Cima

Foto de fisko

Deixa lá...

Naquele fim de tarde éramos eu e tu, personagens centrais de um embrulho 8mm desconfiados das suas cenas finais… abraçados ao relento de um pôr-do-sol às 17:00h, frio e repleto de timidez que se desvanece como que um fumo de um cigarro. Eu tinha ido carregar um vício de bolso, o mesmo que me unia, a cada dia, à tua presença transparente e omnipotente por me saudares dia e noite, por daquela forma prestares cuidados pontuais, como mais ninguém, porque ninguém se importara com a falta da minha presença como tu. Ainda me lembro da roupa que usara na altura: o cachecol ainda o uso por vezes; a camisola ofereci-a à minha irmã – olha, ainda anteontem, dia 20, usou-a e eu recordei até o cheiro do teu cabelo naquela pequena lembrança – lembro-me até do calçado: sapatilhas brancas largas, daquelas que servem pouco para jogar à bola; as calças, dei-as entretanto no meio da nossa história, a um instituto qualquer de caridade por já não me servirem, já no fim do nosso primeiro round. E olha, foi assim que começou e eu lembro-me.
Estava eu na aula de geometria, já mais recentemente, e, mais uma vez, agarrei aquele vício de bolso que nos unia em presenças transparentes; olhei e tinha uma mensagem: “Amor, saí da aula. Vou ao centro comercial trocar umas coisas e depois apanho o autocarro para tua casa”. Faço agora um fast forward à memória e vejo-me a chegar a casa… estavas já tu a caminho e eu, entretanto, agarrei a fome e dei-lhe um prato de massa com carne, aquecido no micro-ondas por pouco tempo… tu chegas, abraças-me e beijas-me a face e os lábios. Usufruo de mais um genial fast forward para chegar ao quarto. “Olha vês, fui eu que pintei” e contemplavas o azul das paredes de marfim da minha morada. Usaste uma camisola roxa, com um lenço castanho e um casaco de lã quentinho, castanho claro. O soutien era preto, com linhas demarcadas pretas, sem qualquer ornamento complexo, justamente preto e só isso, embalando os teus seios únicos e macios, janela de um prazer que se sentia até nas pontas dos pés, máquina de movimento que me acompanhou por dois anos.
Acordas sempre com uma fome de mundo, com doses repentinas de libido masculino, vingando-te no pequeno-almoço, dilacerando pedaços de pão com manteiga e café. Lembro-me que me irrita a tua boa disposição matinal, enquanto eu, do outro lado do concelho, rasgo-me apenas mais um bocado de mim próprio por não ser mais treta nenhuma, por já não me colocares do outro lado da balança do teu ser. A tua refeição, colorida e delicada… enquanto me voltavas a chatear pela merda do colesterol, abrindo mãos ao chocolate que guardas na gaveta da cozinha, colocando a compota de morango nas torradas do lanche, bebendo sumos plásticos em conversas igualmente plásticas sobre planos para a noite de sexta-feira. E eu ali, sentado no sofá da sala, perdendo tempo a ver filmes estúpidos e sem nexo nenhum enquanto tu, com frases repetidas na cabeça como “amor, gosto muito de ti e quero-te aos Domingos” – “amor, dá-me a tua vida sempre” – “amor, não dá mais porque não consigo mais pôr-te na minha vida” e nada isto te tirar o sono a meio da noite, como a mim. Enquanto estudo para os exames da faculdade num qualquer café da avenida, constantemente mais importado em ver se apareces do que propriamente com o estudo, acomodas-te a um rapaz diferente, a um rapaz que não eu, a um rapaz repentino e quase em fase mixada de pessoas entre eu, tu e ele. Que raio…

Naquela noite, depois dos nossos corpos se saciarem, depois de toda a loucura de um sentimento exposto em duas horas de prazer, pediste-me para ficar ali a vida toda.

Passei o resto da noite a magicar entre ter-te e perder-te novamente, dois pratos de uma balança que tende ceder para o lado que menos desejo.
É forte demais tudo isto para se comover e, logo peguei numa folha de papel, seria esta, onde me iria despedir. Sem força, sem coragem, com todas aquelas coisas do politicamente correcto e clichés e envergaduras, sem vergonha, com plano de fundo todos os “não tarda vais encontrar uma pessoa que te faça feliz, vais ver”, “mereces mais que uma carcaça velha” e até mesmo um “não és tu, sou eu”… as razões eram todas e nenhuma. Já fui, em tempos, pragmático com estas coisas. Tu é que és mais “há que desaparecer, não arrastar”, “sofre-se o que tem que se sofrer e passa-se para outra”. Não se gosta por obrigação, amor…
Arranquei a tampa da caneta de tinta azul, mal sabia que iria tempos depois arrancar o que sinto por ti, sem qualquer medo nem enredo, tornar-me-ia mais homem justo à merda que o mundo me tem dado. Aliás, ao que o teu mundo me tem dado… ligo a máquina do café gostoso e barato, tiro um café e sento-o ao meu lado, por cima da mesa que aguentava o peso das palavras que eu ia explodindo numa página em branco. Vou escrevendo o teu nome... quão me arrepia escrever o teu nome, pintura em palavras de uma paisagem mista, ora tristonha, ora humorística… O fôlego vai-se perdendo aos poucos ornamentos que vou dando á folha… Hesitação? Dúvidas?... e logo consigo louvar-me de letras justapostas, precisamente justas ao fado que quiseste assumir à nossa história. Estou tão acarinhado pela folha, agora rabiscada e inútil a qualquer Fernando Pessoa, que quase deambulo, acompanhando apenas a existência do meu tempo e do tic-tac do meu relógio de pulso. Não me esqueço dos “caramba amor”, verso mais sublime a um expulsar más vibrações causadas por ti. Lembro-me do jardim onde trocávamos corpos celestes, carícias, toques pessoais e lhes atribuíamos o nome “prazer/amor”. Estou confuso e longe do mundo, fechando-me apenas na folha rabiscada com uma frase marcante no começo “Querida XXXXXX,”… e abraço agora o café, já frio, e bebo-o e sinto-o alterar-me estados interiores. Lembro-me de um “NÃO!” a caminho da tijoleira, onde a chávena já estaria estilhaçada…
Levantei-me algum tempo depois. Foste tu que me encontraste ali espatifado, a contemplar o tecto que não pintei, contemplando-o de olhos cintilantes… na carta que ainda estava por cima da mesa leste:

“Querida XXXXXX, tens sido o melhor que alguma vez tive. Os tempos que passamos juntos são os que etiqueto “úteis”, por sentir que não dou valor ao que tenho quando partes. Nunca consegui viver para ninguém senão para ti. Todas as outras são desnecessárias, produtos escusados e de nenhum interesse. Ainda quero mesmo que me abraces aos Domingos, dias úteis, feriados e dias inventados no nosso calendário. M…”

Quis o meu fado que aquele "M" permanecesse isolado, sem o "as" que o completaria... e quis uma coincidência que o dia seguinte fosse 24 de Março... e eis como uma carta de despedida, que sem o "Mas", se transformou ali, para mim e para sempre, numa carta precisamente um mês após me teres sacrificado todo aquele sentimento nosso.
Ela nunca me esqueceu... não voltou a namorar como fizemos... e ainda hoje, quando ouço os seus passos aproximarem-se do meu eterno palácio de papel onde me vem chorar, ainda que morto, o meu coração sangra de dor...



Foto de Carmen Lúcia

Poeta

Te revestiste dos sonhos
do acervo de meu sonhar,
alçaste majestosos voos
que sempre desejei alçar,
cruzaste o horizonte
convencendo-me a acreditar
que o inimaginável é possível,
passível de se alcançar.

Te embrenhaste entre as brumas
lançadas de meu oceano,
deixaste-me persuasiva
a refletir nossos planos...
transformar nossos sonhos
num único sonhar,
entrelaçar nossas asas
num único voar.

Subiste mais alto que eu...
No arrojo de teu desempenho,
no auge de tua vaidade,
nosso sonho se perdeu.
Não ouviste meu apelo,
não entendeste meu olhar
que mais que uma súplica,
queria te acenar...

Ao ganhares altura,
condor a conquistar os céus
com galhardia e postura
pisaste o mais alto pódio,
olhaste-me lá de cima
com ironia e bravura.

Hoje sou simples gaivota
solitária a rodear o mar,
olho-te voando alto
no ápice de minha coreografia
tentando clamar por tua atenção
e nem sequer me vês,
e nem sequer me notas.
Julgas ter atingido a perfeição
nesse teu mundo de ostentação.
Não foges à regra,
nem és exceção...

Carmen Lúcia

Foto de MALENA41

SWING

Eloísa chegava às quartas-feiras à tardinha e trazia sempre um presentinho para Nara.
Dava-lhe um beijo selinho e em seguida beijava Antero. Outro selinho. Ele a apertava nos braços chamando-a de gostosa.
Nara e Antero conheceram Elô quando fizeram uma viagem de excursão para a Argentina. Eles estavam casados há seis anos e Nara sempre tivera desejo de trazer uma mulher para a relação deles. Ela tinha muitas fantasias a respeito e quando comentava com o esposo ele dizia que se encontrassem a pessoa certa poderiam fazê-lo. A amizade entre eles cresceu e depois de seis meses conversaram sobre o assunto. Há dois anos mantinham este relacionamento e tudo ia bem entre eles.

Eloísa conheceu Nélio numa sala de bate-papo e o romance estava evoluindo. Acabou contando-lhe sobre o relacionamento que mantinha com o casal e Nélio perguntou se eles não tinham interesse em trazer mais um componente para o grupo e contou que gostaria de participar. Então ela lhe falou que precisava reunir-se com os amigos para saber o que eles pensavam a respeito e nesta quarta-feira a decisão seria tomada.

Antero no começo rejeitou a ideia, mas como as duas mulheres ficaram insistindo, acabou concordando.
Decidiram que já no próximo encontro Nélio estaria presente.

Na semana seguinte Eloísa chegou acompanhada de Nélio.
Apresentou-os aos amigos e beijou-os como sempre fazia. Desta vez caprichou ainda mais quando abraçou Antero.
Nara a olhou e ela se desvencilhou do abraço.
Beijou a amiga na boca e acariciou seus seios.
Logo em seguida foram os quatro para o quarto do casal que era amplo e tinha uma cama redonda e grandes espelhos nas paredes.
As duas foram tirando a roupa uma da outra e beijando-se na boca.

Nélio ainda estava meio sem jeito. Ele nunca estivera em encontros de swing.
Estava separado da esposa há seis meses e com ela sexo era meio papai e mamãe. Vez ou outra praticam sexo oral e anal nunca.
Nos tempos de juventude ele tivera alguns encontros com moças que permitiam tudo.
Nélio estava agora com 50 anos.
Achava um pouco estranho estar com aqueles três jovens. Antero tinha 32 anos e as moças 28.
Ele era pai de dois gêmeos que completariam naquele mês 25 anos. Mas não queria pensar no assunto naquele instante. Estava ali para ser feliz. Quando conheceu Nara na sala de chat não pensou que chegariam a tanto. Swing. A palavra Swing lhe soava estranha.
Olhar as moças se beijando lhe provocara ereção e agora as duas já estavam realizando um 69. Como gostavam da coisa!
Ficou olhando Antero se despir e notou que ele era muito bem dotado. Ver o avantajado pênis do amigo deixou-o ainda mais excitado.

Eloísa veio em sua direção e Nara a antecipou pegando na mão seu pênis que estava tinindo de duro. Nélio até gemeu.
Ela o acariciou de leve e depois foi fazendo pressão. Ele até chegava a tremer de desejo.

Antero e Eloísa se beijavam e ele acariciava as nádegas dela. Elô puxava sua mão para a vagina e ele ia enfiando o dedo e puxando-a mais de encontro a si. A outra mão deslizava pelo bumbum redondinho da moça.

Nara ajoelhara em sua frente e Nélio achava bom demais o jeito que ela o chupava. Era delicioso aquilo. A boca estava quente demais. Ela colocara o quê na boca? Sentiu vontade de perguntar. Não tinha sido bom assim com a esposa.
Ela continuava e ele estava achando aquilo sensacional
Via Eloísa deitando-se e Antero beijando-a toda. Ela gemia e se contorcia.
De repente Nara deitou-se no tapete e ele também começou a lambê-la toda e a chupá-la.
Ela também se contorcia. De repente Nara se afastou e foi beijar a amiga.

As duas começaram a se esfregar e os dois homens ficaram parados olhando.
Elas estavam sentindo grande prazer e não se contentavam com pouco. Gemiam e se contorciam.

Antero veio acariciar o bumbum da esposa e ela se afastou da amiga. Começou a acariciar o avantajado pênis do esposo e ele a colocou na cama. Foi se deitando lentamente sobre ela.

Eloísa começou a beijá-lo e encostou os seios fartos em seu peito correndo as unhas por suas costas peludas.
Elô era bem farta de carnes e fogosa demais. Apertava-a enquanto olhava o outro casal. A essa altura o esposo já a penetrara e Nara gozava.
Queria que ela gozasse com ele.

Foram se abaixando lentamente e no chão Eloísa abriu as pernas. Então o outro casal se aproximou e Nara tomou o lugar da amiga oferecendo-se para que ele a penetrasse.

Elô passou a chupar Antero que apesar de ter gozado continuava muito excitado.

Como Nara era gostosa! Seu corpo se contorcendo e os movimentos da vagina fizeram com que ele gozasse quase que imediatamente.

Então Antero se aproximou e deitou-se por cima dele e esfregou o avantajado pênis em seu anus. Nélio adorou aquilo. Sentir a ereção do amigo o excitava e desejou que ele o penetrasse. Continuava deitado sobre Nara e Nélio continuava esfregando-se nele.

Eloísa começou a beijar Nara na boca e acariciar seus seios enquanto Nélio gozava sentindo o pênis de Antero tocar seu anus.
Nara gemia de prazer e acariciava a vagina da amiga.

Por fim Elô puxou Nélio. Deitou-se sobre ele e começou a se movimentar rapidamente. Gozou intensamente enquanto Antero e Nara os observava.
O casal comentou baixinho que acertaram em cheio em trazer aquele homem para o grupo.
Eloísa sentia-se satisfeita nos braços Nélio e pensava em como ficara excitada em vê-lo ser tocado pelo amigo. Aquilo fora excitante demais...

MALENA

Foto de raqueleste

Amantes

Amo seu corpo
Suas mãos
Seu olhar
Sua inocência
Seu jeito meigo de me beijar

Amo suas curvas
Seu sorriso
Seu olhar

Amo quando você me abraça forte
Quando você me toca
E faz meu coração acelerar

Amo - te por ser só minha
Eu seria um louco se não pudesse a amar

Mais eu amo-te a cima de tudo
por que você soube me conquistar...

Foto de raqueleste

Carta de aniversário de casamento para o meu amado...

Por essa carta quero expressar todo o meu amor e minha gratidão.
Por essas palavras, vogais consoantes e silabas quero te falar do meu coração.
Que um dia se apaixonou pelo seu olhar, sua compreensão...

No dia que te conheci, não tinha como saber que seria somente eu e você.
Que seriamos um só, um todo, um casal, amigos, e namorados...

O tempo passou, e tudo foi acontecendo no seu ritmo.

Não compreendi de inicio, na verdade a vida nós surpreende...
Quando menos se espera as coisas acontecem...

Percebemos que tudo tem duplos significados, e que um simples olhar pode nós fazer se apaixonar ou se odiar, e que as palavras tem que ser pensadas e depois faladas. E que o silencio fala mais que mil palavras...

Percebemos que um carinho, não é só excitação, que às vezes abraçar, sentar junto conversar tomar um café ou até mesmo ler um livro juntos é algo muito prazeroso...

Descobrimos um mapa só nosso, do corpo, sentidos e da alma...

Que segredos são compartilhados, e desejos e fantasias são realizados...
Que quem ama vive em um mundo de faz de conta...
Mais também em uma realidade bonita, feita de dedicação ensinamentos e fé...

Percebemos que a beleza não está só por fora
E o que é mais bonito de tudo é o amor...
E mesmo sendo tão bonito, tão admirando entre as pessoas do mundo todo.
Não o encontramos em passarelas, ou se vangloriando...
Ao contrario ele fica guardado dentro do coração de cada pessoa.
Como o meu está guardado aqui dentro somente se mostrando para você

Aprendemos que uma flor deixa a casa mais bonita...
E que um bombom fica mais gostoso quando desfrutado entre um beijo e outro...
E também que quando amamos viramos crianças de novo...
Mais a cima de tudo, percebemos que dar e melhor que receber...

Receba então essas linhas simples mais cheia de amor e carinho que tenho em meu coração, como uma pequena amostra da minha admiração...
Te amo....

Foto de ushihaxandre

UMPOEMA E UM NOME DE MULHER 10

Para saber é só ler de cima para baixo a primeira letra de cada linha

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

Angelical como teu nome é teu sorriso inspirador
Nostálgico e acolhedor,suave protetor
Gosto de teus traços de beleza muito rara
Elegante, casual,sensual e natural
Luminosa e radiante no olhar dois diamantes
Intrigante como a noite dessas tão brilhantes
Como posso só falar desse...
Anjo a me olhar!

ALEXANDRE FERNANDES

...................................................................................................................................................................................

Foto de Lefurias

Vai se arrepender

Um dia você vai mudar,
E perceber que um dia perdeu seu lugar,
A minha vida toda era pra te amar,
Agora já não posso mais te ajudar,
Quando esse dia chegar,
Vai se arrepender de me esnobar.

Voltar na história, já não vou voltar,
Bem longe agora,
De você vou ficar,
Você vai ver,
Vai se arrepender de me esnobar.

Se hoje está por cima,
Um dia cairá,
Pra baixo um dia você vai ficar,
Vou sempre te lembrar,
Vai se arrepender de me esnobar.

Foto de MALENA41

O ÚLTIMO POR DO SOL ANTES DO ADEUS

Olhava meus dedos dos pés e chorava. Chorava por ele, por ele que logo partiria.
As malas estavam prontas...
Era a última noite que dormiríamos sob o mesmo teto. Na mesma cama já estava fazendo alguns meses que não dormíamos.
Eu já passava dos quarenta e cinco, porém, me sentia tão imatura.
A borboleta amarela e o beija-flor vieram me visitar. A tarde devagarzinho morria. Como eu, como eu.
Eu poderia chorar, desfazer as malas, me esgoelar. Ele desistiria da partida se eu implorasse.
Mas ficar com alguém desta forma? Como se ele estivesse me fazendo um favor?

A franja me caía nos olhos e eu a afastava, molhava suas pontinhas com as lágrimas que ensopavam meu rosto. Esfregava a boca e assoava o nariz. O lenço de papel estava ensopado. Precisava pegar outro. No entanto entrar na casa àquela hora?
Queria vê-lo chegar. Queria. Queria falar com ele.
Sofrer mais um pouquinho? ─ Diria minha sábia mãe.
Esticava a perna e recolhia, esticava de novo. Ela estava adormecendo de tanto tempo que ficara sentada ali. Uma hora, duas. O telefone cansou de tocar, o celular também. Não atendi.
Devia ser algum chato. “Poderia ser até meus filhos – mas eles ligariam outra hora”. Ou minha mãe. Ela também ligaria depois e faria milhares de perguntas. Sabia que não estávamos bem e estranharia meu silêncio. Conhecia meus hábitos e sabia que eu estava sempre em casa no final da tarde.
E se fosse ele? Ele não ligaria. Terminamos tudo e ele estava apenas aguardando que terminassem uns detalhes de pintura na casa que alugara. Levaria tão pouco, o indispensável eu diria.
Havia me dito que partiria bem cedinho.
Não brigamos desta vez. Só escutei e foi como se uma montanha de gelo despencasse sobre minha cabeça.
Nos últimos dois anos discutimos tanto que tudo se esgotou. O carinho morreu.
Houve um tempo que o medo de perdê-lo era maior e aí eu tentava reconquistá-lo. Depois fui me sentindo tão vazia e via que tudo era inútil.
Ele dizia coisas que me feriam fundo. Será que tinha noção do que estava fazendo? Não sei.
Acabei por feri-lo também. Não entendia ainda que estava agindo de forma errada.
Cada carro que passava fazia meu coração disparar, pois pensava que era Augusto que estava chegando.
De onde estava podia ver o sol descendo lentamente na linha do horizonte. Tínhamos uma vista privilegiada.
Quando compramos a casa comentamos que ninguém no mundo tinha uma vista igual. Até nosso ocaso era diferente, porque éramos muito especiais e nosso amor era exclusividade.
Nunca que terminaria um romance destes, nunca.

Um menino gritou na rua e fez meu coração pular e pensar nos meus filhos pequenos. Que pena que cresceram! Era tão bom tê-los sob a barra da saia.
De repente me via pensando no poema de Gibran: Vossos filhos não são vossos filhos.
Claro que não. Os filhos são do mundo. Só somos os escolhidos para colocá-los no mundo e orientá-los. E amá-los.
A menina se casara tão novinha e eu pensava que ela poderia ter esperado mais. Todavia havia o tal do livre arbítrio...
Meu filho estava cursando a universidade noutro estado. Foi o caminho que ele escolheu.
O menino continuava gritando e eu ficava ouvindo seus berros. Aquilo mexia com meus nervos que já andavam à flor da pele. O sol descia, descia.
Aí o carro estacionou. Era Augusto. Ele ainda tinha as chaves e o controle do portão. Foi abrindo e percebi que estava aborrecido.
Ele se mudaria no dia seguinte e nunca gostara de mudanças.
Na minha concepção meu esposo já tinha partido fazia bom tempo.
Olhei aquele belo homem estacionando na garagem e comecei a pensar quando nos conhecemos. Como ele era bonito!
Lógico que com os anos ganhara uma barriguinha, o cabelo diminuíra um pouco.
Mas num todo o corpo estava bem e o rosto sempre lindo.
Ele vinha em minha direção e meu coração disparava.
─ Você está bem?
─ Estou.
Minha voz saía rouca e eu pensava que precisava fazer aquele pedido, antes que nosso tempo se esgotasse.
─ Posso lhe pedir algo, Augusto?
─ Diga, Solange.
─ Não vai se aborrecer?
Que pergunta idiota! Eu o conhecia bem e sabia que estava arreliado.
─ Diga logo, que preciso tomar um banho. Tenho um compromisso daqui uma hora.
A frase veio como um balde de água fria me fazendo quase desistir de falar, Acontece que se não fizesse naquele instante não teria outra oportunidade e resolvi perguntar de uma vez.
─ Lembra-se quando ficávamos assistindo o sol se esconder de mãos dadas?
Ele pigarreou (andava fumando muito). Só que estava pigarreando neste momento para disfarçar.
E por fim falou baixinho:
─ Claro que lembro. Certas coisas não conseguimos esquecer por mais que tentemos.
─ Eu posso lhe pedir uma coisa?
─ Não se estenda, Solange. Já falei que estou apressado.
Outro balde.
─ Quero lhe pedir que sente aqui comigo para ver o sol se esconder. Falta pouco. ─ coloquei mais doçura na voz ─ Nem precisa segurar a minha mão.
Ele me olhou sem ternura no olhar, mas com pena.
Estaria eu fantasiando?
─ Augusto. Onde você vai morar dá para ver o sol se escondendo?
Ele virou o rosto na direção do horizonte e seu rosto parecia esculpido em pedra.
O telefone voltou a tocar e eu rezei baixinho:
─ Quieto, telefone. Fique quieto, por favor.
Por coincidência ou pela força de meu pedido depois do terceiro toque o telefone silenciou.
Em alguns instantes a magia daquele instante terminaria. Aquele corpo amado jamais estaria tão próximo ao meu.
Não resistindo eu busquei sua mão e ele estreitou a minha da forma que sempre fizera, apertando fortemente o mindinho.
Se eu chorasse naquela hora estragaria tudo. Ele havia me dito que não suportava a mulher chorona que eu me transformara.
Banquei a forte e nossos rostos estavam bem próximos. Os dois olhando o sol alaranjado e faltava apenas uma nesginha para o nosso astro rei se esconder.
Ele se levantaria em segundos e entraria no banheiro. Tomaria um banho e sairia. Chegaria tarde em casa e eu nem o veria chegar. Na manhã seguinte se mudaria e fim.
Um tremor percorreu meu corpo e de repente me vi estreitada em um abraço.
Aquilo não poderia estar acontecendo.
Sua boca sôfrega procurava a minha e eu me entregava inteira.
O sol acabava de desaparecer lá distante.
Eu já não via, mas sabia.
A língua dele tocava o céu da minha boca.
Estaria ficando louca?
Estaria sonhando?
Queria falar, mas o encanto se acabaria se falasse qualquer coisa.
Pressentia que não poderia me mexer, senão a poesia daquele instante se acabaria. Então fiquei bem quieta. Esperando. Esperando para saber se tinha escapado da realidade e entrado no sonho.
Eu não tomara absolutamente nada. Estava sóbria.
O corpo dele se estreitava ao meu.
Estreitava-se tanto que eu chegava a pensar que me quebraria algum osso.
Estava tão magra. Ossuda mesmo.
Ele é que rompeu o silêncio.
─ Desculpe.
─ Desculpar o quê?
Deus! Ainda era meu marido. Ainda era. Não tínhamos tratado da separação.
Augusto não sentia assim e provou isso pedindo desculpas.
─ Não tenho que desculpar nada, meu bem. Eu queria que acontecesse. E acho que você também.
Parecia que meu tom melodramático não o abalara em nada.
─ Foi um momento de fraqueza. Vou tomar um banho. Espero que você entenda que me deixei levar...
Eu o agarrei pelas costas e fiz com que se virasse e me olhasse nos olhos. Ainda haveria tempo de salvar nosso casamento?
─ E se eu mudar o meu comportamento?
─ Não há o que mudar. Tudo está resolvido. Amanhã cedo eu vou embora. Nossos filhos entenderão.
─ Será? Será que tudo é tão simples como diz?
─ Não vamos recomeçar.
E foi entrando porta adentro.
Eu fui seguindo-o. Se me beijara daquela forma ainda sentia amor e desejo. Ou estaria equivocada?
Ele colocou a chave do carro e a carteira sobre o rack e eu fui ao nosso quarto.
O que eu poderia fazer ainda? Jogar charme por cima dele não adiantaria de nada. Pedir? Implorar?
Deitei na cama e ele entrou no banheiro social e ligou o chuveiro.
Imaginei seu corpo nu e senti vontade de fazer amor com ele. Senti vontade de sentir de novo um abraço apertado, como o que acontecera há alguns minutos.
Que foi feito de nós? Fiquei me perguntando.
Em seguida desligou o chuveiro e fiquei pensando.
─ Ele nunca tomou um banho tão rápido.
A porta do quarto foi aberta abruptamente e molhado como estava ele me puxou para seus braços e me carregou para o nosso banheiro.
Usou a mão esquerda para ligar o chuveiro e com a destra livre foi me arrancando a roupa.
Será que em outras ocasiões fora tão impetuoso?
Era tudo tão espetacular e louco que eu custava a crer que estava sendo real.
Ele descia a boca para meus seios e mordiscava os mamilos.
Fizera isso milhares de vezes aqueles anos todos, mas estava sendo diferente, pois parecia haver uma raiva nele. Um desespero por me possuir.
Pensei se estava me violentando.
Acontece que eu estava querendo tudo aquilo e também o amei desesperadamente.
Também eu o mordi e o apertei.
Também eu quando tomei seu órgão genital nas mãos fui agressiva. Apertei mais do que devia.
Fazia-o não como uma fêmea no cio, mas como uma mulher desesperada.
Sabia que era a última vez e estava sendo maravilhoso e maluco.
Nunca nos amamos brutalmente antes e não estava sendo propriamente brutal. Era diferente. Era como se nós dois estivéssemos morrendo de sede e água nunca conseguisse nos saciar.
A relação sexual ocorria num ritmo alucinado. Bocas e mãos procuravam, deslizavam, corriam pelo corpo todo.
Palavras não existiam e antes falávamos tanto enquanto fazíamos amor.
Eu nem conseguia pensar direito tal a intensidade do que estava vivendo. Era como estar com um estranho. Aquele homem não era o Augusto de todos aqueles anos e aquela Solange exigente eu nunca fora.
Eu queria mais e mais e mais.
Antes nunca ocorrera comigo o orgasmo múltiplo e nem tinha conhecido que de repente pudesse senti-lo e sentia. O êxtase chegaria para nós? Ele aguentaria até quando?
Taxativamente eu desconhecia naquele homem meu companheiro de tantos anos e ele também devia estar me desconhecendo.
Prolongou-se ainda por meia hora o coito e quando por fim caímos exaustos na cama estávamos suados e arquejantes. Tão exaustos que não tínhamos forças para mexer um dedo.
Envergonhada pensava que não conseguiria mais encará-lo depois de tudo aquilo e foi ele que quebrou o silencio.
─ Estou desconhecendo-a, dona Solange.
─ E eu também não o reconheci ─ falei com débil voz.
Ele tinha se esquecido do compromisso?
Fiquei quietinha e nem queria pensar que ele pudesse se levantar e sair.
Augusto colocou o braço em volta do meu ombro e me puxou para seus braços.
Pensam que ele partiu no dia seguinte?
Está até hoje comigo e nossas noites costumam ser muito agitadas. Muitas vezes ele vem almoçar e esquecemos completamente da comida.
Ele perdeu a barriguinha e diz que eu acabo com suas forças, que sou a culpada.
Eu penso que sou a salvadora.

Foto de Diario de uma bruxa

Medo

Inoportuno sentimento
O desespero, o medo
Dentro do meu peito
Não sei reagir contra isso
Machuca judia de mim

Tento me impedir
Mas é impossível
Com toda esta carga
Em cima de mim

Corro fecho os olhos
Mas ate em meus sonhos
O vejo partir

Tenho medo de dormir
De fechar os meus olhos
E quando abri-los
Não te ver mais aqui

Não sei... Não quero viver assim
Com todo este medo
Dentro de mim

Poema as Bruxas

Foto de odias pereira

" ADEUS MEU AMOR " ...

Depois de muitos anos casado,
Vou te revelar um segrêdo meu amor.
Puxe a cadeira e sente aqui do meu lado,
Pegue em minha mão e aperte com fervor.
Eu estou deitado aqui nessa cama,
Nos meus momentos termináis.
Lá em cima o meu amado pai me chama,
Pois estou nos meus minutos finais.
Amor, em todos esses anos que vivemos juntos,
Eu revelo a você toda verdade.
Em todas as conversas e assuntos,
Sempre te coloquei a par da realidade.
Fui fiel,como amigo,amante e companheiro,
Um bom marido carinhoso e honesto.
O meu amor sempre foi muito puro e verdadeiro,
Tenho orgulho de ter sido ao teu lado, esse homem modésto.
Amor, te chamei aqui, para te agradecer por ter me dado tanto amor,
Não quero que fiques chorando por mim, espéro.
Quando eu fechar os meus olhos e for.
Adeus meu amor cuide de nossas crianças,
De pra eles educação amor e felicidades.
E guarde sempre em tua lembrança,
Que eu sempre fui um espôso fiel, e dei pra familia muita felicidade.
Adeus meu amor....

São José dos Campos sp
Autor : Odias pereira
22/02/2011

Páginas

Subscrever Cima

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma