Dia

Foto de Poetando

A sonhar

Deitado na cama adormeço
Contigo começo a sonhar
Que andamos de mão dada
Á beira mar à noite a passear
Numa noite estrelada
Com a luz da lua a iluminar
Abraço-te contra mim
Com desejo te ali te amar
Sonho mais lindo que tive
Não me sai do pensamento
Foi um sonho maravilhoso
Passear contigo á beira-mar
Como nos podíamos aí amar
De manha quando acordei
Quando abri os olhos e não te vi
Nem imaginas como eu fiquei
Sonho louco em que te amei
Não me sai do pensamento
Como estive contigo a sonhar
Nem me esqueci ainda
De quando te comecei a amar
Foi num dia que estava sozinho
Quando estava contigo a falar
Desde essa noite até hoje
Não te deixei mais de amar
Não saíste mais do pensamento
Contigo levo noites a sonhar
Seja a fazermos amor
Ou a beira-mar a passear

De: António Candeias

Foto de Poetando

Vida

A vida é feita de momentos
Também de sonhos e de magia
De esperança e felicidade
Que alcançamos a cada dia
A vida são recordações
De mistérios desvendados
Amores que nós tivemos
Que são por nós recordados
A vida é amor e carinho
É feita de ilusão e emoção
Dias de alegria e tristeza
Felicidade no coração
Vida é momentos de alegria
Da tristeza que chega sem avisar
Tempos de muitos mistérios
Passado que voltamos a recordar

De: António Candeias

Foto de josenibasilva

JOÃO E ALGO FASCINANTE

Vejam que fato impressionante
João é um morador da cidade de Brasília. Certo dia ele acordou, arrumou a cama e foi ao banheiro escovar os dentes e lavar os olhos. Voltou para o quarto e se arrumou. Depois saiu e foi na padaria. Quando chegou na padaria falou com a atendente e pediu 6 pães. Se dirigiu ao caixa e pagou. João voltou tranquilamente para casa, pois morava perto da padaria. Logo em seguida, preparou o café, fez sua refeição matinal e saiu novamente. E vejam só o que aconteceu, ele se deslocou até a parada de ônibus. Ficou ali sentado esperando alguns minutos e logo em seguida o ônibus chegou. João entrou e para surpresa dele tinha uma cadeira vazia. Ele sentou e tinha uma mulher do lado. Mas joão apenas seguiu calado. O ônibus chegou rapidinho ao local de trabalho. João desceu do ônibus e percebeu que outras pessoas desceram também e tinha um cara chamando ele. Olhou pra traz e era um colega de trabalho, o Pedro. João e Pedro foram caminhando para o Escritório. João se despediu de pedro e notou que seus colegas estavam trabalhando. Então João deu bom dia e foi ao banheiro. E quando saiu do banheiro seu chefe se aproximou e pediu um relatório pra ele. João foi para sua mesa e começou a trabalhar. O dia passou, o expediente havia terminado. Foi nessa hora que joão percebeu uma coisa, queria chegar logo em casa e tinha que sair correndo pois passara 10 minutos do horário habitual e poderia perder o ônibus. João correu , ainda conseguiu pegar o ônibus e seguiu pra casa. Foi nessa hora que João encontrou Luísa, sua amiga de condomínio que estava passeando e voltava pra casa. Desceram na parada e foram conversando até chegar em casa. Se despediram e João entrou no apartamento. Ele foi para o quarto , trocou de roupa e foi para o banho. Voltou, preparou um lanche e foi ver TV. Por sorte era Jogo do Flamengo, ele era Flamenguista e gostava de futebol. Assistiu ao jogo, feliz pela vitória do seu time. Foi dormir.
No dia seguinte, ele acordou, arrumou a cama e foi ao banheiro escovar os dentes e lavar os olhos. Voltou para o quarto e se arrumou. Depois saiu e foi na padaria. Quando chegou na padaria……….
João era só uma pessoa comum.

AUTOR: JOSENI BELMIR DE ASSUMPÇÃO SILVA

Foto de Igor Pontes

Em busca de paz

Meio que perdido me encontro aqui e com todo devaneio da minha alma entrego minhas desilusões, com a certeza de que fiz de tudo porém nada mudou e continuo definhando, esperando um sopro de esperança que sei que já se foi. Entrego-me a profunda tristeza e com o choro que minha alma derrama conseguirei a paz nas palavras escritas, profunda e ardente ferida que insiste em não cicatrizar.
Mais vale sentir isso na vida do que ter vivido um único dia sem senti-la.

Foto de Wilson Numa

Insensível

Ao lhe ver sorrir acende no meu peito uma chama que me permite ver e preencher uma parte de mim
Perfeição não procuro porque também não ofereço
Cada um é imagem das suas crenças, das suas vivências e da sua atitude
Perdão ou arrependimento cada um o tem a sua maneira de pedir ou conceder
Só não quero que duvide daquilo que sinto cada um mostra de forma diferente ou cada um vive de forma diferente dia a realidade que lhe aparece a frente
Eu prefiro não levar a vida a pensar em problemas, a não pensar futuro distante, prefiro divertir-me, sem esquecer as minhas responsabilidades
Não me arrependo de nada, não creio ter ferido os teus sentimentos ou a ti
Daí que não passo tempo a me desculpar, a sensibilidade de cada um é para ser respeitada
Talvez seja eu o insensível, e não perceber aquilo que faça de errado
Então deixo a última palavra para si, seja o que você quiser

Foto de Jardim

na luta diária, tropeços

na luta diária, tropeços,
pedras, nuvens, ventanias,
gasto meu tempo, perjuro,
gasto meu grama de coragem,
meu punhado de futuro.

sigo com o olhar atento,
como quem leva a urgência
de um recado, resoluto,
cumprindo algum mandado
por força do insondável absoluto.

entre as colunas da tarde
calcinadas de lástimas,
entre as paredes, descrente.
um sol melancólico queima
onde ninguém pode ser indulgente.

entre os devassados
esconderijos que busco
entre a sede e a bebida
se vai sem perceber um dia,
um mês, um ano, toda uma vida.

perdulário das horas, dos minutos,
do mundo que eu não soube decifrar,
troco por incerteza o ar errante
e por força do hábito
troco o porvir por um instante.

dos passos em que cego me revelo,
a cada queda me recobro,
preservo o fogo que em mim dura,
no qual forjo, sem medo ou angústia
as faces da máscara futura.

na treva em que me embrenho
sem saber quem sou, existo.
nas vertigens do alento,
sobre as curvas do caminho
ultrapasso a curva do momento.

outro céu, outra fome, outro corte,
por não saber quando parar,
giro e oscilo entre penhascos,
busco solução na chuva e no ar
por não haver alívio para os meus ascos.

Poema do livro Diários do Desassossego
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Foto de Jardim

escrevi teu nome no vento

escrevi teu nome no vento.
extraordinária angústia:
os jornais e a falta de encanto
do dia negaram a tua presença.

Poema do livro Dois
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Foto de Jardim

te busco em todas as outras

te busco em todas as outras
no áspero, sinuoso rio dos abraços.
às vezes vejo tuas mãos
outras são teus pelos, outras
teus lábios iguais ao teu sexo.
a vida explode
por todas as frestas da cidade:
pernas, bocas, seios, bundas.
sou apenas carne e osso.

como era teu nome?
helena, vera
sara, daniela?

perdeu-se na desordem
de tantas noites e tantos dias,
perdeu-se na enxurrada
dos acontecimentos.

que importa um nome
a esta hora da noite?
que importa um nome
sob este teto
diante dos copos e talheres
e lâmpadas e torneiras?

quanta coisa se perde
nesta vida,
este deslumbramento que me conduz
por avenidas e vaginas
a me consumir
em noites subterrâneas.

caminhavas comigo
por esquinas de assombro,
teu fogo perpétuo
aguardando que o dia viesse
enquanto nos perdíamos
em sorrisos, em carícias,
em conversas, no amor
feito sem pressa.

desvelo, promessas,
e os carinhos mais doces
e mais devassos a explodir
no centro de tuas coxas,
no profundo de tua noite ávida.

gosto de orelha e de vagina
em minha boca,
língua no cu,
nos pentelhos.
sua maciez chegava
voando por sobre o instante,
por sobre o mar, por sobre o fumo,
sobre a primavera,
quando colocavas
tuas mãos em meu peito
como duas asas.
quando tuas mãos tocavam as minhas
se detinham
como se muito antes
já as tivessem tocado,
como se antes de aqui estar
já houvessem chegado.

nesta cama, selvagem e doce,
eras entre o prazer e o sonho,
entre a fúria e a calma.
ainda quando não existias
eu já te buscava,
buscava em tua boca
o sabor de tua íntima vida.

longe de ti
sigo pulsando como um relógio
entre automóveis e motos ,
entre outdoors,
nos shoppings,
nos bares,
pulsando no meio da noite.
sob o sol, sob a chuva,
debaixo das roupas,
debaixo da pele.

que importa um nome?
posso te chamar nuvem.
posso te chamar horizonte.

Poema do livro Amores Possíveis
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Foto de Jardim

de ti trago memórias

de ti trago memórias
que o tempo cuidou em preservar,
voos de ícaros que ainda amanhecem
no orvalho da minha sede
pela febre do teu corpo
que em mim nunca se extinguiu.

minhas mãos ainda te buscam
ainda que há muito já não te toquem.
perco-me em minha insensatez
colhendo alegorias, ilusões,
acorrentado à tua miragem,
quimera de deslumbramento
dos meus infinitos enganos.
à noite, no espelho é o teu rosto que vejo.

são para ti as rubras rosas que trago,
é por ti que pulsa o sangue em minhas veias,
é teu este meu grito mudo.
são para os teus peitos
este toque dos meus dedos.

ecos da tua voz me trazem
tuas palavras agora antigas.
te ouço ainda mesmo que ausente
e me sopras ventos de nostalgia
que vagam pelas esquinas dos meus dias.

o hálito morno de tua respiração
me invade o fôlego
e me torno o avesso do meu avesso.
restaram pequenas palavras
que me sussurravas com tua voz muda
quando me pedias que te ouvisse,
quando me pedias que te tocasse,
quando me pedias:
me beija, me fode.

te trago dentro de mim,
te fiz parte de mim,
caminhas ao lado dos meus passos,
pisando comigo este mesmo chão
e me conduzes ao longo do dia
para algum vago sitio,
para algum improvável lugar.

caminhamos juntos pela mesma estrada
mas há muito já não há mais estrada,
somente o rastro que nossas feridas deixaram.
somente um abismo profundo e negro.
um vazio, implorando aos gritos
que algo o preencha.

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Foto de Jardim

eternos dias

foram eternos dias a distanciar nossas vidas.
nossos corpos, separados, recriaram seus instintos,
circunspectos, mesclados a um proscênio fosco
atuamos como se nunca houvéssemos nos encontrado,
nos tocado, nos provado, nos revelado,
determinados, sob um céu ordinário.

foram eternos dias a desamarrar nossos destinos,
a silenciar nossos gritos em nossa cama.
e a cada noite eu os ouvia, nesta cama agora vazia,
nossos fôlegos sob esta mesma lua.
tua saliva e tua secreção a corromper todos os hinos
onde agora só restam demônios.

foram eternos dias apagando nossos nomes,
o céu de tua boca, abrigo do falo insistente,
agora apenas um vácuo inconstante.
tantos foram os nós nunca desfeitos,
éramos anjos tentando saciar nossas fomes,
tentando iludir a dor persistente.

foram eternos dias que escreveram nossa história,
a tua voz persiste ainda na noite escura.
a tua falta ocupa o espaço do ambiente,
doce ausência em minha memória,
amargo sabor neste dia que se inicia.
nossas vitórias, nossas derrotas são um perjúrio.

foram eternos dias que fecharam minhas feridas,
estancaram o sangue à minha revelia
nas avenidas do meu infortúnio,
entre os clamores dos meus dias.
bardo errante sem rumo
imerso em delírios, pecados e loucura.

foram eternos dias a consolidar nossos receios
entre os credos de tua púbis sob esta sombra desnuda
nossa intimidade subverteu nossa lua
renegando a inexistente paz de nossa teia,
do que passou a se chamar presente,
em nossas faces somente a negrura.

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