Dia

Foto de SANDRA FUENTES

ÀS CEGAS

Vivo
Em um processo
Voluntário
De abandono

Pálido

Em gotas

Nas multifaces
De alguém
Que escreve

Vivo e morro
Todo dia

Ampulhetas explodem por onde passo
E ondas de areia enchem meus olhos
E cegamente
Vou tateando
Sem noção
De tempo

Num caminho
Para um poema novo
Estético
Romântico
Patético

Transpirando lâminas
Atingindo o alvo

(sem querer)

Sandra Fuentes

Foto de Jessik Vlinder

Mulher Perfeita

Se eu fosse homem eu seria completamente apaixonado por cada mulher. Porque cada uma delas, por trás de brincos e pulseiras, batons e blash e de saltos e perfumes, tem uma essência de beleza que vai além de todos esses adereços. Eu ficaria sim muito louco ao vê-las produzidas e fatalmente poderosas, desfilando e distribuindo a sensualidade feminina linda de se ver a qualquer hora e em qualquer lugar. Porém, mais encantado eu me permitiria ficar ao observá-las após aquele último banho diário. Aquele em que elas não molham o cabelo, deixando o cheirinho do shampoo suavemente mais gostoso. Em que passam o removedor de maquiagem e permitem assim mostrar a verdadeira cor das maçãs dos seus rostos tímidos ao receberem um elogio. Permitindo sentir o mais puro sabor dos seus lábios... Aquele banho em que usam a esponja vegetal no corpo e por “cuidados cutâneos” não passam nada além do sabonete, no máximo um hidratante suave. E assim, exalam de suas peles seus verdadeiros cheiros acompanhados ao longe do perfume leve do banho... Eu me permitiria ficar ainda mais envolvido por elas ao observá-las se olhando no espelho com aquele conjuntinho de dormir que ganharam das suas avós, aquele mesmo, amarelinho ou rosa de bichinhos ou florzinhas. Eu me envolveria nas ondas que os seus cabelos ganham ao passar do dia agitado, no discreto bronzeado pelo sol que as acompanham na rotina diária, nos olhos vivos e cheios de amor apesar de cansados... Eu somente perceberia o quão lindas são todas elas dentro do que há de mais simples em cada uma. E faria dessa simplicidade meu refúgio, minha fonte de prazer e alegria, minha grande alucinação e minha maior idealização. A verdade é que a mulher perfeita só vai existir quando os olhos certos pousarem sobre cada detalhe dela...

Foto de fisko

Deixa lá...

Naquele fim de tarde éramos eu e tu, personagens centrais de um embrulho 8mm desconfiados das suas cenas finais… abraçados ao relento de um pôr-do-sol às 17:00h, frio e repleto de timidez que se desvanece como que um fumo de um cigarro. Eu tinha ido recarregar um vício de bolso, o mesmo que me unia, a cada dia, à tua presença transparente e omnipotente por me saudares dia e noite, por daquela forma prestares cuidados pontuais, como mais ninguém, porque ninguém se importara com a falta da minha presença como tu. Ainda me lembro da roupa que usara na altura: o cachecol ainda o uso por vezes; a camisola ofereci-a à minha irmã – olha, ainda anteontem, dia 20, usou-a e eu recordei até o cheiro do teu cabelo naquela pequena lembrança – lembro-me até do calçado: sapatilhas brancas largas, daquelas que servem pouco para jogar à bola; as calças, dei-as entretanto no meio da nossa história, a um instituto qualquer de caridade por já não me servirem, já no fim do nosso primeiro round. E olha, foi assim que começou e eu lembro-me.
Estava eu na aula de geometria, já mais recentemente, e, mais uma vez, agarrei aquele vício de bolso que nos unia em presenças transparentes; olhei e tinha uma mensagem: “Amor, saí da aula. Vou ao centro comercial trocar umas coisas e depois apanho o autocarro para tua casa”. Faço agora um fast forward à memória e vejo-me a chegar a casa… estavas já tu a caminho e eu, entretanto, agarrei a fome e dei-lhe um prato de massa com carne, aquecido no micro-ondas por pouco tempo… tu chegas, abraças-me e beijas-me a face e os lábios. Usufruo de mais um genial fast forward para chegar ao quarto. “Olha vês, fui eu que pintei” e contemplavas o azul das paredes de marfim da minha morada. Usaste uma camisola roxa, com um lenço castanho e um casaco de lã quentinho, castanho claro. O soutien era preto, com linhas demarcadas pretas, sem qualquer ornamento complexo, justamente preto e só isso, embalando os teus seios únicos e macios, janela de um prazer que se sentia até nas pontas dos pés, máquina de movimento que me acompanhou por dois anos.
Acordas sempre com uma fome de mundo, com doses repentinas de libido masculino, vingando-te no pequeno-almoço, dilacerando pedaços de pão com manteiga e café. Lembro-me que me irrita a tua boa disposição matinal, enquanto eu, do outro lado do concelho, rasgo-me apenas mais um bocado de mim próprio por não ser mais treta nenhuma, por já não me colocares do outro lado da balança do teu ser. A tua refeição, colorida e delicada… enquanto me voltavas a chatear pela merda do colesterol, abrindo mãos ao chocolate que guardas na gaveta da cozinha, colocando a compota de morango nas torradas do lanche, bebendo sumos plásticos em conversas igualmente plásticas sobre planos para a noite de sexta-feira. E eu ali, sentado no sofá da sala, perdendo tempo a ver filmes estúpidos e sem nexo nenhum enquanto tu, com frases repetidas na cabeça como “amor, gosto muito de ti e quero-te aos Domingos” – “amor, dá-me a tua vida sempre” – “amor, não dá mais porque não consigo mais pôr-te na minha vida” e nada isto te tirar o sono a meio da noite, como a mim. Enquanto estudo para os exames da faculdade num qualquer café da avenida, constantemente mais importado em ver se apareces do que propriamente com o estudo, acomodas-te a um rapaz diferente, a um rapaz que não eu, a um rapaz repentino e quase em fase mixada de pessoas entre eu, tu e ele. Que raio…

Naquela noite, depois dos nossos corpos se saciarem, depois de toda a loucura de um sentimento exposto em duas horas de prazer, pediste-me para ficar ali a vida toda.

Passei o resto da noite a magicar entre ter-te e perder-te novamente, dois pratos de uma balança que tende ceder para o lado que menos desejo.
É forte demais tudo isto para se comover e, logo peguei numa folha de papel, seria nesta onde me iria despedir. Sem força, sem coragem, com todas aquelas coisas do politicamente correcto e clichés e envergaduras, sem vergonha, com plano de fundo todos os “não tarda vais encontrar uma pessoa que te faça feliz, vais ver”, “mereces mais que uma carcaça velha” e até mesmo um “não és tu, sou eu”… as razões eram todas e nenhuma. Já fui, em tempos, pragmático com estas coisas. Tu é que és mais “há que desaparecer, não arrastar”, “sofre-se o que tem que se sofrer e passa-se para outra”. Não se gosta por obrigação, amor…
Arranquei a tampa da caneta de tinta azul, mal sabia que iria tempos depois arrancar o que sinto por ti, sem qualquer medo nem enredo, tornar-me-ia mais homem justo à merda que o mundo me tem dado. Aliás, ao que o teu mundo me tem dado… ligo a máquina do café gostoso e barato, tiro um café e sento-o ao meu lado, por cima da mesa que aguentava o peso das palavras que eu ia explodindo numa página em branco. Vou escrevendo o teu nome... quão me arrepia escrever o teu nome, pintura em palavras de uma paisagem mista, ora tristonha, ora humorística… O fôlego vai-se perdendo aos poucos ornamentos que vou dando á folha… Hesitação? Dúvidas?... e logo consigo louvar-me de letras justapostas, precisamente justas ao fado que quiseste assumir à nossa história. Estou tão acarinhado pela folha, agora rabiscada e inútil a qualquer Fernando Pessoa, que quase deambulo, acompanhando apenas a existência do meu tempo e do tic-tac do meu relógio de pulso. Não me esqueço dos “caramba amor”, verso mais sublime a um expulsar más vibrações causadas por ti. Lembro-me do jardim onde trocávamos corpos celestes, carícias, toques pessoais e lhes atribuíamos o nome “prazer/amor”. Estou confuso e longe do mundo, fechando-me apenas na folha rabiscada com uma frase marcante no começo “Querida XXXXXX,”… e abraço agora o café, já frio, e bebo-o e sinto-o alterar-me estados interiores. Lembro-me de um “NÃO!” a caminho da tijoleira, onde a chávena já estaria estilhaçada…
Levantei-me algum tempo depois. Foste tu que me encontraste ali espatifado, a contemplar o tecto que não pintei, contemplando-o de olhos cintilantes… na carta que ainda estava por cima da mesa leste:

“Querida XXXXXX, tens sido o melhor que alguma vez tive. Os tempos que passamos juntos são os que etiqueto “úteis”, por sentir que não dou valor ao que tenho quando partes. Nunca consegui viver para ninguém senão para ti. Todas as outras são desnecessárias, produtos escusados e de nenhum interesse. Ainda quero mesmo que me abraces aos Domingos, dias úteis, feriados e dias inventados no nosso calendário. M…”

Quis o meu fado que aquele "M" permanecesse isolado, sem o "as" que o completaria... e quis uma coincidência que o dia seguinte fosse 24 de Março... e eis como uma carta de despedida, que sem o "Mas", se transformou ali, para mim e para sempre, numa carta precisamente um mês após me teres sacrificado todo aquele sentimento nosso.
Ela nunca me esqueceu... não voltou a namorar como fizemos... e ainda hoje, quando ouço os seus passos aproximarem-se do meu eterno palácio de papel onde me vem chorar, ainda que morto, o meu coração sangra de dor...

Foto de giogomes

A Rosa e o Tigre XXXII - Reencontro

Um novo dia, uma nova caminhada.
Uma nova vida, uma nova estrada.

Queria que isto fosse verdade,
assim não sentiria tanta saudade.

Agora a Rosa tinha o seu próprio jardim.
Tinha o seu lugar, o seu canto enfim.

O Jardineiro era o seu companheiro,
cuidaria dela e de todo o canteiro.

Teria que apenas se concentrar,
na sua família e no seu bem-estar.

Sua semente em pouco tempo brotaria,
traria a sua vida muita alegria.

Entraria no caminho da realidade,
onde existe também tristeza e maldade.

Sobrou pouco de sua vida de fantasia,
onde sonhar com o verdadeiro amor poderia.

O Tigre e a sua paixão,
faziam ainda mais falta nos momentos de solidão.

Mandaria o recado por um pássaro,
pedindo que se apressasse pois o tempo era escasso.

Queria ver o Tigre novamente.
Sentir a sua paixão e o seu corpo quente.

Em um momento no qual finalmente,
poderia deitar sobre sua pele confortavelmente.

Entenderia que a sua jaula era o jardim.
Isto poderia decretar, desta relação o fim.

Mesmo não podendo beijá-lo como queria,
abraçá-lo pelas grades poderia.

Então simplesmente o abraçou,
não se importaria se dissessem que o mundo acabou.

Foto de marialaura

anjo

a vc meu anjo fiz esta mensagem para que saiba que minha paixão por vc só cresce a cada dia , dizer a vc que preencheu um espaço vago em minha vida , que nunca imaginei existir e me fez ver a vida de outra forma .
simples assim !
quando a conheci percebi que eramos mais que amigos , que nossos destinos estavam sim traçados na maternidade, e de alguma forma me vi em vc , nossas vidas se cruzaram sem que possamos entender o motivo, mas curto cada dia de nossos momentos e levo vc em meu olhar !

te amo

Foto de Sérgio R.

Para você...

Acendo um cigarro...
A cerveja já não esta tão gelada.

Enquanto escrevo, rola uma música que foi trilha de varias noites despertas, o nome é runaway train e o cantor é Brandon Boyd, e com ela, lágrimas dançavam pelo meu rosto, uma valsa triste, solitária, mas calma e doce.

Engulo seco, não quero dançar hoje.

Uma mistura de sentimentos me invadem e doem no peito, isso incomoda. Nunca estamos 100% curados de um corte profundo. Maldita internet, que me traz vc.
Te ver sorrir me traz momentos felizes.
Em toda minha vida ainda não encontrei nada mais belo que seu sorriso ao amanhecer, me chamando de vida e me desejando bom dia. Como pode, segundos que para alguns passam despercebidos, serem tão eternos em minha mente. Momentos em que pensei que iam durar pra sempre se tornam em algo que conhecemos em uma palavra de exclusividade lusitana, a saudade.
Vivo uma vida que não queria que fosse a minha. Muitos teriam orgulho. Baladas, mulheres, tudo pra tapar o vazio que você me deixou. Mas ela não é a minha, não é isso que procuro, não sou eu de verdade. É uma droga que uso, pra esquecer que um dia, você fez parte de mim.
Refiz minha vida por completo, de corpo e alma pra espantar esse fantasma que não cansa de me assombrar. Mas não tem jeito, você se faz presente.

Nesse amor avulso só me resta, no escuro do meu quarto, ao som da nossa musica, sob a luz do meu cigarro, rezar baixinho, pra que você seja feliz e guarde com carinho todos os momentos que passamos juntos, pois o que me mantém vivo é saber que um dia fui feliz de verdade, é saber que você existe e que, um dia, fez parte da minha vida.

Foto de jucabala157

Porque eu a amo?

Preciso de você

O vento bate a minha porta,
Mais um dia de solidão,
Não posso ter quem eu quero,
Não posso beijar a tua mão;

Mais um dia de luta,
Olhos nos olhos,
Eu busco você,
Porque não me entende?

Meu amor por você,
É como uma lua,
Quando você fala comigo,
Já estou a brilhar;

Se me deixasse tocar você,
Faria de você uma criança,
E ao chegar a noite,nunca,
Te abandonaria;

Pois nos meus sonhos,
É você quem está,
Tu és minha vida.

É só com você

Posso não ter força,
Mas,com você ao meu lado,
Posso ganhar;
Posso não ser veloz,
Mas,com você posso tentar;

Você é meu todo,
Meu amor,
Só com você quero estar,
Você é minha razão de viver.

Foto de giogomes

Vôo da Rosa

Com as mãos já calejadas,
pelos espinhos afiados.

Observo atento aos ferimentos,
cuidando dos machucados.

Olhando a Rosa que tanto amo,
sempre cuidada com amor e carinho.

Nunca pensei que poderia me machucar,
com algum dos seus espinhos.

Eu sempre a protegi do mau tempo, das pragas.
Estava ao seu lado, zelando, a todo momento.

A coloquei protegida em um belo vaso,
sem entender os seus próprios sentimentos.

A dependência começou a ser sentida,
quando em momentos, eu não estava lá.

A Rosa só, em seu vaso pequeno,
sonhava em sozinha, também poder voar.

Em um dia de ventania, e a favor do vento,
fez um grande esforço, para as raízes soltar.

Desabrochou e se foi em um momento.
Quando voltei, não estava mais lá.

Triste, deprimido e preocupado.
Comecei a minha busca. A procurar.

A encontrei tão bela como sempre foi.
Estava bem, sobreviveu sozinha.

Fui então, devolvê-la ao vaso.
Tirá-la de perto das ervas daninhas.

Quando para minha surpresa,
fui ferroado, machucado.

Pela Rosa que tanto amava,
e que sempre esteve ao meu lado.

Depois do impacto inicial. O entendimento.
Como pude ser tão relapso, e não entender ?

Toda a Rosa pede cautela no trato,
como pude a mão perder.

Ela estava bem e aonde queria.
Não precisava que eu fosse me intrometer.

Não significava que não me amava,
só queria a todos provar...

...que poderia sobreviver sozinha,
e que tinhas forças para poder lutar.

Ao entender o que realmente queria,
decidi compreendê-la e aceitar.

Prometendo que a amaria sempre,
mesmo estando só, em outro lugar.

Que se um dia, realmente precisasse,
poderia simplesmente me chamar.

Temos que ter a capacidade de resolver,
os problemas que a vida insiste em nos mostrar.

Para que todos tenhamos a capacidade,
de um dia também poder voar.

Espero com amor no coração, observando o vento.
Para que sopre forte em minha direção.

Esperando que a Rosa volte para ficar comigo,
por que essa foi a sua decisão.

Para que ambos fortalecidos, possamos aproveitar,
tudo o que o nosso belo amor, venha a nos dar.

Foto de Zoom onyx sthakklowsky kachelovsky kacetovisk

Metade.

Cavaleiro errante sou, Quixote sem Sancho, Napoleão com estratégias de paz. Ônibus espacial com paradas estrelares e terminal na lua. Mundo deserto e florescido, ser noturno outrora habitado. Pedaços colados, sobrevivente do holocausto da paixão. Porém lutando na certeza que tudo que importa à um guerreiro é manter-se vivo. Mas ao mesmo tempo crente que o amor é o oxigênio de um poeta, mesmo que de versos roucos e nem sempre com rimas, porque nem todo tempo a luz do dia rima com alegria. Se metade de mim parte, a outra metade procura se recompor com as células tronco da esperança. Se a metade que parte for mais do que a metade e sim o todo, o nada que fica em mim renasce, assim como o Universo nasceu do nada.

Foto de Zoom onyx sthakklowsky kachelovsky kacetovisk

Lembranças.

As minhas cicatrizes um dia já foram feridas doloridas, hoje servem apenas para lembrar que baixei minha guarda em momentos que não deveria.

Páginas

Subscrever Dia

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma