Erva

Foto de lua sem mar

lua

Sorriste-me perto da ria,
quando de febre eu já quase morria,
nos delírios pró mar,
nos suores que meu corpo gemia,
eu ardia em fogo brando,
na minha vida deixas-te unguento,
és mais fresco que o orvalho,
redimiste-me das penas do meu passado,
arrancaste as pétalas do degredo,
fortificaste e alimentaste a minha alma viva,
por ti voltei a ser gente.
Adorei, Deus existe!
Ofereci minha face sagrada,
em volta de nós,
cresceu,
erva mistificada.
Deste-me todas as conchas do mar,
e,
muitos sorrisos na boca,
nada que eu possa dar,
para ser troca.
Deste-me os ferros da razão,
mostraste a tua força da união,
tiraste-me do mal.
Impus a dor do crucifixo,
leves cinzas do nosso prazer.
Um dia Deus criou
Um Secreto e Poético
Ser.

Foto de LuzCintilante

CORAÇÃO ERVA-DOCE

*
*
ACRÓSTICO
*
*

Conquistado no dia-dia
Onde tudo vira alegria
Recebe e doa fantasia
Amor enfeitado de flores
Coroado e reluzindo cores
A beijar, sonhar e azular
O doce momento de amar

Esmerando-se nos carinhos
Rimando poesia com beijinhos
Vida sonhada, apaixonada e amada
A cintilar a saborosa cumplicidade

Depois de doces lembranças
O coração é verde-esperança
Com o chá erva-doce criança
Enlaçados na doçura da perseverança

Foto de HELDER-DUARTE

Texto antigo

"Belos textos«

Caminha placidamente entre o ruído e a pressa. Lembra-te de que a paz pode residir no silêncio. Sem renunciares a ti mesmo, esforça-te por seres amigo de todos. Diz a tua verdade quietamente, claramente. Escuta os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar. Evita os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito. Se te comparares com os outros, podes converter-te num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de ti alguém melhor ou pior do que tu. Alegra-te tanto com as tuas realizações como com os teus projectos. Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o tesouro da tua vida. Sê prudente nos teus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos. Mas que esta convicção não te impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo. Sê tu mesmo. Sobretudo, não pretendas dissimular as tuas inclinações. Não sejas cínico no amor, porque quando aparecem a aridez e o desencanto no rosto, isso converte-se em algo tão perene como a erva. Aceita com serenidade o cortejo dos anos, e renuncia sem reservas aos dons da juventude. Fortalece o teu espírito, para que não te destruam desgraças inesperadas. Mas não inventes falsos infortúnios. Muitas vezes o medo é resultado da fadiga e da solidão. Sem esqueceres uma justa disciplina, sê benigno para ti mesmo. Não és mais do que uma criatura no universo, mas não és menos que as árvores ou as estrelas: tens direito a estar aqui. Vive em paz com Deus, seja como for que O imagines; entre os teus trabalhos e aspirações, mantém-te em paz com a tua alma, apesar da ruidosa confusão da vida. Apesar das tuas falsidades, das tuas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela. Sê cuidadoso. Luta por seres feliz.

(Inscrição datada do ano de 1692. Foi encontrada numa sepultura, na velha igreja de S. Paulo de Baltimore - hoje já não se pensa que seja esta a origem, mas assim é mais bonito...) "

Foto de Wilson Madrid

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

* LIBERDADE
* AINDA
* QUE
* TARDIA

Antenas parabólicas do universo,
Rabiscando a vida em prosa e verso...

Captando a natureza de Minas Gerais,
Que quem conhece não esquece jamais...
Em 2008, dia vinte e um de abril,
Dia de Tiradentes, martir da independência do Brasil...

Manhãs com despertador de galos nos quintais,
Corais de alegres e positivos bem-te-vis,
Praças e jardins com suas palmeiras imperiais,
Natureza, árvores, flores, frutas, céu aniz...

Fractal de flamboyant,
Coração de erva doce na esteira,
Gelatina de uva e maçã,
Ameixeiras, bananeiras, laranjeiras...

Chuva, sol, lua e estrelas,
mergulhos no azul do céu anil
e nados até a copa amarela do ipê...

Caminhadas pelas trilhas tranqüilas,
chão de terra, ar puro, divina natureza,
entre matas, lagoas, peixes e borboletas...

O som do silêncio, as leituras dos gênios, a consciência que ressoa...
Mahatma Gandhi, Santo Agostinho, Tiradentes e Fernando Pessoa,
Paz, amor, liberdade e poesia também:
Libertas quae será tamen...

Amém!

Foto de Teresa Cordioli

PARA TER-TE / PRA TER MEU CORAÇÃO (Dueto)

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PARA TER-TE (Teresa Cordioli)
PRA TER MEU CORAÇÃO (JOAQUIM SUSTELO)

Para ter-te
Teresa Cordioli

Sabe qual o meu maior desejo alem de ter-te?
Ou apenas chegar lá, além do horizonte?
Nadar por águas estranhas? Cruzar pontes?
Ou apenas sonhar, para no meu sonho ver-te?

Desnudar teus pensamentos secretos e ler-te
Saber de teus segredos, fazer mudar tua sorte
Viajar em teu corpo, sentir teus desejos na fonte
Se, neste labirinto não me ver,chorarei até a morte

Quem sabe a lágrima possa um dia trazer-te
E no meu soluço encontre tua redenção
só tu acalmas meu coração, alegra-me ver-te,

E calma me deito em ti tal um rio que corre lento
és tu fonte de amor eterno, minha louca paixão
bate forte em meu peito. Que necessito para ter-te?

PRA TER MEU CORAÇÃO
Joaquim Sustelo

Pra ter meu coração não há a chave
Pois ele não se fecha na caixinha
Se descobrires a forma tão suave
Como ele tão dos outros se avizinha,

Se ouvires seu bater... a pancadinha
Como comanda bem, do corpo, a nave,
Expulsando ódios como erva daninha
Pedindo só amor qual canto de ave,

Se olhares como ele é (atentamente),
Pelos poemas feitos... a semente
Que dele, como fonte, lá nasceu,

Então uma proeza conseguiste:
Decerto o coração não me resiste
E quer ir já juntar-se aí ao teu.

ABRIL DE 2006

Foto de DRESS

JÓ 38 *~

1 DEPOIS disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo:
2 Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?
3 Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás.
4 Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.
5 Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?
6 Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina,
7 Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?
8 Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre;
9 Quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa?
10 Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos,
11 E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?
12 Ou desde os teus dias deste ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar;
13 Para que pegasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos dela;
14 E se transformasse como o barro sob o selo, e se pusessem como vestidos;
15 E dos ímpios se desvie a sua luz, e o braço altivo se quebrante;
16 Ou entraste tu até às origens do mar, ou passeaste no mais profundo do abismo?
17 Ou descobriram-se-te as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte?
18 Ou com o teu entendimento chegaste às larguras da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isto.
19 Onde está o caminho onde mora a luz? E, quanto às trevas, onde está o seu lugar;
20 Para que as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas da sua casa?
21 De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias!
22 Ou entraste tu até aos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva,
23 Que eu retenho até ao tempo da angústia, até ao dia da peleja e da guerra?
24 Onde está o caminho em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?
25 Quem abriu para a inundação um leito, e um caminho para os relâmpagos dos trovões,
26 Para chover sobre a terra, onde não há ninguém, e no deserto, em que não há homem;
27 Para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer crescer os renovos da erva?
28 A chuva porventura tem pai? Ou quem gerou as gotas do orvalho?
29 De que ventre procedeu o gelo? E quem gerou a geada do céu?
30 Como debaixo de pedra as águas se endurecem, e a superfície do abismo se congela.
31 Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou soltar os cordéis do Órion?
32 Ou produzir as constelações a seu tempo, e guiar a Ursa com seus filhos?
33 Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o domínio deles sobre a terra?
34 Ou podes levantar a tua voz até às nuvens, para que a abundância das águas te cubra?
35 Ou mandarás aos raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui?
36 Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?
37 Quem numerará as nuvens com sabedoria? Ou os odres dos céus, quem os esvaziará,
38 Quando se funde o pó numa massa, e se apegam os torrões uns aos outros?
39 Porventura caçarás tu presa para a leoa, ou saciarás a fome dos filhos dos leões,
40 Quando se agacham nos covis, e estão à espreita nas covas?
41 Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus filhotes gritam a Deus e andam vagueando, por não terem o que comer?

Foto de Carmen Vervloet

VÍDEO POEMA ROSA AZUL

Poesia: Carmen Vervloet

Edição: Carmen Cecília

Música: Amigos para sempre

http://www.youtube.com/watch?v=3d6InOkslUA

Rosa Azul

Quantas coisas me vêm à mente...
E de uma maneira mais veemente
A triste, a angustiante verdade...
Como é fácil fazer nascer...
Como é árduo fazer florescer
A rosa azul da amizade.

Será que ela não existe?
Será que a erva daninha sempre a sufoca?
Será que é rara nesse mundo triste?
Será que ninguém, com ela, mais se importa?

Mas ela é linda demais!
Não... Não... Morrer não pode jamais!
Através de séculos e séculos floriu...
À maldade dos homens corajosamente resistiu...
Será que hoje não gostam da sua cor?
Será por isso que destroem a flor?

Tenho vontade de me transformar em fada...
Penetrar dentro de cada coração
Transformar o egoísmo em nada...
Transformar em fraternidade a competição...

Realizar uma verdadeira metamorfose...
Modificar o ódio em amor...
Concretizar a sã gnose...
Do perdão, aumentar a dose...
Para que todos enxerguem a flor.

Colorir complexos com o vermelho da segurança...
Colorir frustrações com o verde da esperança...
Pincelar... Pincelar... Sobre o preto do ódio...
O branco da paz...
Apagar a falsidade que tanto mal faz!

E ver então florescer
A rosa azul da amizade
Desabrochando
Sob a luz do alvorecer!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora

Foto de Henrique Fernandes

COLHEITA DE ESPERANÇA

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Há uma extensa paixão que há muito não habita
Na suprema realidade da minha indomável solidão
Sobrevivendo á seca despontada nos meus vãos
Vigorizados e demasiadamente repetitivos
Desolados em gotas que acumulam nuvens de dor
A solidão deixa de ser triste quando é liberdade
Numa verdadeira terra de ninguém de alguém
Sobre um planalto varrido por ventos de fogo
Onde as sementes esperarão o regresso das chuvas
Adormecidas na erva daninha do esquecimento
Na franja de uma esperança que absorve o amanhã
Desnudando arbustos que dançam sem eco
Deixando apenas uma crosta salgada de lágrimas
Semeando no rosto uma colheita de nada
Num jardim sobre uma lua que não existe
Esvaziando-me de entrega a esperas que não esperam
Afio as garras do rancor sobre o dorso
De um rochedo de ausências nas minhas vontades
Que reclamam poéticas num alarme que soa revolta
A saudade devora o tempo de medo mas saboreia
A esperança encontrada num amor tatuado
No Sol que bronzeia de prazer cada ontem
Do meu chegar hoje a este cálice de emoções
O amanhã é sombra iluminada de luz
De carências que a alma exige do corpo
Que trago ao colo de uma paixão contida
Num subsolo de duvidas confirmado
O ideal toca-me o olhar com a perfeição
Num puzzle que a solidão não completa
Gritando o murmúrio de uma alma gémea

Foto de Henrique Fernandes

MARULHAR PRESO NAS FLORES DO CAMPO

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Sei que poderias nadar na minha praia e percorrer a grandeza das suas ondas ou a profundidade do meu oceano, mas não...apenas ficas imerso na superficialidade dos teus pensamentos e na frieza dos sentimentos.
Talvez aches que o Universo não tem a interdependência causal que faz de cada ser, único e especial.
Renuncias à poesia e renegas a (tua) magia mas eu sei, que à noite, ouves o (meu) marulhar...doce, suave, ritmado e profundo que, lentamente, te vai enchendo a alma e o espírito, inquietando o teu corpo.
No contorno da madrugada, eu sou tua amada...lua, tua...aroma, sorriso e toque que te provoca, e seduz, na candura de um olhar que te leva a (me) amar...

(turtlemoon)

Na montanha que me acolhe o coração, o (teu) marulhar… perfumado de inquietações, é digno de um louvor por um passeio pelo profundo do horizonte, onde o (meu) sonho indefinido lê os mexericos dos meus pensamentos de quem mora numa rua sem saída e a grandeza da tua praia, é um segredo preso nas flores do meu campo.
O cume montanhoso é renunciado pela poesia que te escrevo lá do alto de onde olho para esta terra com um sorriso na mão pedindo boleia ao sol que ouvindo a nossa voz, aquela voz que nos busca no tempo de saudade que vive em cheio a paisagem que nos separa e provoca a cada instante, gestos de amor na geometria dos vales e montes pintados com a tinta da natureza e do profundo do teu oceano.
Contorno a madrugada fria com o cheiro da erva fresca, e tudo é tão verdadeiro ao cantar a minha solidão pelo vento que ás vezes me trás a brisa da tua praia fazendo bailar as flores á beira da estrada contemplando a direcção até a ti na interdependência causal que te faz um ser único e especial.
O teu amar-me brinda emoções que têm sido a minha luz longe do teu mar, coberto pela (tua) imensidão de mulher…

(Henrique Fernandes)

Turtlemoon & Henrique Fernandes

Foto de Henrique Fernandes

BEM-ESTAR DE ESTAR BEM

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Deito-me sobre a erva que me conserva
Fresco num jardim plantado por mim
Apaixonado por recordações que tragam
Emoções ao meu rosto e rasgam sorrisos
Com gosto de encantos em tantos juízos
Inocentes de outrora em histórias presentes
Agora memórias do que aconteceu sem hora
Pelo meu caminhar fora e ora
No bem-estar de estar bem e ser alguém
Recordo encontro, acordo desencontro
A paz do quanto era rapaz chegando homem
Por ilusões que consomem o que sou capaz
Dou azo ao que me atrevo e sou o que escrevo
Versos confessos que rimo com o meu cimo
Poema de quem ama alguém que excita
A voz que grita a sós o poder de nós
Numa prosa misteriosa que se esfuma na pluma
De momentos ordinários em sentimentos áureos
De quem persegue o amor sem pudor e consegue
Descobrir a flor antes de florir nos amantes
Desejos e beijos na partilha de dois seres
De saberes no cume de uma maravilha sem ciúme
Ateando o lume que toca a troca de carícias
Sem malícias nem segredos na ponta dos dedos
Em espera que cai num olhar que desespera
Num levantar de saia sob um sol no lençol
Como quem rebola na praia ao som de uma viola
Mas enfim, tudo que sai de mim é pouco
De tão louco quão a loucura e doçura
Que exponho nas letras que componho tretas
A verdade é só saudade em dó de realidade
Doente e somente pó de maturidade que socorre
E a alegria nunca morre nunca

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