Corpo

Foto de Oliveira Santos

Triste Momento

Um litro de uísque
Uns cigarros e uma canção
É tudo que tenho agora
Nesta noite fria de verão
A chuva bate no telhado
E a TV já está fora do ar
Um misto de idéias confusas
Que insiste em me atormentar

Um copo e mais outro
E as horas passam sem sentir
Eu entorpeço meu corpo
Na ânsia de me distrair
E tudo de ruim que existe
Por alguns instantes esqueço
E, de repente me lembro
Que viver sempre tem seu preço

Eu vejo a garrafa vazia
As cinzas pelo chão espalhadas
A música tão repetida
A cabeça que fica pesada
Eu tento, tento até que levanto
Até o espelho eu cambaleio
E me olho com asco e espanto
Desabafo sem nenhum receio

Eu paro, eu penso
Eu não entendo então
O que é um sentimento
Uma benção ou condenação?
Eu brigo, eu xingo
Eu me enfureço então
E este triste momento
Me maltrata o coração

28/12/00

Foto de Oliveira Santos

Somente As Estrelas

Somente as estrelas podem conhecer minha história
Somente as estrelas podem medir meu vazio
Sob o luzir delas aqui estou de corpo e alma
Elas tentam me ajudar a escapar da solidão

A lua enegrecida esconde-se no céu, desaparece
Eu sei que ela está lá mas não a vejo brilhar
Então me senti só até erguer os olhos
Lá estavam somente as estrelas comigo toda a noite

Meus sussuros e confissões apenas elas poderiam ouvir
Pois estavam lá, sempre me observando
Parecem entender o quero dizer
Em horas de mágoa são minha melhor companhia

Somente as estrelas podem escrever minha história agora
Somente as estrelas entram no meu vazio
Sentado à beira do mar refletindo sobre minha vida
Sinto-me confortado e acolhido embaixo de suas luzes

Eu peço conselhos, elas apenas brilham
Mas na verdade dizem algo, tento entender
Se um poeta disse fazê-lo que mal há nisso?
Pois sentimentos em comum tornam todos o mesmo

Somente as estrelas podem contar minha história
Somente as estrelas podem preencher meu vazio

01/06/96

Foto de THOMASOBNETO

Amantes.

Quando nossos corpos se encontram...
Exalando desejos de loucas paixões!
Na união de nossos lábios molhados,
Pelos nossos devaneios incontroláveis...

Suspiro fantasias, beijos loucos apaixonados.
Minhas mãos percorrem o nu de teu corpo...
Embriagando-se em eflúvios sentimentos,
Buscando em cada curva o apogeu do amor!

E tu entregues aos delírios sem pudor...
Arranca a mascara de tímida mulher,
Libertando-se como pétalas do mal-me-quer!

E assim nosso amor se vai por noites adentro...
Respirando o perfume da total e louca entrega.
Selando com um beijo, o gozo dos amantes!

Baroneto.

Foto de Carmen Lúcia

Começar de novo

Saio da escuridão,
titubeio, piso em falso...
A luz ofusca a visão,
persisto no encalço
de ir de encontro à luz.

Esforço-me, cambaleio,
corpo pesado, passos cansados,
descompassados, sem precisão...
Recomeçar é preciso,
livrar-me do castigo
a que me condenei...
Livrar-me dos pecados
que me foram atirados
sem nem saber porquê...
Sem direito de me defender...
“Eu, pecadora, confesso...”
...a culpa que não cometi,
as dores que sofri,
as lágrimas que verti.

Agora volto e protesto...
Quero a absolvição!
Se amar demais é pecado
morro sem pedir perdão...
Pois amar foi o que mais fiz,
ainda que a pessoa errada,
mesmo sendo enganada...
Foi o amor que meu coração quis!

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Teu contato

Toda essa inquietude
a percorrer o meu íntimo
(velocidade tamanha)
clamando tudo o que sinto
e que meu âmago arranha,
mesmo que eu não fale
ela se tatua , se perpetua,
me mostra nua...
e por mais que eu me cale
ela me invade, me persuade,
se instala em meu corpo...
exala pela minha pele
ainda que eu não me revele...
Essa inquietude comanda
meus passos, meus rastros, meus atos
e só se aquieta com o simples fato
de sentir o teu contato...

_Carmen Lúcia _

Foto de Arnault L. D.

O amor em partes

Como posso partir
se não tenho onde ir
se não existe um lugar
onde mais queira estar

Do que aqui em si
não porque perco ou venci
mas porque não sei
onde acaba eu em ti

Qual sorriso é o seu
e qual lágrima a sua
o que eu dei ou se deu
qual fora a fase da Lua?

O meu corpo é seu
e se você é tão minha
não mais me pertenço a eu
minha linfa a ti se aninha

Como pode ter fim
o que a vida não esquece
como aplacar do sim
se o não o amor desconhece

Pelas tuas mãos toco a alma
por seus olhos vejo a Deus
por seu dormir vejo a calma
e o morrer se for o adeus

Foto de Oliveira Santos

Queda

O vôo deselegante
Do pássaro fúnebre
Está prestes a terminar

Seu pio dolorido
Suas asa cansadas
Que batem incessantes a sangrar

Seus olhos tão turvos
E desordenados
Guiando-o aos nenhures do ar

Carregando consigo
A seta mortífera
Que aos poucos o vai liquidar

O veneno se espalha
Por todo o seu corpo
Extraindo seu leve planar

E o instinto profundo
Da busca do ninho
Onde nele se possa prostrar

E a ave atingida
Sofrida a ferida
Fadada a com o chão se chocar

Mergulha bonito
Em declínio finito
Mas sua alma persiste em voar

01/09/96

Foto de Oliveira Santos

Você, Mulher

Você, mulher
De hábitos noturnos
Com seus traços expressivos
E esses seus olhos lascivos
Que tragam meu olhar quando lhe vejo

Você, mulher
De andar firme, pomposo
Tem um quê malicioso
Nesse seu jeito jocoso
Em seu sorriso, nos seus dentes
Que famintos por minha carne rangem para me morder

Você, mulher
Que a cada instante se aproxima
E todo o corpo se excita
Ao sentir perto seu calor
Sentir seu cheiro natural
Que me entorpece, me alucina
Me suplanta, mesmeriza num ritual em seu louvor

Você, mulher
Que evoco, canto, espero tanto
Louco por ter seus encantos
Finalmente aqui aparece
Chega perto, enlaça, tece
Uma rede de volúpia quando em mim seu corpo desce

Você, mulher
Que com seu fogo me aquece
E já sem rumo a gente esquece
O tempo, a vida, o sono, a prece
Peregrinos um no outro
E antes que o dia comece
Extenuados, mas felizes, um sobre o outro desfalece

31/07/96

Foto de Oliveira Santos

Coração

Coração, fonte infinita transbordando emoções:
pressentimentos, desconfianças, temores, certezas.
Palpites certos ou errados,
consequências do risco de
viver procurando, encontrando, perdendo coisas, pessoas, lugares,
momentos . . .
Nos faz buscar pouso nos braços de alguém.
Dividir prantos, sorrisos, tesão, sentidos.
Cobrir as lacunas da alma com outra menos perfurada.
E gozar no calor do outro
seu frescor, e sentir na mão do outro fortaleza,
E escrever em outro corpo
sua história.

Foto de Carmen Lúcia

A mesma chuva...

A mesma chuva que molha meu corpo
molha também o teu...
A mesma nuvem pesada
que escurece meus dias
escurece os teus...
A mesma lama parda e suja
que escora a água da chuva
revela vestígios de nossas pegadas
em direção contrária à luz...

O céu macilento e triste que vejo
é o mesmo que tu vês...
O pranto que minh’alma chora
é o que chora a tua, agora...
Fomos feitos do mesmo barro,
da mesma massa encruada,
pérolas negras no lodo geradas
que não preservaram a beleza,
aviltaram tamanha grandeza
imbuída na palavra amor...

Passamos ilesos por ela
sem perceber o que gera,
sem nos ater ao real valor...

Hoje é cada um por si...
perdemos a chance oferecida.
Não vimos o céu se abrir,
deixamos a chuva inundar nossa vida...
Fechamos janelas, facilitamos partidas,
perdemos o chão, a ocasião...
sucumbimos no vazio da solidão.

_Carmen Lúcia_

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