Confusão

Foto de Nailde Barreto

O Despertar do Sonho!!!

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Sei que durmo, mas já despertei. O meu corpo presente, dilacerado de tanto sofrer, diz-me que ainda não é tarde...
Numa melancolia lúcida, cá estou, em alerta durante o sono, guardando você no meu sonho. O vejo sorrindo, refletindo no meu mundo turvo, a sua luz...
Alimento esse amor platônico, durante as manhãs, junto do nascer do sol, que envaidece o dia, e há de ainda trazer, para ambos, intenso deleite...
Crio uma realidade imaginária, para sempre tê-lo por perto, e me perco entre esses mundos que me deixam confusa, contudo, que lugar é esse, que não posso tê-lo no abrir dos olhos?
E, ao perceber os feixes cintilantes do dia, começa a loucura descontente, que me faz percorrer os extremos da mente, enquanto observo-te entre tecidos coloridos, perfumes, maquiagem dos bordéis, e tantos outros detalhes, impregnados no seu corpo, cujo olhar te condena...
A loucura, alheamento da mente, é imperfeição! Então, a desejada concordância do aconchego, será cingida por incertezas. Será esta a lógica de amar?
Vivemos nossas próprias tragédias, tornados e furacões, quer seja no plano real ou no plano da ilusão, no entanto, somos contidos ao descrever a angustia que há em nossos corações, que mais uma vez adormece, diante de tantas imperfeitas emoções...
Agora, essa lógica, visível e emergente e desconexa, interpenetra-me, causando-me ligeira confusão. Então, já não sei se durmo e se realmente despertei, já não sei se despertei e ainda continuo a dormir, já não sei se quero dormir e jamais despertar...
Tudo que sei, é que quero dormir e acordar, ter a certeza que você existe, certificando que isso tudo não é invenção da minha mente, que criou esse personagem “fantasma”, para argumentar a lógica das faces de amar, vivenciadas no dia-a-dia de toda gente.

Nailde Barreto.
20/01/2011

Foto de MarcosH

Amor

Sentimento engraçado esse!
Chega sem pedir licença e nem dar aviso prévio.
Se aloja em nosso coração e já sai dando ordens
para o que fazemos e o que pensamos.

E pior ainda!
A vezes o amor alojado no outro coração
não tem os mesmos planos que o nosso e daí
arma-se aquela confusão, pregações de peças
de ambos lados e acaba sobrando para nós,
meros hospedeiros.

Mas é claro, não posso apenas falar mal
desse folgado, estaria sendo injusto.

Também posso dizer que ele é como uma
criança que sonha sempre com o amanhã a dois,
nunca vem com intenção de sair,
nunca pensa em nos trair, muito menos em
nos fazer cair.

E o melhor de tudo, é quando o outro amor
gosta do seu, ai sim, como uma criança
quando ganha um presente, ele te faz sentir como
se estivesse no paraíso.

Torna todas as coisas belas, por mais horríveis
que elas sejam.

Depois de tudo isso até esquecemos que ele
invadiu o nosso coração sem o nosso consentimento.

E cá entre nós, existe coisa melhor que amar e ser amado?
- Marcos H. R. da Rosa

Foto de geraldo trombin

7º Concurso Literário - É PAU, É PEDRA, É O FIM...

É PAU, É PEDRA, É O FIM...

Sempre que chegava em casa, ligava a TV por assinatura, onde já estava sintonizado o canal de áudio “Bossa Nova”. Hoje não foi diferente! Só que desta vez, invadia o ambiente, e seus ouvidos, a música “Minha Namorada” de Vinícius e Carlinhos Lyra: - “Se você quer ser minha namorada... Ah, que linda namorada...”
Ainda mais saudoso dos seus olhares, beijos e abraços, tudo o que Cabeça realmente mais queria no momento era exatamente o que Branquinha menos desejava: estar juntinho outra vez. Separaram-se por causa das frases malditas do último sábado e que, toda vez que isso acontecia, ele não conseguia digerir.
Surgiu, então, uma névoa na relação. Ela dizia-se cansada, confusa; ele parecia cachorro caído do caminhão de mudança: totalmente perdido. Por isso, a cada telefonema, a cada convocação dos amigos, ninguém mais o encontrava, nem mesmo ele. Era o telefone tocar que já iam atendendo e logo dizendo: - Ele não se encontra!
Depois do último tête-à-tête e algumas ligações malsucedidas com Branquinha, juntou todos os porta-retratos da sala que revelavam seus melhores flagrantes juntos, além da beleza e do sorriso dela, colocou-os raivosamente um contra o outro, escondendo-os onde a visão não alcançava: na gaveta do armário do último quarto do seu apartamento, um lugar ermo que mais parecia um depósito de entulhos.
Outras tentativas foram feitas sem sucesso, pois sua voz não era ouvida, seus pedidos não eram atendidos, muito menos sua dor arrefecida. – Vamos voltar, vamos ficar juntos, rastejava Cabeça, insistentemente. E Branquinha, apesar de ligar quase todo santo dia, só conseguia repetir aquela estarrecedora frase: - Estou confusa! E rapidamente desviava o assunto, partindo para amenidades.
Dia após dia era assim: ela, perdida, vivendo seus momentos de confusão; ele derramando-se em infusão: chá de camomila, hortelã ou erva-doce para acalmar o sofrimento; chá de boldo para as agruras e os nós no estômago... mas a única coisa que deu resultado mesmo foi o sofrido chá de cadeira que estava tomando dela.
A essa altura do campeonato, mesmo depois de milhões de declarações, ele queria mais era tomar chá de sumiço: suas palavras continuavam sem forças, sem encontrar eco no coração de Branquinha! E se o coração não ouve mais, babau!
Apoderando-se do verso oportuno de “Chega de Saudade” que tocava, ao telefone, Cabeça insistiu sua derradeira vez: - Amor, chega de saudade: não quero mais esse negócio de você longe de mim, disse aos prantos. Como não era profunda conhecedora da obra de Tom e Vinícius, suas palavras não a sensibilizaram e, do outro lado da linha, o silêncio era total: o telefone estava mudo, ela não atendia ao seu chamado, afinal, nada já tocava seu coração.
De repente, a aflição invadiu o peito dele: a linha caiu, rompendo definitivamente a ligação que existia entre os dois. E o que se ouvia naquele instante eram apenas os seus soluços misturando-se aos versos de Águas de Março: - É pau, é pedra, é o fim do caminho...

Foto de Maria Neves

BEM QUERER

Bem querer
É não saber
Resolver...,
É procurar..,
É não saber
O quê?!...
Nem o lugar...
É indecisão,
Contradição...
É mergulhar
Na confusão.

É sentir... Amor...
É odiar...
É estar feliz,
Mesmo magoado.
É estar só...
E sempre acompanhado!..

É ter de dizer NÃO...
Querendo dizer SIM!...
É no silêncio...
Pedir perdão...
A ti..., a mim.

É viver intensamente
E querer morrer,
Durante a ausência
É acreditar...
É criar fantasia!..
É duvidar....
É alternar,
Tristeza com alegria...

Foto de Carmen Vervloet

FELIZ NATAL AMIGOS DA POEMAS DE AMOR! PAZ E SAÚDE!

LÁGRIMA AO NATAL

Ah! Que saudade dos natais da minha infância
Quando acreditava que Papai Noel existia
Quando entre ele e eu havia total concordância
Nos presentes que para mim, com amor, trazia.

Sapatinho com bilhete sob o lindo pinheiro
Coberto por enfeites coloridos e neve de algodão
As horas pareciam um ano inteiro
A ansiedade fazia bater forte o coração

Assim que raiava o esperado dia
Uma mistura de alegria e confusão
Era a felicidade que a casa invadia
Boneca, panelinhas, miniatura de fogão.

Depois o farto almoço em família
Abraços, amor, confraternização
Onde o lar era o país das maravilhas
Iluminado pelo brilho da união.

Hoje sinto saudade dos tempos idos
Crianças induzidas pelos meios de comunicação
O natal vazio do seu real sentido
Algumas tanto... outras, a lágrima que ficou na mão.

Carmen Vervloet

Foto de Nero

EU SOU O POVO

EU SOU O POVO

Chamam-me povo, gente ou comunidade. Mas então
eu me questiono: quem poderia me chamar de povo, não
sendo ele parte do povo?

Eu sou o povo

Dizem-me que reclamo muito, exijo muito, nunca estou
satisfeito e nunca agradeço o bem que me é feito. Mas
então eu me questiono: como posso reclamar ou exigir
muito, se a minha voz para vós não passa de um
sussurro insignificante?

Eu sou o povo

Dizem-me que sou pobre e miserável porque detesto
estudar e trabalhar. Mas então eu me questiono: como
não gosto de estudar se desde pequenino, caminho
quilómetros à pé para chegar a escola mais próxima?
Como não gosto de trabalhar, se executo os serviços
mais humilhantes e desprezíveis para vós?

Eu sou o povo

Dizem-me que sou humilde, respeitoso, cordial, hospitaleiro,
sempre disposto a cooperar, a respeitar e a obedecer. Mas
então eu me questiono: como não podia ser humilde,
respeitoso e obediente, se eu sou APENAS o povo?

Eu sou o povo

Dizem-me que sou o responsável por toda confusão e
desordem na humanidade. Mas então eu me questiono:
como posso ser responsável pela desordem na humanidade,
se eu sou a PRÓPRIA humanidade?

Você e eu somos o povo!

Foto de Fernando Vieira

Um sonho feio

Um sonho feio
(Fernando Vieira)

Nem tudo faz sentido
Nessa vida inconstante
Sei que corro até perigo
Se o amor se faz distante

Confusão de pensamentos
Um sonho atordoante
Manifesto o desespero
De um ser agonizante

Pensamentos, devaneios
Um pesadelo horripilante
Eu tive um sonho muito feio
Que me fez morrer por um instante

Foto de Fernando Vieira

Piauiês

Piauiês
(Fernando Vieira)

A folote eu escrevo
A locéu, de qualquer jeito
Abiloladamente espero
Que possa me ouvir sujeito

Acunha! Alguém me diria
Em relação a essa poesia
Já dei pilôra, já dei agonia
Pensando como ela eu faria

Agora pronto! Estou lascado
Ai vai! Pois não é que veio
Nesse papel afolozado
Todo riscado de vermelho

Papel que não é mais anêmico
Nem tão pouco amarelo empombado
Pois nele existe um ensejo
Agora totalmente rabiscado

E nem adianta entojar
Larga de ser apresentado
Assunta então o que eu digo
Nesse escrito aprumado

Que brilha feito panela
Areada com detergente
Armaria, oxe, Arreégua
Isso dá até um repente

Arrocha o buriti meu povo
Isso é Piauiês
E eu sou o artista da novela
Que ta passando a mais de um mês

Atufaiando a tua cabeça
Avexado por demais
A bagaceira é muito grande
E ainda vou borózar mais

Eu venho da baixa da égua
Que é um lugar longe demais
E da onde vem esse poeta
Tem outros bem mais geniais

Bato beirada, sigo o rumo
Do leitor de verso e prova
Bato também meu violão
Tocando uma canção formosa

Se bebi água de chocalho
Bebi também do Parnaíba
Que corta a minha cidade
Minha querida Teresina

Mas outro dia bebo bosta
Em outro rio fui banhar
Nadando pelo Poty
Quase que vinha a me afogar

Bem pregado seu menino
Metido a cabra da peste
Tú é muito é bom de taca
Seu gaiato do nordeste

Caçuleta na orelha
Já to subindo na cacunda
Vê se engrossa o cambito
Nem que tire lá da bunda

Mas vê se não fica cabota
Quando for pular cancão
Cangapé que dá na água
É sinal de confusão

O Piauiês é muito vasto
Não consigo mais parar
Ceroto, chanin, chandanca
São palavras que eu posso usar

Chulada, chibanca e chupista
Eita povo pra inventar
Assim eu até lembro de uma menina
Que é melhor deixar pra lá

Cismei agora pronto!
Ou eu não paro de rimar
E alguma palavra que ficou faltando
Em outros versos posso colocar

Danosse! Não é que saiu
Uma referencia ao jeito de falar
Do Piauí pro resto do Brasil
O Piauiês eu pude te mostrar

Foto de Fernando Vieira

Joaninha ou Besouro

Se és dourado eu já não sei
Pois se esconde atrás de um inseto
Inseto esse que por sua vez
Me deixa em duvida do que tu és ao certo

Descontrolada você conta
Em versos de retrucação
E o que chamas brincadeira
Eu chamo de enganação

Vira lata! Armadilha!
Fingimento, confusão!
Foi você quem disse isso
Não fui eu quem disse não

Assim sendo suas palavras
Leia as minhas de bom grado
E saiba que sinto saudades
Dos momentos do passado

Joaninha ou besouro
Seja lá que inseto for
Se é vermelho ou cor de ouro
Me diga quem és por favor

Foto de Carmen Vervloet

CIRANDANDO (Pelo dia da criança)

“Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar”
Vamos voltar à infância
À infância vamos voltar.

O carrinho que tu me deste
Pra fazer super mercado
Pintei-o de azul celeste
Cismei brinquedos do passado

Corri de um lado pro outro
Fiz barulho e confusão
Na folia fiquei rouco
Soltei louco o coração

Fui ligeiro pra calçada
Pra jogar amarelinha
Com minha boca lambuzada
Beijei a cara da madrinha.

Folguei solto nos jardins
Sob os olhos da (prima)vera
Voltei o tempo em mim
Fui princesa e cinderela.

E nos braços da saudade
Entreguei-me à recordação
Cacei sonhos com vontade
E colhi grande emoção.

“Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar”
Sou uma poeta “vozinha”
Cirandando ao luar.

Carmen Vervloet

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