Confusão

Foto de Inês Santos

Pequenos gestos...

Pequenos gestos

Estou a dormir profundamente…
De repente o telefone tocou!
E tristemente…
Um bom sonho acabou…

O tempo pouco passou…
E ao amanhecer…
Beber café vou…
Encanto-me com o brilhar…
Do sol radiante a encantar..
Este momento não vou perder…

Chega a hora de almoçar…
A família esta em reunião…
De certo vou adorar…
Quem mais amo em união…

Recordo-me de um ente…
Esta a suar de tanto lavrar…
Numa tarde dolorosa e quente…
Cansado ,chega de trabalhar…

Anoitece, custa adormecer…
Nos gestos pequenos reflicto…
Sinto-me a entorpecer…
Não houve confusão, nem conflicto…
Mas tudo isto deu-me a aperceber…
Que gestos pequenos, loucos…
Fazem-me feliz…
São meramente poucos…
Porque ainda sou uma aprendiz…

Foto de Inês Santos

Confusão total....

CONFUSÃO TOTAL

Escreverei o quê?
Se não percebo o porquê…
Estou enclausurada, amarrada…
Sinto-me dramaticamente desconsolada…

Que culminante perturbação…
Que estúpida afecção…
Eu ouso desafiar!
Decididamente a minha paciência…
Tenho de discordar…
Peço clemência…

Estou em inquietação total…
Que adrenalina brutal…
Sou essência banal…
Sou ser trivial…

Inês Santos

Foto de Concursos Literários

Distribuição dos prêmios do 4º Concurso Literário de 2007

Gostaria de pedir a todos os ganhadores, que entrasse em contato comigo, através do e-mail fernandaqueiroz23@hotmail.com, para informar o e-mail mais utilizado, evitando assim desencontros para o recebimento dos prêmios

Gostaria de informar os ganhadores, juntamente com teus e-mails particulares.

E-mail recebido da diretoria de Marketing do patrocínio do 4º Concurso Literário.

Os vencedores podem entrar em contato comigo, diretamente através do email joana@istickonline.com
É muito importante que você me passe uma lista com o nome completo de todos os vencedores e que tipo de prêmio eles ganharam, para que não haja confusão alguma.

Eles terão que enviar me emails já informando qual é a cor desejada do poema e a fonte (ambas divulgadas em seu site).
É possível fazermos isso?

Fico no aguardo para já começarmos a produção dos prêmios!!!

O Link para vocês.

Prêmios Personalizados

Joana S. Rosa

Foto de Inês Santos

Quem Inventou....

QUEM INVENTOU

Quem inventou as palavras…
Devia saber muito pouco sobre elas…
As pessoas andam enganadas…

As coisas fúteis…
Que toda a gente conhece…
Tornam-se completamente inúteis…
Pois, todos lhes chamam o que lhes favorece…

Nas coisas abstractas…
Todos, e tudo se confunde…
Além disso, as palavras não são bem avaliadas!
É esta confusão de vocábulos que nos inunde…

Pois descontrola todo o nosso ser…
E, controla todo o nosso saber…
Verdadeiramente também são elas…
Que todos juntos se tornam belas…

E, ao escreve-las…
Percebemos a importância…
De descrever, de dize-las…
Até, para descrever o cheiro de uma fragrância…

Inês Santos

Foto de Daemon Moanir

A mudança do nada!

Fujo do local onde sempre escrevo,
Porque quero fazer de novo uma vida
Sem piano, sem música, sem fado…
Quero, exaspero para além do que respiro.
Um passado eu beijo de amargo,
Já não o tomo ao meu lado.
Desfaço-me e não me apanho mais
As sobras deixo-as onde irão estar pra sempre
E quem quiser que me refaça bocado a bocado.
Mas esse não mais serei,
Nem me procurarei por tais caminhos
Dentro, fora e sob aquele prado
Aquele céu cintilante,
Aquele som vibrante que d’antes era meu
E agora nem algo me diz.

Para trás ficam só os pequenos versos
Ao tempo persistentes.
Os de tons suaves, tão quentes
Que me davam desejos demais ardentes.
Abraço a mudança que repudiava
Apenas pelo egoísmo de minh’alma,
E para meu bem.

O fogo crepita à minha frente
Quase morto tal como a noite,
Que nem me aquece nem sequer arrefece
Nem o espírito nem a mente,
Alumia somente o que escrevo
De maneira a ouvir tragédia
Em cada palavra que da minha boca sai.
Oh! Quem dera esquecer o passado,
Tal como as árvores esquecem que suas folhas caiem
E as deixam cair outra e outra vez.
Oh! Quem dera cortar o fio
Que me prende com vigor a tempos pra trás de hoje,
Porque tal como este é o último poema da minha vida
É o primeiro de uma outra
Em que pretendo antes de nada rejubilar de prazer.

(Não mais escreverei por louco desabafo,
Nem por eterno amor, escreverei porque é
E não por gosto.
Que não tu! Que não tu! Algo que não tu!
Amarga a raiva que sinto por mim e por ti
Por não me quereres, por nada acontecer…
Algo irá ter de mudar, ao pensar em ti estou de novo
Dominado pelos sentimentos, não mais quero estar assim).

As brasas já pouca luz têm
E finda daqui a pouco
A decisão do meu poema,
Que tem de acabar,
Que carrega em cada sílaba
A dor, prazer e o futuro de uma vida
Que hei-de eu fazer?

Estou no ponto do não retorno
A constante baralhação. Não a suporto!
Não aguento tantos sins, tantos nãos
Tantos talvez e ainda demais porquês.
Deus meu, sinto a minha cabeça explodir
Com aquele som horrendo
Grave, continuo, sombrio
Que destruiu tudo o que alguma vez
Fui de bom
Mas isso é passado
Quero o prazer de uma vida nova!
Não mais quero ser amargo!
Mas sem antes que serei depois?
Sinto o peso do meu Mundo sobre mim!
E a confusão rebenta…

Saio da sala a tremer…
Com o caderno numa mão suja e o lápis noutra pior.
Saio da sala a recordar o último vislumbre
De fogo novo, e enegrecido pelo fumo
Saio da sala com os dedos doridos e cheios de bolhas.
A pensar já na demência e dor…
Saio da sala.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"CAÇADORES"

CAÇADORES

Neste mundo de ilusões, entre ódios e amores.
Vou me esgueirando dos vilões, não sou caça.
Pertenço ao clã de caçadores
E na disputa ferrenha da sobrevivência defendo a minha raça.

Planeio por vales e colinas em busca das presas perfeitas
Tenho o faro das águias alpinas, feroz contundente e certeira.
E neste mundo de geral confusão que insisto em querer competir
Abro um leque de opções,mas não baixo as garras e não aceito Sair.

A vitória tem que ser companheira.
E quando a caça é astuta e insistente guerreira
Realizo-me, pois não aceito desistência.
A pelleia tem que ser verdadeira.

E por fim o descanso é marcado
Caçadores felizes cansados
E iniciantes totalmente deslumbrados
O vencido arfa em um canto, e o vencedor descansa aliviado.

Foto de Wing0Angel

GIRL'S HEART - WOMAN'S FEELINGS -

Quando o coração está entrando
No sonho, pode por dois caminhos seguir
Docemente avançando e tentando
Siga à direita, para do tempo fugir
Ou à esquerda, que é só dor
Quem decide o rumo é o amor

"O coração de uma donzela é a coroa das feridas"
Essas palavras chegam voando
Afinal, alguém entende a incerteza,
Que está me irritando?

MAZE!
É um sentimento inocente
Porém crescente

YES!
Um amor adulto, amadurecendo
Estariam nele as respostas,
A razão do meu sofrimento?

Um abraço revela
Sob lágrimas de admiração
"Não sou mais uma menina
Estou declarando meu amor, minha paixão"

Não só eu o declamo
Todas sentem essa mesma vergonha
Ela não vai passar
Então, porque eu amo?

Glossário:
Título: Coração De Menina - Sentimentos De Mulher -
MAZE: Confusão
YES: Sim

Foto de Cecília Santos

POESIA E CANÇÃO

POESIA E CANÇÃO
#
#
#
Não quero pensar em mim.
Não quero falar de mim.
Quero falar de amor.
Amor que por você eu sinto
Vou esquecer de mim.
Pra me lembrar de você.
Dos momentos bonitos,
Que ao seu lado passei.
Quero lembrar da canção,
Que trazia tantos sonhos.
Pura poesia pro meu coração.
Quero pensar em você.
Não quero pensar em mim.
Quero congelar as imagens.
Voltar os ponteiros do relógio.
Pro tempo que te conheci.
Quero lembrar dos abraços.
Das juras de amor eterno.
Ter de novo seu amor.
Sentir o pulsar do seu coração.
Você era meu sonho,
Minha fantasia.
Meu desejo.
Minha realização.
Você é ainda meu amor.
Minha esperança.
Minha vontade.
Minha confusão
Minha imaginação.
Minha perdição.

Direitos reservados*
Cecília-SP/12/2007*

Foto de Civana

Sem Idéias

Faz trinta minutos que olho pra tela sem saber o que postar. Isso acontece, só espero que não demore muito. Bom, poderia até falar justamente dessa falta de idéias, de como estou me sentindo agora, nesse exato momento.
Uma verdadeira confusão de pensamentos disputando um espaço:

* deixar ou não meu filho viajar no fim de semana;
* confirmar matrícula do curso;
* como acabar meus arquivos do The Sims (?);
* parar de sentir ciúmes de fantasmas (ou serão reais?);
* fazer as unhas até sexta;
* marcar eletroneuromiografia (mãos doendo!);
* porque ele nunca mais me ligou (?);
* o que fazer para o almoço amanhã (?);
* fazer renovação de matrícula do curso do filhote;
* comprar remédio pra gripe;
* não paro de pensar nele (saudaaaaades!);
* preciso voltar a fazer templates;
* converter o restante das músicas de mp3 para wma;
* agradecer ao Vitor pelo programa de conversão de músicas;
* quero dançar;
* visitar minha sobrinha que foi operada;
* crer mais em Deus;
* caminhar no Maracanã e não mais no playground;
* tomara que conversemos por mais tempo nesse fim de semana;
* cortar o cabelo;
* trocar esse teclado irritante;
* ler mais, muito mais, estou precisando;
* dar seqüência aos desenhos inacabados;
* queria te ver...

(Civana)

Foto de Lou Poulit

O CONDE GAGUINHO

CONTO: O CONDE GAGUINHO
AUTOR: LOU POULIT

Quando chegou a sua vez de jogar, o Bacalhau bateu a pedra marfim na mesa de cimento armado, das que haviam na calçada da praça, e disse espargindo saliva e cerveja para todos os lados: A minha mulher é a melhor. Sabe porque eu sempre ganho? Porque ela é falófaga ...— E desatou sua gargalhada mais destrambelhada. A estranha palavra feriu os ouvidos de todos que a escutaram, despertando curiosidade e calando o burburinho dos que jogavam em outras mesas. Todos queriam saber o que poderia significar aquela palavra, mas como todos já conheciam o jeito do Bacalhau, limitaram-se a rir, vindo alguns em seguida fazer uma roda em torno da sua mesa. Ainda restavam pedras nas mãos dos demais jogadores de dominó, mas eles sabiam que a partida estava selada. O velho Baca tinha a última quina e fecharia aquela partida na próxima rodada, sem que os adversários o pudessem fazer algo para impedir.

À sua direita, o Herculano Fraga apoiou o cotovelo mais à frente sobre a mesa, erguendo um pouco o traseiro suado da cerâmica que espelhava o assento dos bancos da praça, e coçou largamente a sua genitália, num típico gesto de auto-afirmação machista. Como não conseguiu atrair a atenção dos demais, que ainda olhavam para o Bacalhau como se houvessem sido ludibriados no jogo, em seguida o Herculano ajeitou os fios grossos do bigode sobre os lábios e levantou o braço para o garçom, enquanto asseverava em tom de brincadeira para o Bacalhau: Se a dona Marilda sabe disso você ta morto, Baca... A dona Marilda era a mulher do Bacalhau. Era uma mulata peituda, nova ainda mas surrada da vida difícil de criar oito filhos. Era uma mulher forte e tinha fama de valente e de mão pesada, que não havia por ali quem não o soubesse. Do outro lado da rua, um negrinho acenou da calçada do bar, confirmando que já levaria para eles mais duas cervejas. Depois, o Herculano falou com impaciência, mostrando que também nas suas veias o sangue já derrapava nas curvas: Acabou senhores, não adianta chorar o leite derramado. A quina com o terno está com o Baca... É, tem jeito não, mas na próxima vou estar de olho em você, Bacalhau — O “seu” Charuto acrescentou, do alto dos seus mais de oitenta anos... Ô, Cha-charuto, vê se, se não começa aí, o meu parceiro ta be-bêbo, já nem tem, já nem tem condição de roubar no, no jooo-jôgo.

O parceiro do Bacalhau era o Conde Gaguinho, que só bebia uns goles e no copo dos outros, para que sua mulher não visse ou fossem lhe contar. Mas noutros tempos bebera muito e de tudo que contivesse álcool, “menos perfume, não gosto não” dizia sempre. Até que depois de uma bebedeira despretensiosa foi parar no hospital, de onde saiu 45 dias e noites depois, muito pálido, todo de branquinho, parecia um defunto, apoiado no braço companheiro da sua esposa e enfermeira, Josefina. Ficara manco, meio lento e gago, porém ainda estava vivo! Razão da sua contumaz alegria. Era mesmo descendente de um conde argentino, que recebera o título pelo casamento com uma alemã, mas o Gaguinho fazia o tipo canalha-engraçado sem a menor cerimônia, e quando queria fazer com que todos rissem se passava por enfezado, falando palavrões gaguejados. A despeito da piedade carinhosa que despertava, era o mais ladino de todos.

As pedras foram embaralhadas e redistribuídas para uma nova partida. Olhando as pedras que escolheu e fazendo cara de desgosto, o negro velho e malandro, que parecia mesmo um charuto, coçou a calva dos cabelos crespos e brancos e tornou a implicar com o Bacalhau: Mas peralá, voltando à vaca-fria, ô Bacalhau, a gente estava falando de mulher boa, né? — O outro confirmou com a cabeça — Então você disse que a sua era a melhor, mas não explicou o porque... Mas eu disse, “seu” Charuto... Não, você usou de propósito uma palavra que, pelo jeito, ninguém entendeu, ou fez que entendeu... — O Herculano sorriu e o Gaguinho também queria entender, o Charuto insistiu — Vamos logo, Baca, explica isso aí que ela é, que agora todo mundo quer saber...

O Bacalhau se fez de rogado e, aproveitando a passagem por perto do garçon pediu mais cerveja. O Gaguinho arriscou: Ele qui-quis dizer que ela é fa, fa-fa-ladeira... Nem pode, Gaguinho — Replicou o Herculano com um risinho sarcástico — Nem tem como... As jogadas se sucediam e, alheio ao falatório, o velho Charuto não tirava os olhos do Bacalhau, cismou que o pegaria de gato ainda naquela tarde. O Gaguinho arriscou outra: Então só, só pode ser pó-porque na hora a, ‘aaaa-ga’ ela fa-falha – Disse escondendo o olhar por detrás das pedras que tinha nas mãos... Dessa vez todos os demais acharam que não podia ser e caíram juntos numa grande gargalhada. O velho negro fechou o jogo, mas foi o Gaguinho quem anotou numa papeleta o traço correspondente àquela partida (ou pelo menos fez que estava anotando), porque todos riam muito ainda. Enxugando as próprias lágrimas com o dorso da mão, o Herculano explica: Não, senhor conde, nesse caso ela seria ‘fa-falhófaga’ – Mais risadas... E voltaram a uma nova partida. No momento mais decisivo desta partida, na sua vez de jogar o Bacalhau pôs seu dominó na mesa com algum barulho, fazendo um gesto discreto, mas que não escapou ao olhar e aos ouvidos atentos do Charuto. Ó, ‘seu’ Baca, pode parar... Que foi Charuto?... Eu vi, tu ta fazendo sinal com a pedra pro Gaguinho, ta pedindo o carroção do terno pra tu ficar batido... Eeeeuuu? Ocê ta bebo, eu nem to vendo terno aqui... Ah, não né. Então eu vou esperar até esse terno aparecer, porque se o terno com a ás não ta na mesa tem que estar na mão de alguém, e se estiver na tua eu vou te botar no lixo – Prometeu o negro, convicto de que dessa vez pegaria o Bacalhau de jeito. Compreendendo o verdadeiro sentido da expressão usada pelo Charuto, o Herculano completou com sarcasmo: Baca, meu camarada, vai abrindo o teu olho, porque o Charutão aqui escolheu você pra botar no lixo, e eu acho que você não está em condições de sair correndo não...

Novamente foi a vez do Bacalhau, mas ele não se mexeu. Os segundos passam e ele não se decide, olha para o jogo e para as pedras na sua mão diversas vezes, porém nada de colocar uma pedra na mesa. O charuto se esforçou para parecer irritado, coisa impossível de se imaginar para quem o conhecesse, e exigiu que o outro deixasse os demais jogarem. O Bacalhau ouviu impassivelmente. Sabendo que a dupla que perdessem mais uma partida perderiam também o jogo e teriam que sair da mesa, Herculano pôs lenha na falsa fogueira do seu parceiro, aproveitando-se do seu potente timbre de voz: Ta fugindo da charutada, né. Mas não vai adiantar, ou você joga ou levanta da mesa e deixa os outros jogarem... Pressionado, o Bacalhau acabou por ceder, mas não sem antes fazer também a sua cena, olhando desafiadoramente com os seus olhos baços e estreitos para os dois adversários, tentando fazê-los crer que tinha duas pedras válidas naquele momento. Mal o Bacalhau acabara de deixar a sua pedra na mesa, imediatamente e com um sorriso largo, cheio de dentes amarelados sob o bigode grosseiro, o Herculano Fraga fechou as duas pontas em ternos, e o Charuto deu um tapa na mesa de satisfação. Agora era a vez do Gaguinho, e ele tinha a impressão de que todos os olhares da praça e das janelas dos edifícios em volta estavam esperando impacientemente pela sua jogada. Tentou pensar em uma saída para impedir que jogassem seu parceiro aos urubus. Mas não havia. Estavam todos prestando atenção e, naquele momento, não seria possível usar uma trapaça sem que a percebessem. Expirou todo o ar do seu pulmão frágil e num gesto de desânimo jogou o tão esperado carroção de ternos sobre a mesa, sem a gentileza de encaixá-lo em uma das pontas. Na sua vez, o velho negro apontou o dedo indicador grande e cheio de nós para o Bacalhau, “Sua hora ta chegando, meu neném...”, e estendeu a mão para encaixar a sua pedra. A chegada do garçom com a cerveja não interrompeu a risada geral provocada pelo alerta do negro, mas quando o rapaz estava servindo Bacalhau fingiu se acomodar no banco, e assim fez com que o garçom derramasse cerveja no colo do Charuto. O negro deu um pulo ágil mas inútil para trás, reclamou, chamou o adversário de desastrado, porém não demorou para que voltassem ao jogo, que estava no seu clímax. Mas assim que recomeçaram chegou a vez do Bacalhau, que disse apenas “passo”. O Herculano foi o primeiro a escapar da surpresa: Como “passo”? A gente sabe que você pediu o terno, agora vem com essa de “passo”...
Mas eu não tenho terno aqui, uai. O que você quer que eu faça, Herculano?... – O Bacalhau tentou se justificar. Todos se entreolharam, procurando uma pista para entender o que estava acontecendo ali.
Determinado a pegar o Bacalhau, o negro levantou-se e fez com que ele abrisse as mãos. Todos viram que nelas faltava uma pedra. Então, afastando as pessoas da roda para procurar a pedra que faltava pelo chão da praça, para sua surpresa e dúvida o Charuto se viu diante da Marilda, e aos pés desta a tal pedra. Sem saber ainda o que estava acontecendo no jogo, a mulata respeitosamente agachou-se para pegar a pedra e entregá-la ao velho negro, que assim sentiu-se embaraçado. Até um segundo antes queria provar que o marido dela era um trapaceiro safado, mas agora já não tinha certeza de que devia fazer isso. Sentindo a tensão provocada pela chegada inesperada da Marilda, o Gaguinho quis fazer uma graça para descontrair: Ó, “se-seu” Baca, chegou a fa, fa-falófaga... A mulher não entendeu, mas sentiu-se convencida de que não devia ser coisa boa e foi logo dando a cara emburrada: Quem é o que aqui, “seu” moço?... O Bacalhau não movia nem um dedo, quietinho, com o pescoço já enterrado no tronco. E o conde, deveras assustado, quis se eximir de qualquer culpa: Sei não, dona Maaa-marilda. Quem fa-falou foi aqui o seu, ma-marido Baaa-baca!

A Marilda até costumava dar uns tapas no Bacalhau, de vez em quando. Porém achava que isso fazia parte da privacidade deles, e não julgava aceitável que sequer o tratassem de “babaca”, ou de qualquer outra forma pejorativa. A perder tempo explicando a sua intenção inocente, o Gaguinho preferiu levantar-se, e se preparar para correr o quanto pudesse. E a mulata já ia dando a volta na mesa, na sua direção. Peraí, dona Marilda. O seu marido aqui ta roubando no jogo. Essa pedra que a senhora pegou no chão bem ali, foi ele mesmo que deixou cair de propósito... – O Charuto argumentou. Conhecendo bem o próprio marido e sentido-se na condição de ser respeitosa para com a severidade do negro octogenário, a mulata estancou por um instante, até decidir o que fazer. Herculano tentou dar um jeito no aperto do amigo Bacalhau: Pode deixar, a gente já conhece esse pilantra e gosta dele assim mesmo... Mas a Marilda não quis saber de conversa, pegou o marido pelo cotovelo e foi puxando aos trancos, dizendo que queria ver se a pilantragem dele funcionava em casa. Não houve quem conseguisse ficar sério.

Fim de confusão, o Charuto pediu ao Gaguinho a papeleta de marcação dos pontos: Gaguinho, passa a papeleta e deixa a outra dupla sentar na mesa... Mas a paaa-partida não te-terminou! -- O conde protestou. Como não? – Herculano quis ver o rasgo de papel – Só faltava uma, o seu parceiro roubou, o ponto é nosso... Pooo-pode ver bem aí na, na paaa-pa-pa-peleta que ainda fa-falta uma paaa-partida!... Falta nada não, seu conde canalha! Eu estou contando desde o início. Você deixou de anotar aqui a batida do Charuto... Eee-euuuu?... Você mesmo, com esse seu jeitinho de pobre coitadinho, seu Gaguinho, sei que é o maior larápio... O Gaguinho pretendia rechaçar a acusação do Herculano, mas como todos em volta riam com certeza concordavam, e o jeito foi rir também. Para não perder a dignidade ponderou, para delírio dos demais: Ora, aaamigo, se eu não tenta-tasse, como podia saaa-saber se você presta aaa-tenção no jo-jogo?

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