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Foto de Lou Poulit

Poulit em Versos II

No cancioneiro brasileiro, até pouco tempo atrás eram muito raras as compositoras. Poucas, como Chiquinha Gonzaga por exemplo, tiveram personalidade para romper a bolha machista e fazer sucesso fora dela. Mas há uma outra característica no contexto musical do nosso país: Muito poucos compositores dispuseram-se a entrar na bolha! E construir letras onde o “eu” era feminino. De cabeça, qualquer um poderia se lembrar de Chico Buarque e Caetano Veloso. Mas existem outros menos famosos. “A Fruta e o Pássaro” é meu melhor resultado:

“Se me guardo navego
Se me entrego não volto
Porque quero me solto
Porque temo me prendo.

Me fendo como a fruta
Que um pássaro perscruta
E me agarro ao meu talo
E me calo
E me odeio e me odeio e me odeio.

Eu receio o seu espaço
Despencar da canção
Ficar só, de cansaço
Ser comida no chão.

Me fendo com a fruta
Que um pássaro desfruta
Mas te sonho e te tramo
E te amo e te amo e te amo”.

Seguindo uma linha poética na qual se solidariza contra o condicionamento e as injustiças da cultura machista, o poeta se arrisca a ser atropelado. Vejam, a maior parte dos conceitos hoje vigentes têm origem no ideário judeu do tempo de Jesus, ou dele derivaram. Ironicamente, não obstante o anti-semitismo fazer parte das idéias de povos e governos, historicamente, ao longo de milênios, com a expansão do cristianismo esses conceitos vieram no seu bojo e se espalharam pelo mundo cristão.

As instituições cristãs, obras do homem com necessidades próprias, e à revelia da mensagem do seu “protegido”, ambicionaram o poder e alavancaram a absorção desses conceitos durante a idade média principalmente. Passaram de perseguidas a perseguidoras, abençoaram as fogueiras e criaram um documento oficial, no qual os depois chamados judeus-novos (designação preconceituosa) declaravam e assinavam serem cristãos, para continuarem vivos. Assim apareceram sobrenomes de árvores frutíferas como Pereira, Limeira e, no meu caso, Oliveira, uma clara alusão à figueira amaldiçoada por Jesus. Dentre tantos conceitos, quero destacar aqui o moralismo egoísta e segregacionista. A falsa idéia de que há um certo e todos os discordantes errados. Uns são ditos filhos de Deus, mas não se diz de quem são filhos os demais.

Pode parecer que eu esteja exacerbando, que não é tão importante. Vou dar um exemplo para provar que não: nunca houve e provavelmente jamais haja um sucesso literário comparável ao da Bíblia! Nem em volume de vendas, nem no poder de convicção do seu conteúdo e nem no poder político das instituições que lhe deram endosso. Sua multiplicação editorial coincidiu com a massificação da alfabetização. E no bojo de qualquer uma delas, está a maior parte do ideário judeu, pois que Jesus era judeu e os principais apóstolos também. Nada pode ser comparado a isso.

Então recebemos por herança um falso direito de fazer julgamentos, como teimam belicosamente em fazê-los até hoje judeus e árabes. Mais que isso, de exilar os “adversários” das nossas convicções em nome de uma identidade divina que nos autoriza. Em um certo ponto da nossa história, com o fim da segunda guerra mundial e toda a explosão tecnológica que se seguiu, nosso ideário saiu dos guetos europeus para recriar antros ideológicos em todo mundo. Suscitaram-se todas as revoltas. Vieram os hyppies, a dita reforma, depois a contra-reforma... Mas a essência de tudo tem sido sempre a mesma: a segregação.

Bem, na poesia, como nas artes em geral, não cabe essa natureza dominadora e egoísta. Na imensa maioria das vezes o poeta se coloca do lado mais frágil. Ele não submete, mas aceita submeter-se para se impregnar das dores, amores e demais humanidades que constituem sua matéria prima. O poeta é um habitué dos antros. A começar pelo seu próprio. E faz dessa “condenação” um caminho escuro, para a luz do seu amor penitente, prostituto, voluntarioso. Encontrei em meus antigos alfarrábios uma letra de música que define muito bem as minhas convicções a esse respeito. Chama-se exatamente “Antro” e foi construída num período da vida em que me senti condenado por todos, exilado em meu pequeno ateliê, de onde tentava tirar minha sobrevivência física.

“No antro em que sou ninguém
Alguém que me faz feliz
Me faz ser a conquista
O herói mais vigarista
Um corpo no chão
Vazado de luz.

No antro em que volto sempre
No ventre em que asilo o ser
Dos lanhos da minha viagem
A chuva molha a tatuagem
No chão da alma
Vazado se luz.

Seria meu santuário
Não fosse o amor um cigano
Seria meu cadafalso
Vagasse profano e descalço.

Um amor que não se detém
Me fez refém, com salvo-conduto
Mas eu luto contra aparências
Eu vivo das nossas essências
É um antro bom... dentro de mim”.

Foto de Pseudo_Poeta

Tu, Só Tu!

Tu, só tu...
Transformas cada noite singela
Enregelada pelo impiedoso Inverno,
Criando a mais bela tela de aquarela
Com um intenso Verão pintado nela.

Tu, só tu...
Emanas esse brilho constante,
Sobressaindo as cores da nossa amizade,
Moves-te com arte provocante,
Deleito-me com a tua divindade.

Tu, só tu...
Com esse teu desejo intenso
Que me põe em suspenso,
Fico curioso propenso,
Neste enredo imenso
A que eu pertenço.

Tu, só tu...
Me fazes planar numa galáxia estelar,
Rumando-me a ti para teus lábios beijar.
Apenas aproveitar cada luar,
Unidos, fundidos em qualquer lugar,
Eterna chancela que nos apazigua,
Minha alma em tua alma por fim desagua.

Tu, só tu...
Me provovas, convocas ao altar do prazer,
Cada respirar, cada arfar, cada falta de ar,
São sinónomos famosos que fazes acontecer,
Saber o teu corpo de cor
Percorrê-lo com a mente,
Dá-me um intenso calor.
Vermelha é a côr do meu corpo em fervor,
E solta-se a corrente deste erotismo premente!

Tu, só tu...
Me fazes delirar,
Agitas o meu Mundo,
Fazendo-o girar.
É o pensamento profundo,
É o meu temperamento,
Apesar do crescendo,
Só a distância lamento.

Tu, só tu!
Me envolves assim,
Estimulas o melhor que há em mim,
Imagino palavras que sorriem para mim,
Construo castelos que palpitam sentidos,
De muralhas bem fortes e guardas destemidos,
Elaboro versos submersos em pranto perdidos,
Escrevendo poemas que jamais serão esquecidos!

Hugo Andrade 2007/03/1

Foto de BCF

Su Ando

Pensando em você loucamente,
Ainda me arrepiava a cada recordação...
Só lembranças ficaram...que pena...
Lembro-me de que você teve momentos de carinho, interesse ...
Talvez, talvez não! Eu fui muito ansiosa...
Esqueci de fazer aqueles famosos joguinhos...
Declarei-me cedo demais...
Você sente medo?

Preserva-se tanto que tem medo de ser feliz....ou simplesmente, o que seria muito duro pra mim, enquanto penso em você, você pensa em outro alguém?
Ainda tenho uma esperança, mas a partir de hoje, não farei mais nenhum esforço em sua direção...a não ser na torcida de ser procurada por você.
Espero-te...
Ainda...

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