Ciúmes

Foto de von buchman

RECORDAR É VIVER . . .

Recordo...
Do nosso primeiro olhar,
do primeiro beijo que te dei
e do nosso primeiro amar..

Recordo...
Das primeiras palavras,
de tuas atitudes,
dos poemas que te fazia ao luar,
das canções de amor feitas ao namorar...

Recordo...
Das flores que te mandei,
do nosso primeiro encontro,
até de minha mão boba
que resultou em um tremendo AÍ NÃO.

Recordo...
dos teus carinhos,
dos teus ciúmes,
de tuas caras feias
até de tuas tpms...

Recordo...
Do convite que me fizeste
que resultou numa noite de louco amar...
LEMBRAS ?

Recordo ...
Da nossa paixão delirante,
dos nossos beijos apaixonados,
daqueles abraços apertadinhos cheios de ...
Ah ! Como é bom recordar ...

Recordo...
Dos passeios de mãos dadas,
dos teus sorrisos e das tuas pallhaçadas

Recordo ...
Do nosso ninho bem mimoso,
dos vinhos que tomamos,
daquele jantar à luz de velas
e das músicas que juntos dançamos
de rostinho bem colado ...

Recordo...
Daquela viagem que fizemos,
a Ilha de Fernando de Noronha,
dos lindos momentos que lá vivemos
numa semana de apaixonar ...

Recordo...
Da neve que caía na cidade de Canela,
daquelas noites frias de inverno,
dos nossos corpos bem juntinhos
se aquecendo debaixo das cobertas...

Recordo..
Das juras de amor eterno
do anel de noivado que te dei
e do dia em que tua mão pedi...

Recordo...
De nossa união,
de nossa noite de núpcias
e de nosso primeiro amar...

Recordo ...
Da história de vida que escrevemos,
dos filhos que tivemos e criamos
e dos netos que estamos a esperar...

Tantas recordações tenho na vida
mas uma eu não posso esquecer,
quando você olhou nos meus olhos
e disse :
" ËS O HOMEM DA MINHA VIDA,
É CONTIGO QUE QUERO CASAR "

TENHAS MEU ADMIRAR, BEIJOS E MIMOS DE PAIXÂO....

Foto de Raúl Gabriel

Minha bela flor

Doce é o teu sorriso nesses teus lábios
Feliz era eu se eu podese beijar os
É verdade eu estou apaixonado por ti
Feliz é aquele que consegio conquistar o teu coração
Infeliz so eu que vivo agora em solidão
É verdade eu estou entalado em ti

Minha bela flor
Como é que consegues
Por me a poetar frases de amor
Ilustraste a minha vida de novo com cor
Ou é tudo mentira?
Minha bela flor
Porqué que ainda negas
Feliz era eu se fosses meu amor
Feliz era eu sem ter que viver com esta dor
Minha bela flor
Minha bela flor
Eu estou a implorar-te

Rico ficava eu se tu fosses finalmente minha
E quem é que não ficava contente com aquela doce sinhá
É verdade eu estou apaixonado por ti
Eu tenho ciúmes de aquele que te pode tocar e beijar-te
Mas uma coisa que tu não me podes impedir é amar-te
È verdade eu estou entalado em ti

Minha bela flor
Minha bela flor
Eu estou a implorar-te

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

MEU AMOR...CIÚMES NÃO!





Meu amor não tenha ciúmes,
Não me venha punir.
Meus olhos não têm outra direção
a não ser só atingir seu coração.

Meu amor,ciúme empobrece, vê se esquece
É você quem me merece.
Não olho para os lados,
Só olho pra ti meu namorado.

Meu amor ,o ciúme é um veneno,
Nos torna tão pequeno.
Cansando-nos dor, e desamor,
Matando nosso amor.

Meu amor, ciúme corroem a alma,
Tira-nos a paz, isso não se faz
Pois eu te amo demais.
Ciúmes é tolice alguém já lhe disse.

Meu amor, não tem cabimento
Tanto sofrimento, se a ti és meus
Sentimentos, és o meu amor...
Ciúmes é uma palavra que não tem lugar
E vamos com isso logo parar!

Meu amor, se for para perdemos
Tempo, que venha-nos a perder
Com o nosso amor,
E não com ciúmes
Que nos empobrece a alma e nos faz sofredor.
" confie mim, assim como confio em você"

Anna A FLOR DE LIS. *-*
/21/04/08
18:52

Foto de Lou Poulit

CANTOS RECENTES DO POETA PASSARINHO (PROSA E VERSO)

BLASFÊMIA

Porque eu não quis o fardo de perdê-la, com cada dardo de luz a sua estrela moça me apunhala; mas o tempo entre nós, de dedo em riste, fez-me triste pela sua intangível plenitude. Em quietude, reflito. E me lembro da sua pele tesa, ansiosa sobre trêmulas fibras, me comendo como a uma jovem presa predada às sombras frescas do dia (hoje dessa minha tristeza). Como esquecer suas tramas ingênuas, de uma mulherice de reações rosadas vestida de saltos e brilhos para a noite? Como resgatar tão tênues limites tangidos pelo olhar, quando dissimulando bramidos e silêncios de um improvável e profundo mar fazíamos concessões fugazes, como espumas na areia?

Porque como um bardo adolescente eu quis detê-la, e ao seu instinto inevitável na ponta dos pés, a sua estrela ferida por outro vagueia ao rés dos meus exílios e possui os brancos fartos dos meus pelos, sem pressa, até dos meus cílios, ferrenhas grades dos porões dessa minha lágrima tardia e inconfessa. Reflito. À beira de penhascos resvalo, e reflito. Sob o trepidar dos cascos da memória me ralo, mas ainda reflito. Mesmo ao engasgo com que rasgo os vazios subterrâneos da minha decrépita esperança, desesperadamente reflito!... Até que refletir seja apenas um estratagema, ignóbil, imperdoável e ironicamente necessário, que à transitoriedade de tudo blasfema: o amor não tem idade!

Mas é tarde. Porque entre a reflexão e a lágrima já não há vago, é tarde. Porque a certeza que trago caminha de bengala, porque não se cala mas já não trama, é tarde. Porque o fim de quem ama não está no decurso do tempo nem no percurso da distância, mas na vagância de não amar; nem na demência da moral nem na presença de juízo, mas na ausência de saudade; o fim de quem ama está em não se exercer o tempo. A melhor de todas as minhas descobertas fora encontrar, nas flores abertas, o divino de cada mulher, em que devia crer como menino; mas a pior de todas as minhas íntimas blasfêmias, foi não me prostrar ao que sempre houvera crido nas fêmeas.

(Itaipú, mar/2008)

AMANTE EU ME QUIS

Amante eu me quis
E ela quis-se prenda
Cio e cena, senda
De uma bela atriz;

Jugo e julgamento
Paguei preço justo
Mas depois, que susto...
Mesmo hoje inda tento

Inda quero e busco
Tombo ávido e brusco
Nos dorsos da vida:

Quem sabe, com sorte
Morro inda de morte
Do amor comovida.

(Itaipú, mar/2008)

ERGUE-SE A VIDA

De sob o tempo indolente de um caminho íngreme e da sua penitência, de descer sem resvalar para saber como voltar, de não ter a quem contar como devesse ser julgada, e saber que a solidão voluntária mais que um direito é uma dádiva, ergue-se ávida a vida.

De sob julgamentos ilegítimos, os ritmos do destino crido, o protagonista interino, ferido pelo próprio veredicto, o bailarino das sombras, refém das próprias luzes, exilado no silêncio e na castidade, banido remido da cidade profana, nele ergue-se a vida, soberana.

Porque o amor não é óbvio como a nudez que se revela, porque se a procela íntima jura e insulta, a paixão mesmo impura indulta a florada dos espinhos... O amor não tem caminhos e caminha mesmo longe dos aplausos, como um monge velado por sua estrela, selado por seu arcano... Meu amor é pela vida um amor humano.

(Itaipú, mar/2008)

ANTES

Antes que me profane esse céu que eu mesmo criei por querê-la, tanto, de minha alma tardia como seu leito tardio... Antes que me sacuda um aplauso de mim mesmo arredio, e a chama expire e repouse sobre a cinza o pavio e soluce a sombra do que antes fomos... Antes que a paixão, descida dos seus tronos, renuncie à nossa milenar cumplicidade... Antes que essa saudade me deserde dos seus hormônios, pelos meus poros, posseiros das minhas estrelas, juízes dos meus himeneus... Mas antes!... Antes que meus rasgos desalinhados sejam remendados por impura compostura e se recomponha o herdeiro das idéias, dos golfos nas traquéias por impostura, a criatura completa perdida da sua costela, incontinente em sua cela: solidão... Oh, antes que uma vergonha aflita me possua e a desdita lembrança dela, inconha e nua, toque fundo no berço o sonho que já não sonha... Poesia!... Oh, minha poesia, arrebata-me das palmas desse papel frio e sedento! E colha-me em teu colo colossal... E recolha meu corpo estilhaçado, poro a poro, esse impagável fardo em que ainda agora eu ardo e evaporo, incomodado, sobre uma chama abissal.

(Carioca, mar/2008)

POR QUE SE ME DESTE?

Porque se me deste manhã, quando já não havia um luar que me oferecesse a sua esmola, implora esse meu amor agnóstico por um crepúsculo de relâmpagos e lama, arrastando-se o leito cósmico, em que se alargue bem, e aos poucos, com roucos protestos, o inventário dos meus futuros restos, aos punhados, desapunhalados dos tremores que acarinham o gozo que me assola... Eis, enfim, a mais desejada esmola!... Ah, por amor mais se amarga a ausência do que se alarga o silêncio na distância, e mais se erguem vãs defesas do que se embarga a manhã de ilesas estrelas... Pois o amor não tem sentido em si mesmo, porque dar-se exige quem o receba, ao alcance do tato! E porque o fato... É que não suporto mais essa espera! Apenas um momento quisera. Depois quis o tempo de espera. Mas o amor exagera e agora só quer tudo, o tempo todo. Não transige, não mente e mais se sente nada, tanto, tanto... Oh, por que tanto assim se me deste, Manhã?

(Carioca, mar/2008)

ESPANTALHO

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse hoje que ruge e fulge no poço o anjo quando ela se debruça sobre o céu grisalho, eu seria tão injusto quanto um fútil amante, plantando em meu peito um inútil espantalho. Pois que se deite comigo à nossa colheita e abarrote as suas entranhas de sementes e acolha esse rio meu de estrelas cadentes (e o seu silêncio morno) à espreita
dos nossos futuros percalços, inseguranças, intrigas, ciúmes, brigas e tudo que desune. Protegido, esse nosso amor permaneça imune e ao mais profundo arrebatamento desça.

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse em lucidez, nem fosse a sua tez a aurora dos meus escuros (toda vez que o amor se mete em apuros), o espantalho, refém do próprio espanto, em vez de um encanto seria um anjo degredado. Pois que venha o amor à mesa, e a sua chama acesa ao fio dos olhares, sobre a comovente juventude dela e a minha paixão, essa cadela indecente... Pois que se mantenha o indignado julgamento alheio longe do dorso amado, sem nenhum arreio, veio profundo dessa droga genérica, minha liberdade homérica e indigente.

Ah, como eu amo essa mulher, tanto... Com o vigor de cada fio branco, quitado com a minha velha juventude inquieta, que me arde o peito franco de poeta enquanto guarde o quanto exerça o espantalho, emancipada do talho, a emoção da minha amada.

(Itaipú, mar/2008)

CALÇADAS DESSA NOSSA VIDA URBANA

Calçadas dessa nossa vida urbana... A insana crença de ser e estar sempre dando uma chance ao destino, ser solto no mundo e, ao mesmo tempo, estar como na sala, receber e ser também recebido e, em compartilhada privacidade, desarmar o proibido. Sobretudo a nossa libido, assenhorada, indultados de habitá-la.

Alçadas pela divina verve humana (que assim profana que se preserve) ao dossel da densa solidão da urbe, por mais que lhe conturbem as dívidas das tão vívidas ilusões tão frágeis, ah, as nossas calçadas intermináveis são retos labirintos de preces devotadas, de penitências e caçadas. Nenhum decreto, nenhuma vela acesa... Qualquer promessa liberta a alma, ilesa de ser no fundo só e íntima do exíguo (ínfima queixa que nem vale à pena); à lua plena, quem precisa de liminares em lugares onde os olhares, como floradas, defloram a jurisprudência do desejo?

Pois na minha calçada predileta, hei de plantar ainda uma placa. Mas uma placa de poeta, como convite póstumo a Baudelaire e Pessôa, onde escreverei: "VOILÁ LA VOLUPTÉ". Por que não? As paixões são também portuguesas, como as volupitosas pedrinhas de Copacabana! E em baixo: "MOI ET TOI". Onde habitamos e somos habitados...Oh, as calçadas dessa nossa vida urbana.

(Itaipú, mar/2008)

ME ABDUZA

De manhã, a manchete de hoje era um salto de espinha abaixo, sem truques nem cambalachos, sem volta, sem escolta... Implume, à beira do ninho. Imberbe ao fim do caminho.

Mesmo sem ter a quem pedir ajuda ou conforto, nem morto, meu coração, eu te renego. Não te nego o direito (nem ao torto) agora que enfim tuas dívidas cairão do prego, que virá ela pousar plena ao meu tão sonhado alcance... Não caia o poleiro, o verso não canse. Porque voa essa pássara no rumo em que lhe aguarda o amor e a poesia... Pois, que à revelia ela arda! Pois que a valia de arder é ter amado.

Mas não espero ser meramente amado pelo seu amor medido em eras de anos-luz. Nem apenas seduzido. Quero ser em verdade abduzido! Varrido e vasculhado, desidratado pela cauda de um cometa, que me reduza à uma lágrima de mulher... Ah, Pássara, me abduza.

(Itaipú, março/2008)

SE FOSSE TANTO O AMOR CRUEL

Tomou-me, ufano e covarde à faina da velha bateia, à tarde, de ser notado por tardios, preciosos olhares, roubados ao céu e ao mel mas curvados ao seu e ao meu: um desertado amor magoado.

Era tanta, tanta a sua mágoa, a dessedentar-se no meu espanto, que pensei: se fosse tanto o amor cruel não cantaria seu canto a cotovia, não haveria o sonho de amar, nem (que falhassem) tantos venenos, e nossos enganos seriam pequenos.

Devolveu-me esse amor (que ainda arde) a mim mesmo, depois e a esmo, numa calçada sem esquinas: se fosse tanto o amor cruel as minhas amadas seriam todas bailarinas e aos seus palcos (tão mais ardidos) talvez me faltassem proteínas.

(Carioca, março/2008)

PINTURA FRUGAL

Súbito, nas palmas da lua o tema...
Plena e deserta a tela implora a cena
Como um teorema a ser consumado.
Ávida e nua, dádiva a ser consumida.

O amor usa de sofismas só seus
Para nos converter em cismas suas.
É demônio e é santo. Até deus!
Doando luares como hóstias cruas.

Traços, aguadas, promessas, primícias
Devassas servidas, doces sevícias...
A arte é um coito que nunca termina.
Pierrô afoito. Oh, afoita colombina!

No epicentro de um pouco épico tombo
E no assombro de um gozo nem tão estético
Em que a febre viceja (e a alma a deseja)
O artista verseja, quase profético:

Pintura frugal, a dar-se a mim estreito
Hás, limiar, de dar-se além do leito.

(Carioca, março/2008)

CANTOS GAIOS

Eis a vida, aos pés da sorte.
Um sonho galgo, galgando gratas misérias
Sem temer tombos e trombos que suporte
Nos largos ombros do anjo que lhe vier.

Donde vejo essa, na estratosfera
Perdoaria Dalila e acudiria Prometeu
Porque a eternidade é uma quimera
Para um amor tão generoso como o meu.

Do que entre fatias fugazes de amenidades apenas
Fazendo mágicas tenazes (nem tão amenas)
Seria eu eterno e inteiro entre seus dedos
Mais à vontade do que no caderno do jornaleiro.

Ah, eu pagaria com juros as minhas juras
Doando-me a ler todo dia o jornal de ontem
Só para recair de todas as minhas curas!
E loucamente amar de novo... Oh, cantem

Ao precipício entre os olhares e aos seus soslaios
Meus pássaros, os meus cantos gaios, cantem.

(Carioca, fevereiro/2008)

ESGUICHO

Um esguicho aspergindo agonia tingiu o nicho escuro da minha auto-estima, com tons claros de uma líquida e morna alforria. Eu corria tanto. Corria e corria... Como um bicho sem paz eu zanzava, sem sair jamais do lugar em que estava; preso no visgo, vesgo de amor eu não via meus escombros na poça (a que fiz jus!), do corte certeiro de um raio de luz.

Dissimulada, a estrela que fez isso (do instinto intangível, íngreme e insubmisso o poeta dócil, submerso no esgarço do velame e acoleirado pelo verso ao firmamento) quer apenas que eu ame. Ame e ame... E escame o brilho d’alma ao vento. Mas o amor teme a própria catarse e por uma múltipla entorse (do salto para dentro) exila-se num centro em que tudo se lhe roce.

Ah, o amor que desnuda e desarma... O penitente que em sua Compostela espera ungir-se com os estilhaços da janela, no entanto preserva os cordeiros do vitral; até que converta-se a noite atéia em dia, e a alcatéia em coral e a teia casta da anorexia em um esguicho lustral.

(Carioca, fevereiro/2008)

UM RAIO INSUSPEITO E ARREBATADOR

Um raio insuspeito e arrebatador entre opostos exílios, antes tramados por escolhas colhidas à razões tolhidas, nos fez amantes desertados.

Quando nada os detém, olhares detonam uma reação em cadeia servida à ceia de um desejo vasto, em que sós nossas testemunhas somos, ideais sem pejo de aias e mordomos, comensais intrépidos em tépidos covis...

Oh, tépidos covis da madura idade!
Oh, ledos covis sem cocho ou grade!

Um olhar insuspeito e arrebatador do exílio colheu-me e comeu-me à flor da minha abissal leviandade; a lágrima fringiu-se e evaporou-se, cingiu-se de cinzas o peito que a trouxe, decerto, meus covis hoje correm a céu aberto.

(Engenho Novo, fevereiro/2008)

JARDIM DO ABISMO

Nem eu me lembrei do tempo nem ele se apercebeu da minha ausência, mas se agrisalharam os meus pelos... Nem eu quis vertê-los nem capturei os seus buquês, mas os momentos voaram do cálice... Seixos que um dia, talvez, encaixem-se, a memória amontoa, assim à toa, cobertos de pó nos recônditos do absurdo... Em cada beijo um estalo, eco surdo de lirismo, que roga um resvalo à nudez das paredes. Ah, os dias sem amar... Ajardinam o fundo do abismo.

(Largo da Carioca, fevereiro/2008)

TEZ SEM EXTREMOS

Ah, porque ela não tem na tez extremos
(Salvo os olhos, que também são morenos)
Pouso a alma e vejo o meu próprio reflexo
Porque o sexo, estância além do mundo

Rio profundo, caminho estelar
Grafara n’alma, ao silêncio das curvas
Feitas sem o zelo de me tomar
Dos limites: A morte não me quis.

Restou, feliz, este amor são e salvo
Alvo das suas perguntas tolinhas
Rangendo as janelas donde as rolinhas
Nos espiavam, pelas persianas;

Em preces profanas, tão doidivanas
Sim, eu amei... E como nunca soubera;
Porque não era o fim a antiga era
Porque eu não estava ainda preparado.

Pouso alado (ao lado a tez sem extremos)
No ermo lúcido do amor em que cremos.

(Carioca, fevereiro/2008)

VENHA

Venha, porque eu tenho
Bem mais do que fui
E donde hoje eu venho
A dor não possui;

Venha, porque trago
Bem mais do que cabe
Neste meu vago
Que ninguém mais sabe;

O meu sonho é um salmo
Na tez d’alma escrito
Com letras de um palmo
E ainda a ser dito:

Se o afago perpassa
A tona do lago
E é luz o seu cio...
É o amor que trago

Guardado e tardio...
Divina devassa.

(Carioca, fevereiro/2008)

QUISERA O AMOR QUE EU AMASSE

Quisera o amor que eu amasse
Tanto, tanto ele quisera
Que ao desarmar-se o amor que era
Ele antes me devassasse.

Quis o amor assim tocar-me
Tanto, tanto, o sol ao lis
Que o céu que de mim eu fiz
Devassou a minha carne!

Será sempre o amor assim.
E eu serei sempre o que sou
Sem saber mais que soubera.

A me armar, como arlequim
O amor vem (quem nunca amou?)
Deserdar-me do amor que era.

(Carioca, fevereiro/2008)

ME SABER ME BASTA

Eu dissimulava por onde fosse. Cantava o tempo todo. Sussurrava, depois quase gritava. Ah, eu cantava, cantava, cantava... A música era a da amada, sua preferida. Eu a tomava emprestada. Se pudesse, seria capaz de roubá-la! Eu dissimulava perdidamente. Colhia todos os olhares do caminho mas só ficava mesmo com os dela... E com a carne úmida dos sorrisos e o risinho tímido dos mamilos e o andar, que mal tocava os pisos, e os glúteos. Glúteos? Oh, comprimi-los...

Eu dissimulava enquanto ria de mim mesmo. Não por auto-piedade ou desestima. Eu dissimulava piamente! Ela era um templo, uma porta entreaberta. No nicho, uma absolvição além da palma, roçando a alma como açoite de dia, de tarde e de noite, vazando entre os dedos da mão tenaz. Sonhada... Uma graça fugaz sob a coberta de credos e dogmas deserta. Generosamente incontinente. Mas até seu resíduo era emprestado, como tudo o que era dela crido. Até que da vidraça fez-se o alarido de miríades de estrelas, janela afora vazada.

Mas não doeu nada, não doeu nada... Eu mesmo fiz isso. Avidamente eu mesmo fiz isso... Não há mais no que crer. Me saber me basta.

(Itaipú, fevereiro/2008)

O ESPELHO E A BAILARINA

Esse amor meu de poeta...

Cuja paz decreta e se professa ungida
Que, impune, confessa ser a própria sobrevida
Do réu imune, ao rés de mais uma vez tocá-la
Com um arrepio de sopro, pele tão desejada...

É uma montanha que jamais se cala!
Mas resvala e em profundo silêncio se esbate
No magma de um improvável vate.

Dentro dela habita uma estrela antiga
Que sussurra uma cantiga e nina a emoção
De ser a mansão e a monção da bailarina
De infladas cortinas e peito pronto a se fender...

Oh poesia das entranhas do ensandecido
Sou eu que fendo! Sou eu que fendo! Eu, a montanha...
Ao gume úmido, entre arabesques colhido...

Na poça, em que de versos me embriago seu
Tombam a lua e o gozo com que pago eu
As minhas brancas súplicas no breu da fonte...
Então... É a poça que seduz o lago?...
Ou a dor de amar? Que a ninguém se conte...

Esse amor meu de homem...

Cujos olhos comem a carne emancipada
E que verte o sonho e o seu torpe inchaço
No levitado abraço do amor da amada
Não aconselha jamais o que se cobre...

Mas esse nobre amor meu sempre a espelha
Concede a verdade e a fantasia e as espalha
Aos dentes da noite e aos palcos do dia...

Que dentro do espelho havia nela um abismo
Por cujas paredes o seu sismo, que a desvalia
Refém das suas areias e dos meus espumados dedos
Escorregava e em mim cravava velhos medos.

Oh céus dos meus sentidos
Eu fui o mar! Eu fui o mar! E o espelho-mar...
Mas sou agora os rochedos... No olhar, bramidos...

A moça, estrela cujo sonho na poça repousa
A senhora da lousa, de sapatilhas desatadas
Confia como as fadas no amor frugal, mas ferina
Despetala o seu amor de bailarina, cada centelha à mó
Do aço nu... Do espelho amado que a espelha só.

(Itaipú, Fevereiro/2008)

HOJE A CELEBRO, TÃO GUARDADA

Não era minha, nem tua
A mão que encrespava o mar
Pastoreava o vento
E escavava os grãos de areia...

Nem na vinha, nem na lua
Nem ao amor restava amar
Tão doce, o resto lento
Mais que o sonho pastoreia...

Era d’alma dos amantes
Que, indelével, o tempo habita
Montando em pelo a delícia
De sermos assim da vida

Ermos d’estrelas distantes...
A lembrança mais bonita
(a mais eterna primícia)
a emoção na voz contida

Celebrada, tão guardada:
Como, Sempre, és tão amada...

(Itaipu, mai/2007)

PREDESTINAÇÃO
(Poema Tríptico)

Manhã I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar
Das profundezas do desejo vindos.
E na areia a luz de um gozo rendado
Extrema unção de um amor guardado
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

Tarde II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los
Os brancos fios dos meus cabelos?

Noite III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

ANIVERSÁRIO DA MIXINHA

Hoje celebro uma estrela, extrema estrela velada pelos véus de antigas eras, de fogaréus, de esperas, quimeras, deveras dada; que em silêncio crepita n’ara desdita que lhe valha a dor do peito. Acalenta. E por direito se apascenta dos lapsos de um anjo canalha...

Hoje celebro uma fêmea, efêmera crença minha, roubada a um conto de fadas por arcanos, comezinha; e por anos de vigília, ppr um gozo que eviscere a plenitude, em que se esmere a rapsódia do claustro. Fausto íntimo, fausta chama, que só não cala a quem não ama.

Hoje celebro uma luz que só nus temos por nossa; querer bem a um anjo alado, de um querer que não se apossa, é um amor iluminado, que não se pode tocar sem que se toque a si mesmo, por inteiro. É o amor mais verdadeiro... Inconho amor, já por si mesmo tão naturalmente celebrado.

(Itaipú, maio/2007)

Foto de Teresa Cordioli

A quem posso pedir socorro???...

Escrevi esse texto a pedido de um amigo, baseado em experiências que vivenciamos no escritório diariamente (Advocacia) . Mas acreditem meu amigo nem veio ler, ou então se leu não gostou... buáááá...

Pura ficção...

Teresa Cordioli.

Acordei com ciúmes
Ciúmes sim,
Ciúmes de mim,
Do meu corpo
O que você usa
E lambuza
E não respeita...
Só pensa em mim
quando se deita,
e me espreita
até que eu te aceite...
Eu me amo sabia?
Só não tenho forças
Para gritar...
E me negar a ti,
As crianças dormem...
Beija-me
Com sabor de garrafa,
De Cachaça,
E sob ameaça
Eu te aceito
Para que logo seja feito
Não tem outro jeito
Não tem a quem pedir socorro,
Meus filhos eu recolho...
Tenho medo.
Tenho ciúmes
Desse corpo
Que é só SEU
Mas nessa hora
Eu sinto ser só MEU
Você apenas me usou
Eu não pertenci a você...
Corro tomo banho
Chorando eu oro
Pedindo a Deus
Um novo amanhecer...

obs: esse texto poderá ser modificado. Incluido ideias e experiências de amigos...

Teresa Cordioli

Foto de Carmen Vervloet

UMA ORAÇÃO

Uma Oração

Oh! Minha Santa Virgem Maria!
Rainha dos céus...
Atenue os meus dias...
Arranque os véus
Que cegam este ser...
Minha doce mãe
Clareie sua mente...
Mude-lhe o foco... A lente...
Não o deixe persistir
nesta obsessão
Tirando a paz do meu coração!
Cubra-o com seu manto,
Seque-lhe o pranto,
Ilumine seu caminho,
Cubra-o de carinhos!
Faça com que encontre outro amor...
Amenize a sua dor!...
Afaga-o com suas santas mãos...
Não deixe que sofra em vão!...
Minha Santa Mãezinha!
Vislumbro-te a meu lado...
Meu doce ser abençoado!...
Atenda meu pedido
Socorra este ente querido!
Esta alma cheia de luz...
Amenize o peso da sua cruz...
Não deixe que perca o rumo...
Mostre-lhe a direção...
Dê-lhe o prumo...
A bússola que oriente seus passos...
Faça-o ocupar este espaço
Que ele ainda pensa que é meu!
Devolva-lhe tudo que perdeu...
Neste amor irrestrito
Que foi tão bonito
E entre cobranças e ciúmes feneceu!
Amém

Carmen Vervloet

Foto de tiodri

Se eu pudesse voltar atráz.... seria diferente!!

Nossa o q eu fiz?
Não era para acontece aquilo que aconteceu,
Pois eu amo uma pessoa,
Não era para acontecer aquilo,
Nossa eu que eu fiz?
Quando eu to consigo o amor dela eu na idioti-se de fazer uma bricandeira acabei com tudo em questão de segundos,
Meu Deus!!!!
Porque o senhor fez isso?
O que eu fiz para o senhor fazer isso comigo?
Mais eu sei q o senhor não teve nada a ver!!!

Nossa agora eu estou aqui pensando nela, chorando por ela e escrevendo sobre a minha ignorância tentando achar uma solução para conserta a minha burrada.

Como eu tive coragem de fazer aquilo com uma pessoa amada...
Como eu tive coragem!!!
Alguém pode me dizer????
Como é que eu fui capaz de fazer aquilo...

Eu Adriano Valentin Veiga, 15 anos, Fui capaz de fazer uma brincadeira para provocar ciúmes em uma Menina que eu sou apaixonado há uns 2 anos e Meio... eu sei do que ela gosta e do que ela não gosta e mesmo assim eu acabei fazendo isso...
Hoje! Eu estou na escola da marinha com a consciência no passado e com o corpo no presente, mas.... ainda sofrendo as conseqüências!!

Foto de Teresa Cordioli

A quem posso pedir socorro???...

A quem posso pedir socorro???...
Meus amigos, espero que entendam, escrevi esse texto a convite do nosso amigo Dirceu Marcelino, ele está fazendo um estudo sobre a violencia contra e da mulher...
Quando me convidou para escrever, de imediato me lembrei das várias clientes que nos procuram para fazer a separação e a estória é sempre a mesma, "a violencia no lar", bebidas, drogas, jogos etc...
E logo depois, voltam dizendo meu marido descobriu que estou querendo a separação, ele me ameaçou...estou com medo, TENHO que ficar...
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A quem posso pedir socorro???...
Teresa Cordioli.

Acordei com ciúmes
Ciúmes sim,
Ciúmes de mim,
Do meu corpo
O que você usa
E lambuza
E não respeita...
Só pensa em mim
quando se deita,
e me espreita
até que eu te aceite...
Eu me amo sabia?
Só não tenho forças
Para gritar...
E me negar a ti,
As crianças dormem...
Beija-me
Com sabor de garrafa,
De Cachaça,
E sob ameaça
Eu te aceito
Para que logo seja feito
Não tem outro jeito
Não tem a quem pedir socorro,
Meus filhos eu recolho...
Tenho medo.
Tenho ciúmes
Desse corpo
Que é só SEU
Mas nessa hora
Eu sinto ser só MEU
Você apenas me usou
Eu não pertenci a você...
Corro tomo banho
Chorando eu oro
Pedindo a Deus
Um novo amanhecer...

obs: esse texto poderá ser modificado. Incluido ideias e experiências de amigos...

Teresa Cordioli

Foto de Rose Felliciano

RETROSPECTIVA

(O Vento só leva, quem se deixa levar...)

RETROSPECTIVA

"Apesar de beber o mel e amargar o fel...
Dei risadas refletidas
Contemplei as madrugadas
Como o maior espetáculo da vida...

Andei de mãos dadas
Sonhei acompanhada
E meus olhos brilharam por nada...

Viajei por lugares belos
Onde o sol de um amarelo
Se negava a ir embora

Mas a lua de ciúmes
vinha a se aproximar
e espiava de mansinho
O meu jeito de amar....

Se despedidas houveram
se a dor sem dó meu coração dilacerou,
não foi isso que sobrou...

Vi o amor frente a frente
Estive por vezes contente
Fiz poemas até da dor....

Tive amigos companheiros
Uma família que esmero
Trabalho conquistas e satisfação

A saúde está saudável...
O coração teimou um pouco
mas foi de saudade, coitado....
Já está bem...Já está bem....

O mais importante eu tive
Deus bem pertinho de mim...
E Sua Graça e Amor
Me mostrou o meu valor
e me fez Recomeçar.

Nessa Retrospectiva
se passos houveram prá trás
Com toda certeza do mundo
Fora o impulsionar
para que eu pudesse saltar!!!!!" (Rose Felliciano)

Foto de Dirceu Marcelino

RESPINGOS DE PAIXÃO - VI - A PAIXÃO COMEÇA SE TRANSFORMAR EM AMOR

Sóis Rosas!
Porque choras?
Será por amor, ciúme ou paixão?
Alguns dizem que esta
É própria da tenra idade,
Outros que é uma volúpia,
A eclosão
Erótica.

Mas, tanto uma como a outra,
Geram-nos muita dor,
Aquela pela falta de excitação,
Esta pela emoção,
Da saudade...
Da ternura...

Ambas, provocam-nos lágrimas,
Lágrimas que saem do fundo
D’alma.

Algumas provocadas pelo ciúme,
Ciúmes por nós provocados
Ou daqueles que provocamos.
Estes são espinhos
E como Rosa
Tu sabes!

Quantas vezes provocastes
C i ú m e s.
O que lhe dói mais,
O ciúme que provocaste
Ou que agora sentes!

Aiiiii Eu sei:
Ambos doem
Mas são diferentes.

O ciúme
Pode ser um único pingo,
Que eclode
E se respinga em inúmeras
Gotículas.

Podem ser “Dois pingos singelos”
Que caem na primeira ausência,
Quando queríamos a presença,
Da pessoa que nos dá alegria
E que nos inspira
A fazer poesias.

Podem ser três lágrimas,
Que caem ao som de uma música
Em um “Dom..., Dem... Dim....”
De um piano mudo,
Que toca,
Mas só nós ouvimos,
Ninguém mais...

Pois, este é o som do
A m o r
Em que se transformou a
Paixão.

Vedes as pétalas da Rosa
Que deixaste
Cair
Uma
a
uma.

Achas que não podes
Fazer nada

Mas pode,
Sim chores...
Pois, também, fizeste alguém chorar.

Por isso todas as roseiras têm espinhos,
Espinhos que às vezes perfuram o coração,
Dos que te apanham
Mas, também,
Espetam-te,
Fazendo que gotículas invisíveis se soltem
Como emanação da alma
E conforme se condensam
Torna-se de lágrimas em

"Pingos de Paixão".

Os Respingos desses pingos,

Atingem outros corações

E por uma obra do destino,
Ainda para ti retornarão.
Em forma de um
Amor sublime
A iluminar teu
Coração.

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