Eloquência

Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Nostalgia Total e Resistência Plena

Nostalgia Total e Resistência Plena

O meu coração esta preso ao passado e a minha saudade dói. Meu coração está atado aos tristes olhos azuis de Kurt e em meus ouvidos ecoam as suas melodias em meio a gritos de dor e desespero, melodias nada convencionais, cheias de agressões, injurias e pedidos de socorro. Poucos entenderam e quem entendeu não se deu ao trabalho, ou como dizem: “Não estavam nem aí”. Eram todas crianças impotentes, vivendo o desespero no mesmo diapasão. Então Kurt se cansou e pôs fim a tudo, se mandou para juntar-se ao clube dos 27.
Meus sentidos continuam presos à juventude, a beleza e aos olhos de tigre de Edie, muito mais que isto, os meus sentimentos estão presos as suas letras, a ansiedade das mensagens que pediam para que as pessoas mudassem, para que elas acreditassem que poderiam transformar o Mundo. Os meus olhos viram a sua juventude aspirada nos papelotes e a sua beleza afogada entre copos. Mas, aquela rebeldia era fundamental e acordou outros rebeldes - o tigre continuava pronto para pular do seu olhar. Todos foram tragados pela escuridão da noite enquanto covardes, como eu, preferiam encher o baú de nostalgia.
Gritei com Hetfield “Nothing Else Mather”, isto mesmo! Afinal eu também era rebelde. Covarde, mas rebelde e “nada mais importava a não ser uma nova visão”, aquela que nos libertaria, mas, o baú estava aberto e como um alçapão recolhia os nossos sonhos, recolhia o que havia de melhor em nós.
Nossos gritos, olhos e sons eram “Metal contra as nuvens” e Renato apregoava “Por Deus nunca me vi tão só / É a própria fé o que destrói / Estes são dias desleais.” Continuamos presos aos nossos ídolos, mais as suas ideias foram insucessos, eles “morreram de overdose“, desesperança e como Cazuza todos estamos assistindo os inimigos ascenderem ao poder em tristes plataformas de mentiras e cinismo. Só que na letra do poeta onde há dor há também insurgência e rebelião, por isto Renato também apregoou “Não sou escravo de ninguém / Sei o que devo defender / Sou raio, relâmpago e trovão / Quem sabe o sopro do dragão?”.
Na minha nostalgia estou presa aos olhos de Cobain, ao esplendor da juventude de Veder, a resistência consciente de Metállica, com a eloquência musical de James, recolhi a sensibilidade de Russo e a ácida inteligência do irreverente Cazuza. Aprisionei todos no imenso baú da minha nostalgia, também da minha fé, que volta e meia me recolhe, chacoalha e me liberta. Sei que eles não mudaram o Mundo, mas, conseguiram produzir outros rebeldes, até mesmo eu – covarde, mas com uma consciência que não adormeceu, com uma humanidade integra, que apesar de todas as dores estão prontas para o combate, mesmo que as armas sejam somente voz, guitarra, olhos de tigre, o rugido de um leão, ou simplesmente papel e caneta.

Rosamares da Maia – 23/01/2017.

Foto de jessebarbosadeoliveira27

VERSOS CONTRA O DESERTO

A mente perpassa ao largo do compasso.
O sonho diariamente adquire a cromática do cadáver:
A vida, a cada queda de ravina,
Fica mais intensamente circunscrita.

O onipotente penedo de ontem,
Agora célere e definitivamente se liquidifica:
Os arrebóis da esperança se descorporificam,
Convertendo-se em estafetas do paraíso da Ruína.

A paz cai nas garras
Da areia movediça:
Planeta onde o sangue
Que irrompe dos moribundos corpos
Vira miríades do aurífero petróleo.

Ah, eu queria morar no iracundo remanso
Qual era a têmpera, a voz e a Verve do Poeta de Itabira:
Talhar os versos que componho
Com a lâmina da sabiamente Lírica eloquência abrasiva,
Florescida da sua singeleza funda e ferina:
Pois só assim eu cravaria a minha lira
No coração da desertificação da vulcânica fluência dos dias.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

Foto de jessebarbosadeoliveira27

COMBALIDA, MAS IMORTAL

Ainda que enferma,
A esperança dardeja:

Os déspotas e vampiros de Crônos
Confinam nossa mente e ânimo
Nas trincheiras cavilosas
Do consumo, do velado abandono
Ou das malhas maliciosas
Do circo contemporâneo.

Mas, apesar das velhacarias
E da miríade de intempéries,
A faculdade de sonhar
--- mesmo que veementemente imbele
Ou de maneira inconscientemente serelepe ---
Faz pulsar teimosamente
O coração da verve.

Ah, a esperança!
Embora seja
Incessantemente mutilada
Por homens-bomba
Da ganância-cornucópia parasitária

E sempre esteja
Deitada sobre o ventre
Dos umbrais da cova;

No último segundo,
Ela se agarra ---
Com rijeza ---
Á mão estendida
Do lençol freático da vida,

Alimentando a vela
Qual torna funesta
A devastadora eloquência
Da canção que regozija os suicidas.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

Foto de Carmen Lúcia

Se eu pudesse recomeçar...

Se eu pudesse recomeçar,
externaria o que guardei em mim.
Momentos que marcaram meu viver;
complementos de meu ser.
Recomeçaria minuto por minuto.
Com toda intensidade, cada segundo.
E a cada instante reviveria o torpor
inebriante...desses que unem os amantes
como se dois fossem um...

Recomeçaria do jeito que foi
do começo até o ...fim.
Fim?Nós não queríamos assim.
Expandiria, ainda mais,
a dimensão de nosso amor
e todo espaço seria insuficiente
para conter a eloquência inconsequente
de um sentimento que não se submete
aos limites impostos pela vida...

Se eu pudesse recomeçar,
não haveria ausência...
Dessas em que o sofrer cala demais
e cada um passa a viver num patamar...
outra dimensão, sem se verem jamais.
Haveria nossa eterna presença
a nos completar, nos confortar
nos invernos da vida
em que só o amor sopra as feridas.

Se eu pudesse recomeçar
dispensaria essa saudade
que ocupa teu lugar...
Essas lembranças tantas
que me fazem chorar,
a despedida vazia que não dá pra suportar.
Inventaria um jeito de te fazer voltar...
ou contigo me levar...

Carmen Lúcia

Foto de jessebarbosadeoliveira27

AQUARELAS DE MIM

Erijo monólitos de mim quando escrevo
Erijo exílios em mim quando escrevo
Erijo céticas catedrais de paz em mim quando escrevo
Erijo no chão de cimento da minha verve
Girassóis do mágico vento quando escrevo.

Faço do silêncio interno
A mais fragorosa música quando eu escrevo
Faço da crédula e velhaca ressonância dos
Corais de zagais modernos
Estro para revelar o sabor malsão de seu mel malévolo
Quando escrevo.

Pincelo alcovas para o vácuo dormir comigo
Quando escrevo.
Pincelo AKs-47 para soçobrar os majestosos castelos da demagoga e harpíaca
Eloquência quando escrevo.
Pincelo uma miríade de pernas sôfregas por cosmopolismo
Quando eu escrevo.
Pincelo heterônimos bidimensionais
Quando escrevo.
Degusto o sol da catarse
Ao pincelar a mim mesmo quando escrevo.

Sou disco bicromático quando escrevo.
Sou relva, revoada e guepardo quando escrevo.
Sou faca cega, lâmina de dois gumes e pedra lascada quando escrevo.
Sou água-viva, letargia e águia quando escrevo.
Sou aquarela sem pais, aquarela sem limiar e aquarela sem medo.
Afinal, quando eu escrevo,
Sou aquarela inerme, aquarela do caos, aquarela indigente:
Sem nome, sem baile, sem lápide, sem brumas ou testamento!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
http://www.myspace.com/nirvanapoetico
• http://twitter.com/jessebarbosa27

Foto de Gonzaga de Carvalho

Ode Ao Aleijadinho

Com a própria alma
Feita cinzel de uma raça,
Você burilou eternidade
Em pedra sabão.
Confeitando a Doçura
Com feitio de igrejas
Ou bipartindo a bravura
Em barbas bíblicas,
Deu eloquência barroca
À simplicidade de Minas,
E ainda hoje esculpe em nós
O espanto.

Pois boquiabrimo-nos
Ante o milagre de tanta harmonia
Forjada com dissonâncias,
Tanta riqueza cinzelada
Em blocos de miséria!

A povoar com símbolos de Deus
A solidão, você mergulhou
Num deslumbramento,
Para esquecer o abandono,
A injustiça, os aleijões da vida.

Como prêmio de assim
Ter posto alma em pedra,
Quanta beleza resplandece em suas obras,
Santificando-lhe o gênio
E erigindo a glória do seu nome!

Foto de Gabcaria

Disses-te...

Disses-te um dia!
Que desconhecias a palavra adeus,
que ela seria pura demagogia,
afastada dos sentimentos teus.

Disses-te que partir!
Jamais seria teu destino,
que esse teu ledo sorrir
jamais esboçarias sombrio.

Disses-te ser nosso o tempo,
a noite, o singelo dia...
Toda a plenitude do firmamento,
a eloquência da fantasia.

Hoje! Finda a noite da loucura...
Não te vejo... Não te ouço.
Fica-me a verdade nua e crua...
Não foste mais do que um esboço.

Uma alegoria...
Uma simples quimera...
Que no sonho se refugia
condenando-me à espera.

À ânsia de um desejo,
ao almejar de um toque...
Ao saborear de um beijo,
ao grito que o ser esforce.

Agora! Aqui sentado...
Só! Como é meu destino,
Vejo quão deslumbrado
errava meu caminho.

Gabriel
Penedono 16/10/09

Foto de Gabcaria

Disses-te...

Disses-te um dia!
Que desconhecias a palavra adeus,
que ela seria pura demagogia,
afastada dos sentimentos teus.

Disses-te que partir!
Jamais seria teu destino,
que esse teu ledo sorrir
jamais esboçarias sombrio.

Disses-te ser nosso o tempo,
a noite, o singelo dia...
Toda a plenitude do firmamento,
a eloquência da fantasia.

Hoje! Finda a noite da loucura...
Não te vejo... Não te ouço.
Fica-me a verdade nua e crua...
Não foste mais do que um esboço.

Uma alegoria...
Uma simples quimera...
Que no sonho se refugia
condenando-me à espera.

À ânsia de um desejo,
ao almejar de um toque...
Ao saborear de um beijo,
ao grito que o ser esforce.

Agora! Aqui sentado...
Só! Como é meu destino,
Vejo quão deslumbrado
errava meu caminho.

Gabriel
Penedono 16/10/09

Foto de Gabcaria

Disses-te...

Disses-te um dia!
Que desconhecias a palavra adeus,
que ela seria pura demagogia,
afastada dos sentimentos teus.

Disses-te que partir!
Jamais seria teu destino,
que esse teu ledo sorrir
jamais esboçarias sombrio.

Disses-te ser nosso o tempo,
a noite, o singelo dia...
Toda a plenitude do firmamento,
a eloquência da fantasia.

Hoje! Finda a noite da loucura...
Não te vejo... Não te ouço.
Fica-me a verdade nua e crua...
Não foste mais do que um esboço.

Uma alegoria...
Uma simples quimera...
Que no sonho se refugia
condenando-me à espera.

À ânsia de um desejo,
ao almejar de um toque...
Ao saborear de um beijo,
ao grito que o ser esforce.

Agora! Aqui sentado...
Só! Como é meu destino,
Vejo quão deslumbrado
errava meu caminho.

Gabriel
Penedono 16/10/09

Foto de joão vilarinho

coragem

coragem....
chuva que molha a vida
é a decisão sofrida
na eloquência do saber
é a história partida
de quem quer aprender,

coragem,é o icóne maximo
da sociedade
da exposição
é ter a liberdade,
e de uma clara forma
expor-se á intemperie
da paixão.
É ter coragem, é ser-se um filho de um deus maior...

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