Coração

Fui para longe viver,
Tornei-me no eremita,
Não tenho nada a perder,
Não tenho uma vida bonita.

O meu coração inconstante,
Só fazia sofrer,
Das muitas raparigas,
Todas vim a perder.

Assim fui para as montanhas,
Em período de reflexão,
Sobre o meu coração,

Revolvi as minhas entranhas,
Revolvi o meu próprio ser,
E assim foi até morrer.

Neste estado da vida,
Ninguém olha para mim,
Sinto que estou sozinho,
Sem ninguém ao pé de mim.

Sinto-me só, estou só,
Não tenho motivação,
Não tenho ninguém,
Por quem bata o coração.

Resta-me viver amargurado,
Não sei mais o que dizer,
Já me sinto magoado,

Isto de não ser amado,
Traz-me desequilibrado,
Traz-me a vida a sofrer.

Uma lágrima me caiu,
Do cantinho do olho,
Mais estão à porta,
Bem ao pé do sobreolho.

Lágrimas deitadas,
Com grande dor,
Estou infeliz,
Acabou o nosso amor.

Agora até,
O coração chora,
Muito mais do que outrora,

Lágrimas de sangue,
Caem sozinhas,
Mas são lágrimas minhas.

Deixas-me só neste mundo,
Deixas-me só a sofrer,
Mais valia ir eu,
Acabar com este sofrer.

Foi uma farpa no coração,
A tua viagem divina,
Invejo a sorte que tens,
Pois é muito melhor do que a minha.

Mas como acredito,
Não será por muito tempo,
A nossa separação,

Sangra o meu coração,
Com a grande animação,
De perto estar o tempo.