Entranhas

Foto de Athayde

O Machucado e o Moleque

Proponho um novo ponto de vista...
Esqueça cheiro,credo,amor ou sangue...
Pense que a água é terra,
Que o ouro é mangue...

Lhes direi um gesto nobre...
Nem rei,nem herói...
Mas uma infecção que comove...

O pus resplandece nas canelas de um menino,
Raquítico,feio,pobre...lindo!
O futebol é mesclado de suor e barro,
O “caminho” abre a ferida,
E envolve ambos num pacto bizarro,

Que a cicatriz nunca chegarás!
Pus ,sangue e machucado,
Na canela sempre estarás!
Menino...bola...fome...
Fome de gol!?...sangue,terra...
Machucado...canela!

A ferida se engrandece com o sorriso da criança...
Abertas estarás...é a nossa aliança.
O machucado é um poeta...
Beija os ossos da perna,
Abraça os glóbulos da carne,
E dança valsa com a excreta...

Menino e machucado,
Que união mais injusta...
Um extravasa sangue e o outro na usura ...

O sorriso do moleque é desdentado,
Cativa...magoado..usado!
A consciência do machucado pesa...
Por dentre as entranhas da ferida,
Nasce a solidão despida...

Vou secar!Cicatrizar!
Acalentar minha alma,
O sorriso do garoto me acalma...
Gesto nobre para simplório ferimento,
Provocar a inexistência por um menino virulento...

Vou secar!Cicatrizar!
Estou secando...
O sangue que batiza minha alma,
Não refresca mais a poesia...

Pele,casca,pele...
Cura...Cura...
Sorriso da falsa desventura...

Epiderme...verme que não devora-me
Escuridão...veias...corrente sanguínea...
O tambor dos deuses julga minha sina...

Tum ...Tum...Tum...
Vôo com o menino ...cada batida é um ensino...
O machucado ganhou seu galardão...
O menino está curado...
E ele chegou ao coração.

Foto de Felipe Ricardo

Amor Insano

Ah desvirado sentir que de
Minhas entranhas se faz dono
Absoluto de todas as minhas
Insanas palavras e devasos versos

Que simplesmente me faz sentir
O amargo gosto da angustiante
Saudade que sempre aumenta
Quando em meus sonhos fico
Preso, pois e isanos atos perco
O privilegio de te ver toda noite
E quando acordo me vem a
Subta e epentina vontade de

Mandar tudo para o inferno e
Ir em busca de teus olhos e assim
Saciar a minha lacerada razão
De esta contigo menina que amo [...]

Foto de Paulo Gondim

Desolação

DESOLAÇÃO
Paulo Gondim
25/08/09

Relâmpago de fogo numa noite fria
Corta o céu num estrondo surdo
Num eco que se esvai e fica mudo
Num clarão intenso, imenso
Enche os bosques, as montanhas
Num tremor sinistro, esquisito
Que remove o íntimo das entranhas

E no furor da tempestade, o rasgo
Da pedra que rola do penhasco
Na corrente bruta, nefasta
De força incontida, sem medida
Que tudo à sua frente arrasta

No final das águas, o desprezo
De tudo o que foi vida e sucumbiu
À desmedida luta sem vitória
A desolação, visão inglória
Tudo virou lama, barro só
O orgulho debelou-se
E o homem volta ao pó

Foto de LuizFalcao

"O MENSAGEIRO"

De LuizFalcão

Um homem!...Farrapos!...Pés descalços! Na mão um cajado!...
Uma sensação forte comovia a todos quando chegou o estranho!...
A praça estava cheia naquele dia!...
Era como um imã àquela figura.
Em pouco tempo uma multidão o cercara como se fora conhecido.
Talvez um amigo?
Não era o caso, no entanto, havia um certo brilho no olhar!
Fascinante, inebriante, hipnótico!
De repente brados ecoavam da multidão:

- Fala-me do amor!
Disse o solitário
- Fala-me da esperança!
Implorou o desesperado
- Fala-me de vida oh sábio!
Suplicou o moribundo

Calmamente ergueu a cabeça, olhou fixamente o ajuntamento e como alguém que alcançara o conhecimento disse:

- “Falar-vos-ei a todos de uma só vez”

Uma pausa.

- “Sábio não sou”

Disse ele.

- “Posto que sábio, há um só e é aquele que das vossas necessidades me instruiu, não por palavras jogadas ao vento, mas com poder para aplacar duvidas e sarar feridas dos corações, qual os vossos neste momento”

Assim, continuou o indagado a responder aos seus interpelantes

- Trago-vos a Palavra que expressa a vontade e também o nome daquele que me enviou a responder-vos.
Quando perguntais pelo o amor, ou pela esperança, ou pela a vida, lembrai-vos peço-vos deste nome, posto que fora dele jamais achareis para vós resposta nem solução.

Ele é todas essas cousas e muito mais, e quem a Ele se achegar, jamais sentirá falta delas.

Falo-vos de Jesus Cristo o Salvador, Filho do Deus vivo, que deixou sua glória nas mãos do Pai Eterno e desceu a terra em forma da sua criação e se fez carne.

Ele, o Autor da vida, habitou entre os homens!
Experimentou as limitações humanas como se Deus não fora!
Viu a dor dos desvalidos com olhos de homem!
Sentiu as emoções humanas, das quais, todos vós sofreis os embates.
A tentação suportou em corpo humano e a tudo dominou por amor, para dar-vos a esperança da vida que está por vir.
A morte não pôde derrotá-lo, pois o Senhor da vida, da morte é o Mestre.
Mas ainda que por breve momento, sim, por paixão, por amor profundo pela obra de Suas mãos, que sois vós, permitiu-se perecer até ressuscitar ao terceiro dia depois de entregar nas mãos do Pai Eterno o seu Espírito Incriado.

Como O Cordeiro de Deus foi Ele imolado na cruz do Calvário!” ...
Dessa forma continuava a discursar o emissário, tendo a sua frente uma multidão ainda maior de ouvintes:

- “Amor!” ...

Oh Sim! Falar-vos-ei de Amor e direi que não é uma mera palavra a qual os homens vulgarizam”.
Amor é o sinônimo do auto-sacrifício ao qual o Pai das luzes dispôs-se por vós outros que interessados indagam.
O Seu amor é a esperança que traz vida aos corações sedentos da verdadeira justiça, posto que O Senhor dos senhores e O Mestre dos mestres, não vos criou para dar-vos a morte, mas formou-vos do barro para presentear-vos de vida.
Mas então, se assim é, por que vós vos sentis desesperados, abandonados e sem vida em vossos corações?
Porque sentis despojados do brilho da luz que do alto se vos reluz?

Perguntou o que discursava.

- “Responder-vos-ei também a esta questão, ainda que aparentemente possais já não querer saber, visto o tom que estas palavras possam percutir em vossas almas, no entanto, não silenciarei mais os lábios até que tudo o que me foi ordenado vos seja proclamado, porquanto sei que dentro dos vossos corações tais questões foram sondadas por Aquele que tudo vê.”

Fez uma pausa o arauto...

Olhando em volta, encheu-se da graça que do alto lhe trasbordava as entranhas.
Com a voz transformada, como se ele não fora o que discursava, disse em tom mais doce que o mel que escorre dos favos:

- “Por que me negais em vossos corações? Por quê!?...”.
...Minha Palavra o mundo correu e o rodeou e deu voltas e voltou sem nunca me chegar vazia.
Desde o inicio, por todos os meios e modos, através dos astros no firmamento, para que ao olhá-los imaginásseis que não estariam lá por mero acaso, antes, haveria uma mão que os houvera formado e que do acaso não sois vós também o fruto.
E assim, entendêsseis que há quem por vós se importe, e por meio de Homens Santos vos falei.
Assim, através de toda a natureza que vos cerca, Preparei os vossos corações para que quando chegasse aos ouvidos vossos a palavra minha, fosse como boa semente que cai em terra fértil e brota e cresce e frutifica.
Mas vós porém, escutando-a não ouvistes.
E vendo a cruz, altar do sacrifício eterno e definitivo, não crestes e não olhastes dentro dos olhos meus, quando no momento em que o sangue me escorria o rosto, ao Pai clamei por vós, para que não vos destruísse.
Minha cabeça cravada em espinhos foi coroada por todos os homens de sobre a terra, mesmo aqueles ainda não nascidos, para que nenhum de vós fosse inocente.
Sim por todos vós, obra das minhas mãos. Fiz-me sacrifício!
Minha dor e meu amor são o gracioso dom com o qual vos presenteei.
O transpasse dos pregos em mãos e pés, dos quais permiti que minha vida se esvaísse para que por meu sangue o Pai Eterno não vos visse a maldade dos corações, posto que o meu sangue tem este poder.
O poder de lavar-vos as maldades, as quais Eu, Eu mesmo vos perdoei.
Estáveis nus diante de meu Pai, porém, com cada gota do meu sangue confeccionei para vós vestes brancas e cobri vossas transgressões desde as vossas cabeças até a planta dos vossos pés e vos revelei o propósito que desde a eternidade estava no coração do Pai.
Quando subi as minhas alturas para assentar-me ao trono da minha glória, não vos abandonei, antes enviei sobre a terra o meu Espírito para vos guardar, ensinar e conduzir, mas vós não o ouvis, estais surdos com o alvoroço dos povos e as festas das vossas maldades.
E agora?
Que vos farei?
Vós os que não me deram ouvidos perguntais pelo amor, e pela esperança e pela vida?
A todos os que clamais com sinceridade, falo-vos novamente pelo mensageiro, destes últimos dias da terra, que diante de vós está.
Quereis vida?
Ouvi-o!
Quereis amor?
Ouvi-o!
Quereis esperança?
Eis ai diante de vós aquele, por cuja boca falo-vos novamente.
Ouvi-me agora, antes que tarde seja ou com toda certeza, assim como do pó vos tirei para amar-vos, para o pó vos lançarei e no mar do esquecimento, nunca mais sereis lembrados, posto que isto vos prometo, quando voltar nas nuvens com meus santos e anjos, vos declararei também a extensão do meu juízo!
E, se encontrar-vos novamente perguntando por todas estas coisas, sem que delas tenhais tomado à posse que hoje vos dou, por minha palavra eu vos digo hoje:
Não achareis mais em mim clemência e nem misericórdia, ainda que com lágrimas de sangue as imploreis.
Meus anjos tomar-vos-ão de sobre a face da terra, assim como as águias que arrebatam as suas prezas e lançar-vos-ão no lagar da minha ira, pois desprezastes o meu amor que vos derramei.
Assim digo-vos: Vinde!...
...Vinde e banhar-vos-ei no meu sangue!
Tomais, pois a posse da herança que vos preparei para que no lugar da ira minha, acheis os céus em festa ao ver passar pelos portais da santa morada, vós todos, os que para meu Pai, com o meu sangue comprei!...
...Vinde! ...Vinde!!!!!!.."
Calou-se em profundo silêncio o mensageiro e abrindo arcos gigantescos de alvas e reluzentes penas desapareceu!....

Foto de Alvaro Sertano

Alvaro Sertano"SONHO DOURADO"!

Honras de legados,
são eternas!

SONHO DOURADO!

Célebre esse cálice
sorvido ao gole
pela cor do sangue,
óstia sagrada.
Coner e beber todos nós
do pão que alimenta,
beber do vinho
salutre "in vino veritas".
Paraíso de Adão, pecado de Eva,
sabor da fruta, belo pomar.
Sonho Dourado
nas asas do vento,
idade eterna, só felicidade.
Evidente regencia
dos traços benditos,
à sabedoria.
Aflora o clamor
do grunir animal,
à unidade divina, no porvir do além.
Provérbio de semelhança
fervilho e inculto, infinito
laço de esperança,
fenomeno da criação.
Homens os devasta, rios e matas
sementes de tudo,
Mãe natureza, desaventas
abortas de entranhas
furto sentimento, prcado
terna esperança da raça animal.

Alvaro Sertano..Versos ao vento.

Foto de Paulo Gondim

A foto na parede

A FOTO NA PAREDE
Paulo Gondim
06/07/2009

Eu nem vi você passar.
Foi rápida sua partida
Um adeus ficou para trás
Uma lembrança vaga
Uma saudade, apenas

Mas um coração partido
Foi o que sobrou de nós dois
Muita mágoa e solidão
Num misto de frustração
Sem pensar no que vem depois

E virá, como vem o dia
Como se vai a noite
E como sopra o vento
Em meu desalento
Virão a tristeza e a incerteza
Como parte de tua ausência
Tudo, compondo meu tormento

Meus dias, certamente, serão duros
As noites serão longas e frias
A primavera não terá flores
E o sol se esconderá nas nuvens
Como tu, fugindo sorrateiro,
Para não ver minha tristeza

E ficarei inerte, pensando em ti
Juntando os cacos desse desamor
Cada pedaço que ainda ande a meu favor
Um pequeno lembrar, um sussurro
Um lampejo de esperança, um suspiro
Olhando tua antiga foto na parede

Assim é o quadro de tua saudade
Imagem fosca e de pouca luz
Na dor cruel que no peito induz
Na chaga que transcende a carne
Que vara entranhas, dilacera a mente
É nesse quadro que me olho de frente
Volto sempre, só, a olhar a rua
Quem sabe te veja novamente...

Foto de LuizFalcao

"Fica em Paz"

De Luiz Antônio de Lemos Falcão

Ao recolher-me, ainda forte o vazio,
Herança da ausência tua!...
Deitado, as memórias não me permitem um repouso.
E como dói essa presença que tais memórias me trazem!...Esse vazio tão cheio de saudades!...
E nos teus lugares preferidos, e em cada canto da casa, sinto-te ainda tão presente!...
Vejo passares de um cômodo ao outro nos teus afazeres diários e rotineiros,
E o cansaço que nos últimos dias, te afligia o corpo enfermo.
Vejo no rosto estampada a tua tristeza e no olhar as tuas alegrias que são os teus amores, os teus rebentos.
O Olhar teu, desvendando os segredos dos olhares nossos, decifrando-nos os sentimentos.
Das mãos tuas, o calor intenso do amor que nos aquece o coração.
Sobre as nossas cabeças, as mesmas mãos nos ungem de bênçãos,
E com orações protege-nos o teu amor, movendo o céu, o dedo de Deus ao nosso favor.
Longe, em nossa infância, vão buscar-te mais lembranças trazendo-te pelas mãos.
Novamente aos nossos ouvidos a doce voz do passado que embala o sono,
Ao mesmo tempo em que corrige os nossos erros com severas advertências.
Sinto no rosto, os peitos que naqueles dias mataram a minha fome,
Teu cheiro me faz descansar seguro.

Memórias!...
Levam-me de um lado para o outro e em segundos, tantas lembranças!
De tantos sorrisos, de muitas lágrimas, de esperanças e de força, muita força...
Quanta força em tão frágil ser!...Quanto ser em tão frágil corpo!...
O corpo... Cárcere, sofrido, doido!...Cansado de viver!...
Exausta, minha alma não descansa, e novamente vêem as lembranças.
Tão tristes... doídas...recentes! Novamente me põem diante da pedra fria.
Pedra... Aonde o teu cárcere envolto em mortalha, me fez chorar.
No desatar das amarras, descobria o corpo nú, ao qual novamente cobri com teus melhores vestidos.
Debrucei-me sobre o peito, ainda quente, do corpo pálido e inerte.
O coração em silêncio não fazia mais fluir em tuas veias a minha vida rubra.
Enquanto te olhavam os olhos meus, meu coração perguntava por ti:
Onde estavas minha vida? Para onde foras minha querida?
Onde estava o consolo de tua presença vívida?
Confuso, incrédulo da ausência tua, desesperava-me a saudade.
Saudade!... Salgada, molhada, brotada da lamina dos olhos, dói no peito, rasga a alma!
Quanta saudade se pode sentir, sem sufocar, sem morrer?
Quando enfim, com voz embargada e tremulante pronunciei a palavra adeus, ouvi em meu íntimo tua voz de criança dizendo-me:

“Não sofras...Fica feliz! Estou transpondo os portões da cidade dourada! Minha cidade amada...Meu lar! Vejo todos. Os que amo, me aguardam. Entre eles, o mais Amado! Nos braços Dele, do meu Senhor, de toda luta e dor, de toda lágrima, enfim... Descansar! Sei que sofres, pois também já senti essa dor, mas creia em mim...Tudo passa! O tempo é como a água que escorre entre os dedos e logo se vai. Há de chegar o dia em que estarás transpondo os mesmos portões e eu...Eu também estarei lá aguardando para te abraçar e tu estarás feliz assim como estou agora. Então, viva o tempo que tens da melhor maneira. Viva com intensidade cada segundo, cada momento até que chegue o nosso dia de estarmos juntos outra vez. Fica feliz! Fica em paz!”

E nesse consolo que não consola, novamente me vi chorando num misto de dor e de raiva...Tanta raiva!
E tanto amor! O amor que vinha do fundo das entranhas e que socava as vísceras até explodir na garganta um canto.
Melodias vibravam as cordas vocais e jorraram como um rio não represado, posto que os olhos secaram como a terra sem chuva.
Meu lamento era sonoro. E sonora foi toda aquela noite!
Enquanto outros velavam seus mortos, as notas sofridas fluíram alto... Muito alto na madrugada!
Meu corpo tremia levitando o meu lamento! Elevei as alturas minha dor em cânticos de amor e de saudades.
E nesse instante viajei pelo tempo. No passado distante e no recente.
E lembrei de tudo o que foi e não seria mais.
Pensei nos cantos vazios da casa. Nos olhares que estariam ausentes.
Nos sons dos sorrisos. Nas brincadeiras. Nos beijos molhados em minha face.
E na voz que sempre ouvia abençoar minhas partidas: “Deus te abençoe e te traga em paz”
Enquanto contemplava teu rosto em profundo sono, ouvi em meu espírito novamente ecoar as palavras:
“Fica em paz!”... “Fica em paz!” “Paz!...”

Estas últimas, porem marcantes lembranças, gostaria de esquecer e guardar apenas aquelas que sempre me farão sorrir, mais a vida não é toda feita de momentos felizes apenas, nem de presenças perpetuas, mais com certeza, alegres ou tristes, sempre presentes estarão as lembranças, e nelas mamãe querida, comigo sempre estarás, por onde quer que eu vá. “Te amo”

Em memória de minha mãe Maria de Lourdes Lemos Falcão.
De Luiz Antônio de Lemos Falcão. Rio 19/11/1998.

Foto de Paulo Master

Pedaço de lua

Já é noite, tarde da noite, meus pensamentos viajam pelo imaginário das minhas emoções, imagino ser um pedaço da lua, nua, inerte, parada, fixada no céu, no imenso céu da minha imaginação.
De onde estou consigo tocar nas estrelas, lindas e delicadas, todas brilhantes e fortemente ofuscantes, pego uma, depois outra, olho para elas e vejo a mim mesmo, não nas estrelas, mas no reflexo de seus brilhos magistrais.
Daria tudo para nunca mais sair daqui, faria qualquer coisa para prolongar essa noite por uma eternidade, de lua calma e fria, calada, aconchegante, como se a noite estivesse em mim, num silêncio profundamente acolhedor.
Sinto o sereno, e acolho a madrugada, não espero o dia amanhecer, eu não desejaria o dia nesta noite, quero apenas a delicadeza e o carinho que a brisa me faz, pego gotas de orvalho, vejo nelas gotas de diamante.
Acho que estou apaixonado!
Não me sinto assim desde o meu primeiro amor, o amor nos faz pisar em nuvens e nos transporta até o céu, vivemos a verdadeira magia de estar acompanhados com os astros mais belos e inspiradores do universo.
Magia essa que se perpetua para sempre em nosso ser, nos fazendo revivê-los sempre que viemos a sentir o pulsar de um outro coração, a paixão é um momento mágico, temos alguns instantes encantados que se tornam eternos.
Como fugir?
Não dá, o risco de se apaixonar de novo é iminente, a paixão não tem tempo a perder, a vida é curta demais, como nessa noite, fria e serena, o amor é quente e caudaloso, mais pode se tornar eterno e consumir sua noite num instante apenas.
Meus pensamentos me traem e me trazem você, já não sei mais a que tocar se nas estrelas ou na estrela; você, seus olhos me chamam, e eu penso ser a mim, essa chama viva e incandescente é do nosso amor, que a todo tenta aquecer a noite.
O vento, ele eleva seus cabelos, levando-me diante dessa cena te desejo, cada fio dos seus cabelos revelam a linha da minha vida que inserida na sua nos deixa diante do paralelo, entre a lua nua e teu corpo exposto em pedra de mármore frio.
Eu não vou fugir, eu não quero parar de pensar, meus anseios são grandes, quase um medo, uma ponta do iceberg gigantesco que se tornou meu amor, mas o frio dessa geleira paira entre o calor da nossa paixão e o pedaço da lua que vive em mim.
Noite quente que calor imenso, sua boca derrete minhas entranhas e repete o surgimento do meu renascer, me sinto embrião na sua mão, o vento em vão tenta tomar-me de ti, a lua deixa escorrer uma brisa, criando um orvalho de ciúme, tarde demais, eu já não estou mais em mim.
Meu coração!
Meu sorriso se mostra suave, meu coração sabe do meu querer, estou diante dos meus piores temores, sabores que jamais possa resistir uma loucura que se faz real, realidade sem máscaras ou faces falsas, contudo com caráter enganoso.
Porém se deixo meu coração palpitar livremente estou morto, uma morte gostosa, onde posso velar-me em seu corpo, pois estais ali, diante das estrelas, no meu sonho mais louco, fazendo-me delirar de paixão.

Acordar!
Não posso, pois nem dormindo estou, apenas viajando num sonho louco, de amor, de paixão, o amor está na minha vida e eu não devo fugir da realidade que esta noite me propõe, tenho você, as estrelas e uma lua ciumenta, pois um pedaço dela sou eu.

Foto de angel25

é amor...

Farto-me de pensar na sorte que tenho em te ter conhecido e pergunto-me: será que foi por acaso? Será que foi o destino? Será…? Não encontro resposta certa à minha pergunta mas independentemente da resposta sei que o que interessa é o presente pois é no presente que eu vivo e ao pensar no passado perco tempo, tempo esse que podia gastar a viver o “agora”. Isso leva-me a crer que as pessoas que estão sempre a pensar no passado não vivem pois não aproveitam o presente mas estou a fugir ao que quero dizer.
O meu amor, vivo ou morto, será sempre aquilo que é agora, uma onda gigante de calor, uma paz divina que enche todo o meu ser, uma eterna alegria e felicidade, uma incógnita por vezes pois não há palavras para descrever.
Um único instante contigo é magico sinto-me nas nuvens e o meu coração não me deixa falar. Todos os segundos passados contigo, aqueles nossos momentos, são tão puros…sinceros…únicos.
Amo-te assim como és, um encanto tal, uma simpatia contagiante, uma simplicidade e bondade que te tornam na pessoa maravilhosa que eu amo…ai…sou louca por esses teus lábios vermelhos que mais parecem uma maça suculenta pronta a ser comida, esse sorriso cheio de vida, esses olhos lindos que reflectem a pureza da tua alma, o toque delicado das tuas mãos no meu corpo carregado de paixão ardente e fogosa…
Sim… acho que estou a terminar. Tudo isto, só para que saibas que és o meu vicio, o meu veneno, aquilo que eu preciso para sobreviver no “mundo das hienas”. Se me deixas eu perco-me e facilmente serei comida ficando só o meu amor por ti nas entranhas da terra, nas correntes dos rios, no fogo intenso e ao sabor do vento.
Para todo o sempre te amo.

Sofia

Foto de NiKKo

Erros, fracassos e amor.

Sinto a angustia verter pelos meus poros
Meu sangue ferve em minhas veias
A angustia toma conta de minhas entranhas
Mas não quero a piedade de carinhos vazios
Nem quero rezar pedindo clemência para meus erros.
Porque eu amei.
Pouco importa se as flores continuam a perfumar
Se ainda há poetas que loucos sonham com um grande amor
Do que me vale a palavras sussurradas no calor do momento
Se depois o que resta é a solidão?
Não quero mais olhar a vida acreditando na ilusão
Chega de guardar em mim sonhos que não posso concretizar.
Pouco me importa se há o amanha cheio de luz e calor
Se porque eu amei, só me restou a desilusão.

Fiz na vida a estrada que sem temer eu percorri
É, os erros foram meus, eu aceito.
Mas não me imponha à derrota
a solidão é minha, eu sei,
mas eu não fracassei,
pois eu amei.

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