Difícil

Foto de Vanessa F.

Perdida...

Caminho escuro e de difícil retorno
Aquele que me fazes percorrer.
As vozes do silêncio tomam conta de mim
Como as amarras que me prenderam a ti.
De voz e coração atado,
Caminho por atalhos clandestinos
Na esperança de encontrar milagres
Que me desprendam de tudo o que me sufoca…
De tudo o que odeio sem amar
E do que amo sem querer.
Feridas que não tendem a sarar
Choram por ti na noite fria e agreste.
Que de tão escura
Cega os olhos e gela o coração que
Arde por ti,
Que te implora por luz que te recusas a dar
Para o caminho escuro iluminar.

Foto de Logan Apaixonado

Serena

Calmaria, anjo novo
paz alegre invade-me agora
tão suave tua pele
feito pétala de rosa nova
sois a brisa da aurora
bem como a lua da noite
orvalho doce que cobre a relva
luz tão clara do meio-dia
difícil disfarçar a euforia
diante de tanta harmonia
perfeita musa inspiradora
tomou conta da minha mente
deslumbrante sentimento
agora novo, forte e disposto
pois não vejo só um rosto
ao olhar a tua imagem
vejo a força e a coragem
de uma mulher decidida
que sabe bem que a vida
as vezes nos surpreende
por mais que se resista
não me peças que desista
de provar-te claramente
que a vida é diferente
que podemos ter amor
sem que seja necessária
uma lágrima de dor...

Foto de Lou Poulit

REQUERIMENTO PARA TOLOS

Tolos que a brisa dos amores tange, possuem o instante. Tolos, algo mais tolos, que ofertam o brilho agônico de estrelas já consumidas por si próprias, possuem mentiras. Tolos que vaticinam o gozo apoteótico no leito incerto do sol, possuem uma tola eternidade. Mas quem lhes atiraria a primeira não-tolice? Quem jamais se sentiu tolo por amor, sem que antes, ou depois, ou mesmo durante, em algum tempo tenha sido possuído e gostado disso?... Ao sol, senhor de todos os tempos, as nossas vênias... Ao amor humano, grão-senhor de todas as tolices, lambamos as suas mãos generosas... Porque nem a transitoriedade de tudo pode nos derrubar dos trançados neurônios, onde balouça como pêndulo nossa auto-estima, tangida pela própria brisa, molestando-se a si própria, por todos os tolos requeiro...

No comezinho lar do tolo, uma mulher ocupa-se dos seus afazeres, imersa no seu sagrado silêncio. Ao tolo, mais parece uma extensão dos seus domínios, mas tudo em volta dela está semi-nu, tanto quanto ela. As sombras de cada recanto seguem-na, como a pervertê-la à luz da manhã, tenazmente disposta a revelar arrepios nos insuspeitos recônditos da sua pele pudica. Os seios dela esvoaçam de alças baldias da seda dormida, e dançam com simetria um tango ousado, ainda com cheiro de amor ressacado. Nádegas sorridentes tremelicam e, ingenuamente, espalham um sismo pela casa. Por onde ela passa soberana (e ela passa muitas vezes), arrasta um pedaço de céu que convida o tolo ao inferno. Mas entre as suas penugens, uma fauna carnívora e dissimulada a protege da insensatez do tolo. E lá vem ela de volta... Vê-se que ela possui tudo ao seu redor. O que possui o tolo?

E os seus pés? Ah, os pés da mulher amada... Nem os seus pés ele possui... Não são apenas os pés do corpo. Com eles caminham a sua identidade e a sua auto-estima, os seus ideais e o seu silêncio, sua sabedoria ancestral crida submetida. Com eles ela refaz todo dia o caminho da sua escolha tola e descrente, e atrás deles caminham as tolices de muitos tolos crentes. Ao ser apresentado à mulher da sua vida, o tolo é também um injusto por beijar a sua mão. E para mantê-la sob sacro juramento de fidelidade, antes algum dedo do pé recebesse a aliança. Pois mesmo com as plantas altas, e por mais que estejam distantes, e ainda que apontem para direções opostas, eles não crêem. Eles sabem. E dissimulados vagueiam no peito do tolo ancorado, que assim não pode ver suas pegadas, prova mais indelével, endosso insofismável do seu amor. Com as patas silenciosas da fêmea, sobre o barro vermelho do sangue da manhã que se anuncia, caminha a vida que tem fome e sede da mônada, caminho da criatura única, de volta à nudez do lar.

O tolo penitente é de todos o mais desapegado. Em certo momento, distribui as suas tolices e crê que assim poderá seguir leve e ileso, porém não pode distribuir a solidão que o segue. Suas tolices pesam na alma como... um jardim, entre o corpo e o espírito. Ele o cultiva como cultivasse o seu amor e o defende como um cão raivoso. Mas não pode trazê-los para dentro de casa como gostaria, nem o jardim nem o cão. E noutras tantas vezes, o seu amor prefere ficar do lado de fora também. Antes de viajar, o tolo o rega, e ao passar por ele se despede já sentindo o peso da sua ausência. E quando retorna da viajem (nos tolos pesa a compulsão por retornar), encontrando-o do mesmo jeito ele reconhece a sua lealdade. Então o jardim, repleto e perfumado de belas tolices, fica sempre além das paredes, erguidas pelo lado de dentro para que possam se reconhecer, sem se confundir com as suas obras e tolices.

No entanto, não são as tão diversificadas tolices particulares que caracterizam o tolo-medium, mas a maior de todas as tolices, a mais geneticamente generalizada, a mais sustentada por ideologias hoje dominantes no mundo como o capitalismo e o consumismo, e por tantas razões a mais maquiada: o insaciável sentimento de posse. Alcunhado de amor-objeto por dificuldade lingüística, seria mais conciso dizê-lo amor por objetos. Sim, no plural, e isso é facilmente explicável. O primeiro amor de qualquer tolo são na verdade dois. Basta apenas alguma manha para que um deles lhe seja disponibilizado, ficando o outro para depois. Com o passar dos anos, o pequeno tolo desenvolverá muitos tipos diferentes de manha, porém, ao longo de toda a sua vida e mesmo quando já for um tolo-velho (talvez desdentado) ele dará preferência a objetos de aparência dupla... E macia...

Portanto, não se deixem iludir as tolas pelas deliciosas tolices maquiadas dos tolos, nem vice-versa. Sejam tolos novos e inexperientes demais, ou muito velhos e canalhas, sejam enormes ou apenas tímidos tolinhos, bem pressurizados com pouca irrigação celebral ou escassos de sangue com muitos sonhos na cabeça... Se já é tão difícil ter posse de alguma coisa nos amores, imaginem a tamanha tolice de querer exclusividade de coisas de aparência dupla! Posse das suas respectivas portadoras? Sem chance... Sustentar financeiramente as suas fartas e socializadas tolices? Como investimento, certamente será a alternativa mais segura... Garantia de uma aposentadoria tola e miserável.

Ora, o amor humano tem sobrevivido a tolices milenares. Mas teria se perpetuado sem elas? A brisa que tange os tolos, assim como as estrelas que podem ver, não são mais que um instante fugaz, a própria vida é um instante fugaz! Mas é tudo que podem possuir, tolos ou não... Por que então se deveria descartar as tolices? Não são elas mesmas as melhores referências para que se reconheça o tipo de amor insosso e inócuo? As tolices e o sexo se alternam enquanto o amor sobrevive, mas ele só será feliz se ambos ocorrerem simultaneamente de vez em quando. Apenas algumas vezes, e isso tornará cada amor inesquecível. Se alguém cultiva um amor por muito tempo, provavelmente cultiva alguma tolice. E se alguém se recorda de um amor passado, com muita certeza tem alguma tolice para contar. Talvez ambos sejam tolos e tenham seus próprios jardins particulares... Assim como eu, que sequer tenho uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada, em algum pulgueiro da cidade, e ser tolo o bastante para assistir o filme! Não, chega... Sejamos tolos, até sejamos convictos, mas nunca mais sejamos tolos-anônimos...

Eu, Lou Poulit, vulgo Passarinho-tolo (*), artista plástico, poeta e contista, por meio desta tolice crônica venho reclamar de volta todas as minhas tolices antes distribuídas, por equívoco desapego, declarando-as doravante reintegradas ao meu acervo sentimental, inalienáveis e insucessórias.

Por seu justo reconhecimento, venho requerer à minha própria auto-estima de tolo do amor humano, registro definitivo e carteira de identificação de tolo-aprendiz, com foto de passarinho.

Outrossim, declaro, por ter declarado “de rua” meu cão raivoso, que meu jardim desde já está aberto à visitação de tolas, loiras ou não, desde que portadoras de coisas de aparência dupla apreciáveis (a critério do declarante) e queiram nele amanhecer.

Para dirimir quaisquer dúvidas, elejo como fórum privilegiado a subjetividade coletiva de todas as beneficiárias das minhas tolices, destas desapropriadas sem “chorumelas”, digo, sem querelas, bastando que seja sediada em algum lugar entre o corpo e o espírito.

Sem mais para reclamar...

(*) – Em sites e comunidades de poesia da Internet, o autor também é reconhecido pelo pseudônimo de Passarinho.

Lou Poulit

Foto de Cecília Santos

REDEMOINHOS DE SENTIMENTOS

REDEMOINHOS DE SENTIMENTOS
*
*
*
Redemoinhos de sentimentos,
que vem com o vento.
Querendo levar sua lembrança,
do meu peito.
Que chega tentando arrancar,
as marcas que você deixou em mim.
Vento que sopra ferozmente,
querendo que nossas almas se percam,
nesse redemoinho sem fim.
Vento que desencadeia essa tormenta
em mim, me deixando sem forças pra lutar.
Que torna meu ser inconsciente,
mas meu coração consciente,
sabe que quer você.
Chuva que chora minha dor e angústia,
De uma maneira profunda, pra eu nunca me
esquecer de você.
Impossível tirar você da minha vida,
da minha memória, do meu coração.
Tatuagem de amor, que gravei pra sempre
na minha pele, no meu coração.
Fizeste um ninho, em meu peito.
E nele viveste, dia e noite.
Esquecer-te agora, seria tão difícil.
Que eu não perderia, só você.
Perderia minha própria identidade,
me perderia de mim mesma.
Pois somos um todo, que não se subtrai,
nem se divide.

Direitos reservado*
Cecília-SP/06/2007*

Foto de Desbravador

FALTA VOCÊ

Como é difícil estar distante de ti
Ouvir uma música e lembrar você a cada nota musical...
Lembrar de cada momento
Com todo o carinho do mundo.
Ter que buscar no passado os momentos que agora
Queria viver intensamente ao teu lado...
Buscar na saudade tua o desejo que meu coração
Nunca pôde deixar no passado.
E quando te vejo sem querer ou por acaso
Meu coração dispara sem sentido
Sem saber onde se esconder de você.
Se a saudade fosse algo possível de se tornar real,
Acredite, o faria de tudo para estar ao teu lado de novo...
Viveria cada segundo, não de beleza e nem de simpatia,
Mas de amor verdadeiro que não morre com o tempo
E nem com as circunstâncias da vida.
Viver longe de você é quase vagar sem rumo, sem querer,
Pois muitas coisas que tinham sentido como os sonhos,
Perderam-se sem ter aqui por perto você.

(Warlen)

Foto de martini

Amizade

Tua presença
Assim me encha
Quando vieres
Faz-me o que quiseres

Encho-me de ti
Desde que te vi
Sem te ver aqui fico
Quase que paraliso

Mesmo de amizade
Te sinto dentro de verdade
Sem ti era maldade
Viver sem essa amizade

Eu te adoro tanto
Que custa até sentir
Que não pode haver amor
Nem corações a tenir

Teu coração está cheio
Com um amor antigo
Que foi bem cativado
E sempre assim vivido

Horas houve de tremura
Em que quase se extinguiu
Mas afinal resistiu
Está lá dentro bem seguro

Cheguei a sentir teu amor
Mas foi algo do fulgor
E logo surgiu a dor
De perder esse grande amor

E na verdade perdi
Mas nem tudo fugiu
Amizade tens por mim
Do jeito que tenho por ti

Não passamos um dia
Sem nos vermos sequer
Temos de nos olhar
E sentir nosso vibrar

Que é só de amizade
Verdade seja dita
De amor não pode ser
Porque existe outro a merecer

Um dia virá na verdade
Em que meu coração encherá
Mas então logo veremos
Se esse amor nos vencerá

Porque esta amizade afinal
É maior que qualquer outra
É um quase e grande, natural
E difícil de ser informal

Mas embora não se apagando
Vai-se apaziguando
Acalmando esse empolgado
Tentando pô-lo de lado

Minha musa é minha amada
Mas amada em amizade
Tudo aqui é verdade
Vença a honestidade

Te beijo beijo amiga
Teu beijo também desejo
Beijar uma amiga um bocado
Não será grande o pecado

Te adorar sem um fim
É um desejo para mim
Quem dera sentir assim
Num amor que espero sim

Mas a vida não termina
Apenas quando queremos
E assim viveremos
Até chegar ao fim

Teus beijos doces de mel
Mel puro de doçura
Tanta e grande a loucura
De ter tua ternura

Foto de Magroalmeida

É difícil dizer adeus?

É DIFICIL DIZER ADEUS?

É difícil dizer adeus...
Partir sem olhar para trás...
Como sair sem levar as lembranças
Do passado entranhadas no meu ser?

Como esquecer tudo o que foi vivido,
Ao longo desses anos de convivência?
Como dizer que estou indo...
Para não mais voltar...

Apesar de saber que o amor acabou,
Como fazer para admitir esta realidade?
Como dizer que deixei de te amar?
Como aprender a viver...

Tendo a certeza de que nunca mais seremos um par?
Como aceitar que, a partir de agora, não posso mais...
Te tocar... adormecer sem ouvir a tua respiração...
Sem ter os teus pés pra esquentar os meus...

Como me aquecer, no inverno, sem o teu calor...

Como ficar sem o teu corpo junto ao meu?
E então?
É difícil dizer adeus?

Talvez não! nem sei como me entender,
Difícil é entender como tudo aconteceu...

Mai/2007
Magno R Almeida

PS.: Escrito em parceria com a poetisa, deste site, Ivaneti Nogueira (Net).
Valeu, querida Ivaneti!
Obrigado pela sua colaboração.

Foto de Carmen Lúcia

História banal

Façamos de conta que nada acabou,
Recomecemos do instante em que tudo parou,
Congelemos a história banal de nós dois,
Mudemos o enredo,o cenário,o depois...

Demos a ela o melhor colorido
E nas cenas de amor,efeito especial!
Uma música suave...fundo musical,
Refeita a história,só falta o final...

Mudando as externas,surge o essencial,
Difícil mudar sua alma,seu eu...
Impossível acordar um amor que morreu.

Que a história prossiga em seu curso normal,
Me dou por vencida...proponho afinal,
Outra personagem no papel principal.

Foto de bebelle

Eu e você

Se eu pudesse te fazer Feliz
Do jeito que você sempre quis
Te querer a vida inteira
Mostrar q meu amor não é brincadeira

Se eu pudesse fazer sua vontade
Te mostrar que ainda não é tarde
Te amar Loucamente como sempre amei
Mostrar pra você que sempre te esperei

Queria te dizer te amo
Queria ter você nos meus planos
Queria tanto te olhar de perto
Imaginando nós dois dando certo

Eu sei que, vacilei demais
Mais te prometo não vacilo mais
Meu coração pertence a ti
O que sinto é tão forte que nada é capaz de destruir.

E para completar
Não dá mais pra esperar
O que sinto por você
Ta difícil de esquecer.

Foto de Zedio Alvarez

Oi! Tubo bem com você?

Naquela noite tive vontade de te abraçar e beija-la intensamente. Senti no teu olhar que não desfaça mais a tua paixão. Teu semblante deu o recado. Acreditei na linguagem falada pelo teu olhar sem sabatinar o teu coração
E agora... O que vais fazer com a tua razão covarde? Ela nos leva a cometer um crime contra nós mesmos...
O que foi feito é difícil desfazer. O nosso coração responde, mas a razão se esconde. Evito andar pelos seus caminhos, mas sempre cruzamos em qualquer esquina, ratificando muitas vezes a vontade do pensamento embrenhado no meu cérebro inerte.
As minhas intenções sobre sua pessoa já foram escritas e descritas repetidas vezes... Os meus desejos sufocaram a minha alma por causa da implicitação dolorosa e quase nefasta da vontade de tê-la... Como diria o poeta “os desejos não dói mas corrói” A minha paciência está chegando ao limite máximo tolerado pela minha sensatez... A qualquer hora a minha ignorância pode aflorar transformando o meu pensar, que é guiado pela inquietude.
Você acha certo ludibriar os nossos desejos, fazendo com que a vontade se torne refém de um etílico momento... Nós não temos dupla personalidade, então não vamos fantasiar mais a nossa imaginação que pede clemência.
Numa dessas noites tentei te agarrar, mas era uma miragem de um sonho desfeito, e fez de uma noite mal dormida, aumentar ainda mais a minha tristeza com a falta da tua presença no meu leito... Minhas noites às vezes são misteriosas, os holofotes lunares espantam meu sono e a madrugada não me deixa só porque a insônia leva o nosso caso a sério e me faz transportar até você.
Acho que minha paixão por você não nasceu agora, ela veio de longe sem esperar por qualquer momento... Como é bom está na tua companhia; ocupaste todos os espaços da minha convivência.
Queria ter tempo para ouvir as batidas do teu coração, flutuar no cheiro dos teus cabelos e fazer uma junção de nossas bocas onde as línguas serão coadjuvantes do princípio do prazer. Quero te dar um banho língua, fertilizar e irrigar mais ainda as tuas terras produtivas
Deixemos de lado a nossa suposta amizade, para explicitarmos as vontades da nossa paixão, retirando a saudade de nossas terras. Não podemos intrinsecar as idéias ruins, pois a nossa vida vive sempre nos desafiando fazendo a maldade se renovar. Vamos amar para não estragar o mundo, pois aí, ela não se prolifera e podemos construir o nosso sonho real, mesmo com a abstinência da realidade.
A nossa decisão não será um descaso, pois de tudo que é oriundo do céu, minha alma acolheu o acaso e deseja provar da tua maçã, mas por favor descubra o teu fictício véu.
Vamos acumular nossos pecados que aliás, só resume em um item não é mesmo? Não vamos esperar que nos ofereçam a maçã, mas iremos atrás dela sem procurar pretexto para o erro calculado, deixando os nossos corações felizes, vivendo dos pecados de uma “paixão proibida”.
O nosso pecado é imortal... Tenho certeza que não seremos condenados pela corte celestial, porque Eros vai nos perdoar...
Um beijo no teu coração.

P.S. –Estou aguardando uma ligação tua.

Páginas

Subscrever Difícil

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma