Direito

Foto de Galeao

SER MÃE

Ser mãe é muito mais do que padecer no Paraíso. Não basta parir uma criança para ter o direito de ser chamada de Mãe. Ser Mãe vai muito, muito, além disso. É ter a capacidade de amar aquela criança não apenas dando-lhe amor e carinho, mas, preparando-a para a vida. É entregar-se por inteira e, como uma fera, defendê-la com unhas e dentes sempre que necessário for. É perder, sem se questionar, noites de sono apenas para vê-la segura. Sorrir com o seu sorriso, chorar com suas lágrimas e, rir com o seu riso. Para ser Mãe, não há que se parir o filho, mas amá-lo como se do seu ventre tivesse saído. É desdobrar-se para que ele, dentro das condições possíveis, tenha o melhor do melhor. É aceitá-lo sem restrições, preconceitos ou qualquer outro sentimento que não seja o amor. E é para essa Mãe que dedicamos esta data. Não importa se está ou não junto de nós, mas, que a amemos eternamente.

Foto de Teresa Cordioli

Dizem pur aí qui a propaganda é a arma du negociu...

Dizem pur aí qui a propaganda é a arma du negóciu...
*

*

Si dizem pur ai que a propaganda é a arma du negóciu,
A minha tamém vô anunciá!
Desdi criança sei lavá, passá e cuzinhá...
I nas hora de fórga, aprendi a poetar...

Creci, criei asas e famía vim a formá,
Fios lindos, duas netas e amigus eu ganhei...
Quandu achei que poco sabia, vortei a estudá
Das Lei sempre gostei, em direito mi formei,

Se o arvo da propaganda é a emoção do púbrico
O arvo de meus verso são o coração do poeta
Se tamém é fazer desejar o que não desejava antes
A minha poesia, tem como arvo a emoção dus amantes...

Agora, cum essa propaganda no ar
Quero pirguntá aos leitores do site:
Memo com identidade já vencida,
Pode argum dotô si interessá?

Foto de Fernanda Queiroz

Quando um pássaro voa, além do horizonte

Quando a parei de escrever, foi por assédio de emissoras de televisão, que me escreviam.
Pensavam que eu era uma aspirante de escritora, que daria tudo para ler meu nome na capa de um livro.

Nunca foi assim, gosto de escrever, para mim, para as pessoas, mas não para fazer de meu trabalho o resultado da avareza dos editores, que mafiosamente usam os escritores como se todos fossem inquilinos de tuas casas de portas muradas.

Já faz um tempo que estão querendo editar o livro, fizeram várias ofertas, mas somente hoje percorreram o caminho que transporta mensagens para minha mente.
Além do Horizonte, será lançado sem custo algum, com previsão de dez milhões de livros na 1ª edição no Brasil, como Campanha Educativa Para Gostar de Ler.

Se for traduzido em outras línguas, não importa qual,o recurso financeiro terá destino a África, Etiópia.
No Brasil, Hospitais de câncer, núcleos de pesquisas neurológicas em busca do equilíbrio entre a mente e o corpo, como uma alimentação espontânea e estimulante à saúde

Entre a diagramação e venda, não está estipulado tempo, mas o importante é que a bandeira fincada no solo de teu site, Miguel Duarte, hoje em haste, esvoaça, onde a brisa a fez transportar barreiras, e atingir um ideal, que como uma missão solidária, se fará cumprir, no protocolo de tua edição, o direito em ser doação.

Obrigada, sinto duas emoções antagônicas, uma feliz, de poder ser parte de um benefício, outra um pouco egoísta penso eu, em ver a Day partindo, deixando de ser uma parte do site, para habitar um todo, e voar livre, livre como o som de uma flauta, livre como as espumantes gotículas que caem na cachoeira, livre como uma gaivota, livre como um sonho de poeta, que depois de realizado, abre espaço para mais um, onde existi uma incógnita erguida pelo receio de não conseguir novamente.

Em meu PC, esta carinhosamente salvo todos os comentários recebidos, os quais sempre me estimularam a seguir em frente, eles são a tatuagem que ornamenta meu coração, é parte de minha trajetória, momentos em que todos estiveram muito perto de mim, e me ajudaram a enxergar Além do Horizonte.

Meu carinho incondícional e meu grande abraço à todos

Fernanda Queiroz

Foto de Rosinéri

APOSTILA DO COREL DRAW

SUMÁRIO

Introdução 1
Tela de Apresentação 1
Criando Figuras Simples 2
Linhas Curvas 3
Figuras Geométricas 4
Ferramenta Seleção 4
Desfazer e Repetir 5
Colorindo os Objetos 5
Ferramenta Zoom 6
Gravando, Fechando e Abrindo um Documento 6
Salvando o Trabalho 6
Fechando e Abrindo um Documento 7
Configurando e Imprimindo Páginas 8
Configurando Páginas 8
Imprimindo Páginas 9
Desenhando 11
Usando a Ferramenta Forma 11
Preenchimentos e Contornos 13
Preenchimentos Especiais 13
Contornando os Preenchimentos 15
Efeitos Sobre o Objeto 16
Girando e Inclinando Objetos 16
Espelhando Objetos 17
Agrupando e Desagrupando Objetos 18
Duplicar e Clonar 19
Alinhando e Distribuindo 20
Ordenando Objetos 20
Combinando Objetos 21
Editando Texto 22
Ferramenta Texto 22
Comando Editar Texto 23
Correção Ortográfica 24
Efeitos com a Ferramenta Forma 25
Linhas Guia e Configuração da Régua 26
Formas para o Texto Artístico 28
Efeitos Especiais 30
Efeito Contorno 30
Efeito Envelope 30
Efeito Extrusão 31
Efeito Lente 33
Efeito Misturar 34
Efeito PowerClip 35
Adicionar Perspectiva 35
Combinação de Efeitos 36
Esfera 36
Graduações Entre Duas Figuras 37
Sombra no Texto 37
Texto Tridimensional em Perspectiva 38
Figuras e Símbolos 39
Importando Figuras 39
INSERINDO SÍMBOLOS 40
INTRODUÇÃO

Considerado como o software de computação gráfica mais popular para PC's, o CorelDraw 6 é sem dúvida um estúdio artístico completo. Apesar do pacote compreender 13 programas, vamos voltar toda nossa atenção ao programa central - suficiente para criarmos ilustrações precisas, desenhar trabalhos artísticos de forma livre, desenhos técnicos envolvidos em projetos de engenharia, em fim, qualquer coisa que sua imaginação permitir e muito mais.

TELA DE APRESENTAÇÃO

Ao carregar o CorelDraw pela primeira vez, você verá a tela de boas-vindas que poderá ser oculta em um novo carregamento, bastando para isto, desativar a caixa de verificação Exibir esta Tela de Boas Vindas no início, em seguida, clique sobre o botão Iniciar um Novo Gráfico CorelDraw, para conhecermos o nosso estúdio artístico.

CRIANDO FIGURAS SIMPLES

Se alguém lhe pedisse para fazer um desenho, com lápis e papel em mãos, qual seria a sua dificuldade? Bem, se existe alguma, ela continuará no CorelDraw. Mas tirando os desenhos de formas livre, encontramos diversos recursos que estão ao alcance de todos.
Abaixo encontramos a barra de ferramentas para desenhos com diversos botões e suas respectivas funções. Em seguida, utilizaremos algumas ferramentas para criarmos figuras simples.

Selecione a Ferramenta Mão Livre - dê um clique sobre o botão. Agora, arraste o ponteiro sobre a página para traçar uma linha, em seguida, solte o botão. Para obter linhas retas, dê um clique na posição inicial, logo após, leve o ponteiro até a posição final e dê outro clique. Faça algumas linhas retas e curvas para se familiarizar mais com esta ferramenta.

Podemos rapidamente apagar um ou mais desenhos usando a Ferramenta Seleção. Dê um clique sobre esta ferramenta, em seguida, clique sobre a linha de um determinado desenho para selecioná-lo, logo após, pressione a tecla Delete. Para apagar vários desenhos ao mesmo tempo, arraste o ponteiro de forma a envolver todas as linhas para selecioná-las, em seguida, pressione a tecla Delete.
Ainda falando sobre a Ferramenta Mão Livre, verifique que o botão, que representa a ferramenta, exibe um pequeno triângulo no canto inferior direito. Ao dar um clique sobre este triângulo, é exibido uma outra barra com outras ferramentas, esta barra é conhecida como menu adjunto
LINHAS CURVAS
No menu adjunto da ferramenta Mão Livre, selecione a ferramenta Bézier, específica para criação de linhas curvas, e dê um clique em algum ponto da página para marcar o início da linha, clique em outro ponto mas não solte o botão do mouse, neste momento é traçado uma linha, arraste o ponteiro do mouse ao redor deste ponto e verifique a curvatura da linha - quanto mais você afasta o ponteiro do ponto, maior será a curva.

Depois de encontrar a curvatura desejada, solte o botão; clique em outro ponto e verifique que é mantida a seqüência da curvatura. Para interromper, clique sobre qualquer outra ferramenta.

FIGURAS GEOMÉTRICAS

Na barra de ferramentas para desenhos, encontramos três botões específicos para a criação de retângulos, elipses e polígonos. Selecione o botão Retângulos, posicione o ponteiro do mouse sobre a página e arraste-o para criarmos o retângulo - mantenha a tecla Ctrl pressionada para obter quadrados.
Realize os mesmos procedimentos para a criação de Elipses e, mantenha a tecla Ctrl pressionada para obter círculos.
A ferramenta Polígono tem três formas pré-definidas que são exibidas através do menu adjunto (clique no triângulo localizado no canto inferior direito da ferramenta). Use estas formas para criar um polígono, espiral e uma grade.
FERRAMENTA SELEÇÃO

Vimos que a ferramenta Seleção permite selecionar um ou mais objetos, mas através desta ferramenta também poderemos arrastar o objeto para determinada posição e redimensioná-lo. Para movimentar o objeto, basta selecioná-lo e arrastá-lo para a posição desejada. Para redimensionar, posicione o ponteiro sobre um dos quadradinhos indicadores de seleção e, arraste para o interior (diminui) ou exterior (aumenta) do objeto.
Outra forma de selecionar vários objetos, mas de forma aleatória, é selecionando cada objeto desejado mantendo a tecla Shift pressionada.
DESFAZER E REPETIR
Estas duas opções do menu Editar, estão disponíveis em diversos programas, tendo as mesmas funções, isto é, a opção Desfazer volta a última ação e a opção Repetir refaz a última ação desfeita. Como exemplo, selecione um objeto e, em seguida, pressione a tecla Delete para apaga-lo. Através da opção Desfazer, recupere o objeto excluído.

COLORINDO OS OBJETOS
Vamos agora aprender como colorir os objetos. Crie um desenho usando as ferramentas já estudadas, em seguida, selecione o objeto a ser colorido. Dê um clique sobre a cor desejada, na Paleta de Cores (parte inferior da tela), com o botão esquerdo para selecionar a cor de preenchimento, e com o botão direito para selecionar a cor de contorno.
As linhas são coloridas através do botão direito do mouse sobre a cor desejada.
FERRAMENTA ZOOM
A maioria das figuras que criamos foram relativamente grandes, considerando o fato de terem sido feitas sobre a página que é exibida em tamanho reduzido. Nós poderemos ampliar a visão e desenhar ou editar, sobre uma parte selecionada da página. Para obter a ampliação de uma determinada parte da página, basta arrastar o ponteiro sobre a região após selecionar a ferramenta Zoom.

Com esta ferramenta selecionada, o ponteiro passa para o formato de uma lupa. Um clique no botão esquerdo amplia, também, a visão na posição do ponteiro; com o botão direito, reduz a exibição da página.
GRAVANDO, FECHANDO E ABRINDO UM DOCUMENT
SALVANDO O TRABALHO
Para gravar todo o trabalho feito, basta selecionar a opção Gravar do menu Arquivo. No quadro exibido, entre como o nome do arquivo e, em seguida, selecione o botão Salvar. Você também poderá salvar o seu trabalho através do botão Gravar da barra de ferramentas. O quadro de diálogo Gravar Desenho foi exibido porque o arquivo estava sendo salvo pela primeira vez, isto é, se você selecionar outra vez a opção gravar, o arquivo será salvo com as alterações feitas ou não, e nenhum quadro de diálogo será exibido.

Fechando e Abrindo um Documento

Para fechar um arquivo que já foi salvo, isto é, já tem um nome, basta selecionar a opção Fechar do menu Arquivo. Ao usar esta opção, a página com os objetos desaparece e resta praticamente apenas duas opções para continuar a usar o programa. Se você selecionar o botão Novo da barra de ferramentas, uma nova página em branco é exibida para o início de um novo trabalho.
A outra opção é abrir um arquivo que já foi salvo em disco. Para isto, você deverá selecionar a opção Abrir do menu Arquivo ou dar um clique sobre o botão Abrir da barra de ferramentas. Será exibido o quadro de diálogo Abrir Desenho, onde deverá selecionar o arquivo a ser aberto e, em seguida, dar um clique sobre o botão Abrir
CONFIGURANDO E IMPRIMINDO PÁGINAS
CONFIGURANDO PÁGINAS

Quando carregamos o CorelDraw 6, é exibido uma página em branco possuindo layout padrão, isto é, basicamente as dimensões e orientação da página com valores pré-definidos. Este layout pode ser mudado facilmente, e estas modificações serão aplicadas a todas as páginas do documento.
Selecione a opção Configurar Página do menu Layout para termos acesso ao quadro de diálogo Configuração de Página. Neste quadro encontramos opções para o tamanho da página, cor do papel e outros recursos.
Através do menu Layout, você poderá acrescentar outras páginas, que terão o mesmo layout, ou apagar qualquer página, com exceção da página 1.
Para inserir uma ou mais páginas, selecione a opção Inserir Página do menu Layout. No quadro de diálogo exibido, entre com a quantidade a inserir e a posição - antes ou após a página atual.

Você também poderá inserir páginas através dos botões de controle de página. Veja na figura a seguir, outras opções sobre o controle de páginas

Para excluir uma ou mais páginas, use a opção Excluir Página do menu Layout. Após selecione esta opção, será exibido o quadro de diálogo Excluir Página solicitando o intervalo de páginas a serem excluídas.

Quando uma página é excluída, todos os objetos pertencentes a esta página também serão excluídos, mas se desejar apagar uma determinada página e manter um ou mais objetos, basta move-los para fora dos limites da página, isto é, para a área de trabalho. Objetos localizados nesta área pertencem ao documento e podem ser transferidos para outras páginas, simplesmente arrastando-os.
IMPRIMINDO PÁGINAS
Como a maioria dos programas, o CorelDraw permite a impressão dos trabalhos em qualquer impressora instalada em seu sistema. Para imprimir o documento, selecione a opção Imprimir do menu Arquivo ou, o botão Imprimir da barra de ferramentas, ambas exibirão o quadro de diálogo Imprimir, escolha a impressora e a faixa de impressão e, em seguida, clique sobre o botão OK para iniciar a impressão.
Para alterar algumas características da impressão, selecione o botão Opções do quadro de diálogo Imprimir. Ao acionar este botão, será exibido o quadro de diálogo Opções de Impressão para podermos centralizar os objetos na página, inserir número de página, nome do arquivo, data e hora atual. A caixa Pré-visualizar Imagem quando selecionada, exibe os objetos pertencentes a página. Caso exista mais de uma página, os botões de rolagem estarão disponíveis.
DESENHANDO
Em estudos anteriores, vimos como criar figuras geométricas e traçar linhas de forma simples, nestas figuras acrescentamos preenchimento e contorno com as diversas cores disponíveis na Paleta de Cores. Agora, vamos avançar um pouco mais sobre este assunto e conhecer diversos recursos aplicados aos desenhos.
USANDO A FERRAMENTA FORMA
A ferramenta Forma, a segunda de cima para baixo da barra de ferramentas para desenhos, permite modificar a aparência das figuras, bastando para isto, arrastar o ponteiro quando estiver sobre um dos nós exibidos no contorno da figura

Faça um retângulo usando a ferramenta apropriada, logo após, selecione a ferramenta Forma e arraste um dos nós do retângulo em direção ao centro da figura, como resultado, teremos os cantos arredondados na mesma proporção.

Com a ferramenta Elipse, poderemos obter Fatias arrastando o ponteiro para o interior do círculo, após selecionar o nó. Para criar Arcos, arraste o ponteiro na parte exterior do círculo após selecionar o nó.

Aplicando os recursos da ferramenta Forma sobre um polígono, obteremos uma impressionante quantidade de formas. Arraste um dos nós para o interior, exterior e ao redor da figura para ver o resultado.

Com relação ainda aos polígonos, nós podemos mudar as propriedades dando um duplo clique sobre a ferramenta Polígono. No quadro de diálogo Propriedades da Ferramenta, escolha o número de pontos, tipo e diferenciação para o novo padrão de polígonos, isto é, após estas modificações, todo polígono que for criado terá as características definidas no quadro Propriedades
A seguir, temos três polígonos com o mesmo número de pontos mas com tipos diferenciados.
PREENCHIMENTOS E CONTORNOS
PREENCHIMENTOS ESPECIAIS
No início de nossos estudos verificamos que uma figura selecionada poderá apresentar preenchimento e cor de contorno dando um clique sobre uma das cores da Paleta de Cores. Mas além destas cores sólidas, o CorelDraw oferece diferentes tipos de texturas e espessuras de linhas.

Faça um quadrado (ferramenta retângulo com a tecla Ctrl pressionada) sobre a página para usarmos como exemplo, da aplicação destes novos recursos.

Verifique que a ferramenta Preenchimento (último botão de cima para baixo da barra de ferramentas para desenhos) tem um triângulo indicador de menu adjunto, selecione-o após ter criado o quadrado.

- Selecione este botão para acrescentar preenchimento preto ao desenho selecionado.

- Clique sobre este botão para remover o preenchimento do desenho.

- Com esta ferramenta, você preenche o desenho com a cor branco. Você não perceberá a diferença se a cor da página também for branco.
- Ao selecionar esta ferramenta, será exibido o quadro de diálogo Preenchimento Gradiente com diversas opções para o preenchimento progressivo de cores pré-definidas. Selecione algumas opções e, em seguida, clique sobre o botão OK para ver o resultado.

- O Padrão Bitmap de Duas Cores preenche o desenho com elementos geométricos de duas cores que você poderá escolher. Selecione este botão e escolha o padrão e as cores disponíveis no quadro de diálogo exibido.

- O Padrão de Vetor preenche o desenho com elementos vetoriais coloridos, os procedimentos para a seleção do padrão são os mesmos do padrão bitmap.

- As texturas são um show a parte, você irá se surpreender com os diversos tipos de texturas, que poderão ter suas características alteradas gerando uma combinação imensa de estilos. Basta selecionar a biblioteca de texturas e um dos vários tipos listados abaixo. Caso altere alguma das características do estilo escolhido, clique sobre o botão Pré-visualizar para ver o resultado, em seguida, clique sobre o botão OK para o desenho ser preenchido.
CONTORNANDO OS PREENCHIMENTOS

Vimos que, para mudar a cor dos contornos, era preciso escolher a cor desejada na Paleta de Cores com o botão direito do mouse - estando o desenho selecionado. Agora, vamos conhecer as várias formas de contornos oferecidos pela ferramenta Contorno. Faça um retângulo e, em seguida, selecione o menu adjunto desta ferramenta - clique no triângulo indicador do menu.

No menu adjunto, alterne entre as espessuras oferecidas para ver o resultado. Dê um clique sobre o botão Caneta Contorno para termos acesso ao quadro de diálogo Caneta Contorno. Neste quadro, poderemos alterar a cor do contorno, escolher um novo estilo para o contorno e um dos três tipos de cantos. No caso de uma linha, poderemos escolher o tipo de extremidade e acrescentar setas.
EFEITOS SOBRE O OBJETO

Os objetos que podem ser desenhos feitos a mão-livre, figuras incorporadas ou qualquer desenho geométrico, poderão ter as aparências modificadas com uma simples rotação ou distorção realizada com mouse. Neste tópico, também aprenderemos como duplicar os objetos e organizá-los na página.Girando e Inclinando Objetos
Com apenas um duplo clique sobre o objeto não selecionado, ou um clique no objeto já selecionado, encontraremos as alças para rotacionar e distorcer os desenhos, dando um efeito muito interessante. Abra um arquivo que contenha um desenho ou, crie um, utilizando as ferramentas já estudadas, em seguida, dê um duplo clique (o primeiro clique seleciona, o segundo exibe as alças) sobre o desenho para conhecermos estas alças.
Para rotacionar o objeto, basta posicionar o ponteiro sobre uma das alças de rotação (ponteiro fica no formato de uma cruz) e arrastar ao redor do centro de rotação, este centro de rotação poderá ser movido para qualquer ponto do objeto.
O procedimento de distorção é parecido com o de rotação, posicione o ponteiro sobre uma das alças de distorção e mova no sentido indicado pelas próprias alças, isto é, no sentido horizontal ou vertical.

ESPELHANDO OBJETOS
O recurso de espelhamento inverte a orientação de um objeto, e está disponível através da opção Transformar... Escala e Espelho do menu Organizar. Ao escolher esta opção após ter selecionado o objeto, será exibido o quadro de diálogo Escala & Espelho, praticamente temos duas opções: Espelhamento horizontal e vertical, aplique estes recursos ao objeto e veja o resultado.

AGRUPANDO E DESAGRUPANDO OBJETOS
Os desenhos que você cria com o CorelDraw ou os arquivos com extensão CRD ou CMX - nativos do programa, estão no formato vetorial, isto é, elementos gráficos que podem ser editados e modificados. Uma figura no formato vetorial quando desagrupada, exibe vários nós para edição. Nestas condições, você poderia separar as partes da figura, bastando para isto, arrastar a parte selecionada.

Na figura anterior, o nosso coleguinha poderia ficar careca num piscar de olhos, isto mostra que as figuras vetoriais são compostas por pequenos objetos organizados. Abra o arquivo de nosso desenho exemplo e separe algumas partes, em seguida, desfaça o procedimento movendo as partes para o local de origem ou, selecione a opção Desfazer do menu Editar, tantas vezes necessário.
Agora, vamos selecionar todos os objetos e, logo após, dar um clique sobre o botão Agrupar/Desagrupar da barra de ferramentas ou, escolha a opção Agrupar do menu Organizar. Pronto, todos os objetos passam a fazer parte de um único bloco. Verifique que é impossível selecionar apenas uma parte do desenho.Para desagrupar os objetos, clique no mesmo botão na barra de ferramentas ou, selecione a opção Desagrupar do menu Organizar, este comando só estará disponível se o objeto estiver agrupado.
DUPLICAR E CLONAR
Duplicar um objeto não é novidade pois, com os comandos Copiar e Colar conseguiria obter este resultado que por sinal, são velhos conhecidos de outros programas. Mas este procedimento no CorelDraw, não é nada prático, por isto existem outros recursos bem mais rápidos para a duplicação dos objetos.

Para duplicar um ou mais objetos, basta selecioná-los e, em seguida, pressionar as teclas Ctrl+D ou, escolher a opção Duplicado do menu Editar. Após este procedimento, o CorelDraw cria uma cópia exata de todos os objetos selecionados e os desloca para cima e a direita. Caso o desenho seja composto por vários objetos desagrupados, é recomendado que os agrupe antes de duplicá-los.

A outra forma de duplicar objetos é através da opção Clone do menu Editar. Este recurso exibe a cópia da mesma maneira que o comando Duplicado, mas com a seguinte diferença: a cópia fica vinculada ao objeto original, isto é, qualquer mudança no objeto original, afeta também o clone.
ALINHANDO E DISTRIBUINDO
O CorelDraw permite mover os objetos de forma controlada nos sentidos horizontal e vertical e distribui-los sobre a área selecionada ou na página inteira.

Para alinhar e distribuir dois ou mais objetos, basta selecioná-los e escolher a opção Alinhar e Distribuir do menu Organizar. No quadro de diálogo exibido, você poderá escolher um ou mais botões de alinhamento ou distribuição, logo após, clique sobre o botão Aplicar para ver o resultado. Combine alguns botões para conhecer melhor este recurso de movimentação controlada.
ORDENANDO OBJETOS

A sobreposição de objetos em uma página é muito comum, diante desta situação o CorelDraw oferece recursos para avançar e recuar objetos que estão um sobre o outro.

Crie três desenhos coloridos sobrepostos, conforme figura a seguir, e use os comandos Para a Frente, Para Trás, Avançar Um e Recuar Um do menu Organizar, sobre os objetos, isto é, após desenhar as figuras geométricas uma sobre a outra, use a ferramenta Seleção para selecionar o objeto que sofrerá a ação do comando. As opções Para a Frente e Para Trás estão disponíveis em botões de mesmo nome na barra de ferramentas.
COMBINANDO OBJETOS
A combinação de objetos gera um objeto composto de dois ou mais objetos selecionados - sobrepostos ou não. O objeto combinado terá cor de preenchimento e contorno igual ao último objeto selecionado. Usando as mesmas figuras exemplo, do assunto anterior, selecione-as e escolha a opção Combinar do menu Organizar.
VOCÊ PODERÁ SEPARAR OS OBJETOS ATRAVÉS DA OPÇÃO SEPARAR DO MENU ORGANIZAR, MAS AS CORES DE PREENCHIMENTO E CONTORNO PERMANECERÃO AS MESMAS DO OBJETO COMBINADO.
EDITANDO TEXTO
Como qualquer programa de editoração eletrônica, o CorelDraw permite a criação e edição de textos, aplicar recursos de formatação e alinhamentos, e recursos especiais como arrastar letras independentes uma das outras e criar textos combinados com figuras geométricas.

FERRAMENTA TEXTO

O CorelDraw permite dois tipos de entrada de texto no documento: Texto Artístico e Texto Parágrafo, as duas formas estão disponíveis na barra de ferramentas para desenhos.

O botão identificado como Ferramenta Texto e que exibe o triângulo indicador do menu adjunto, é a própria ferramenta Texto Artístico, caso selecione a ferramenta Texto Parágrafo, esta ficará exibida na barra de ferramentas para desenhos.

O texto artístico é um pequeno trecho de texto que requer tratamento especial. Para a entrada deste tipo de texto no documento, basta selecionar a ferramenta apropriada e dar um clique no ponto inicial desejado. O cursor é exibido para você dar início a digitação do texto. Após a digitação, se desejar, poderá selecionar a ferramenta Seleção para expandir ou esticar o texto digitado.

A ferramenta Texto Parágrafo serve para textos mais longos, como frases inteiras e parágrafos. Para a entrada deste tipo de texto no documento, basta selecionar a ferramenta apropriada e arrastar o ponteiro sobre a página para especificar o tamanho do bloco de texto. Ao soltar o botão do mouse, o cursor é exibido para você digitar o texto, tendo como limite as dimensões do quadro tracejado, estas dimensões poderão ser alteradas com a ferramenta Seleção. Um duplo clique sobre o bloco de texto provocará a exibição das alças de rotação e distorção para a aplicação de tais recursos

Para alterar o texto diretamente onde está posicionado, basta selecionar uma das duas ferramentas de texto e dar um clique sobre o bloco de texto artístico ou parágrafo.

Um texto parágrafo poderá ser convertido em texto artístico, e vice-versa, através do comando Converter do menu Texto. Esta operação requer um bloco de texto selecionado com a ferramenta Seleção.
COMANDO EDITAR TEXTO
Vimos que existem duas formas de edição de texto, agora aprenderemos como formatá-los. A formatação dos caracteres e parágrafos estarão disponíveis através de um único comando.

Selecione um bloco de texto artístico com a Ferramenta de Texto ou Seleção, logo após, escolha a opção Editar Texto do menu Texto. O quadro de diálogo Editar Texto será exibido com alguns botões de formatação que poderão ser aplicados ao texto, desde que esteja previamente selecionado. Altere as características do texto artístico e clique o botão OK para ver o resultado

Repita os mesmos procedimentos para o texto parágrafo, e alterne entre os tipos de alinhamento
CORREÇÃO ORTOGRÁFICA

A correção ortográfica é muito comum nos processadores de textos, mas o CorelDraw possui recursos de correção que, sem dúvida, não deixam a desejar.

Para iniciar a correção ortográfica de seu documento, basta selecionar a opção Revisão... Ortografia do menu Texto. O CorelDraw começa a conferir as palavras e, ao encontrar a primeira palavra estranha à relação gravada no sistema, apresenta o quadro de diálogo Revisão Ortográfica. Para cada palavra estranha, você poderá corrigir, ignorar ou acrescentar ao seu dicionário. Ao concluir a revisão de todo o documento, será exibido um quadro para informá-lo do encerramento.

EFEITOS COM A FERRAMENTA FORMA

O uso da ferramenta Forma sobre os desenhos permite modificações na aparência das figuras. No texto artístico ou parágrafo, poderemos utilizá-la para arrastar letras independentes uma das outras, resultando num efeito muito interessante. Será possível também, aumentarmos os espaçamentos entre os caracteres, palavras e linhas.

Selecione um texto artístico ou parágrafo com a ferramenta Forma, basta dar um clique sobre o bloco de texto. Vamos mover algumas letras.

Quando um texto é selecionado com a ferramenta Forma, são exibidos os nós de texto e as alças de espaçamento. Dê um clique sobre alguns nós de forma alternada - mantenha a tecla Shift pressionada enquanto seleciona os nós. Agora, arraste para cima - como exemplo, qualquer um dos nós selecionados para movimentar as letras.

A alça de espaçamento horizontal, quando arrastada com a tecla Ctrl pressionada, aumenta os espaços entre as palavras; sem a tecla Ctrl pressionada, o espaçamento ocorrerá entre os caracteres.

A alça de espaçamento vertical, quando arrastada com a tecla Ctrl pressionada, aumenta os espaços entre os parágrafos; sem a tecla Ctrl pressionada, o espaçamento ocorrerá entre as linha
LINHAS GUIA E CONFIGURAÇÃO DA RÉGUA

Ao longo do curso aprendemos a criar desenhos e textos sobre a página, mas não nos preocupamos com o posicionamento e alinhamento destes objetos. Agora chegou a hora de disciplinarmos o nosso ambiente com as Réguas e as Linhas Guia, que permitirão o alinhamento e nos mostrarão o tamanho exato dos objetos e a distância entre eles.

As linhas guia são linhas horizontais, verticais e inclinadas que permitem alinhar as extremidades dos objetos de forma controlada. Para estas linhas existe o recurso Alinhar pelas Linhas da Grade que está disponível na barra de ferramentas. Este recurso faz com que as extremidades dos objetos sejam atraídas para estas linhas

Faça alguns objetos (texto, figuras geométricas) sobre a página e, em seguida, crie duas linhas guia - uma vertical e outra horizontal da seguinte forma: posicione o ponteiro do mouse na régua horizontal e arraste o ponteiro para baixo até a posição desejada. Para a linha guia vertical, faça o mesmo procedimento posicionando o ponteiro na régua vertical.

Agora, ative a ferramenta Alinhar pelas Linhas da Grade e arraste os objetos de forma a alinhá-los por estas guias. Use a ferramenta Seleção para mover os objetos.

As linhas guia podem ser movidas simplesmente arrastando-as para fora da área de trabalho. Para remover todas as linhas guia ao mesmo tempo, dê um duplo clique sobre qualquer uma das linhas guia e, em seguida, selecione o botão Limpar Tudo e OK, do quadro de diálogo exibido.

Com relação as réguas, nós podemos mudar o sistema de medida - de milímetros para centímetros, como exemplo - da seguinte forma: dê um duplo clique sobre a régua para exibir o quadro de diálogo Configuração da Grade e da Régua, na guia Régua escolha as unidades para horizontal e vertical, em seguida, clique sobre o botão OK.

Outro recurso disponível na Régua, é a possibilidade de movermos o ponto de origem, desta forma a posição zero passa para um novo ponto do qual todas as medidas serão feitas. Para mover o ponto de origem, basta arrastá-lo para a posição desejada.
FORMAS PARA O TEXTO ARTÍSTICO

O texto artístico combinado com figuras geométricas ou linhas curvas, resulta em formas bem interessantes. Esta combinação é possível através do comando Ajustar Texto no Caminho, que irá acomodar o texto sobre o contorno da figura.

Crie um texto artístico simples e, logo abaixo, faça um círculo. Agora, selecione o texto e a figura com a ferramenta Seleção. Com os objetos selecionados, escolha a opção Ajustar Texto no Caminho do menu Texto, o quadro de diálogo de mesmo nome é exibido com algumas opções disponíveis. Clique sobre o botão Aplicar para ver o resultado; a cada mudança realizada nas opções oferecidas, volte a dar o clique sobre o botão Aplicar.

Se desejar remover a figura e ficar apenas com o texto formatado, basta dar um clique, com a tecla Ctrl pressionada, sobre o contorno da figura para selecioná-la e, logo após, pressione a tecla Delete.

O uso deste recurso sobre uma linha curva, apresentará o mesmo resultado, mas no quadro de diálogo encontraremos a opção de Alinhamento horizontal.

EFEITOS ESPECIAIS

Se os efeitos de transformação não fizessem parte do CorelDraw, sem dúvida estaria incompleto. Através de recursos especiais, conseguiremos criar figuras tridimensionais, dar profundidade às figuras, tornar os objetos transparentes e muito mais. Todos estes comandos estão disponíveis no menu Efeitos.
EFEITO CONTORNO
Este efeito permite criar graduações que sigam o contorno do objeto, esta orientação poderá ser para dentro, interior ou exterior, e também será permitido definir o esquema de cores para os contornos.

Para aplicar este efeito, basta criar a figura e, em seguida, selecionar a opção Contornar do menu Efeitos. No quadro de diálogo Contorno, escolha a orientação e o esquema de cores, o resultado é obtido dando um clique no botão Aplicar.
EFEITO ENVELOPE
Envelopar um objeto (figura ou texto), é distorcê-lo ou forçá-lo apresentar a forma que desejarmos. Vamos aplicar este recurso sobre um texto e uma figura para conhecermos melhor esta ferramenta.

Crie um texto artístico qualquer e, logo após, selecione a opção Envelope do menu Efeitos ou, caso o quadro de diálogo Efeitos esteja aberto, clique sobre o seu nome na lista de efeitos. Nas opções disponíveis, escolha uma forma pré-definida e clique sobre o botão Aplicar. Caso tenha escolhido uma forma que distorceu tanto o texto ou figura, ao ponto de não identificar o objeto, é só selecionar a opção Desfazer (Ctrl+Z) do menu Editar, e tentar uma outra forma.

Este recurso também se aplica as figuras, e os procedimentos para obter o efeito, são os mesmos utilizados no texto. Se na lista de formas pré-definidas você não encontrar uma que lhe agrade, escolha a forma mais parecida com a que deseja, e use a ferramenta Forma sobre as alças para criar novas distorções.

EFEITO EXTRUSÃO
O efeito extrusão é um dos mais interessantes. Através deste recurso poderemos criar efeito tridimensional no objeto selecionado, escolhendo uma das formas pré-definidas ou, combinar uma ou mais opções para obter um efeito personalizado.
Crie um texto artístico simples ou faça uma figura (estrela, quadro, círculo), logo após, selecione a opção Extrusão do menu Efeitos, clique sobre a guia Predefinições 3-D e escolha um dos efeitos pré-definidos. Caso o botão Aplicar não esteja disponível, selecione a opção Converte em Curvas do menu Organizar. Esta é a forma mais prática para obter um efeito 3-D.

Para obter um efeito 3-D personalizado, realize os seguintes procedimentos:

• Crie a figura desejada e selecione a opção Extrusão do menu Efeitos;

• Clique sobre a guia Profundidade (figura a seguir), caso não esteja selecionada, e selecione o botão Editar para exibir o Contorno de Extrusão e o Ponto de Fuga;

• Arraste o ponto de fuga lentamente ao redor do objeto e escolha uma posição, em seguida, selecione o botão Aplicar;

• Se desejar, poderá rotacionar o objeto em espaço 3-D, selecionando a guia de Rotação, e arrastando a figura no formato de um C. Use a guia Cor do Objeto para definir cor de preenchimento e sombra. Ao terminar, selecione o botão Aplicar para ver o resultado

EFEITO LENTE
O efeito Lente altera as características do objeto usando outro como lente, isto é, você cria uma figura geométrica sobre um desenho, e esta figura para a exibir, em seu interior, novas características do desenho dependendo do tipo escolhido.

Para obter este efeito, abra um arquivo que contenha um desenho, logo após, desenhe um círculo, ou outra figura, e arraste-o sobre uma parte do desenho. Selecione a opção Lente do menu Efeitos e escolha uma das opções referente a característica da Lente, ao concluir, clique sobre o botão Aplicar para ver o resultado. Se desejar, poderá arrastar a figura geométrica para outras partes do desenho.

EFEITO MISTURAR

O efeito Misturar cria figuras intermediárias entre dois objetos selecionados. Como exemplo, faça um círculo e acrescente cor de preenchimento, em seguida, faça uma estrela - a uma certa distância do círculo, e também aplique cor de preenchimento. Agora, selecione os dois objetos e escolha a opção Misturar do menu Efeitos.

No quadro de diálogo Misturar, escolha a quantidade de figuras intermediárias e/ou número de graus para rotação, logo após, selecione o botão Aplicar para ver o resultado. Caso você arraste a primeira ou a última figura para uma nova posição, será refeito a distribuição das figuras.
EFEITO POWERCLIP

A aplicação do efeito PowerClip é muito simples, apesar de gerar um objeto altamente complexo. O que ele faz praticamente é colocar um objeto (figura tipo BMP, figura com preenchimento ou textura) dentro de outro objeto.

Como exemplo, abra um arquivo que contenha um desenho, em seguida, faça uma figura geométrica e selecione o desenho - vamos colocá-lo dentro da figura. Escolha a opção PowerClip... Colocar no Recipiente do menu Efeitos, neste momento surgirá uma grande seta, posicione a ponta desta seta sobre o contorno da figura ou no interior de algum texto, e dê um clique para obter o resultado. Se desejar separar os objetos, use a opção PowerClip... Extrair Conteúdo do menu Efeitos, após selecionar o objeto composto.
ADICIONAR PERSPECTIVA

Perspectiva, segundo o Dr. Aurélio, "é o aspecto dos objetos vistos de certa distância", em nosso caso, teremos a ilusão de profundidade (3-D) de um desenho 2-D.
Vamos distorcer uma figura dando a ilusão de perspectiva, usando o comando Adicionar Perspectiva do menu Efeitos. Selecione uma figura e ative este comando, logo após, arraste uma das alças exibida sobre a linha pontilhada que circunda o objeto, para criar o efeito.

Para alterar as distorções de um objeto com perspectiva, basta usar a ferramenta Forma da barra de ferramentas para desenhos.
COMBINAÇÃO DE EFEITOS
Os efeitos que acabamos de estudar, podem ser combinados com outros efeitos resultando num trabalho incrível. Veja a seguir, os procedimentos para criar efeitos que parecem ser difíceis.
ESFERA
• Faça um círculo através da ferramenta Elipse - mantenha a tecla Ctrl pressionada a medida que arrasta o ponteiro. Escolha o preenchimento Gradiente da Ferramenta Preenchimento.
• Em tipo de preenchimento, escolha Radial, selecione duas cores e no quadro de visualização, arraste o ponto central para o canto superior direito, agora, clique em OK.
• Em Opções, do quadro de diálogo Preenchimento Gradiente, você poderá alterar o percentual de preenchimento da superfície.
GRADUAÇÕES ENTRE DUAS FIGURAS

• Faça um quadrado relativamente grande usando a ferramenta Retângulo - mantenha a tecla Ctrl pressionada a medida que arrasta o ponteiro).
• No meio do quadrado (use as linhas guia) faça um círculo pequeno e acrescente preenchimento na cor branca e remova a cor de contorno.
• Selecione apenas o quadrado, e acrescente preenchimento na cor preto e remova a cor de contorno.
• Selecione os dois objetos e escolha a opção Misturar do menu Efeitos.
• No quadro de diálogo Misturar, informe o número trinta e cinco, ou outro a sua escolha, para graduações e clique o botão Aplicar para ver o resultado.
SOMBRA NO TEXTO
• Crie um texto simples em maiúsculo com a ferramenta Texto Artístico, em seguida, mude a fonte, de preferência larga, e aumente o tamanho. Para isto, basta um duplo clique sobre a Ferramenta Texto Artístico, com o texto selecionado, para ter acesso ao quadro de diálogo Editar Texto.
• Agora, escolha a opção Transformar... Escala e Espelho do menu Organizar.
• No quadro de diálogo exibido, selecione Espelho Vertical e, logo após, clique sobre o botão Aplicar A Duplicado.
• O texto é duplicado de forma invertida; use as setas do teclado para mover o bloco de texto duplicado, até a posição logo abaixo das letras do bloco de texto original.
• Mude a cor do bloco de texto invertido para cinza claro e dê um clique sobre o bloco, para ser exibido as alças de rotação e distorção.
• Arraste para a direita a alça de distorção inferior, para inclinarmos um pouco o bloco de texto invertido.

TEXTO TRIDIMENSIONAL EM PERSPECTIVA

• Crie um texto artístico e adicione perspectiva através da opção Adicionar Perspectiva do menu Efeitos.
• Arraste as alças até obter a ilusão de profundidade, logo após, clique em alguma cor na Paleta de Cores, para preencher o texto.
• Com o texto selecionado, escolha a opção Extrusão do menu Efeitos.
• Arraste o ponto de fuga para uma determinada posição e utilize algumas opções das guias Predefinições-3D, Rotação, Profundidade e Cores, logo após, selecione o botão Aplicar, e sente-se confortalmente a espera do resultado.
FIGURAS E SÍMBOLOS
Um estúdio artístico eletrônico sem uma biblioteca de figuras e símbolos ficaria a desejar. Quanto a isto, o CorelDraw 6 esbanja, são 25.000 imagens contidas em CD-ROM, divididos em categorias como mapas, transportes, pessoas e outros. Com relação aos símbolos, figuras mais simples, também existem diversas categorias.
IMPORTANDO FIGURAS
As figuras contidas no CD-ROM estão no formato nativo do CorelDraw, isto é, CMX ou CDR, estes formatos vetoriais podem ser modificados usando os recursos já estudados. Mas nada impede que você importe para seu documento, figuras de terceiros e que possuam outros formatos como: TIF, BMP, PCX e outros.

Para importar uma figura para seu documento, basta selecionar a opção Importar do menu Arquivo. No quadro de diálogo Importar, selecione o diretório que contém as figuras, clique sobre o arquivo desejado, logo após, escolha o botão Importar. A figura é inserida em seu documento, e através da ferramenta Seleção, poderemos arrastá-la para qualquer posição e até redimensioná-la.

Você também poderá utilizar o botão Importar, da barra de ferramentas, para ter acesso ao quadro de diálogo Importar.
INSERINDO SÍMBOLOS
Os símbolos são figuras simples que podem ser utilizados para realçar um desenho ou, simplesmente para ilustrar o documento. Estes símbolos, que praticamente são elementos de fontes, estão disponíveis através do comando Símbolos do menu Ferramentas ou, através do botão Cortina Símbolos da barra de ferramentas.

Após selecionar este comando, a cortina de símbolos é exibida com a primeira categoria disponível, escolha uma das categorias e, em seguida, arraste o símbolo para inseri-lo no documento.

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

SEM PERMISSÃO.

*
*
*
*
Sem permissão... Foi assim que você chegou.
Foi assim que aconteceu, e você me envolveu.
Sem permissão... Foi se invadindo, e me invadindo.

Sem permissão.... Estalou-se e ficou.
Não se explicou, nem se exaltou.
Sem permissão... Achou-se no direito,
De entrar sem preconceito,
Num coração que parecia não ter jeito.

Sem permissão... Nesse coração imperfeito
Se instalou de qualquer jeito na tentativa
De transforma-se perfeito.

Sem permissão... Fiquei olhando,
Você chegando, aos poucos
Encarando-me .. Opa!
Quando percebi, já estava amando.

Sem permissão... Permiti,
Que me tirasse da solidão,
E juntos vivermos essa paixão.

Anna a FLOR DE LIS

Foto de Lou Poulit

CANTOS RECENTES DO POETA PASSARINHO (PROSA E VERSO)

BLASFÊMIA

Porque eu não quis o fardo de perdê-la, com cada dardo de luz a sua estrela moça me apunhala; mas o tempo entre nós, de dedo em riste, fez-me triste pela sua intangível plenitude. Em quietude, reflito. E me lembro da sua pele tesa, ansiosa sobre trêmulas fibras, me comendo como a uma jovem presa predada às sombras frescas do dia (hoje dessa minha tristeza). Como esquecer suas tramas ingênuas, de uma mulherice de reações rosadas vestida de saltos e brilhos para a noite? Como resgatar tão tênues limites tangidos pelo olhar, quando dissimulando bramidos e silêncios de um improvável e profundo mar fazíamos concessões fugazes, como espumas na areia?

Porque como um bardo adolescente eu quis detê-la, e ao seu instinto inevitável na ponta dos pés, a sua estrela ferida por outro vagueia ao rés dos meus exílios e possui os brancos fartos dos meus pelos, sem pressa, até dos meus cílios, ferrenhas grades dos porões dessa minha lágrima tardia e inconfessa. Reflito. À beira de penhascos resvalo, e reflito. Sob o trepidar dos cascos da memória me ralo, mas ainda reflito. Mesmo ao engasgo com que rasgo os vazios subterrâneos da minha decrépita esperança, desesperadamente reflito!... Até que refletir seja apenas um estratagema, ignóbil, imperdoável e ironicamente necessário, que à transitoriedade de tudo blasfema: o amor não tem idade!

Mas é tarde. Porque entre a reflexão e a lágrima já não há vago, é tarde. Porque a certeza que trago caminha de bengala, porque não se cala mas já não trama, é tarde. Porque o fim de quem ama não está no decurso do tempo nem no percurso da distância, mas na vagância de não amar; nem na demência da moral nem na presença de juízo, mas na ausência de saudade; o fim de quem ama está em não se exercer o tempo. A melhor de todas as minhas descobertas fora encontrar, nas flores abertas, o divino de cada mulher, em que devia crer como menino; mas a pior de todas as minhas íntimas blasfêmias, foi não me prostrar ao que sempre houvera crido nas fêmeas.

(Itaipú, mar/2008)

AMANTE EU ME QUIS

Amante eu me quis
E ela quis-se prenda
Cio e cena, senda
De uma bela atriz;

Jugo e julgamento
Paguei preço justo
Mas depois, que susto...
Mesmo hoje inda tento

Inda quero e busco
Tombo ávido e brusco
Nos dorsos da vida:

Quem sabe, com sorte
Morro inda de morte
Do amor comovida.

(Itaipú, mar/2008)

ERGUE-SE A VIDA

De sob o tempo indolente de um caminho íngreme e da sua penitência, de descer sem resvalar para saber como voltar, de não ter a quem contar como devesse ser julgada, e saber que a solidão voluntária mais que um direito é uma dádiva, ergue-se ávida a vida.

De sob julgamentos ilegítimos, os ritmos do destino crido, o protagonista interino, ferido pelo próprio veredicto, o bailarino das sombras, refém das próprias luzes, exilado no silêncio e na castidade, banido remido da cidade profana, nele ergue-se a vida, soberana.

Porque o amor não é óbvio como a nudez que se revela, porque se a procela íntima jura e insulta, a paixão mesmo impura indulta a florada dos espinhos... O amor não tem caminhos e caminha mesmo longe dos aplausos, como um monge velado por sua estrela, selado por seu arcano... Meu amor é pela vida um amor humano.

(Itaipú, mar/2008)

ANTES

Antes que me profane esse céu que eu mesmo criei por querê-la, tanto, de minha alma tardia como seu leito tardio... Antes que me sacuda um aplauso de mim mesmo arredio, e a chama expire e repouse sobre a cinza o pavio e soluce a sombra do que antes fomos... Antes que a paixão, descida dos seus tronos, renuncie à nossa milenar cumplicidade... Antes que essa saudade me deserde dos seus hormônios, pelos meus poros, posseiros das minhas estrelas, juízes dos meus himeneus... Mas antes!... Antes que meus rasgos desalinhados sejam remendados por impura compostura e se recomponha o herdeiro das idéias, dos golfos nas traquéias por impostura, a criatura completa perdida da sua costela, incontinente em sua cela: solidão... Oh, antes que uma vergonha aflita me possua e a desdita lembrança dela, inconha e nua, toque fundo no berço o sonho que já não sonha... Poesia!... Oh, minha poesia, arrebata-me das palmas desse papel frio e sedento! E colha-me em teu colo colossal... E recolha meu corpo estilhaçado, poro a poro, esse impagável fardo em que ainda agora eu ardo e evaporo, incomodado, sobre uma chama abissal.

(Carioca, mar/2008)

POR QUE SE ME DESTE?

Porque se me deste manhã, quando já não havia um luar que me oferecesse a sua esmola, implora esse meu amor agnóstico por um crepúsculo de relâmpagos e lama, arrastando-se o leito cósmico, em que se alargue bem, e aos poucos, com roucos protestos, o inventário dos meus futuros restos, aos punhados, desapunhalados dos tremores que acarinham o gozo que me assola... Eis, enfim, a mais desejada esmola!... Ah, por amor mais se amarga a ausência do que se alarga o silêncio na distância, e mais se erguem vãs defesas do que se embarga a manhã de ilesas estrelas... Pois o amor não tem sentido em si mesmo, porque dar-se exige quem o receba, ao alcance do tato! E porque o fato... É que não suporto mais essa espera! Apenas um momento quisera. Depois quis o tempo de espera. Mas o amor exagera e agora só quer tudo, o tempo todo. Não transige, não mente e mais se sente nada, tanto, tanto... Oh, por que tanto assim se me deste, Manhã?

(Carioca, mar/2008)

ESPANTALHO

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse hoje que ruge e fulge no poço o anjo quando ela se debruça sobre o céu grisalho, eu seria tão injusto quanto um fútil amante, plantando em meu peito um inútil espantalho. Pois que se deite comigo à nossa colheita e abarrote as suas entranhas de sementes e acolha esse rio meu de estrelas cadentes (e o seu silêncio morno) à espreita
dos nossos futuros percalços, inseguranças, intrigas, ciúmes, brigas e tudo que desune. Protegido, esse nosso amor permaneça imune e ao mais profundo arrebatamento desça.

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse em lucidez, nem fosse a sua tez a aurora dos meus escuros (toda vez que o amor se mete em apuros), o espantalho, refém do próprio espanto, em vez de um encanto seria um anjo degredado. Pois que venha o amor à mesa, e a sua chama acesa ao fio dos olhares, sobre a comovente juventude dela e a minha paixão, essa cadela indecente... Pois que se mantenha o indignado julgamento alheio longe do dorso amado, sem nenhum arreio, veio profundo dessa droga genérica, minha liberdade homérica e indigente.

Ah, como eu amo essa mulher, tanto... Com o vigor de cada fio branco, quitado com a minha velha juventude inquieta, que me arde o peito franco de poeta enquanto guarde o quanto exerça o espantalho, emancipada do talho, a emoção da minha amada.

(Itaipú, mar/2008)

CALÇADAS DESSA NOSSA VIDA URBANA

Calçadas dessa nossa vida urbana... A insana crença de ser e estar sempre dando uma chance ao destino, ser solto no mundo e, ao mesmo tempo, estar como na sala, receber e ser também recebido e, em compartilhada privacidade, desarmar o proibido. Sobretudo a nossa libido, assenhorada, indultados de habitá-la.

Alçadas pela divina verve humana (que assim profana que se preserve) ao dossel da densa solidão da urbe, por mais que lhe conturbem as dívidas das tão vívidas ilusões tão frágeis, ah, as nossas calçadas intermináveis são retos labirintos de preces devotadas, de penitências e caçadas. Nenhum decreto, nenhuma vela acesa... Qualquer promessa liberta a alma, ilesa de ser no fundo só e íntima do exíguo (ínfima queixa que nem vale à pena); à lua plena, quem precisa de liminares em lugares onde os olhares, como floradas, defloram a jurisprudência do desejo?

Pois na minha calçada predileta, hei de plantar ainda uma placa. Mas uma placa de poeta, como convite póstumo a Baudelaire e Pessôa, onde escreverei: "VOILÁ LA VOLUPTÉ". Por que não? As paixões são também portuguesas, como as volupitosas pedrinhas de Copacabana! E em baixo: "MOI ET TOI". Onde habitamos e somos habitados...Oh, as calçadas dessa nossa vida urbana.

(Itaipú, mar/2008)

ME ABDUZA

De manhã, a manchete de hoje era um salto de espinha abaixo, sem truques nem cambalachos, sem volta, sem escolta... Implume, à beira do ninho. Imberbe ao fim do caminho.

Mesmo sem ter a quem pedir ajuda ou conforto, nem morto, meu coração, eu te renego. Não te nego o direito (nem ao torto) agora que enfim tuas dívidas cairão do prego, que virá ela pousar plena ao meu tão sonhado alcance... Não caia o poleiro, o verso não canse. Porque voa essa pássara no rumo em que lhe aguarda o amor e a poesia... Pois, que à revelia ela arda! Pois que a valia de arder é ter amado.

Mas não espero ser meramente amado pelo seu amor medido em eras de anos-luz. Nem apenas seduzido. Quero ser em verdade abduzido! Varrido e vasculhado, desidratado pela cauda de um cometa, que me reduza à uma lágrima de mulher... Ah, Pássara, me abduza.

(Itaipú, março/2008)

SE FOSSE TANTO O AMOR CRUEL

Tomou-me, ufano e covarde à faina da velha bateia, à tarde, de ser notado por tardios, preciosos olhares, roubados ao céu e ao mel mas curvados ao seu e ao meu: um desertado amor magoado.

Era tanta, tanta a sua mágoa, a dessedentar-se no meu espanto, que pensei: se fosse tanto o amor cruel não cantaria seu canto a cotovia, não haveria o sonho de amar, nem (que falhassem) tantos venenos, e nossos enganos seriam pequenos.

Devolveu-me esse amor (que ainda arde) a mim mesmo, depois e a esmo, numa calçada sem esquinas: se fosse tanto o amor cruel as minhas amadas seriam todas bailarinas e aos seus palcos (tão mais ardidos) talvez me faltassem proteínas.

(Carioca, março/2008)

PINTURA FRUGAL

Súbito, nas palmas da lua o tema...
Plena e deserta a tela implora a cena
Como um teorema a ser consumado.
Ávida e nua, dádiva a ser consumida.

O amor usa de sofismas só seus
Para nos converter em cismas suas.
É demônio e é santo. Até deus!
Doando luares como hóstias cruas.

Traços, aguadas, promessas, primícias
Devassas servidas, doces sevícias...
A arte é um coito que nunca termina.
Pierrô afoito. Oh, afoita colombina!

No epicentro de um pouco épico tombo
E no assombro de um gozo nem tão estético
Em que a febre viceja (e a alma a deseja)
O artista verseja, quase profético:

Pintura frugal, a dar-se a mim estreito
Hás, limiar, de dar-se além do leito.

(Carioca, março/2008)

CANTOS GAIOS

Eis a vida, aos pés da sorte.
Um sonho galgo, galgando gratas misérias
Sem temer tombos e trombos que suporte
Nos largos ombros do anjo que lhe vier.

Donde vejo essa, na estratosfera
Perdoaria Dalila e acudiria Prometeu
Porque a eternidade é uma quimera
Para um amor tão generoso como o meu.

Do que entre fatias fugazes de amenidades apenas
Fazendo mágicas tenazes (nem tão amenas)
Seria eu eterno e inteiro entre seus dedos
Mais à vontade do que no caderno do jornaleiro.

Ah, eu pagaria com juros as minhas juras
Doando-me a ler todo dia o jornal de ontem
Só para recair de todas as minhas curas!
E loucamente amar de novo... Oh, cantem

Ao precipício entre os olhares e aos seus soslaios
Meus pássaros, os meus cantos gaios, cantem.

(Carioca, fevereiro/2008)

ESGUICHO

Um esguicho aspergindo agonia tingiu o nicho escuro da minha auto-estima, com tons claros de uma líquida e morna alforria. Eu corria tanto. Corria e corria... Como um bicho sem paz eu zanzava, sem sair jamais do lugar em que estava; preso no visgo, vesgo de amor eu não via meus escombros na poça (a que fiz jus!), do corte certeiro de um raio de luz.

Dissimulada, a estrela que fez isso (do instinto intangível, íngreme e insubmisso o poeta dócil, submerso no esgarço do velame e acoleirado pelo verso ao firmamento) quer apenas que eu ame. Ame e ame... E escame o brilho d’alma ao vento. Mas o amor teme a própria catarse e por uma múltipla entorse (do salto para dentro) exila-se num centro em que tudo se lhe roce.

Ah, o amor que desnuda e desarma... O penitente que em sua Compostela espera ungir-se com os estilhaços da janela, no entanto preserva os cordeiros do vitral; até que converta-se a noite atéia em dia, e a alcatéia em coral e a teia casta da anorexia em um esguicho lustral.

(Carioca, fevereiro/2008)

UM RAIO INSUSPEITO E ARREBATADOR

Um raio insuspeito e arrebatador entre opostos exílios, antes tramados por escolhas colhidas à razões tolhidas, nos fez amantes desertados.

Quando nada os detém, olhares detonam uma reação em cadeia servida à ceia de um desejo vasto, em que sós nossas testemunhas somos, ideais sem pejo de aias e mordomos, comensais intrépidos em tépidos covis...

Oh, tépidos covis da madura idade!
Oh, ledos covis sem cocho ou grade!

Um olhar insuspeito e arrebatador do exílio colheu-me e comeu-me à flor da minha abissal leviandade; a lágrima fringiu-se e evaporou-se, cingiu-se de cinzas o peito que a trouxe, decerto, meus covis hoje correm a céu aberto.

(Engenho Novo, fevereiro/2008)

JARDIM DO ABISMO

Nem eu me lembrei do tempo nem ele se apercebeu da minha ausência, mas se agrisalharam os meus pelos... Nem eu quis vertê-los nem capturei os seus buquês, mas os momentos voaram do cálice... Seixos que um dia, talvez, encaixem-se, a memória amontoa, assim à toa, cobertos de pó nos recônditos do absurdo... Em cada beijo um estalo, eco surdo de lirismo, que roga um resvalo à nudez das paredes. Ah, os dias sem amar... Ajardinam o fundo do abismo.

(Largo da Carioca, fevereiro/2008)

TEZ SEM EXTREMOS

Ah, porque ela não tem na tez extremos
(Salvo os olhos, que também são morenos)
Pouso a alma e vejo o meu próprio reflexo
Porque o sexo, estância além do mundo

Rio profundo, caminho estelar
Grafara n’alma, ao silêncio das curvas
Feitas sem o zelo de me tomar
Dos limites: A morte não me quis.

Restou, feliz, este amor são e salvo
Alvo das suas perguntas tolinhas
Rangendo as janelas donde as rolinhas
Nos espiavam, pelas persianas;

Em preces profanas, tão doidivanas
Sim, eu amei... E como nunca soubera;
Porque não era o fim a antiga era
Porque eu não estava ainda preparado.

Pouso alado (ao lado a tez sem extremos)
No ermo lúcido do amor em que cremos.

(Carioca, fevereiro/2008)

VENHA

Venha, porque eu tenho
Bem mais do que fui
E donde hoje eu venho
A dor não possui;

Venha, porque trago
Bem mais do que cabe
Neste meu vago
Que ninguém mais sabe;

O meu sonho é um salmo
Na tez d’alma escrito
Com letras de um palmo
E ainda a ser dito:

Se o afago perpassa
A tona do lago
E é luz o seu cio...
É o amor que trago

Guardado e tardio...
Divina devassa.

(Carioca, fevereiro/2008)

QUISERA O AMOR QUE EU AMASSE

Quisera o amor que eu amasse
Tanto, tanto ele quisera
Que ao desarmar-se o amor que era
Ele antes me devassasse.

Quis o amor assim tocar-me
Tanto, tanto, o sol ao lis
Que o céu que de mim eu fiz
Devassou a minha carne!

Será sempre o amor assim.
E eu serei sempre o que sou
Sem saber mais que soubera.

A me armar, como arlequim
O amor vem (quem nunca amou?)
Deserdar-me do amor que era.

(Carioca, fevereiro/2008)

ME SABER ME BASTA

Eu dissimulava por onde fosse. Cantava o tempo todo. Sussurrava, depois quase gritava. Ah, eu cantava, cantava, cantava... A música era a da amada, sua preferida. Eu a tomava emprestada. Se pudesse, seria capaz de roubá-la! Eu dissimulava perdidamente. Colhia todos os olhares do caminho mas só ficava mesmo com os dela... E com a carne úmida dos sorrisos e o risinho tímido dos mamilos e o andar, que mal tocava os pisos, e os glúteos. Glúteos? Oh, comprimi-los...

Eu dissimulava enquanto ria de mim mesmo. Não por auto-piedade ou desestima. Eu dissimulava piamente! Ela era um templo, uma porta entreaberta. No nicho, uma absolvição além da palma, roçando a alma como açoite de dia, de tarde e de noite, vazando entre os dedos da mão tenaz. Sonhada... Uma graça fugaz sob a coberta de credos e dogmas deserta. Generosamente incontinente. Mas até seu resíduo era emprestado, como tudo o que era dela crido. Até que da vidraça fez-se o alarido de miríades de estrelas, janela afora vazada.

Mas não doeu nada, não doeu nada... Eu mesmo fiz isso. Avidamente eu mesmo fiz isso... Não há mais no que crer. Me saber me basta.

(Itaipú, fevereiro/2008)

O ESPELHO E A BAILARINA

Esse amor meu de poeta...

Cuja paz decreta e se professa ungida
Que, impune, confessa ser a própria sobrevida
Do réu imune, ao rés de mais uma vez tocá-la
Com um arrepio de sopro, pele tão desejada...

É uma montanha que jamais se cala!
Mas resvala e em profundo silêncio se esbate
No magma de um improvável vate.

Dentro dela habita uma estrela antiga
Que sussurra uma cantiga e nina a emoção
De ser a mansão e a monção da bailarina
De infladas cortinas e peito pronto a se fender...

Oh poesia das entranhas do ensandecido
Sou eu que fendo! Sou eu que fendo! Eu, a montanha...
Ao gume úmido, entre arabesques colhido...

Na poça, em que de versos me embriago seu
Tombam a lua e o gozo com que pago eu
As minhas brancas súplicas no breu da fonte...
Então... É a poça que seduz o lago?...
Ou a dor de amar? Que a ninguém se conte...

Esse amor meu de homem...

Cujos olhos comem a carne emancipada
E que verte o sonho e o seu torpe inchaço
No levitado abraço do amor da amada
Não aconselha jamais o que se cobre...

Mas esse nobre amor meu sempre a espelha
Concede a verdade e a fantasia e as espalha
Aos dentes da noite e aos palcos do dia...

Que dentro do espelho havia nela um abismo
Por cujas paredes o seu sismo, que a desvalia
Refém das suas areias e dos meus espumados dedos
Escorregava e em mim cravava velhos medos.

Oh céus dos meus sentidos
Eu fui o mar! Eu fui o mar! E o espelho-mar...
Mas sou agora os rochedos... No olhar, bramidos...

A moça, estrela cujo sonho na poça repousa
A senhora da lousa, de sapatilhas desatadas
Confia como as fadas no amor frugal, mas ferina
Despetala o seu amor de bailarina, cada centelha à mó
Do aço nu... Do espelho amado que a espelha só.

(Itaipú, Fevereiro/2008)

HOJE A CELEBRO, TÃO GUARDADA

Não era minha, nem tua
A mão que encrespava o mar
Pastoreava o vento
E escavava os grãos de areia...

Nem na vinha, nem na lua
Nem ao amor restava amar
Tão doce, o resto lento
Mais que o sonho pastoreia...

Era d’alma dos amantes
Que, indelével, o tempo habita
Montando em pelo a delícia
De sermos assim da vida

Ermos d’estrelas distantes...
A lembrança mais bonita
(a mais eterna primícia)
a emoção na voz contida

Celebrada, tão guardada:
Como, Sempre, és tão amada...

(Itaipu, mai/2007)

PREDESTINAÇÃO
(Poema Tríptico)

Manhã I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar
Das profundezas do desejo vindos.
E na areia a luz de um gozo rendado
Extrema unção de um amor guardado
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

Tarde II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los
Os brancos fios dos meus cabelos?

Noite III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

ANIVERSÁRIO DA MIXINHA

Hoje celebro uma estrela, extrema estrela velada pelos véus de antigas eras, de fogaréus, de esperas, quimeras, deveras dada; que em silêncio crepita n’ara desdita que lhe valha a dor do peito. Acalenta. E por direito se apascenta dos lapsos de um anjo canalha...

Hoje celebro uma fêmea, efêmera crença minha, roubada a um conto de fadas por arcanos, comezinha; e por anos de vigília, ppr um gozo que eviscere a plenitude, em que se esmere a rapsódia do claustro. Fausto íntimo, fausta chama, que só não cala a quem não ama.

Hoje celebro uma luz que só nus temos por nossa; querer bem a um anjo alado, de um querer que não se apossa, é um amor iluminado, que não se pode tocar sem que se toque a si mesmo, por inteiro. É o amor mais verdadeiro... Inconho amor, já por si mesmo tão naturalmente celebrado.

(Itaipú, maio/2007)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 4)

A se catar, como passara a fazer diariamente durante os últimos anos, a montanha se surpreendeu com algo estranho, entre ramos franzinos de um jovem arvoredo. Já havia visto coisa parecida e sabia não ser nada que a natureza produza de boa vontade. Logo a brisa trouxe um cheiro desagradável e ameaçador de fumaça, e tudo então ficou claro. Aquilo era uma gaiola, dentro havia um pássaro aprisionado e do lado de fora uma rede. O pássaro preso cantaria o seu canto, isso provocaria outro pássaro da mesma espécie, que viria reclamar seu direito aquele território e pronto, ficaria também este aprisionado para o resto da vida. Só pode ser coisa de gente ― asseverou a si mesma ― em nenhum lugar do mundo a natureza é tão cruel por tanto tempo. Embora possa parecer também cruel, o fardo do Criador é leve e o seu jugo é brando. A alguns metros para baixo dois homens, um maduro e outro bem jovem, fumavam os seus cigarros de palha, e riam, sabia Deus do que, tentando não fazer barulho.

Indignada pelo uso das suas encostas para tais fins, ela pôs-se a matutar numa forma de fazê-los correr de ladeira abaixo. Depois, em um segundo passo, encontraria um jeito de libertar o bichinho, de quem já se compadecia por demais. Até porque, ele parecia um pouco com o seu querido pintassilgo. A montanha começou então a produzir uma série de truques, como fogos-fátuos e sismos comedidos, pequenos segredos de uma velha montanha que, entretanto, não surtiram o efeito desejado e ainda assustaram a bicharada. Impaciente, a montanha batucava numa laje com as pontas dos dedos, usando para isso a queda d’água de uma tímida cascatinha que havia por perto, quando o pássaro da gaiola começou a piar a cada vez com mais disposição. Era um indício certo de que logo ele estaria cantando a todo peito. Necessário se fazia que agisse mais rapidamente, o que, para uma montanha milenar, não é lá uma coisa das mais fáceis e cômodas, a se fazer naturalmente.

Como os homens se mostravam inabaláveis, talvez insensatos por sequer imaginar o imenso poder de uma montanha, pensando bem, por demais burros simplesmente, ela optou por tentar impedir que o passarinho desse vazão aos seus impulsos canoros. Para isso, ela se aproveitou de um ventinho e se aproximou do arvoredo dissimuladamente. Chegou-se bem pertinho e, respirando antes profundamente, entrou na gaiola. Todavia, tamanho foi o seu susto, que saltou do ventinho e recolheu-se nas suas profundezas. E lá perambulou durante algum tempo. Aquilo tudo mais lhe parecia uma peça do destino. Vagou por entre as suas lembranças sem fim, relaxou nas suas profundas escuridões, onde os sóis jamais chegaram, e banhou-se nos seus refrescantes lençóis subterrâneos. Reconheceu por fim, que poderia estar fugindo da verdade, e isso é algo que uma boa montanha jamais deve fazer. As montanhas são sábias e fortes. Vivem muito e é justo que o sejam. Não conhecer uma determinada verdade pode ser um direito, mas tentar impedir a sua revelação é uma idiotice, uma fragilidade. A mentira ou a ilusão podem ser mais agradáveis à razão em certos momentos, no entanto corrompem os sentidos de ser e existir. Estava tentando criar uma certa realidade paralela e perdendo com isso um tempo muito precioso, que talvez custasse caro a outros pássaros.

Outra vez tomou-se de ânimo e voltou à gaiola. E lá, todas as suas parcas esperanças se dissolveram, à luz claríssima do sol que já se erguera todo acima do horizonte. Não podia mais negar, era mesmo o seu pintassilgo e, misteriosamente, cantava como um menino. Mas que ironia cruel! Teria que tentar interromper a sua inspiração, depois de tanto tempo lamentando a sua ausência. E nem tinha naquele momento mais tempo para as suas reflexões, pois um outro pintassilgo, pleno dos arroubos naturais da sua evidente juventude, já cantava e fazia manobras rasantes cada vez mais próximas à rede, com intuito de intimidar o outro, um velho inconveniente e abusado, um intruso, imperdoável. Embora não pudesse concordar inteiramente, a montanha percebia os pensamentos e a determinação do jovem, corajoso e afoito como todos os jovens. Mas a Providência concede maior proteção a eles, e ela estava ali para exercer esse papel. Ao antecipar que no próximo rasante ele ficaria preso na rede, numa atitude exageradamente emotiva para uma montanha, ela pressionou suas entranhas com tanta força, que os gases subterrâneos liberados provocaram uma ventania súbita e empoeirada. Correndo para encontrar um abrigo, os homens se afastaram, sem se dar conta de que o ramo não suportara o peso e a gaiola havia caído na relva.

Os segundos tornaram-se angustiadas eternidades. Ela viu os ventos se enfraquecerem até pararem por completo. A gaiola tinha uma pequena porta corrediça que com o tombo se abrira, os homens voltariam para buscá-la a qualquer instante, porém desgraçado era o desespero da montanha, porque o pintassilgo não encontrava a saída. Pulava pra lá e pra cá, estranhava os poleiros que estavam então na vertical, pendurava-se nas varetas de cabeça para baixo, porém nada de sair. Enfim, o mais jovem dos homens chegou a tempo de fechar a portinhola, satisfeito por ver o bichinho ainda do lado de dentro, e voltar ao encontro do mais velho. E a cascatinha afinou-se mais ainda, como o choro triste da montanha, perdeu a ansiedade.

(Segue)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 8)

Porém, a eufórica felicidade da montanha de súbito cedeu os seus subterrâneos a uma terrível agonia. Ela logo percebeu que tudo era um golpe baixo. Os pássaros de dentro nada mais eram do que uma família. Para convencer o pintassilgo “fugido” a voltar para a prisão, para mostrar a ele que nunca mais seria o que foi, o caçador trouxera a sua fêmea e os seus filhotes, que piavam apenas porque nem sabiam cantar ainda. Furiosa, a montanha quis voltar a ser um vulcão, mas deteve-se a tempo de arrepender-se. Não poderia despertar tamanha força somente para despejá-la na cabeça daquele ínfimo caçador. Além do que, já tinha uma transgressão grave registrada na sua folha-corrida.

Acalmou-se para desfocar sua energia. Precisava voltar à sua dimensão consciencial, natural e soberana, e não negar ao pintassilgo o direito de escolher. Mas essa era uma tarefa muito difícil. Seu querido passarinho fora arrancado do seu abraço generoso. Passara muito tempo sendo condicionado a uma vida muito diferente, mas agora teria a chance que ele sempre esperara. Ou será que não? E se ele não o quisesse? E se sentisse medo da liberdade? Assim como não mais respondia aos apelos da montanha, com certeza perdera a sensibilidade para todas as coisas, não podia mais compreender o mundo exterior à gaiola. Fora acostumado a comer e beber do que lhe serviam, e não saberia mais encontrar alimento por conta própria. Por mais irônico e inaceitável que isso fosse do ponto de vista da montanha, ele poderia preferir a segurança oferecida por seus algozes. Pelo menos não perdera o seu canto maravilhoso, muito embora agora, isso parecesse menos importante. Mas para os seus filhotes sim, isso devia ser o que existia de mais importante. Sob o peso imenso da dúvida a montanha sentiu a conseqüência da sua ousadia. Deixara-se levar. Fora até onde montanha nenhuma houvera ousado chegar com seu comportamento. Não podia mais prosseguir sob o risco de perder-se em vão. Tudo por um pintassilgo que não quisesse, desgraçadamente, reencontrar-se. O fim das suas dúvidas não dependia mais de si, ou nunca dependera. Era preferível deixar que tudo se ajeitasse naturalmente.

Pois tudo aconteceu muito rapidamente. O gavião não resistiu à tentação de ver três refeições num espaço tão pequeno. Desceu noutro vôo rasante, passando bem próximo, na tentativa de fazer com que ao menos um dos pássaros saísse apavorado da gaiola. O gato achou que o risco já estava de bom tamanho e que poderia muito bem simplesmente esperar em um lugar mais seguro. Quem sabe? Com sorte lhe sobraria alguma coisa, pois havia mais passarinhos na confusão do que aquele gavião intrometido poderia carregar. Como a tentativa anterior não dera resultado, o rapineiro voltou e pôs-se a voar quase parado no ar, bem juntinho das varetas. Mais cedo ou mais tarde algum dos bichinhos se esgotaria de tanto se esbater, e então seria facilmente arrancado pelo pescoço, para fora da gaiola. Entendendo a malícia cruel do gavião, o pintassilgo lançou-se contra ele numa atitude heróica, pensando em bicar-lhe os olhos, golpe terrível e mortal para qualquer gavião, por condená-lo a morrer lentamente de inanição. O que se viu surpreendeu a todos.

Ninguém ali sabia, mas os pássaros engaiolados na verdade pertenciam ao caçador mais velho. Vendo-os ameaçados pelo gavião, sem ter uma justificativa para o fato de tê-los pego sem pedir, ao mesmo tempo em que o pintassilgo atacou o caçador arremessou com toda a força uma pedra, na direção do gavião. Porém em vez deste acertou a gaiola, que caiu, se quebrando e libertando os pássaros. Aquela trapalhada encheu a montanha de alegria, por ver os pássaros libertos. Mas onde havia ido parar o pintassilgo? Todos procuravam por ele. Então descobriram que estava no galho mais alto, pendurado pelo pescoço no bico do gavião. Antes que pudessem dizer uma palavra, o rapineiro achou que já estava bom e tratou de bater suas asas até desaparecer nas nuvens, com certeza na direção de uma outra montanha, onde se sentisse mais bem-vindo.

Nesse dia a montanha chorou, mas ninguém percebeu. Não foi mais uma transgressão sua. Simplesmente ela se retirou para os seus subterrâneos e lá permaneceu por muito tempo. De tão triste não queria ver ninguém, sequer tinha vontade de apreciar o amanhecer como sempre fizera. As outras montanhas que achassem o que bem entendessem, não estava mais preocupada com o julgamento delas.

Numa manhã, entretanto, uma voz que lhe pareceu familiar fez com que voltasse a atenção para fora. Não pode ser ― disse a si mesma. Então chegando ao lugar onde tudo havia acontecido havia dois anos, lá estava um pintassilgo, que já não era mais um filhote, prestes a estourar o peito de tanto cantar. E não apenas por zelo. Vinha de logo abaixo uma zoeira que o fazia aumentar o volume para ser ouvido. Era uma cascata, uma pequena queda por enquanto. Sabia a montanha que, sem imediatismos, a fonte construiria um sulco que melhor lhe conviesse, e no futuro seria uma queda ainda mais bonita. E quando depois viessem lhe admirar, todos já encontrariam aquela plaquinha rústica pregada no arvoredo, escrita com letras que mais pareciam garranchos, porém onde se podia ler com alguma boa vontade: Fonte do Pintassilgo. Não vira quem a pregara ali, porém até que estava bem bonitinha. Obra do velho caçador? Mas que tanta diferença isso fazia?

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"MERGULHO PROFUNDO"

“MERGULHO PROFUNDO”

Muitas são as vezes que erro...
Coleciono mais erros do que acertos...
Preciso urgente rever meus conceitos...
E me livrar de vez do desespero!!!

Preciso encontrar comigo...
Fazer amizade, travar conhecimentos...
Trocar idéias, ser meu amigo...
E conseguir entender os meus sentimentos!!!

Entrar dentro da minha cabeça...
Saber como é o processo...
Saber como tudo isso funciona...
Talvez tenha mais sucesso!!!

Passear por todo cérebro...
Circundar a caixa craniana...
Descer pelo esôfago...
E aprender sobre a anatomia humana!!!

Visitar o coração...
E entender suas razões...
Entrar dentro de cada órgão...
E compreender suas funções!!!

Mas tudo o que preciso...
É me ver por dentro...
Deixar de ser um Narciso...
E me conhecer direito!!!

Foto de cafezambeze

O GRANDE DIA - POR GRAZIELA VIEIRA

O Grande Dia

20 de Julho 1953.

Ás quatro da madrugada, quando a pálida luz d’aurora ainda mal fazia a sua aparição, já minha mãe me arrancava aos braços de “Morfeu” onde eu na véspera, prometera a pés juntos não mergulhar.

Chegara enfim o grande dia. O dia do acontecimento mais relevante dos meus franzinos dez anos. Ia, enfim, fazer o meu exame da 4ª classe a Mirandela.

Mirandela!!!!!!!! Uma Vila que eu só conhecia em sonhos, ou de ouvir falar. A azáfama dos últimos preparativos e conselhos dos familiares orgulhosos, as últimas recomendações da senhora D. Ermelinda Rafael, minha professora e irmã do ilustre médico Dr. Mário Rafael, tinham feito com que adormecesse mais tarde e àquela hora, francamente, não me apetecia nada levantar.

- Anda filha que são horas: já tens o caldo na malga. Põe-te a dormir e depois come do sono. Olha que o exame não espera por ti e temos muito que palmilhar. Se tínhamos! É que dos Avidagos, minha terra, até Mirandela são cerca de 24 km os quais tínhamos que fazer a pé:

-Porquê? Pela simples razão de não haver dinheiro para a Camioneta, ida e volta, para a chita do vestido novo que a minha tia Mariana me fez, para os sapatos comprados para a ocasião, para pagar a Pensão onde teria que ficar, etc. Os meus pais para suprir as despesas mais prementes, tiveram que segar manual e prematuramente duas jeiras de trigo e vender o grão ao senhor Regedor.

O sacrifício foi enorme, mas o orgulho de ter uma filha que ia fazer o exame da 4ª classe quando ainda não era obrigatório, compensava-os plenamente.

Engoli o caldo á pressa e pusemo-nos a caminho eu e minha mãe. As nossas socas brochadas faziam barulho nas pedras do caminho quebrando o silêncio matinal. De vez em quando sacudia uma ruga, imaginária, do vestido novo. Por vezes, levava a mão á cabeça a ver se a fita cor-de-rosa que a minha avó materna me oferecera para a ocasião, ainda lá estava. Querida avó! Tinha vindo das Varges aos Avidagos a pé só para me presentear com a fita. Ela queria que a sua neta, fosse a mais bonita de todas. Não estou bem certa, mas penso que a distancia por ela percorrida por caminhos tortuosos, devia rondar os nove ou dez quilómetros, senão mais.

Comecei a tomar noção da responsabilidade em não defraudar, com um chumbo, as expectativas e esperanças que os familiares em mim depositavam.

-Ó mãe ainda falta muito?

-Não, é já ali.

Relógio? Que é dele. Isso era um luxo dos ricos, mas pelas minhas contas, havia mais de duas horas que a minha mãe dizia, é já ali. Eu nunca antes tinha feito uma caminhada daquela envergadura. As minhas fracas pernas, começavam já a acusar o cansaço. Sem querer, invejava os meus cinco irmãos mais novos que haviam ficado no aconchego da cama. O sol começava a despontar no horizonte cobrindo as já louras searas de trigo e centeio que ondulavam com a fresca brisa matinal como se fosse um mar gigantesco de ouro salpicado de papoilas vermelhas mais fulgurantes que rubis. As cotovias, melros, rolas e picanços, saudavam o astro-rei com os seus melodiosos gorjeios, num agradecimento á mãe natureza o fausto banquete que esta pusera á sua disposição e das respectivas proles. De vez em quando, uma lagartixa espreitava por entre as pedras do caminho, curiosa com o sincronizado das nossas socas, trepa que trepa. Ao longe, um ou outro rancho de segadores começava o seu árduo trabalho com os rins dobrados sobre as searas que as seitouras iam dizimando. De repente um frémito de alegria percorreu o meu já cansado corpito ao avistar uma povoação. Aligeirei o passo e pergunte

-Ó mãe, ali já é Mirandela?

-Daqui lá não me doa a mim a barriga, respondeu a minha mãe já agastada de tantas vezes responder, á contínua pergunta de, ainda falta muito?

-Ali são as Lamas, falta quase outro tanto para chegar a Mirandela e temos que andar mais depressa para estar lá ás nove horas senão, não fazes o exame.

Prossegui calada deitando um olhar de esguelha á saquita que a minha mãe levava á cabeça onde a par dos livros e da merenda, iam os sapatos novos que só calçaria á entrada da Vila para fazer jus ao rifão. Menina da aldeia, á entrada da Vila calça a meia A malga do caldo de cebola? Onde é que ela já ia.

Reparando nas minhas espiadelas á saquita e como caminhássemos ao longo de uma parede que circundava uma horta, a minha mãe disse:

- Sentemo-nos só um cibinho para comer que depois já temos força para andar mais depressa. Ó que mágicas palavras para os meus ouvidos. Levantei o vestido quase até á cabeça para não o sujar ou enrugar na parede de xisto, e á fatia de pão centeio, que minha mãe cozera na véspera, e ao punhado de figos secos, foi um ar que lhe deu.

Reconfortada com a frugal refeição e com cinco minutos de descanso, pusemo-nos novamente a caminho. De súbito ouvi o trotar de uma cavalgadura atrás de nós. Voltei-me devagar e disse:

-Ó mãe, vem ali o ti João Vinhais com o filho a cavalo no macho. Na verdade, não era meu tio, mas na minha aldeia, os mais novos tratavam os mais velhos por tios e tias.

-Bom dia senhora Adelina! Madrugaram!

-Bom dia senhor João, que remédio!

Deixei de ouvir o resto dos cumprimentos e concentrei-me no Francisco Vinhais, um rapaz da minha idade e que todo janota em cima do anafado macho também ia fazer exame. Eu bem me saracoteava para ver se o Xico olhava para o meu vestido novo e para o laço que me prendia os curtos cabelos mas o Xico não reparava e eu saltitando, quase me punha á frente do macho. Ó! Vaidade feminina, que tão precocemente te manifestas em futilidades. O ti João vendo os olhares constantes que eu deitava aos cavaleiros e atribuindo-o ao meu cansaço, apeou-se e disse:

-Monta no macho enquanto vou um bocado a pé para esticar as pernas.

-Obrigada senhor João, disse minha mãe: Ela só já ia a ganir que lhe doíam as pernas

-E tem razão, com o estiraço que já fizeram não é para admirar.

Ele mesmo, pegou nos meus vinte e cinco quilos e pô-los em cima do macho. Nunca lhe agradeci o gesto nobre e bondoso que tomou naquela ocasião. Hoje ainda me pergunto se chegaria a tempo do bendito exame sem a sua intervenção. De vez em quando eu, com pouca vontade, ainda lhe dizia:

Ó ti João, quer montar que eu desço?

-Deixa-te ir que vais bem.

O Xico repontava; ó pai, ela não vai quieta com os ovos daqui a pouco caímos os dois.

O que o Xico nunca soube, é que para não amarrotar o vestido, eu estava sempre a puxa-lo debaixo do assento desequilibrando-me.

Por fim, chegamos á entrada da ponte. Já se avistava a Vila de onde sobressaía a então famosa Casa Verde. Depois de deixar o macho entregue a uma pessoa conhecida, o ti João cheio de paciência, esperou que eu calçasse os meus sapatos novos, dois números acima do tamanho indicado para me servirem daí a muito tempo, e começamos a atravessar a ponte, a caminho da escola onde iam ter lugar os exames.

-Ó mãe, deixe-me ir ali a Senhora do Amparo fazer uma promessa para eu ficar bem no exame

-A promessa, dou-ta eu. Se ficares mal, á vinda para cá atiro-te da Ponte abaixo.

-Ó senhora Adelina!.......Disse o ti João apaziguador: Não diga isso á rapariga, que ela pode-se enervar e fazer mal a prova.

-Eu cá sei as linhas com que me coso, isto é falar por falar.

Só alguns anos depois é que me apercebi que a minha pobre e querida mãe ia mais nervosa que eu, e que os meus pais, tinham sido criticados por fazer tantos sacrifícios para que eu pudesse fazer a 4ª classe. Se ainda fosse um rapaz, vá lá, que sempre fazia falta para arranjar um emprego! Agora uma rapariga pobre para que é que queria o exame? Melhor me mandassem ir servir para aprender a ser uma mulher como devia de ser. Isto, diziam aquelas senhorecas de meia tigela que mal sabiam assinar os próprios nomes, e que queriam quem as servisse a troco dos restos da comida que deixavam nos pratos. As “comadres” que as há em todas as aldeias e não só, essas diziam que parecia mal uma rapariga sozinha no meio de quatro rapazes propostos a exame, e outras coisas no género próprias dos meios rurais. Mas a minha ânsia de aprender aliada à boa compreensão de meus pais tudo superaram; o compreensível receio da minha mãe, era que eu ficasse reprovada e depois ter de ouvir as línguas viperinas a rirem-se de nós depois de tantos sacrifícios.

Por meu lado, estava consciente que a oportunidade se não repetiria mas tinha a certeza de estar bem preparada. Graças á minha boa Professora que sem esperar qualquer recompensa além da gratidão, depois das horas de aula oficiais, dava-nos em casa dela mais umas horas de explicações todos os dias. Nunca até essa altura, ela tivera um aluno seu reprovado; e essa era a sua gratificação interior. A meu ver, bem mais valiosa do que se recebesse algumas “luvas” coisa de que nunca houve conhecimento. Nos tempos que correm pode dizer-se que era um exemplo raro de dedicação ao ensino.

Chegamos á Escola dos exames um pouco cedo, mesmo assim já lá estavam algumas dezenas de alunos. Com olhar de lince vislumbrei a nossa Professora e dirigimo-nos para junto dela. Depois dos cumprimentos devidos, perguntei se os restantes rapazes já tinham chegado.

-Ainda os não vi e já estou a ficar preocupada. É que depois da sala de aula fechada para a prova escrita, não entra mais ninguém. De repente, o Francisco Vinhais, aqui já não era Xico, porque a Professora exigia que todos nos tratássemos pelos nomes próprios em vez das usuais alcunhas disse:

-Ali vêm eles.

De facto, o Casimiro, O Viriato, e o Luís Filipe, parecendo os três da vida airada, depressa chegaram junto de nós. Depois das últimas recomendações, e com uma disposição parecida à de quem vai para a guilhotina, entramos para dar início á Prova Escrita. Na Sala repleta de alunos de todas as Aldeias do Concelho, o silêncio era sepulcral. Só se ouvia o raspar dos aparos das canetas de pau, molhadas nos tinteiros brancos, no papel.

Ditado, Problemas, Contas, Redacção, etc., tudo seguia os seus trâmites sincronizados. Os pais ou acompanhantes, esperavam do lado de fora, quem sabe, pedindo a Deus para que nenhum dos seus fosse reprovado. Após três longas horas, abriram-se finalmente as portas e em silêncio, todos esperavam sofregamente os resultados. Ninguém arredava pé. Mais algum tempo e eis que os almejados resultados eram afixados. Começaram os empurrões, o esticar de pescoços, o por em bicos de pés a ver quem primeiro chegava junto dos resultados. A minha mãe teve que pegar-me ao colo para eu ver o meu resultado uma vez que ela não sabia ler e sendo eu tão pequenina, corria o risco de ser esmagada pelos mais matulões ou pelos adultos. Depois de muitos encontrões e pedidos de desculpas, lá chegamos aos famigerados resultados. Olhei atentamente e ao descortinar o meu nome, gritei:

-Mãe!... Fiquei bem! Ela ergueu-me bem nos braços e disse:

-Vê bem filha, não te enganes.

Tornei a olhar e confirmei. Fiquei bem, mãe, é verdade.

Quando me poisou no chão, fiquei como que petrificada ao ver rolar as lágrimas pela face de minha mãe. Intrigada, perguntei:

-Então a mãe está a chorar porque eu fiquei bem?

-Ó filha, não. Tu não sabes que também se chora de alegria? Pois o que eu sinto agora, é uma alegria enorme como há muito tempo eu não sentia. Deus te abençoe.

Entretanto os quatro rapazes, com um sorriso de orelha a orelha, davam também a boa nova. A nossa Professora que se associava á nossa alegria, lembrou.

-Agora toca a ir comer e descansar para estarem fresquinhos para a Prova Oral que é amanhã á tarde.

Não sei onde os outros se hospedaram, quanto a mim, a minha mãe levou-me a uma Pensão pequena, tipo familiar, que embora retenha o seu interior na memória, não fixei o nome da rua onde a mesma se situava. Levava vinte escudos por dia, com direito a três refeições e dormida. A minha mãe pagou o estipulado e preparou-se para o regresso a casa pelo mesmo caminho.

-Então a mãe não come aqui?

-Não, come tu que eu como o resto da merenda pelo caminho. Tenho que ir fazer o caldo para o teu pai e para os teus irmãos mas amanhã cá estarei para assistir á Prova Oral. Entretanto a senhora da Pensão já trazia para a mesa, uma fumegante travessa de batatas cozidas com congro. Lembro-me como se fosse ontem. Comi que me fartei. Á noite, fui para um grande quarto onde estavam duas camas e dois colchões no chão. A mim, calhou-me um dos últimos. Entraram depois uma senhora e duas meninas que rondavam a minha idade pelo que o motivo devia ser o mesmo. Aldeãs para exame. Apoderando-se cada qual do respectivo lugar. Em menos de um credo, já eu dormia o sono dos justos sem sentir as dores das bolhas que os sapatos me haviam feito nos calcanhares. Quando acordei na manhã seguinte, o quarto estava já vazio e arrumado. Ao dirigir-me á casa de banho, vi num relógio de parede que já eram onze horas. Depois do almoço, furtei um guardanapo da mesa, e fui para o quarto puxar o lustro aos sapatos com ele atirando-o depois para debaixo de uma cama. Pedi para me arranjarem o laço do cabelo e toda prosmeira, fui ter com a senhora dona Ermelinda que já me esperava á porta para me acompanhar ao local das Provas Orais. Reparou a Professora que eu andava devagar e com passo inseguro, como quem pisa ovos.

-Que é que tens rapariga? Vais com medo ou fizeste xixi na cama?

-Não minha Senhora, foram os sapatos que ontem me fizeram bolhas. Se calhar, vou-me descalçar.

-Nem penses, quero lá agora uma aluna minha descalça no exame. Calça as socas.

-Não as tenho cá, a minha mãe levou-as.

Ao cabo de uns minutos que me pareceram séculos devido ás dores, lá chegamos ao local. Já estava o que me parecia a mim, um mar de gente junto da Escola, para assistir ás Provas Orais. Naquela época, mesmo quem não tinha familiares a fazer exame, gostava de assistir ás Provas Orais para ver as habilidades dos alunos conhecidos e não só.

Como não descortinasse a minha mãe em parte alguma, trepei ao muro para ver melhor em todas as direcções. Que grande desilusão! Não estava em parte alguma. De certo não pode vir. Era tão longe! Ainda na véspera fizera a pé o caminho de regresso, e com certeza não aguentara outra viagem.

Envolta nos meus pensamentos, nem me dera conta de que já todos tinham entrado.

A sala estava cheia até à porta. Saltei o muro e precipitei-me para a entrada onde algumas pessoas não me queriam deixar entrar.

Que queres tu daqui? Não vês que não podes entrar? Vai brincar para a rua.

-Mas eu vou fazer exame, respondia em altos gritos. As pessoas olhavam para o meu corpo franzino, que não aparentava mais que seis anos, e riam-se.

Chô: - Cresce e aparece.

No meu desespero comecei a distribuir pontapés a torto e a direito, e furando por baixo da amálgama de pernas que vedavam a entrada da sala de Aulas, lá consegui chegar ao meu lugar. Mesmo a tempo… Estavam a chamar pelo meu nome.

Muito esbaforida, com os livros a monte dentro da saquita e toda despenteada, devido à entrada forçada, encaminhei-me para a mesa do Júri. Por instantes, esqueci a minha mãe, e concentrei-me na enorme responsabilidade do momento.

-Abre o livro de leitura.

Fiz o que me era mandado. O livro abriu-se na Lenda da Laranjeira de Santa Isabel. Li com gosto e com voz bem timbrada, era uma das minhas lições preferidas. Até ali, tudo bem

-Vamos à História.

Mentalmente, pedia a Deus que me fizessem perguntas sobre D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil que me fascinava e do qual eu sabia tudo de cor e salteado como se costuma dizer. Calhou-me em sorte D. Dinis. Parecia de propósito, era o rei de quem eu menos gostava.

-Que cognome teve el-rei D. Dinis?

Mas porque cargas de água me haviam de fazer perguntas sobre um homem, mesmo sendo Rei, que era mau para a Rainha Santa? Na minha fértil imaginação, um homem que proibia a Rainha de dar esmolas aos pobres a ponto de ela ter de invocar a protecção divina para que o pão que levava no regaço, se transformasse em rosas, não podia ser boa pessoa. Se eu mandasse, que é o que aqueles que não mandam pensam, se eu mandasse, esse Rei não entrava para a História.

Fez-se silêncio na sala. De novo a pergunta era repetida.

-Então, não sabes?

-Não sei o quê? Perguntei como se tivesse chegado de longínquas paragens.

-Que cognome tinha el-rei D. Dinis

-Sei sim minha senhora, era o Lavrador. E antes que perguntassem mais alguma coisa, comecei a desenvolver o tema ainda mais do que seria preciso. Que tinha reestruturado a agricultura, que mandara plantar o pinhal de Leiria e tudo mais que lhe dizia respeito.

-Então se sabes tudo tão bem, porque não respondias?

-Porque não gosto dele.

-E pode-se saber porquê?

Expliquei as minhas razões acima citadas. Gargalhada geral na sala.

- Silêncio se fazem favor, pediu um professor que de imediato me chamou para avaliar os meus conhecimentos de Geografia.

-Ora vamos lá a apontar aqui no Mapa, o rio Douro e seus afluentes.

Depois de satisfeito com as minhas respostas, levou-me ao Mapa cor-de- rosa.

-Agora diz-me: estamos em Mirandela, queremos ir para Luanda, como fazemos?

-Resposta pronta, não podemos.

-Não podemos porquê?

Porque aqui não há mar e tínhamos que ir primeiro para o Porto ou Lisboa.

Novas gargalhadas na sala.

-Silêncio por favor, senão mando evacuar a sala.

-Então explica-me como poderemos ir para Lisboa.

- Com o dedo, lá apontei no Mapa o percurso dos Caminhos – de - Ferro que nos levaria ao cais da Capital para apanhar o barco que nos levaria a Luanda.

-No Mapa cor-de-rosa, também não me saí mal bem como em Ciências Naturais.

-Podes ir para o teu lugar, e fazer o teu trabalho manual.

Ao voltar-me, vi minha mãe ao fundo da sala, sentada numa cadeira. As mãos postas, como se estivesse rezando e com lágrimas que se assemelhavam a pérolas, deslizando pela face, precocemente enrugada devido ás agruras da vida, mais se assemelhava a uma santa de altar. Afinal, ela estivera ali desde o início, enquanto eu cá fora tentava localizá-la.

Como tivesse chegado muito cansada de tanto andar a pé, pedira para a deixarem entrar mais cedo a fim de arranjar lugar sentada. Fiquei feliz por vê-la.

Fui para o meu lugar e peguei na meia de renda de cinco agulhas. Era o meu trabalho manual. A mãe da minha professora é que me ensinara a fazer aqueles arabescos complicados, mas de um efeito espectacular.

Muito embrenhada na minha tarefa sobressaltei-me ao ouvir a voz da Professora encarregada da avaliação dos Trabalhos Manuais.

-Muito bem, mas que meias tão bonitas que estás a fazer.

-A senhora gosta?

-Gosto sim.

-Então quando as acabar, eu mando-lhas.

-Ficaria muito contente.

Nunca cumpri a promessa. Primeiro, porque não sabia a direcção da simpática Professora. Depois, parece-me que nunca cheguei a acabar as meias.

-Acabaram os exames, podem sair:

Um suspiro de alívio percorreu toda a sala. Já no recinto da Escola, encontrei minha mãe que conversava com um senhor, que ao ver-me fez sinal para me aproximar, o que fiz de imediato, embora um pouco intimidada com a elegância e a respeitabilidade que emanava daquela figura, que me parecia austera. Interroguei-o com o olhar.

-Parabéns pelo seu excelente desempenho disse: Acto contínuo, meteu-me na mão cinco escudos que desapareceram para dentro da saquita dos livros em menos tempo que o diabo esfrega um olho.

-Estava aqui a dizer á senhora sua mãe que se fosse um rapaz, eu encarregar-me-ia de lhe custear os estudos. Sendo uma menina, não poderei fazê-lo porque a responsabilidade a longo prazo, seria enorme.

-Obrigada pelo grande favor, disse mordaz, e voltei-lhe as costas com vontade de arrancar-lhe a gravata, que devia ser de seda, e fazer-lha engolir juntamente com o que acabara de dizer.

-Mãe, vamos embora.

-Não sejas mal-educada, vem pedir desculpa ao senhor doutor.

-Desculpa, porquê? De não ter nascido rapaz para lhe fazer a vontade? Sou por acaso culpada de ter nascido rapariga? Sufoquei na alma um grito de raiva e impotência, que as lágrimas não deixavam de todo esconder.

Nunca tinha sido tão humilhada. Primeiro, porque me tratou por senhora e na minha idade, isso era uma ofensa para mim. Depois, parecia que me estava a acusar por eu não ter nascido rapaz. Na boca das ignorantes “comadres”, não era de admirar o dizerem que a um rapaz nada se lhe pega e que nunca aparecia prenho em casa; agora que um senhor doutor pensasse da mesma maneira, era inadmissível.

Posteriormente, vim a saber que o senhor em questão, sendo rico e sua mulher não lhe podendo dar filhos, já havia custeado os estudos a três rapazes de poucos recursos; mas a sua filantropia e altruísmo não se estendia ao sexo feminino.

-Mãe! Vamos embora que se faz tarde e chegamos a casa já de noite.

-Trouxe as minhas socas?

-Eu não! Então não queres os sapatos? Andavas toda encha com eles!

-Pois, mas fizeram-me bolhas e não os aguento. Vou descalça.

-Tu hoje ainda ficas na Pensão que já está paga e amanhã, vais na Camioneta da Carreira até ao entroncamento, que de lá até casa são só três km e o teu irmão estará lá á tua espera. Eu é que me vou já embora a ver se ainda chego a casa antes do anoitecer. Toma lá o dinheiro para a Camioneta; agora perde-o.

Deu-me o dinheiro certo, sem fazer alusão aos cinco escudos que o tal senhor doutor me dera. Se calhar nem os viu, pensei eu.

Ainda ela mal tinha voltado as costas, já os sapatos estavam na saquita misturados com os livros. Descalça, percorri grande parte da Vila embasbacando-me diante das montras. Nunca vira coisas tão bonitas! E depois, a alegria de saber que no dia seguinte ia andar da Camioneta, era o culminar da suprema magia. Eu, como a maior parte das minhas amigas, nunca tinha-mos posto os pés dentro de um carro; quando eu lhes contasse a aventura, iam-se roer de inveja. De repente, ali perto do Mercado, estava na montra de um estabelecimento uma boneca com um vestido quase igual ao meu. Não é que ela parecia que se estava a rir para mim? Os cinco escudos dentro da saquita começaram a pesar como chumbo. Muito hesitante, e olhando para todos os lados, entrei e perguntei o preço.

-Quatro e quinhentos, respondeu a senhora atrás do balcão.

Nem me dei ao trabalho de regatear, depositei o dinheiro no balcão e esperei que a boneca viesse aos meus braços.

-Queres que embrulhe?

-Não é preciso, obrigada. Ia a sair disparada quando a senhora me chamou.

-Toma lá o troco rapariga, olha que a boneca não foge.

Saí dali direita á Pensão que parecia um foguete. Era a minha primeira boneca a sério. Sá as havia tido de trapos, confeccionadas por mim. Não mais a larguei e será escusado acrescentar que dormiu comigo.

Na Camioneta de regresso a casa, mil sensações estranhas me assaltavam. A paisagem vista de cima, parecia irreal. Era a Camioneta que estava sempre parada, ou eram as serras, árvores e casas tudo a andar para trás? Passados os primeiros minutos de novidade embriagadora, voltei a pensar no que a viagem e a boneca me fizera esquecer.

Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...Malditas palavras; haviam-se cravado na minha alma como uma ventosa de onde não conseguia arrancá-las. E eu que ainda fora comprar a boneca com o dinheiro de quem se me estava a tornar odioso. Se a janela estivesse aberta, atirava a boneca por ela fora. Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...

Comecei a chorar. Ia sentada a meu lado uma Freira que se dirigia ao então asilo para meninas pobres de Pereira, que ficava a um km mais ou menos dos Avidagos que ao ver-me chorar perguntou:

-Tu que tens minha filha? Reprovas-te no exame?

Não Irmã.

-Então, se ficas-te bem e ganhas-te essa boneca tão bonita, porquê essas lágrimas?

Limpei as lágrimas ao lenço de cinco pontas e disse:

-É precisamente por causa da boneca. Estava quase a contar-lhe a verdade, quando “tardiamente” me lembrei do meu egoísmo. Gastei o dinheiro que tinha na compra da boneca e não me lembrei de comprar nada para os meus irmãos e fiz um ar de Madalena arrependida.

-Quantos irmãos tens?

-Cinco, e todos mais novos que eu.

A Freira, meteu a mão numa maleta e deu-me um bom punhado de rebuçados e bombons:

-Toma lá, divide p’los teus irmãos.

-Muito obrigada minha santa. Ela sorriu. Um sorriso tão angélico que não voltei a ver outro igual.

Já a pé, a caminho de casa, parei nas duas capelinhas que ficam de um e outro lado da estrada no cruzamento que vai para Pereira, um km antes dos Avidagos, para com uma pequena oração, agradecer o resultado do exame.

Quando cheguei a casa, estava reunida toda a parentela mais chegada, para me felicitar e participar numa refeição melhorada para a qual tinham sido sacrificadas duas das melhores galinhas.

Passados os primeiros momentos de euforia, a minha mãe começou a relatar toda orgulhosa, as peripécias do exame. Olhem que até os professores estavam admirados com ela. E como todas as mães, até exagerava nos elogios perante as pessoas presentes: quando acabou o exame, até um senhor Doutor, blá, blá, blá

-Era demais. Levantei-me da mesa para não ouvir novamente as palavras que me estigmatizaram ao longo da vida!...Se fosse rapaz!...Se fosse; Outra vez não, por amor de Deus.

Dei a boneca á minha irmã mais nova que delirou com o presente, impondo-lhe como condição, de que nunca brincasse com ela á minha frente senão eu queimava-lha.

Não sei se a minha mãe se apercebeu do meu drama íntimo, quero querer que sim, mas nunca mais tocou no assunto.

Já se passaram muitos anos, mas se Freud ainda vivesse, de certeza que eu desmentiria uma das suas teorias da “Mente”. É que as meninas, segundo ele, não desejam secretamente ser rapazes por no subconsciente terem inveja do pénis, mas sim, por terem inveja da liberdade que os rapazes têm.

Felizmente que as mentalidades no que respeita a sexos opostos está a mudar, ainda que a passo de caracol.

As condições de vida também melhoraram. Os alunos, já não têm que percorrer a pé vários km, sujeitos aos rigores do Inverno ou ao sol escaldante do Verão para irem para a Escola como iam os do Carvalhal, Palorca etc. que por caminhos de cabras faziam diariamente esse percurso para virem para os Avidagos. Segundo as estatísticas, o número de estudantes do sexo feminino, já ultrapassa o masculino. Fico feliz por poderem usufruir de algumas oportunidades que me foram negadas. No entanto, uma pergunta se impõe. Porquê tanto insucesso escolar? O que é que está mal? De quem é a culpa?

Por mais que me esforce, não consigo descortinar respostas adequadas, e julgo que a maioria dos portugueses também não.

Será que fazem falta, umas tantas Donas Ermelindas Rafaéis para se orgulharem de nunca terem um aluno seu reprovado? Que incutia nos alunos o gosto pelos estudos, sacrificando tantas vezes a sua vida pessoal, para se dedicar inteiramente á nobre arte de ensinar? Pode ser uma das causas, mas de certeza que não é a única. Haverá alguém que sem se escudar nos meandros políticos tenha as respostas?

Uma coisa é certa. Há que fazer algo urgentemente para mudar este estado de coisas, nem que para isso se tenham que criar prémios especiais para os mais aplicados.

Se nada for feito, corremos o risco dos homens e mulheres de amanhã, nos acusarem da incúria de hoje.

Graziela Vieira

Abril de 2000

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