Dinheiro

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

O HOMEM DO CORACAO DE PEDRA

O HOMEM DO CORACAO DE PEDRA
(Luiz Islo Nantes Teixeira/Carolina Teixeira)

Havia um homem muito rico, de muitas possessoes
Que ele ja tinha perdido o controle do que possuia,
Tinha seu coracao voltado para o dinheiro, e as mansoes
Que se esticavam ate o mar, onde as ondas vinham descansar!

Ele fechava seus olhos para toda a pobreza e suas lamentacoes
Que um de seus mais misericordiosos criados lhe trazia
Se orgulhava de viver entre as nobrezas e suas ostentancoes
Que brilhavam nos dedos dos novos ricos que frequentavam o mesmo lugar!

Homem de coracao de pedra e com as maos sempre fechadas
Que nao abria suas maos e seu coracao nem sequer para dizer bom dia!
As pessoas humildes que cruzavam em frente as suas mansoes douradas

Mas um belo dia quando lhe deu um ataque subito quando so,
Agonizou entre seus ouros e pratas, longe do criado que ja nao o ouvia!
E aquele homem voltou pelado de onde veio, ou seja ao po
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Foto de EDU O ESPIÃO.

CONVERSANDO COM DEUS =INSPIRADO NA MENINA ELOÁ

Meu pai, Senhor Deus. ESTOU REVOLTADO ,Onde vamos parar?
Que fatalidade a história da menina Eloá.
Não estamos vendo melhoras, pai.
Só estamos vendo a violência crescendo,
Pessoas matam por pouco pai.
Pessoas se vendem, pessoas brigam por
Migalha. Quando não é por dinheiro e por
Loucura descontrole. Pai precisamos de tua
Luz o mundo a cada dia que passa só esta na escuridão
É pai que mata filho, ou vice versa.
Namoros descontrolados, se um não quer dois não brigam.
O caso da Eloá foi chocante pai.
Ela tinha a certeza que passaria tudo bem, pediu paciência a todos
E no fim o triste e trágico fim desta jovem que não conhecia nada da vida pai.
Pai meu Senhor Deus, eu te pergunto. Onde é que vamos parar pai?
Esse mundo esta sombrio demais, cadê o amor?
Parece que o amor faz parte do passado, porque as pessoas dispensam o amor?
O que esta acontecendo com esse mundo pai?
É pai que joga filha da janela, namorado que se vinga matando namorada.
Policias abusam da autoridade, policias sem treinamento sai matando....
Onde vamos parar pai????
Sei que o homem também tem uma boa porcentagem de culpa,
Mas podia os homens seguir os teus caminhos o tempo em que se perde
Criando conflitos, dando vazão ao impulso descontrolado macabro.
Pai finalizo pedindo que cuide de nós, do nosso mundo.
De paz ao coração dos pais da família da menina Eloá.
E nos de sabedoria para viver nesse mundo cão!
Não é bom comparar o mundo ao cão, o cão é um grande amigo.
E o mundo pai esta virando nosso arqui inimigo.
Obrigado meu pai meu Senhor pela conversa em oração.
Mas não permita que mais famílias venham passar por essa dor.
Faça pai que as pessoas voltem a acreditar no amor, saber de tua existência quem sabe assim diminui a violência.

====OBSERVAÇÃO: DESCULPEM AMIGOS. É UM DESABAFO, NINGUÉM MAIS ATURA ISSO==EU TENHO UMA IRMÃ NA IDADE DA ELOÁ, NEM CONSIGO IMAGINAR PERDER MINHA IRMÃ ASSIM TRAGICAMENTE==
====SENTI AS DORES DA FAMILIA DA ELOÁ, SEM DEMAGOGIA==
====PRECISAMOS ORAR POR ESTE MUNDO O ÚNICO JEITO DE CONSERTA-LO===CADA UM FAZENDO SUA PARTE JÁ É GRANDE A NOSSA CONQUISTA====

====Edu.com espião.

Foto de Leo_20

Parabéns

Não, eu não vou pedir a Deus que ilumine o seu caminho
Não vou pedir apenas q Ele olhe por você
Que Ele olhe seu trabalho, seu coração
Que Ele olhe por sua família, seus amigos

Eu não quero pedir a Deus que lhe dê água
Que lhe ofereça o ar pra respirar
Bons frutos, dinheiro e felicidade

Não vou orar para que a ajude pagar suas despesas
Que oriente em suas vitórias
Ou que te dê forças nas derrotas
Ou que enxugue suas lágrimas

Hoje eu vou agradecer a Deus por tê-la ainda ao nosso lado
Por ver você aqui, linda e feliz
Vou agradecer pelo que você é
Pelo que você representa
Hoje eu vou agradecer a Deus pela sua vida
Pelos seus anos de vida.
Parabéns.

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

OS VELHOS E OS JOVENS

OS VELHOS E OS JOVENS
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Os velhos de hoje com rostos palidos e antigos
Sao os mesmos que ontem, jovens altos e bonitos
Andaram pela vida causando brigas e atritos
E sendo quebrado e quebrando os narizes dos inimigos

E mais tarde ja adultos ,responsaveis pais de filhos
Tiveram esposas bonitas, carros e dinheiro
Entraram pelo cano ou para o mundo financeiro
Andaram na linha ou algumas vezes sairam dos trilhos

Mas cada um guarda a sabedoria de lutas, e tristeza
De quando nao tinha o pao para colocar na mesa
Mas tinha a certeza que nem sempre faltaria

E hoje sao velhos para os jovens altos e bonitos
E ja nao podem causar brigas nem atritos
Mas calam-se diante de tanta rebeldia

Os jovens de hoje serao os velhos do futuro
Conscientes que carregarao nossas herancas nos ombros
Seguros que recolherao a esperanca dos escombros
E nao se abaterao por mais que o caminho seja duro

E mais tarde ja adultos, seguindo nas mesmas direcoes
Que os outros que vieram antes conseguiram ser vencedores
Quebrarao os canos , e encarcereraos os impostores
Criarao leis severas e protegerao as vidas, e desmascarao as ilusoes

Por que terao a sabedoria dos que lhes passaram os bastoes
E ja desfrutarao das alegrias das multiplicacoes dos paes
Que os outros ja sonharam que teriam farturas ,e mais farturas

E amanha os jovens de hoje aprenderao a respeitar os velhos
Aprenderao a ver em todos os idosos seus irmaos mais velhos
Que fundaram os alicerces que sustentam suas vidas futuras

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Foto de LUCAS OLIVEIRA PASSOS

AS ESTRELAS

As estrelas Lucas Oliveira Passos

As estrelas estavam lá, no pedaço de céu que me cabia apreciar pela janela, naquele leito de hospital em que eu me encontrava, arrasado e sem entender nada...mais uma vez minha vida mudava completamente, numa guinada imprevizível...a necessidade da cirurgia, a gravidade da doença, e por fim a notícia que tentaram me passar e que me recusava a entender, sabia que era algo terrível, algo que teria que me lembrar e aceitar para o resto da vida, mas naquele momento o bloqueio não permitia, eu não conseguia pensar, apenas aquela imensa tristeza, e um gigantesco desejo de morte que nunca havia sentido antes em toda minha vida.

A enfermeira se aproximou sem fazer qualquer barulho, e cuidadosamente fechou a pequena janela, próxima ao meu leito, minha única referência para o mundo exterior, minha única fuga para os pensamentos terríveis que invadiam minha mente.

- Tenho que fechar a janela, os outros pacientes estão reclamando do frio, me desculpe, sei que é a única coisa que parece lhe interessar...

Assim, todas noites, meu céu quadrado e pequeno, contido nas dimensões daquela janela, se apagava irremediavelmente, as estrelas, que eu tanto estudara e pesquisara, por puro deleite, em certa etapa da vida, eram agora meu único consolo, me faziam pensar no tão pequeno que eu era, naquela imensidão tamanha do universo.

Não sabia quanto tempo já se passara desde o dia em que me internei com câncer e uma hérnia abandonada por muito tempo, calculava algo em torno de uns seis meses, tudo fora um sucesso segundo os médicos, mas meu corpo não era mais o mesmo, meus 75 anos pesavam bastante no processo, o restabelecimento era lento, a angústia era grande, havia algo medonho a ser encarado, assimilado e entendido...um amargo na garganta, um peso imenso no peito...por que meu cérebro se recusava a processar a notícia que foram me dar? Minha filha Aninha, por que não aparecia mais no hospital para me visitar?

As lágrimas brotavam abundantemente nos meus olhos, não devia ser assim...tão acostumados com o sofrimento devido aos anos de trabalho voluntário na ajuda desvalidos...comecei a lembrar palavras que foram ditas...concluí que havia acontecido com Aninha algo terrível, agora ela era apenas uma pequena estrela no céu e ao mesmo tempo uma chaga aberta para sempre no meu peito, para o resto do resto de minha vida, pois minha vida agora só seria um resto, que talvez nem merecesse ser vivido...chorei a noite inteira...nunca fora de chorar, nunca chorava, mas era impossível evitar...comecei a recordar o passado e parei exatamente quando Aninha havia entrado em minha vida...antes de nascer...ainda quando era nada mais que uma promessa de vida no corpo de uma mulher, quinze anos atrás...em um ponto de ônibus em Copacabana...

- Tu podes me ajudar? Estou com fome, estou grávida, meu namorado me abandonou, minha família não quer me ver, cheguei de Curitiba ontem e não como nada a dois dias, preciso que alguém me ajude...

Olhei a mulher nos olhos atentamente, estimei não mais que 30 anos para sua idade, observei todo seu corpo, era bonita, estava maltratada, entretanto vestia roupas de qualidade...seus olhos mostravam que estava em situação de carência e mêdo, o corpo, uma gravidez de no mínimo dois meses, senti muita pena dela, eu nunca abandonaria uma mulher à própria sorte, mesmo sendo desconhecida, e assim me senti envolvido e pronto para ajudar...

- Qual é o seu nome, moça?

- Sonia, mas tu podes me chamar como tu quizeres, se puder me ajudar te agradeço muito...Tu és casado, posso ajudar no serviço da tua casa?

Aquela pergunta me fez lembrar que já fora dezenas de vezes, não no papel, mas a muito tempo este conceito de ser ou estar havia perdido o significado em minha vida, deixava o amor fluir da forma que viesse, amava as mulheres incondicionalmente, deixando-as livres para entrar e sair de minha vida como bem entendessem, aprendi a recomeçar sempre que fosse possível, sem olhar para trás e sem me importar com nada, estivera diversas vezes no topo e na base, e sabia que após tempestades a terra se torna fértil e pronta para a fecundação, e que o importante eram os dias de sol que viriam, trazendo lampejos de felicidade...pequenos momentos que tinham que ser aproveitados antes que se acabassem...não fechava nunca qualquer porta que pudesse permanecer aberta em minha vida, essa era minha filosofia de vida, era como eu me sentia...

- No momento estou morando sozinho, se você quizer, eu te levo para minha casa, lá você pode se alimentar, tomar um banho, trocar de roupa e ficar quanto tempo quizer...até ter um lugar melhor para ir...quando quizer ir...

E assim, desde o primeiro dia morando em minha casa, Sonia se posicionava como minha mulher, sem reservas, na cama inclusive, sem nada perguntar, sem nada pedir, com seu olhar meio ausente e distante, por vezes inquieto.

Comecei a perceber que Sonia seria um pássaro passageiro em minha vida e não demoraria a se lançar em novo vôo, e isto me incomodava, havia me apaixonado mais uma vez e agora amava Sonia e a pequena semente que crescia no seu útero, fecundada por outro homem, mas já adotada totalmente por mim. Passei a visitar minhas tias levando Sonia e a promessa de Aninha, cada vez maior em sua barriga, apresentando-a como minha nova companheira, na extrema tentativa de faze-la gostar daquela opção de vida, mas sentia que o olhar de Sonia estava cada dia mais longe.

Tinha percebido desde o início que Sonia, assim como meu falecido filho Lalo, apresentava sintomas típicos de viciados em drogas, a abstinência estava lhe pesando cada vez mais e chegaria a um ponto em que ela não suportaria ultrapassar...isso me aterrorizava e me fazia passar noites em claro procurando uma alternativa, abri o jogo com ela, mas ela negou tudo e inverteu a situação, dizendo que se eu queria um motivo para me livrar dela e de Aninha. Talvez Sonia nunca tenha sabido o quanto me feriam essas afirmações...o quanto era grande o meu amor por ela.

O tempo foi passando, dias, semanas, meses e finalmente Aninha nasceu, pequenininha, indefesa, totalmente dependente de tudo e de todos, sem saber em que mundo fora lançada e por quanto tempo...eu tentava esconder as lágrimas que brotavam de meus olhos quando observava a total indiferença de Sonia em relação a Aninha, e comecei quase por adivinhação do que viria, a ler tudo sobre crianças.

Quando Aninha completou duas semanas de vida, cheguei de uma entrevista para um novo emprego e não encontrei mais Sonia, ela havia partido, deixando apenas um pequeno bilhete junto ao berço. Sonia levou quase todo dinheiro de nossas reservas, Aninha passou nesse momento a ser responsabilidade e problema apenas meu. Eu me recusei a acreditar, andava pelas ruas olhando em todas as direções, procurando por Sonia, levando fotos, falando com drogados, mas nenhum sinal de Sonia, devia estar longe...talvez em Curitiba...talvez em qualquer lugar do mundo, bem longe dos meus olhos mas ainda dentro do meu coração, ocupando um espaço imenso e significando talvez a maior derrota de toda minha vida.

Sentia uma imensa agonia e abraçava Aninha toda vez que precisava sair para conseguir algum trabalho, agora eram apenas eu e ela, apenas nos dois para enfrentar o mundo e lutar pela vida. Como conseguiria trabalhar e ao mesmo tempo cuidar do bebe, teria que conseguir uma atividade que pudesse ser feita em casa, que não tomasse todo meu dia...tinha que conseguir voltar ao topo, com bastante dinheiro seria mais fácil resolver as coisas... nunca me importava com o dinheiro, mas agora ele era a coisa mais importante para que eu pudesse cumprir meu juramento, daria o máximo do resto de minha vida para que o futuro de Aninha fosse o melhor possívcel...eu sempre recomeçava...já não me assustava com isso... e assim fui vivendo aqueles dias de angústia e amargura, tendo como único prazer observar a vida e o tempo fazendo de Aninha uma menininha cada vez mais linda.

O tempo foi passando e meu trabalho em casa, com desenho, arte final e fotografia, conseguia manter Aninha na escola, ela estava cada dia mais linda, com seus dois aninhos completos, me chamava sempre de paizinho, o que me deixava orgulhoso, eu já aceitava que iria viver apenas para que aquela criança pudesse ser alguém neste mundo hostíl, e assim evitava agora me envolver com outras mulheres, vivia só para Aninha.

Quando Aninha completou quatro anos, escrevi para minha tia que morava em Porto Alegre, que não via já a uns vinte anos. Informei sobre minha vida e minhas preocupações em relação a minha filha, a incerteza das coisas e a necessidade de ter alguém que pudesse ajudar caso eu ficasse doente ou morresse. A resposta de minha tia veio rápida, “venha para Porto Alegre, só aqui poderemos te ajudar, precisamos de alguém de confiança para a fábrica de tecidos, minha filha Tânia separou do marido e já não consegue tocar tudo sozinha, ele participa do conselho de administração, mas não do dia a dia da fábrica, entre em contato, poderemos nos ajudar, sei que você é competente quando está motivado, te esperamos aqui ”.

O convite me deixou orgulhoso e me fez sonhar com a possibilidade de estar perto de Curitiba e conseguir encontrar Sonia, ainda moradora em meu coração apesar de tudo o que acontecera, e assim, em poucos dias eu e Aninha já estávamos reduzidos a apenas duas grandes malas, que continham tudo que tinhamos na vida, também cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas.

Quando os momentos são felizes, passam muito rápido, e assim, Aninha já estava fazendo dez anos de vida. A ida para Porto Alegre fora muito boa para mim, Tânia estava muito abatida com a separação e se dedicou totalmente a mim e a filha, embora tivesse suas duas filhas adolescentes para cuidar. Aninha vez por outra me abraçava e lamentava por mais uma vez não poder ter a oportunidade de conhecer sua mãe. Eu procurava a todo custo esconder as lágrimas que teimavam em rolar de meus olhos cerrados enquanto a apertava fortemente contra o peito, dizendo que um dia isso seria possível, que ela voltaria e seríamos felizes. Estava muito bem posicionado na empresa, como diretor de produção, mantinha dois detetives mobilizados na busca por Sonia que parecia ter se transformado em pó. Não sei até hoje, se foi por me observar sofrendo e sem ninguém para compartilhar, ou se foi para causar ciúmes em Silvio, que a largara para viver com outra mulher, que Tânia começou uma aproximação maior, me fazendo seu acompanhante a festas e jantares e fatalmente acabamos nos gostando e começando um relacionamento amoroso escondido.

Era um sábado de manhã, acordei bem cedo pois havia combinado com Tânia um passeio nas regiões serranas, recebi um recado de Tia Albertina, me chamando no seu escritório, não imaginava o que poderia ser, lembro que eu estava muito orgulhoso com as novas máquinas que haviam dobrado a produção, embora a contragosto dela, que achava que as empresas tinham que operar sem dívidas, e que votara contra a compra do novo maquinário financiado. Tânia ficara pela primeira vez em posição contrária a dela e a de Silvio, durante a votação do conselho de administração. Silvio visitara tia Albertina na véspera e falara em reparar um erro e voltar a viver com Tânia. Até hoje não sei se eu estava certo ou não, mas nunca imaginei ouvir de minha própria tia o que ouví alí;

- Canalha, acabou para você, eu confiei em você e você me traiu, não adimito, não posso acreditar que você se envolveu com Tânia, ela é muito mais nova que você, isso é um desrespeito, quero que você volte para o Rio de Janeiro, não quero você mais aqui, já fiz as contas e este cheque é tudo que você tem direito, pegue sua filha e suma daqui, hoje mesmo...

Rasguei o cheque na frente de minha tia e fui buscar Aninha, preparamos as malas, apenas duas grandes malas, largando todo o resto para trás, novamente cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas...

Hoje, um ano após sair do hospital, começo a procurar pelos parentes que me restam e pelos vizinhos, só agora consigo falar em Aninha sem que a voz me escape e um pranto enorme me sufoque, foi muito duro tentar recomeçar a vida e tentar entender como tudo se passou, eu e ela fomos vivendo nosso amor fraternal, que aumentava a cada dia, e nos bastávamos, o mundo não tinha mais sentido, até que a necessidade da cirurgia nos separou pela primeira vez na vida, aquela profunda tristeza e o medo da minha morte foi capaz de matar Aninha, de uma forma tão violenta que o coraçãozinho dela, de apenas quinze aninhos, não aguentou a solidão, se recusou a bater e parou para sempre. Eu e meu velho coração, ficamos em coma várias semanas, porém já tantas vezes vacinado pelas angústias da vida, aguentei firme até hoje, embora não consiga aceitar o que se passou e sinto, cada vez que olho as estrelas, que Aninha está lá, linda como sempre foi em sua curta vida, sempre ao alcance dos meus velhos e cansados olhos, minha amada estrelinha...Minha filha Aninha!

Sigo a jornada da vida, cumprindo minha missão, voltei ao trabalho voluntário com os desvalidos, tentando dar um pouco de utilidade a este resto de vida, sei que é questão de pouco tempo, breve estarei com ela para sempre...junto as estrelas...

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

O TREM DOS CORRUPTOS

O TREM DOS CORRUPTOS
(Luiz Carlos Teixeira/Carolina Teixeira)

La vem o trem
Atravessando as pontes
Cortando os montes
Rumo a cidade
La vem o trem
Trazendo uma vil estória
Uns chegando agora
E os outros mais tarde

Trem dos desesperados
E dos infelizes
Trem dos mal educados
E das meretrizes
Trem dos advogados
Das secretarias e juizes
Dos policiais perfumados
Mas cheirando suborno pros narizes

La vem o trem
Trazendo os egoístas
Falsos ricos e narcisistas
E os mesmos corruptos
La vem o trem
Trazendo os presidentes
Deputados e assistentes
Os mansos e os brutos

Trem trazendo malas
E o grande empreteiro
Que se esconde nas salas
E desembolsa o dinheiro
Trem da grande festança
Da riqueza ilícita
Onde morre sempre a esperança
E tudo acaba em pizza

Trem da grandes decepções
E das corrupções
Que destroem o Brasil
E o povo sempre calado
Votando sempre errado
Votando em Clodovil
E ai o povo vai para a puta que pariu

© 2008 Islo Nantes Music/Globrazil(ASCAP)
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Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

O DINHEIRO

O DINHEIRO
(Luiz Islo Nantes Teixeira/Carolina Teixeira)

O dinheiro compra todos os bens sobre a terra!
Um carro do ano, uma joia e uma casa bonita na praia!
Compra uma fazenda de engorda e um pedaco de serra!
Uma mulher interesseira, um falso amor e uma nova saia!

Mas o amor ao dinheiro e razao de todos os males.
Mas tu, meu pobre amigo juras que e razao de todos os bens!
Os mortos nao falam e nem podem caminhar pelos vales,
Mas os ricos de saude possuem maior tesouro do que tu tens

A riqueza nos traz uma grande responsabilidade, e atitude
Para sermos sabios sabendo que nada trouxemos para este mundo
E manifesto e que nada levaremos, quando um dia nos faltar a saude

O dinheiro nao pode comprar a saude e um ensinamento profundo
Para quem ouve para fazer o bem, e, lapidar esta divina virtude
Que o faz mais rico do que o mais rico que habita este mundo!

© 2008 Islo Nantes Music/Globrazil(ASCAP)
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Foto de ORLI LÜDTKE

Por que esperar....

Não espere um sorriso para ser gentil.
Não espere ser amado para amar.
Não espere ficar sozinho para reconhecer o valor de quem está do seu lado.
Não espere ficar de luto para reconhecer quem hoje é importante para você.
Não espere a queda para lembrar-se do conselho.
Não espere a enfermidade para reconhecer quão frágil é a vida.
Não espere ter dinheiro aos montes para então contribuir.
Não espere por pessoas perfeitas para então se apaixonar.
Não espere a mágoa para pedir perdão.
Não espere a separação para buscar a reconciliação.
Não espere elogios para acreditar em si mesmo.
Não espere a dor para acreditar em oração.
Não espere o dia de sua morte sem antes amar a vida!
Seja sempre você, autêntico e único!

Foto de Rose Felliciano

A quem temer???

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Estamos vivendo tempos de violência...
Muitas violências.
Resolvemos ou amenizamos este problema, nos protegendo... Protegendo nosso corpo, nossos bens, nossa família...
Construímos muros altos, com cercas elétricas, vidros, alarmes, luzes...
Ambientes monitorados por câmeras, sons...
Seguranças, vigilantes, cães...
Armas, cursos de defesa pessoal...
Moramos em condomínios fechados, apartamentos com portaria 24horas...
Nossos carros têm travas, ar-condicionado para não abrir os vidros, segredos, alarmes e alguns são blindados.
Temos segurança pessoal, seguro residencial, seguro de carro, seguro de vida, seguro funeral...
Ufa! Será que assim estamos protegidos???
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“E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” (Mateus 10:28)
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Muitas vezes, nos protegemos do ladrão que mata o corpo e deixamos dentro da nossa casa, junto da nossa família, bem solto, o ladrão das nossas almas, que mata o corpo e a alma...
Ele está ao nosso lado quando achamos normal ver na televisão, os divórcios, adultérios... E às vezes torcemos pela amante, pois a esposa é muito chata mesmo....
Ele está naquela roda de “amigos”, onde preferimos mostrar os defeitos das pessoas e ainda rimos ou esperamos por suas quedas, para assim, nos sentirmos aliviados e vingados por “Deus”.
Está na internet, que muitas vezes tira o nosso tempo de conversarmos com nossos filhos, passear com nossa família, ler a bíblia, ir à Igreja...
Está matando nossa alma quando não sentimos mais vontade de orar por nós, de orar pelas pessoas...
Quando gostamos e instigamos o sexo sem compromisso, sem amor, por prazer da carne apenas... A libidinagem...
Quando ignoramos as pessoas, simplesmente porque não nos simpatizamos com ela..
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“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.”(Mateus 5:44-48)
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O inimigo está matando nossa alma e tirando nossa vida, quando somos indiferentes aos sofrimentos das pessoas , simplesmente por não nos envolvermos nos “problemas dos outros” e sair da nossa “zona de conforto.”
Quando não falamos de Jesus, para evitar polêmica ou por outro receio qualquer...
Engraçado que ouço muito comentário de críticas sobre o crescimento desordenado de igrejas. Dizem que hoje qualquer porta de casa é uma igreja. Porém, nunca vi ninguém questionar o crescimento desordenado de bares. E olha que qualquer porta de casa vira boteco também....
Vejo questionarem pastores que pedem dinheiro na televisão, mas não vejo críticas às empresas que gastam milhões em propagandas, divulgando suas megas, teles, e bolões da vida. Ao contrário, vejo essas pessoas apostando e apostando e apostando.... Ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, nenhum desses milionários... Ah! Mas dando dinheiro para Igrejas, eu não tenho a chance de ganhar uma “bolada” e nas megas eu tenho (?). Outra dúvida: ah, mas os pastores usam esse dinheiro para benefício próprio. Os outros não (?)
Não quero aqui defender esse ou aquele. Até porque não sou eu quem julga. Mas não façamos dos exemplos ruins, um empecilho para buscarmos a Deus. Pois só com Deus conseguiremos nos proteger do inimigo que pode matar o nosso corpo e a nossa alma também. Até porque,
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"Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." (Salmo 127:1)
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Devemos nos proteger da violência urbana e humana, mas nunca esquecendo que quem vai à frente da sentinela é o Rei dos exércitos celestiais. Jesus Cristo!
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“pois aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeçes em alguma pedra."(Salmo 91:11-12)
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Temos a receita para defendermos nosso patrimônio e nossa segurança pessoal, como já descrito no início desse artigo. E qual seria a receita para defendermos nossa alma?
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Efésios 6:13-17 A Armadura de Deus

http://meditarnabiblia.blogs.sapo.pt/3210.html
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"Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estais, pois, firmes tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz, tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus."

Cinturão da Verdade- Satanás luta usando mentiras. Ás vezes as suas mentiras soam como verdades. Mas somente os cristãos têm as verdades de Deus que podem vencer Satanás.
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Couraça da Justiça- Satanás ataca frequentemente o nosso coração - o centro das nossas emoções - dignidade e confiança. A justiça divina é a armadura do corpo que protege nosso coração e assegura a aprovação de Deus. O Senhor nos aprova porque nos ama... Por isso enviou Seu Filho para morrer por nós.
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Sapatos da prontidão para divulgação do Evangelho- Satanás deseja nos convencer de que relatar as Boas-Novas é uma tarefa inútil e desprezível que o peso dessa tarefa é muito grande e que as respostas negativas serão demasiadamente difíceis de ser controladas. Mas os sapatos que Deus nos deu representam a motivação para seguir proclamando a verdadeira paz que está disponível em Deus, e somente Nele. Essas são as boas novas que todos precisam de ouvir.
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Escudo da Fé- O que vemos são os ataques de Satanás sob a forma de insultos, reveses e tentações. Mas o escudo da fé nos protege sobre as setas inflamadas e invisíveis do diabo. Sob a perspectiva divina, tornamo-nos capazes de enxergar além das nossas circunstancias e saber que a suprema vitória é nossa.
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Capacete da Salvação- Satanás deseja que tenhamos dúvidas a respeito de Deus, Jesus e da salvação. O capacete protege as nossas mentes para que não tenhamos dúvidas em relação à obra que Deus realizou para nós: A nossa salvação.
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Espada do Espírito/Palavra de Deus- A espada é a única arma de ataque nesta descrição da armadura divina. Existem momentos em que precisamos de tomar uma atitude ofensiva contra Satanás. Quando somos tentados, precisamos confiar na verdade, que é a Verdade de Deus - A Sua Palavra.

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Tenhamos todos, ótimos dias....

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Meu carinho,

Rose Felliciano.

Foto de Carmen Lúcia

A acompanhante

(texto inspirado no conto “O enfermeiro”, de Machado de Assis, em homenagem ao centenário de sua morte.)

Lembranças me vêm à mente. Ano de 1968. Meus pais já haviam falecido e me restara apenas uma irmã, Ana.
Foi preciso parar com meus estudos, 3º ano do Magistério, para prestar serviços de babá, a fim de sobrevivência.
Morava em Queluz, cidade pequena, no estado de São Paulo, quando, ao chegar do trabalho, bastante cansada, recebi a carta de uma amiga, Beth, que morava em Caçapava, para ser acompanhante de uma senhora idosa, muito doente. A viúva Cândida. O salário era bom.
Ficaria lá por uns bons tempos, guardaria o dinheiro, só gastando no que fosse extremamente necessário.Depois, voltaria para minha cidade e poderia viver tranqüilamente, com minha irmã.
Não pensei duas vezes. Arrumei a mala, colocando nela o pouco de roupa que possuía e me despedi de Ana.
Peguei o trem de aço na estação e cheguei ao meu destino no prazo de uma hora, mais ou menos.
Lá chegando, fui ter com minha amiga Beth, que morava perto da Praça da Bandeira e estudava numa escola grande, próxima de sua casa. Ela me relatou dados mais detalhados sobre a viúva, que, não fosse pela grande dificuldade financeira que atravessava, eu teria desistido na mesma hora.
Soube que dezenas de pessoas trabalharam para ela, mas não conseguiram ficar nem uma semana, devido aos maus tratos e péssimo gênio da Sra Cândida.
Procurei refletir e atribuir tudo isso a sua saúde debilitada, devido às várias moléstias que a acometiam.
Os médicos previram-lhe pouco tempo de vida. Seu coração batia muito fraco e além disso, tinha esclerose, artrite, bicos-de-papagaio que a impossibilitavam de andar e outras afecções mais leves.
Depois de várias recomendações de paciência, espírito de caridade, solidariedade por parte de minha amiga e seus familiares, chamei um táxi e fui para a fazenda, onde morava a viúva, na estrada de Caçapava Velha.
A casa era de estilo colonial e lembrava o passado, de coronéis e escravos.
Ela me esperava, numa cadeira de rodas, na varanda enorme e mal cuidada, onde vasos de plantas sucumbiam por falta de água.
Percebi a solidão em que vivia, pois apenas uma empregada doméstica, já velha e com aspecto de cansada, a acompanhava.
Apresentei-me:-Alice de Moura, às suas ordens!Gostou de mim.Pareceu-me!
Por alguns dias vivemos um mar de rosas.Contou-me de outras acompanhantes que dormiam, não lhe davam seus remédios e que a roubavam.
Procurei tratá-la com muito carinho e ouvia atentamente suas histórias.
Porém, pouco durou essa amistosa convivência. Na segunda semana de minha estadia lá, passei a pertencer à lista de minhas precursoras.
Maltratava-me, injuriava-me, não me deixava dormir, comparando-me às outras serviçais.Procurei não me exaltar, devido a sua idade e doença.Ficaria ali por mais algum tempo. Sujeitei-me a isso pela necessidade de conseguir algum dinheiro.
Mas, a Sra Cândida, mesmo sendo totalmente dependente, não se compadecia de ninguém.Era má, sádica, comprazia-se com a humilhação e sofrimento alheios.
Já me havia atirado objetos, bengala, talheres, enfeites da casa.Alguns me feriram, mas a dor maior estava em minh’alma.Chorava, às escondidas, para não ver a satisfação esboçada em seu rosto e amargurava o dia em que pusera os pés naquela casa.
Passaram-se quatro meses.Eu estava exausta, tanto fisicamente, quanto emocionalmente.Resolvi que voltaria à Queluz.Só esperaria a próxima rabugisse dela.Foi quando, de sua cadeira de rodas, ela atirou-me fortemente a bengala, sem razão alguma, pelo simples prazer de satisfazer seu sadismo.
Então eu explodi. Revidei, com mais força ainda.Mantive-me estática, por alguns minutos, procurando equilibrar minhas fortes emoções e recuperar a razão.
Foi quando levei o maior susto de minha vida. Deparei-me com a viúva, debruçada sobre suas pernas e uma secreção leitosa escorrendo de sua boca.Estava imóvel.
Já havia visto essa cena, quando meu pai morrera de ataque cardíaco.
Aos poucos, fui chegando mais perto, até que com um esforço sobre-humano, consegui colocá-la sentada na cadeira e com o xale que havia caído ao chão, esconder o hematoma no pescoço, causado pela minha bengalada.
Pronto!Tornara-me uma assassina!Como fui capaz de tal ato?
Bem, fora uma reação repentina, em minha legítima defesa.Ou quem sabe, a morte tenha sido uma coincidência, justamente no momento em que revidei ao golpe da bengala.
Comecei a gritar e a velha empregada apareceu. Ajudou-me a levar o corpo até o quarto.Chamei Dr. Guedinho, médico da Sra Cândida e padre Monteiro, que lhe deu extrema unção.
Pelo que percebi, o médico achou que ela fora vítima de seu coração, um ataque fulminante.E eu tentei acreditar que teria sido mesmo, para aliviar a minha culpa.
Após os funerais, missa de corpo presente na igreja Matriz de São João Batista, recebi os abraços de algumas poucas pessoas que lá estavam, ouvindo os comentários:
-Agora você está livre!Cândida era uma serpente!Nem sei como agüentou tanto tempo!Você foi a única!
E, para disfarçar minha culpa, eu retrucava:
-Era por causa da doença!Que Deus a tenha!Que ela descanse em paz!
Esperei o mesmo trem que me trouxera à Caçapava e embarquei para minha cidade.Aquelas últimas cenas não saíam de minha mente. Perseguiam-me dia e noite.
Os dias foram se passando e o sentimento de culpa aumentando.
-Uma carta para você!gritara minha irmã.-E é de Caçapava!
Senti um calafrio dos pés à cabeça. Peguei a carta e fui lê-la trancada em meu quarto.
Que ironia do destino!Eu era a herdeira universal da fortuna da viúva Cândida!Logo eu, que lhe antecipara a morte.Ou teria sido coincidência?
Pensei em recusar, mas esse fato poderia levantar suspeita.
Voltei para Caçapava e fui ter com o tabelião, que leu para mim o testamento, longo e cansativo.
Realmente, era eu, Alice de Moura, a única herdeira.Após cumprir algumas obrigações do inventário, tomei posse da herança, à qual já havia traçado um destino.
Doaria a instituições de caridade, às igrejas, aos pobres e assim iria me livrando, aos poucos, do fardo que pesava em minha consciência.
Cheguei a doar um pouco do dinheiro, mas, comecei a não me achar tão culpada assim e passei a usá-lo em meu benefício próprio. Enfim, coincidência ou não, a velha iria morrer logo mesmo e quem sabe se era naquele momento.
Ainda tive um último gesto de compaixão à morta:Mandei fazer-lhe uma sepultura de mármore, digna de uma pessoa do bem.
Peço a quem ler essa história, que após a minha morte, que é inevitável para todos, deixem incrustada em meu epitáfio, essa emenda que fiz, no sermão da montanha:
_”Bem aventurados os herdeiros universais, pois eles serão respeitados e consolados!”

(Carmen Lúcia)

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