de não desistir ...
de não desistir dos meus sonhos,
dos meus desejos e do que o meu coração decidir!!!!
Irei até aonde o meu coração me levar...
lutarei pelos sonhos em que eu acreditar...
e para realizar os meus sonhos....
farei o que puder e irei ate onde for preciso para ser feliz!!
Porque a felicidade,nao tem preço nem valor....
a felicidade nao se compra ...conquista-se!!!
E eu sei que a vou conquistar....
ela pode até demorar a chegar,
mas quando vier....
sinto que será para ficar...
e nao apenas para ser fugaz!!!

angel_in_love

15 de Fevereiro de 2008

Foto de Barzissima

Historia de Amor e Saudades - 7

Curitiba, 14 de fevereiro de 2008

Olá querido!

Faz tempo que não escrevo né... Quando as coisas caminham relativamente "bem" comigo não me sinto bem para escrever mesmo...
Desta vez o que quero dizer pra você, é que tomei uma decisão: Vou viver minha vida da melhor maneira possível... Te ver demais estava me fazendo mal já, sabe. Eu procuro meios pra te ver, passo na frente com o carro onde você, apesar de nunca te ver assim, fico como se diz "correndo atras", na esperança de te ver de novo... Isso faz eu ficar ainda mais pensando em você, me iludindo demais e ainda por cima ficar infeliz... E justo eu que sou uma pessoa de bem com a vida, sempre de bom humor, que vive brincando, sorrindo... Então, decidi... Vou parar com essa fixação por você... Não vou esquecer meus sentimentos por você.. Isso nunca, mas vou viver minha vida agora, tenho meus filhos pequenos pra cuidar, um marido... Tenho certeza que apesar de você talvez sentir alguma coisa por mim também, você também terá que fazer a mesma coisa... ou melhor já esta fazendo né... esta vivendo sua vida... E é isso... Espero não te encontrar mais... porque sei que se eu olhar nos seus olhos de novo, tudo vem a tona novamente....e pelo menos por enquanto, não chegou nosso tempo... Um dia vai chegar...E como diz a música: "Estou guardando o que há de bom em mim, para lhe dar quando você voltar...." Sempre te esperarei..... O tempo que for..., 02, 05, 10, 20 anos.... Ansiosamente....Para enfim, poder te amar, um amor lindo, como nunca, jamais, alguém te amou....
Beijos

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