Estado

Foto de souza vinicius

Cérebro soneto

o que é o amor?,reflete o cérebro:
senão pequenas explosões de sentimentos enormes,
grandes dimensões de gestos pequenos,
a perpetuação de cada segundo.

A elevação do mais elevado estado,
a contemplação da pessoa inexistente,
estimulo que preenche espaço,
dêmencia que lhe deixa contente.

A vontade de unificar os dois corpos,
compaixão que sempre perdoa,a pericia de ser perfeito,
meiguice que torna virtude até o mais sério defeito.

Então o cérebro pergunta ao coração:
- Entende o que eu penso?
É claro- responde o coração- você pensa o que eu sinto!

Foto de laurinda malta

Ricos e pobres

Porque terá de ser assim? Pobres, míseros, sem fundos de tesouro mas réstias de alegria;
Alegria conformada pela troca do vácuo de mel que vem da alva e dádiva natureza;
O outro lado: senhores, diplomatas, respiram aromas, lufadas frescas de moeda e papel,
Num cachimbo, de sinal de paz, lutando sempre a bem da nação, com orgulho e beleza.

Pobreza de dinheiro, pobreza de consolos e carinhos, chorosos da inexistência riqueza;
Do outro lado, dinheiro esbanjado, outras vezes, sem tino e miseravelmente amealhado;
Panoramas mortos e inertes, horizonte imenso prometem ser farto, em próximas mesas.
Dias guerreados, pensamentos envoltos em tormentos, à espera de dias esperançados.

Escassez de ar, diferenças no querer e sentir, ambições fustigadas pelo estado de humor,
Diferença sentida no frio, pobre de alegria, de amor, do querer e do curto e pouco saber,
Conclusões retiradas e envergonhadas da existência da paz do rico e do pobre sem calor;
Elação revoltada, diante da Constituição de Direitos que pobres e ricos sabem conhecer

Foto de ghostwriter

Última tentativa (Ghostwriter)

Foi pelas luas que caminhei

foi pelo amor que corri

foi pelos sonhos que lutei

e tudo… foi por ti.

Na noite escura e bela

no meio das trevas e do perigo

dois vultos de mãos dadas caminhavam

que rumo é este que eu sigo ?



Sigo a voz do errado

mas do amor também

qual será daqui a dez anos o meu estado?

Serei louca?

Serei tudo o que o mundo não tem…

Serei mendiga? ou prisioneira do amor?

A vida futura que o diga

que eu não me arrependo…

nem que isso traga dor…

Dedicado a Duarte Rafael

Ghostwriter

Foto de AlePoetisa

Cama de estrelas (Ale Poetisa)

Quando me deito contigo

Me perco em teus sentidos

Nos teus braços encontro o meu abrigo

E sussurro meu amor nos teus ouvidos

Amo-o de todo o meu coração

E de todas as formas possíveis

Trilhamos juntos os caminhos da sedução

Vivemos momentos inesquecíveis.



E, então, quando chega a hora do êxtase supremo

Nos entregamos sem pudor

De prazer eu deliro, gozo e tremo

Entrego a ti todo o meu amor

Nessa hora vejo milhões de estrelas

Sinto-me em estado de embriaguez

Minhas mãos não consigo contê-las

Quero-te de novo, mais uma vez...

APB - (09/12/02)

Foto de Naco_Ranza

Esperança...(Naco Ranza)

Esperança...

...perdida...

... e assim te peço Tempo, lucidez.

Perdi-me, entregue a ilusões que me adoçaram meses, dias seguidos. Pois sabes bem que é pelo desconhecido que me sintro atraída, mas sabes também que por cada atracção encontro feridas....

Em tempos aliado mas agora carrasco, fazes questão de me fazer ouvir o corpo dizendo "tem calma, não aguento muito mais"... é...... mas e o coração dizendo "Não pares... sabes bem que nunca é demais!"


E agora?

Montei, pois, o cavalo que mostravas, sempre rumo ao que não via por via de um estado de Nirvana que me parecia quase tão perfeito quanto o ar que respiro... tal era a fusão com a ilusão...

Sabes também que não me faço guiada pela razão que sempre me deixa dorida, nunca sei onde... e em tom de curiosidade te digo: nunca me deixa satisfeita pois fica sempre a sensação de nada ter conquistado...

Já o mesmo não acontece quando me guio pelo coração...

A dor que sinto é sempre genuína e no fim resta a conquista que fiz e nunca ocupa lugar : um degrau na escadaria do ego do EU, que muitas vezes foi subida por via do sofrimento... que não lamento.... pois faz-me sentir dona e senhora de mim.

De novo, é lucidez que te peço, ainda que te guarde rancor pela dor que me causas... mas sabes que é rancor passageiro, matreiro... tal raposa como tu.

Lucidez.... não vejo um palmo.

Se é por amor que não me ajudas temendo que me magoe... não te iludas... magoada já estou. Faz por favor o que te peço... eu agradeço...

Afinal, tal como ele, sabes que...

Naco Ranza.

Foto de hanjo

O que fazer...(Hugo Christiano)



Uma reflexão sobre o amor.

Como pode uma coisa ser tão extremista quanto a paixão? Em um momento você se sente hipnotizado, diz coisas bonitas, que saem realmente do seu coração. Em outros sente que se comportou como um típico idiota. Não consegue comer, não consegue dormir, porém sente-se tão fraco que a cama se torna sua companhia. O que ontem te fazia divertir, o que te trazia conforto e o que não era importante, são as coisas que não te atraem, que te traz dor e que se tornaram sua vida. De uma hora para outra você se torna um vegetal, sem consciência da realidade, imóvel, viajando a mil lugares, imaginando mil situações, e pensando em uma só pessoa. Se pelo menos soubéssemos o que fazer, e como fazer. O cérebro cultiva um misto de auto-estima com insegurança verdadeiramente infernal. O que se passa pela mente dela? Será que em um ínfimo lugar nos seus pensamentos destina-se a mim? Será que ao menos sente um milionésimo do que há em um milionésimo do meu coração? Ah certamente que não, seria sentimento demais, suficiente para trazer lúcifer de volta a Deus, ou fazer com que este desça para beijar seu anjo outrora mais amado. Minha cabeça roda, roda, roda, e não consegue sequer saber o que expressar quando na presença dela. Quanto mais saber como ter a presença dela... É como se sentir um desarmador de bombas, um pequeno erro e tudo pode ir por água abaixo. E como eu erro, se pudesse refazer minhas palavras mil vezes, ainda acharia que a estupidez estaria do meu lado. Eis que surge em sua frente a solução. Veja-a ao seu lado, linda, efêmera, com os olhos de estrelas e o brilho do luar. Veja-a com sua pele de veludo, seu toque de pluma e jeito encantador. Veja-a com seu beijo que traz luz e salvação, traz esperança e principalmente amor. Veja-a e seus pensamentos se tornarão tão claros quanto a teoria da gravidade, você cairá de amor. A sua vida vai finalmente parecer ter um sentido, uma finalidade, a esperança inunda as expectativas de seus dias tristes, e a felicidade a comemoração de dias alegres. Mas por que eu escrevo isso? Por que não posso falar, ou não consigo. Como numa jogada de xadrez você não mais sente nada do mundo externo, suas emoções se interiorizam e se ganham uma magnitude fora de seu controle. Meu sistema nervoso é incontrolável perto dela. Suas mãos, seus pés, perdem seus lugares característicos. Meus olhos dizem o que não ouso dizer, e minha boca somente pronuncia palavras desgarradas sem sentido, e sem essa carta, não conseguiria me expressar. Amanhã? O amanhã a ela pertence, amanhã eu posso estar curado, ou em estado terminal, dessa doença que se chama amor. Mas convenhamos, como eu queria morrer de amor...

Hugo Christiano

Foto de Laksmi

Você me tem (Laksmi)

Você me inspira paz. Você me tem.

Ao acordar por um pesadelo assustada

Uma imagem sua ao meu lado se senta

E me acolhe com um afeto sem igual.

E faz com que eu me sinta amada

E essa terna lembrança me apacenta.

Recebo dos pássaros o canto matinal

E nesse instante, você me tem...


Você me inspira paz. Você me tem.

Eu sigo, mais uma vez, o caminho

Que costumo todas as manhãs traçar

Pensando no que gostaria de lhe dizer,

Pensando em como é triste ser sozinho

E não ter com quem dividir e conversar,

E pensando: "Que bom que conheci você!";

No meu trajeto, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Observo atenciosamente o mundo,

O mesmo que nos cerca nesse momento,

E descubro dor, egoísmo e insensatez.

Mas em você, vejo um carinho profundo

Capaz de converter qualquer tormento

Num róseo estado de leve embriaguez.

Na minha alucinação, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Muita gente num dia passa por mim

Mas eu desejo seus olhos o dia inteiro

E algo parece explodir em minha alma.

Se escuto sua voz, um pouquinho assim,

Mesmo que por um instante derradeiro,

Volta então ao meu coração a calma.

Nas horas de ausência, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Procuro a saída desse vale perdido,

Labirinto obscuro de meu devir

Onde se camufla a minha inocência.

Tudo que há é um amor escondido

Que me faz chorar, que me faz sorrir,

Que me faz admirar sua inteligência.

Entre livros e saberes, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Numa caixinha de estrelas flutuantes

Guardei meus sonhos mais angelicais

Para presenteá-los ao meu lobo amado

Numa noite de prazeres inebriantes

E no ar um perfume de notas musicais

Com versos de vaga-lume apaixonado.

No sono solitário, você me tem...

Você me inspira paz. Você me tem.

Não importa se eu me puser a negar,

Nem se meu refúgio secreto ruir

Porque ainda sentirei esse ardor

Da paixão que hesito em aceitar,

E por mais que eu pense em fugir,

Sempre ouvirei minha voz interior

A, subtil, sussurrar: Você me tem...

Laksmi (Quinta-feira, 10 de outubro de 2002 - 22:04)

Foto de quimnogueira

Ouvindo a noite...(Quim Nogueira)



alguém a ouve?...

...sentado nesta cadeira de frente para o meu computador, numa mesa de madeira, branca de sua cor, eu teclo nas letras paradas ao redor dos meus dedos...preparo um texto, sem contexto, com uma textura qualquer, talvez de amargura...não me preocupa a forma, nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos e destes para o écran que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...não me preocupa o tema, mesmo que sem lema não se torna um dilema neste plural sistema de escrever prosa ou poema...

...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...

...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...

...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...

...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...

...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som nem qualquer grito abafado de dor...

...e aqui fico...

...esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...

...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...

...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...

...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...

...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...

...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...

...ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...

...dentro de mim, a bater...

Quim Nogueira

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