Espera

Foto de carlosmustang

"""DESPOJAMENTO"""

Eu não tenho nada pra levar
Somente algumas coisas que necessito
Enquanto brinco neste caminho...

Eu não tenho nada que aprender
Eu não tenho nada que ensinar
Somente o que preciso pra viver!

E minhas caminhadas são longas
E nunca de espera
Sem ninguem à janela, que me sonda!

As vezes eu descanso um pouco
Mas mesmo assim não deixo de seguir
Minha cabeça não para de sonhar!

E aguardo o dia de te encontrar
Para entregar o meu presente
De tudo que vivi...eternamente.

Foto de Jhessyca Lima

Fim

Finda-se o dia. Meses, anos te esperando.
Finda-se também a esperança de te reencontrar.
E para o meu fim falta pouco,
pois minh'alma seus últimos suspiros exala
e meu corpo fenece sem cessar... a cada instante dessa espera.
Findam-se minhas dores e tristezas,
e finda-se também meu motivo de viver...
São intantes que se passam,
anos que eu não notei,
tempo que não vi o relógio contar...
E o futuro me espera.
Nem se sei espera...
Se viverei ainda para contar as estrelas,
para ver os raios do sol e as ondas do mar!
Fim dos tempos...
Fim do meu tempo de amar.

Foto de ek

O Velho e o Garoto

Espera. Onde vais, o que buscas?
Eu procuro a vida e a vida após ela,
eu procuro Atlântida e a alma do mundo.
quero encontrar as rosas, eu busco um pouco de tudo.

Calma, o que estas a procurar não existe,
é apenas o sonho de poucos, mera ilusão.
Cala-te velho! O que falas é triste,
ficou velho, cético, e mudo,
esqueceste de como é estar vivo,
já não consegue e nem quer acreditar.
E afinal que importa isso,
não são os sonhos que movem o mundo?

Mas o mundo no qual vive garoto, é cinza
já não existe mais amor, e os poetas estão todos mortos,
hoje, garoto, o que move o mundo
não são os sonhos, e muito menos o amor.
O que move o mundo hoje,
é sua fúria por não existir,
é este vazio em seu peito,
é esta ânsia por ansiar.

Você não sabe o que fala,
falas por falar e não falas quase nada.
Você fala de um mundo negro,
mas falas de si mesmo,
cinza é tua alma, e triste
são os sonhos que deixaste de sonhar.
Porem o amor talvez esteja morto,
mas morto em seu peito.

Ah, você não conhece o mundo,
você é jovem e ainda não chorou,
não viu as estrelas caírem do céu,
e nem viste as nuvens apagar o luar.
Tudo que acredita saber,
não passa de estórias sem sentido,
destino, ou qualquer razão maior.
Mas vá, vai sonhar!

Foto de Sirlei Passolongo

Tecendo a vida

Cada verso tece um poema
Cada poema uma saudade
Cada saudade um amor

Como a abelha
Que colhe o néctar
De rosa em rosa
E tece sua morada
Ou a andorinha
Que tece o ninho
A espera do inverno

Cada poeta tece
Um verso
E cobre de cores
O papel em branco
Que tece poemas
Que tecem dores
E amores
Espinhos e flores.

(Sirlei L. Passolongo

Foto de Jhessyca Lima

Olhar da Madrugada

Minh'alma triste chora sem ter consolo,
escondida no silêncio da madrugada,
onde apenas a lua calada
por sua amante solitária vela...

Meus olhos estão rasos d'àgua
e em meu peito bate um coração descompassado
submisso às lembranças de um tristonho passado
e que por seu eterno amor, em vão, ainda espera...

Os meus sonhos perderam-se na penumbra dos caminhos
e sem perspectivas prosigo nesta jornada
numa busca incansável por teus carinhos.

Sozinha, vou andando pela longa estrada...
Chorando a perda do teu amor mesquinho
Guiada pelo sombrio olhar da madrugada...

Foto de Sónia A. Silva

O Amor...

O Amor...
É fogo,
Para arder...
Tem que se alimentar,
Para não morrer,
Tem que contra tudo pugnar.
O Amor...
É como uma flor,
Que no jardim nasce,
Por vezes mucha
Mas quase sempre renasce.
O Amor...
É como um vulcão,
Quando menos se espera
Entre em erupção
E tudo supera.
O Amor...
É nunca parar de amar!
É como a água que nasce no rio...
E desagua no mar.
O Amor...
É como um passáro,
Voa, voa sem parar...
Ao mesmo ritmo o meu corarção...
Não cansa de te amar...

Foto de Sirlei Passolongo

A Palavra Dorme Silenciosa

A palavra dorme silenciosa
como a ametista
a espera do joalheiro para ser lapidada
A palavra espera o poeta
para lhe dar luz e a transformar
num poema... Que será tão raro
quanto a jóia lapidada pelo artesão.
Ela será lapidada
pelo mais nobre entre os artesãos...
O coração.

Sirlei L. Passolongo

Foto de bruninho batera

Razão do meu viver

Hoje acordei pensando em ti, lembrei do teu sorriso amor,
Do seu jeito de me olhar.
Eu sinto o acelerar do coração, quando o som da sua voz,
Me ponho a lembrar! Que...

Te amo, te quero, por que você sempre vai ser,
A razão, a razão do meu viver.
E assim vou te amar, vai ser assim...
Pra sempre vou te amar...

Não a nada que possa me fazer desistir, pois eu tenho a certeza que
Deus criou você pra mim
O inimigo pode até tentar me parar, mas eu creio na promessa...
E que Deus a cumprirá! Pois eu...

Toda vez que alguém te falar, que não deves mais esperar,
Creia, creia!
E toda vez que desanimar, e até pensar em parar,
Lembre que Deus esta a trabalhar, é tão somente nele confiar,
Espera, confia, que a nossa promessa vai se cumprir.

Foto de helo Paulinha

ultima vez....cansei..

As vezes eu me pergunto se vale a pena fazer certas loucuras de amor, porem eu já nem sei ao certo o porque de fazer tudo isto, se percebo a sua ausencia de resposta, a sua falta de interesse na minha vida.

Este ultimo e-mail nao é mais para pedir-lhe perdao , e sim pra expressar que sinto saudade porem sou mulher e gosto de ser respeitada, meus sentimentos e minhas vontades. Um dia vc entrou em minha vida e me fez feliz, neste dia soube o que era felicidade, no outro so vivi a saudade de uma felicidade que ja nao existe ao meu lado, tentei me conformar, mas nao deu, digo a vc que nao mais insistirei para viver essa louca paixao,porem digo tbm que estarei a espera daquela conversa, mas nao quero ser sonhadora que vivo sonhando acordada esperando por vc, tenho uma vida para cuidar , e apesar de ser feliz ao teu lado,sofro muito quando me sinto em uma caixa postal ,quando meus sonhos se depositam em uma secretaria eletronica.entao me pergunto o pq sofrer por qlguem que nao se lembra de uma felicidade que para mim valeu a pena tentar mante-la.
Nao te quero mal,porem te desejo tdo de bom .
Meu amor por vc é valioso , porem sempre coloquei primeiro lugar o meu amor proprio e isso nao vai mudar.

te desejo....
sim te desejo....
mas te desejo tbm tdo de bom.

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Foto de Maria Goreti

A HISTÓRIA DE ANA E JOAQUIM – UM CONTO DE NATAL.

Chamavam-no “Lobo Mau”. Era sisudo, magro, alto, olhos negros e grandes, nariz adunco, cabelos e barba desgrenhados, unhas grandes e sujas. Gostava da solidão e tinha como único companheiro um cão imundo a quem chamavam “o Pulguento”. Ninguém sabia, ao certo, onde morava. Sabia-se apenas que ele gostava de andar à noitinha, sob o clarão da lua.

Ana, uma pobre viúva, e sua filha Maria não o conheciam, mas tinham muito medo das estórias que contavam a respeito daquele homem.

Num belo dia de sol, estava Ana a lavar roupas à beira do riacho. Maria brincava com sua boneca. Eis que, de repente, ouviu-se um estrondo. O céu encobriu-se de nuvens escuras. O dia, antes claro, tornou-se negro como a noite. Raios cortavam o céu. Ana tomou Maria pela mão e correu em direção à sua casa. Maria, no entanto, fazia força para o lado oposto. Queria resgatar a boneca que ficara no chão. Tanto forçou que se soltou da mão de Ana e foi arrastada pela enxurrada para dentro do riacho. Desesperada, Ana lança-se nas águas na vã esperança de salvar a filha. Seu vestido ficara preso a um galho de árvore e ela escapara, milagrosamente, da fúria das águas. Desolada, decidiu voltar para casa, mas antes parou na igreja. Ajoelhou-se e implorou a Deus que lhe tirasse a vida, já que não teria coragem de fazê-lo, por si. Vencida pelo cansaço adormeceu e só acordou ao amanhecer. Ana olhou em derredor e viu a imagem do Cristo pregado na cruz. Logo abaixo, ao pé do altar, estava montado um presépio. Observou a representação da Sagrada Família: Maria, José e o Menino Jesus. Pensou na família que um dia tivera e que não mais existia. Olhou para o Menino no presépio e depois tornou a olhar para o Cristo crucificado. Pensou no sofrimento de Maria, Mãe de Jesus, ao ver seu filho na cruz. Ana pediu perdão a Deus e prometeu não mais chorar. Ela não estava triste, sentia-se morta. Sim, morta em vida.

Voltou à beira do riacho. Não encontrou a filha, mas a boneca estava lá, coberta de lama. Ana desenterrou-a, tomou-a em suas mãos e ali mesmo, no riacho, lavou-a. Depois seguiu para casa com a boneca na mão. Haveria de guardá-la para sempre como lembrança de sua pequena Maria.

Ao chegar em casa Ana encontrou a porta entreaberta. Na sala, deitado sobre o tapete, havia um cão. Sentado no sofá um homem magro, alto, olhos negros e grandes, nariz adunco, cabelos e barba longos e lisos, unhas grandes. Ana assustou-se, afinal, quem era aquele homem sentado no sofá de sua sala? Como ele conseguira entrar ali?

Era um homem sério, porém simpático e falante. Foi logo se apresentando.

- Bom dia, dona Ana! Chamo-me Joaquim, mas as pessoas chamam-me “Lobo Mau”. Mas não tema. Sou apenas um homem solitário. Sou viúvo. Minha mulher, com quem tive dois filhos, Clara e Francisco, morreu há dez anos e os meninos... Seus olhos encheram-se de lágrimas. Este cão é o meu único amigo.

Ana, muito abatida, limitou-se a ouvir o que aquele homem dizia. Ele prosseguiu:

- Há muito tempo venho observando a senhora e o zelo com que cuida de sua menina.

Ao ouvir falar na filha, os olhos de Ana encheram-se de lágrimas. Lembrou-se da promessa que fizera antes de sair da igreja e não chorou; apenas abraçou a boneca com força. Joaquim continuou seu discurso:

- Ontem eu estava escondido observando-as perto do riacho, quando começou o temporal. Presenciei o ocorrido. Vi quando a senhora atirou-se na água, mas eu estava do outro lado, distante demais para detê-la. Também não sei se conseguiria. Pude sentir a presença divina naquele galho de árvore na beira do riacho. Quis segui-la, mas seria mais um a nadar contra a correnteza. Assim que cessou a tempestade vim para cá, porém não a encontrei. Queria lhe dizer o quanto estou orgulhoso da senhora e trazer-lhe o meu presente de Natal!

Ana ergueu os olhos e comentou:

- Prometi ao Senhor, meu Deus, não mais chorar. Mas o Natal... Não sei... Não gosto do Natal. Por duas vezes passei pela mesma situação. Por duas vezes perdi pessoas amadas, nesta mesma data.

Joaquim retrucou:

- Senhora, a menina está viva! Ela está lá dentro, no quarto. Estava muito assustada. Só há pouco consegui fazê-la dormir. Ela é o presente que lhe trago no dia de hoje.

Ana correu para o quarto, ajoelhou-se aos pés da cama de Maria, pôs-se em oração. Agradeceu a Deus aquele milagre de Natal. Colocou a boneca ao lado de sua filhinha e voltou para a sala. O homem não estava mais lá.

Um carro parou na porta da casa de Ana. Marta, sua irmã, chegou acompanhada de um jovem casal – Clara e Francisco, de quinze e treze anos, respectivamente. Alheios ao acontecido na véspera, traziam presentes e alguns pratos prontos para a ceia.

Ana saiu para recebê-los e viu o homem se afastando. Chamou-o pelo nome.

- Joaquim, espera. Venha cear conosco esta noite. Dá-nos mais esta alegria.

Joaquim não respondeu e se foi.

Quando veio a noite o céu estava estrelado, a lua brilhava como nunca!
Ana, Marta, Clara e Francisco foram à igreja. Ao retornarem a porta estava entreaberta. No sofá da sala um homem alto, magro, olhos negros e grandes, nariz adunco, sorridente, cabelos curtos e barba bem feita, unhas aparadas e limpas. Não gostava da solidão e trazia consigo um companheiro - um cão branquinho, limpo, chamado Noel.
Antes que Ana pudesse dizer alguma coisa ele disse:

- Aceitei o convite e vim participar da ceia e comemorar o Natal em família. Há muitos anos não sei o que é ter família.

Com os olhos marejados, Joaquim começou a contar a sua história.

- Eram 23 de dezembro. Minha mulher e eu saímos para comprar brinquedos para colocarmos aos pés da árvore de Natal. As crianças ficaram em casa. Ao voltarmos não as encontramos. Buscamos por todos os lugares. Passados dois dias meu cachorro encontrou suas roupinhas à beira do riacho. Minha mulher ficou doente. Morreu de paixão. A partir do acontecido, volto ao riacho diariamente para rezar por minhas crianças. Ontem, mais um 23 de dezembro, vi sua menina cair no riacho e, logo depois, a senhora. Fiquei desesperado. Mais uma vez meu “Pulguento” estava lá. E foi com sua ajuda que consegui tirar sua filhinha da água e trazê-la para cá.

Clara e Francisco se olharam, olharam para Marta e para Ana. Deram-se as mãos enquanto observavam o desconhecido.

- Joaquim, ouça, disse-lhe Ana. Há dez anos, meu marido e eu estávamos sentados à beira do riacho. Eu estava grávida de Maria. Eu estava com os pés dentro d’água e ele estava deitado com a cabeça em meu colo. De repente ouvimos um barulho, seguido de outro. Meu marido levantou-se e viu duas crianças sendo levadas pela correnteza. Ele conseguiu salvá-las, mas não conseguiu salvar a si. Entrei em estado de choque. Fiquei sabendo, mais tarde, do que havia acontecido por intermédio de minha irmã, que mora na cidade. Foi ela quem cuidou das crianças. Não sabíamos quem eram, nem quem eram os seus pais.

Aproximando-se, apresentou Marta e os dois jovens a Joaquim.

- Joaquim! Esta é Marta, minha irmã. Estes, Clara e Francisco.

Ana e Joaquim olharam-se profundamente. Não havia mais nada a ser dito. Seus olhos brilhavam de surpresa e contentamento.

Maria brincava com sua boneca e com seu novo amiguinho Noel. E todos cantaram a canção “Noite Feliz”, tendo como orquestra o som do riacho e o canto dos grilos e sapos.

Joaquim, Ana e Maria formaram uma nova família. Clara e Francisco voltaram com Marta para cidade por causa dos estudos, mas sempre que podiam vinham visitar o pai.
Joaquim reconquistara sua fama de homem de bem.

O povo da região nunca mais ouviu falar do “Lobo Mau” e do seu cachorro “Pulguento”.

Autor: Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 23/12/07

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