quero que saibas que te desejo bem.
quero que sejas feliz na nossa casa,
que vivas cada sopro do nosso rebento
eu estarei, por onde me leve o vento
apenas pergunto se estamos vivos
ou padecemos sem que ninguem repare
as brigas, os gritos, os berros lascivos
mas até que morte nos separe?!
mas vivos estamos que a certa morte,
não arde nem queima com este ardor.
desta angustia não há quem me conforte,
se até à morte, onde foi o teu amor?
se até à morte e ainda respiramos
porque não me leva Deus destes enganos
apenas queria cumprir com a promessa
e amar-te até ao dia que jamais regressa
o nosso fruto longe e tu ausente.
que macabro este meu presente.
antes nunca mais ter aniversário,
que desembrulhar este martírio!
estava tudo escrito na minha mente,
nós os dois (bem ou mal) para sempre.
até que um dia me olhaste sem amor
e me disseste o sinónimo da dor.
já não me amas como, se respiras?
até que a morte nos separe, só mentiras!
se eu estou cá no bem e no mal e sigo
porque será que mereco este castigo?
erros meus, erros teus, estamos vivos
e basta viver para errar a toda a hora.
não foram erros assim tão destrutivos,
mas levaram-vos, e que faço eu agora?
foi-se o meu amor e o meu rebento
foram-se a força, a beleza e o alento
foi-se tudo meu Deus que queres que faça?
se não há coisa, ou lugar que me apeteça.
como gostava que só por um momento,
sentisses o que sinto a todo o tempo,
para veres como é estar longe de vós...
para saberes que o que fizeste foi atróz!
não se promete para sempre e afinal,
há qualquer coisa que está a correr mal!
sou lobo, amor, não amo por uns anos
serão eternos e fatais estes teus danos.
era pai e agora sou apenas da familia
como um tio com direitos particulares
o pai será o próximo enganares
será pai e ponta da lança a espetares.
como dói meu Deus, não as ter por perto
meu coração bate mas sem saber ao certo
se faz bem ou se não devia continuar
é que ele também foi feito para te amar.