Ciência

Foto de JGMOREIRA

A CASA

A CASA

De sobre o promontório
a casa é minúscula
liliputiana
À medida em que me aproximo
percebo a amplidão do sítio
a fortaleza das colunas
a firmeza da amarração
o esmero no acabamento
o conforto da varanda.

Circundo a construção, admirado.
A mão, nada subalterna
torce a maçaneta azinhavrada.
A luz do dia fulgura nos cômodos
vazios, enche as paredes nuas.
dentro da obra inacabada, assusta-me
a pequenez do arquiteto
que abusou do excesso em ciência
para estilizar o que é rude
como soe a toda harmonia.

Algumas portas não se abrem
atiçando o rubor da curiosidade
até que se a molde em conformismo
muito embora se possa tentar adivinhações
baseado no conjunto já visto
da obra por terminar.

Tento definir o que vejo
mas todas as palavras são vazias.
Inúteis as canetas.
Como se fora me sufocar
ao ouvir a flauta de Pan,
desando a descerrar janelas possíveis
escancarar as portas que m’as permitem.
Desabalo pelo corredor
até alcançar o alpendre
onde desmonto, calado e imóvel.

Aboleto-me ao sol retirante
aninhando-me no aconchego
de um coração desencantado.

Na modorra, no vazio inútil
de gestos e palavras
apenas contemplo, sem músculos
o que construí de mim
enquanto desvendo outras casas
que vão surgindo ao longo
com outros eus a desmontar nas sacadas.

Foto de JGMOREIRA

A ÂNSIA

A ÂNSIA

Amo, na distância, um amor
que não será amado quando perto.
Ao alcance do tacto, do beijo,
esvanecer-se-á e será reles desejo
que pela manhã deixa cheio o cinzeiro.

Amo a distância que dele me separa
como o próprio amor que a ele dedico.
Muitos são os silêncios em minha alma,
como são muitos os passos de toda uma vida.
Em todos esses silêncios há o amor,
como nos passos.
Há amor nos tendões, nervos, ligamentos
sangue, pele, pelos tudo é amor, posto
não haver pensamentos em quando atiro
a perna à frente, à frente, e nos silêncios.

Se puder tocar o objeto do amor, de que vale o amor?
Se posso dar fim à ânsia, de que vale o sacio?
-Ser apenas um corpo vazio a bocejar no escuro?

Ah!, como são reles os que se atiram a findar o amor
como se fosse ódio o que sentissem e fosse
amar estar vazio: Lata de atum no cesto da cozinha.

É preciso amar o amor como se fosse medo.
Evitar a satisfação; ansiar e mais amar a ânsia
para evitar que se aproxime o corpo do vazio.

Quanto mais quero menos esqueço o desejo
e adoro o que amo.
Esvazio-me de mitos
quando amo e ando leve, atirando olhares
semprenovidades ao mundo que vejo.

Extensos são os desertos de minha alma,
com muitas construções a disfarçar o vazio.
Nesse deserto, quando chega a noite
e a lua plena, o vento traça figuras na areia.
Muitas são as figuras traçadas em meu coração.

Os sentidos são estúpidos. Estão explodindo, exigindo,
tornando-me louco por visões, audições, gostos
que me esvaziem do amor que sinto.

mo tudo o que está longe.
Se vejo pedras, sou pele; se sou algas, amo o deserto.
Amo a impossibilidade do amor
como amo o amor.
As coisas que vemos são puramente coisas,
não possuem encanto.
Quanto maior o conhecimento dos símbolos,
menor a ânsia. Quanto mais conheço mais padeço
de desamor. Mais exijo conhecer para menos
me encantar ou procurando algo que não
entenda para a esse me entregar e amar.

Amo as crianças quando me perguntam
"o que é isso, aquilo?" e me detesto ao responder.
Quanto mais sei menos amo e busco, cocaína,
maiores quantidades de inusitados
para, enquanto não os entenda, amá-los.

Quanto mais conheço, compreendo, mais endureço
meu coração, minha'lma e mais sofro.

Quanto mais entendo, mais disfarço os desertos
de minha alma, mais afugento o vento,
mais escorraço Deus das minhas dunas.

A cada dia mais vejo e menos percebo.
Em breve de tudo terei ciência e chegará a hora
em que o deserto será tão extenso e irreconhecível,
o frio tão intenso que o coração se negará
a continuar traçando figuras ao vento.

Quando chegar esse momento, terei medo
e não mais poderei amar o que desconheço.

Foto de Marta Peres

Somos Nós

Nem todos acreditam
na força do pensamento
na coragem do amor
na vontade da paixão
na ciência da palavra
no saber que liberta
na ação que transforma
nem todos acreditam nos oprimidos
nos fracos
muitos só explorados
perseguidos
tristes
muitos estão desesperados,
desesperados do amor
outros já estão mortos,
mortos com um tiro
mortos para a vida
no coração da História,
na luta,
desigual
desleal
sem regras
sem obediência
a regras.

Marta Peres

Foto de Joaninhavoa

Nosso Jardim

Meu Amor!..quiseras tu,..
Ser o mel do meu Jardim,
que arde em quimeras,
de utopias, fantasias e ilusões,
Sonhos absurdos!..
Mas não,..não,..
Ah!.. monstro fabuloso
com cabeça de leão,..
Ah!.. corpo de cabra e
cauda de dragão,..
Que quimismo é este
que parece que faz magia?
Transformações, transmutações,...
Que abuso são estas combinações e descombinações, estes fenómenos iminentes produzidos p`las leis
desta ciência,
Química, d`outros tempos,..
Química dos nossos tempos!
Meu amor!..quisera eu,
ser o mel do teu Jardim
Ah! meu amor,..que ilusão!
Sonhos vãos,..
Mas, diz-me
Diz-me, por favor que cabeça
de leão e cauda de dragão,
perigosas seguranças de
contrastes em mudanças
e bravas esperanças nascem!
E que o som doce da lira
Fez-se ouvir, só pr`a anunciar
o fim
de todo o processo
necessário para o começo
de um despertar de acesso!
Ah! meu amor, quiseras tu
Ah! meu amor, quisera eu
Meu amor!.. agora sim!
Vem! Vem pr`a junto de mim!
Vamos pr`o nosso Jardim!

JoaninhaVoa,
em "Nosso Jardim"

Foto de Remisson Aniceto

Estrangeiro

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Estrangeiro sou e não ardo.
Meu corpo segue em névoa calma.
Não carrego nenhum fardo:
não sofre quem não tem alma.

Piso as pedras do caminho
livre, só, sem rumo certo.
E por ser assim _ sozinho _
nada é longe, nada é perto...

Estou aqui, além, aquém,
não importa meu destino;
se não me espera ninguém,
meu viver é peregrino.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Ser estranho é ser feliz,
é ter tudo e não ter nada,
ser mestre e aprendiz,
tendo a casa na estrada.

Vai, alma, não voltes mais!
Vê se te aportas noutro porto.
Ser assim muito me apraz:
não ser vivo nem ser morto...

Se meu corpo não tem alma,
minha`alma um corpo não tem.
Tal estado hoje me acalma;
a ela não sei se convém.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Sou meio-termo inteiro,
animal de consciência;
sou ar puro e passageiro,
que de si não dá ciência.

Minha`alma foi carcereira
do corpo, as rédeas tomava.
Fingia ser companheira
enquanto só regras ditava.

Perdi amor e felicidade,
que a ela não interessava.
Hoje há paz e não saudade
da alma que o corpo matava.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
é que longe, aquém das serras,
alma me abandonou...

Desalmado sou, bem sei,
estou solto e desgarrado,
livre do mundo, da lei,
sem presente e sem passado.

Minha`alma já foi bem tarde
se perder por outros lados.
Faço tudo sem alarde:
sem alma não há pecado.

Vai, alma, pedir pousada
em corpo que te receba.
Sou feliz e não me agrada
te encontrar pelas veredas.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

É bom que eu seja assim,
como nuvem passageira...
Que o mundo não saiba de mim.
Sou quem não fede nem cheira.

Fui louco, tolo, bastardo,
a alma de mim fez desdém.
Leitores, compreendam meu fado:
a alma jamais fez-me bem.

Serei o que queiram que eu seja.
Se quiserem, serei ninguém.
Sou o novo que viceja
do que já foi velho. Amém!

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Foto de Ednaschneider

Corram do Monstro *

*Poema de amor à vida.

Corram ele vem vindo
É o monstro, ele é um perigo.
A periculosidade deles, vocês não têm ciência.
Por causa desse monstro, muitos estão fugindo.
Até nossos parentes e amigos.
Por causa do monstro da violência.

Coloquem no “pitbull” a focinheira
Amarrar o cão bravo ou correr?
Coloquem no homem consciência
Ficar vivo calado ou falar para morrer?

Fujam da bala perdida
Fujam da cidade sem lei
Vamos para a “Terra Prometida”
Que eu ainda não encontrei.

Dêem trabalho à juventude
Parem de criar leis que os levem à criminalidade.
Tenham nobres atitudes
Vamos fazer do mundo um mundo de LIBERDADE.

De que adianta fortunas e riquezas;
Pois não posso sair com a família?
De que adianta ter uma vasta mesa
Quando vejo a fome no dia-a-dia?

Será que a desigualdade social
Justifica a violência?
Ou será que a violência é resultado final
De um mundo sem consciência?

Enquanto buscamos conceitos para este mundo vil
Fujamos dos “monstros alheios” das mentes sem consciência.
Fujamos da violência, da bala perdida, da guerra civil.
Pois fugir será a única alternativa para a sobrevivência.

2 de maio de 07 Joana Darc

(Este poema é registrado.Copyright: Todos os direitos reservados à autora dos mesmos,não devendo ser reproduzido total ou parcialmente sem a prévia permissão da respectiva autora, estando protegido pela lei, ao abrigo do Código dos Direitos Autorais)

Foto de Anjinhainlove

~~ Já não há Sol ~~

Já não há sol!
E junto com ele, a luz se foi
Deixando um negro de luto
Que minha alma corrói.

Já não há sol!
E já ninguém sente.
Às crianças é ensinada a ciência de odiar
Neste sistema educativo demente.

Já não há sol!
Só réstias de um futuro perdido
Coberto pelos panos de nuvens cinzentas
E do outro lado – o paraíso prometido!

Já não há sol!
Prédios gigantescos nos impedem de o ver;
Fomes fatais impedem milhares de sobreviver;
Ganâncias egoístas impedem mentes brilhantes de sentir...
O mundo em que vivemos, vejo-o prestes a ruir.

Foto de Fernanda Queiroz

Oi Mãe

Que bom dizer teu nome
Mesmo que não possa me ouvir
Que bom contornar os dedos pela tua face
Mesmo que você não possa sentir
Que bom percorrer teu álbum de foto
Maior herança de tua presença
Que bom poder te amar tanto
Sabendo que mesmo distante ira sentir

Um dia Deus determinou
Que eu iria existir
E deste amor intenso que brotou
E na semente fecundou
Em momentos de profundo amor
Vencendo a maior corrida da vida
Para tua alegria infinita
Em teu útero me alojei

Neste pequeno habitat
Que por tempos passei
Conheci tuas ânsias
Ou profundo mal estar
Que mesmo querendo evitar
A natureza ou a sábia ciência
Sempre soube explicar
E em teu ventre, gerei

Ouvia tua voz baixinha
Acompanhava teu caminhar
Que depressa ou lento
Levava-me a embalar
Tuas canções de ninar
Sempre a me acariciar
Onde teu toque singelo
Ensinou-me a te amar.

Mas os melhores momentos
Foi te acompanhar a bordar
Sentadas nós duas no lago
No enxoval a trabalhar
Com os teus pés a banhar
Onde teus pensamentos
Era parte do momento
Aguardando meu chegar

E em uma noite de verão
Onde o frio estarreceu
Trazendo sinais de vida
Mas de morte também
Onde meu primeiro choro
Foi acompanhado em coro
E depositando-me em teu leito
Silenciou teu coração no peito

Hoje sei de tua dor
Que é minha também
Queria me ter em teus braços
Apenas por um momento
Fecundando teu anseio
Ofertando-me teu seio
Como se amamentar
Fosse protocolo de amar

Mas Mamãe!
Você me passou tudo isto
Quando me alojou em teu ventre
Pude ouvir teu coração
E este amor infinito
Chegou que nem um grito
Que me deixou de herança
Que sempre será mais que lembrança.

Mãe!
Muitos versos existem
Muitos poetas escrevem
Tentando te completar
Falam de você em três letras
Comparam-te tamanho do céu
Ou um pouco menor que Deus
Só te digo Mãe querida
Meu coração sempre será teu.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de angela lugo

Valor do amor

Mesmo que você pese todo o ouro do mundo
Conte todos os quilates de diamantes
Conte todos os grãos de areia existentes
Ou mesmo quantos litros d’água tem os mares

Mesmo que conte todas as nuvens que passam
Conte todas as estrelas que contém no firmamento
Conte todas as pessoas que passaram pela terra
Ou mesmo todos os pingos de chuva que caíram

Mesmo que obtenha a ciência da vida
Tenha a certeza por quantos caminhos andou
Ou mesmo por quantas mulheres teu olhar cruzou

Mesmo que saiba quantas batidas deu seu coração
Quantas horas de sono durante a vida aproveitou
Mesmo assim não saberá o valor do meu amor

Foto de Lou Poulit

O Caminho é o Mestre.

Precisei viver muito, cair e levantar muitas vezes, para legitimar no meu silêncio a simples impressão de que tudo valeu a pena, por ter aprendido algumas coisas. Há tantos anos que nem me lembro mais quando foi, li sobre o conceito cabalístico de amor. Achei que era uma coisa muito bonita, mas impossível de se conseguir. Parecia um paradoxo existencial insolúvel, porque parece pressupor o sacrifício da individualidade própria e sem ela, ainda que consigamos pisar no horizonte, não poderia haver nisso um mérito nosso, já que não terá sido uma obra nossa. Guardei o conceito com carinho numa das últimas gavetas da alma.

Os anos se sucederam e através deles uma aparentemente infindável sucessão de logros e malogros, que deixavam uma coisa cada vez mais clara e insofismável, na minha alma obstinada e penitente: as melhores coisas que havia conquistado não eram aquelas pelas quais me dispusera a tantos sacrifícios, não eram a montanha, mas sim as que em algum momento me pareceram uma pedra suficientemente firme, para enterrar o cravo e continuar a escalada. E isso foi verdadeiro em literalmente tudo. Sabia exatamente o que queria e, quase sempre, soube encontrar meios de prosseguir. Mas não sabia o mais essencial.

Não sabia que nossas ambições são como uma miragem. Ainda que sejam alcançadas, podem durar bem pouco nas nossas mãos. Mesmo porque logo precisaremos desesperadamente de um novo objetivo, uma nova referência para que possamos canalizar nossa energia. Precisaremos fazer isso, ou teremos a impressão de que todo o universo, em seu legítimo direito de prosseguir, está nos atropelando lenta e minuciosamente. Talvez possamos parar para comemorar uma conquista, ou nenhuma conquista, como fazemos mais freqüentemente, e assim exercer nossa auto-estima, e simplesmente não querer mais nada. Porém não poderemos interromper a sucessividade das coisas, ou a transitoriedade de tudo.

Como não podemos assumir nenhum dos extremos do paradoxo, ou seja, não podemos ser Deus nem tão pouco um inútil grão de areia, a solução está necessariamente no meio do caminho entre um e outro. Não é como encontrar uma agulha no palheiro, ou um determinado grão na praia, é muito mais difícil que isso!

Às vezes, por minha própria experiência, tenho a impressão de que posso propor uma solução: desconcentrar o foco. No entanto, preciso esclarecer uma coisa da maior importância: Quando digo desconcentrar o foco não estou defendo nenhuma abstenção, negligência ou leviandade generalizada, como pode perecer. Mas sim, muito ao contrário, redistribuir o feixe, contemplando mais as pequenas coisas do caminho, que estão sempre tão perto da gente; e nem tanto no horizonte, em cuja distância o foco talvez se perca irremediavelmente.

Isso não é nada fácil, concordo, mas deve ser uma espécie de aliança profícua. Sim, uma aliança porque assim daremos ao universo a oportunidade de participar muito mais proveitosamente das nossas conquistas, de nos oferecer alternativas, enquanto damos a nós mesmos a oportunidade de exercer mais legitimamente o nosso livre-arbítrio. Porém, aqui cabe um alerta: Não se deixe iludir pelo seu conceito vulgar e tão divulgado: O tal livre-arbítrio, instituição criada a partir textos inspirados, não pode ser o direito absurdo de fazermos o que bem entendermos. Crer nisso seria subestimar a inteligência do Grande Legislador, depois de superestimar a nossa. Não é minimamente razoável.

Vejo isso da seguinte maneira: suponhamos que você tenha dito ao seu filhinho amado que parasse a brincadeira para fazer o dever de casa. As crianças nunca têm pressa para aprender. Na verdade, ao fazer seus exercícios, querem mais se livrar da obrigação do que aprender o que os adultos pensam ser necessário. Ora, se você lhe desse dois ou três cascudos mais alguns gritos, certamente ele faria os seus exercícios e alguma coisa sobre a matéria haveria de fixar na mente, além dos cascudos e gritos, claro. Mas tenho a mais cristalina convicção de que você se sentiria um pai/mãe muito melhor, se ele resolvesse fazer o dever e aprender por conta própria! Sem precisar de qualquer penalidade. A evolução dele e a sua satisfação seriam muito mais legítimos e perenes. Pois aí está, para mim, o sentido verdadeiro do livre-arbítrio, dentro dos limites da mente humana. Até onde a criatura e o criador eram uma coisa só, não poderia haver esse mérito. Então, porque resolvemos criar nossos próprios objetivos e expectativas, e engendrar os meios para isso, passamos a precisar dessa instituição. Porque Deus, que não pode ser um pai menor do que eu ou você, prefere não nos arrastar para casa pelos cabelos. Na verdade não se trata de uma liberdade, mas da oportunidade de escolher bem e com responsabilidade.

Então, juntando tudo, creio ter uma boa proposta. É simples e não tem o rigor hermético imposto pelas instituições dogmáticas, que também tendem a priorizar suas próprias necessidades: focamos o horizonte apenas para que tenhamos uma referência de direção; depois criamos focos nas pequenas coisas que estão em nós, à nossa volta, entre nós e na mesma direção que escolhemos. Sem perceber, estaremos abrindo mão de uma parte do nosso ego cabalístico, aquele que quer satisfazer a si próprio, entretanto, também estaremos sintonizando a energia cósmica, que quer satisfazer a toda criatura, humana ou não, que possa escolher, segundo as preferências de cada uma. Além de satisfazer, segundo a Sua preferência, a todas as demais que não podem escolher por si.

A polarização sexual dessa questão é muito bem representada por um mito antigo: Os deuses do Olimpo estavam prestes a se unhar, por não haver consenso sobre quem teria mais prazer no amor, se o homem ou a mulher (uma questão que, hoje, a ciência responderia facilmente). Então Zeus, tido como grande sedutor mas que, provavelmente, era um péssimo amante, mandou chamar um semi-deus, por sua vez tido como apaziguador. Não podendo recusar a missão que lhe fora confiada, este meditou um pouco e depois afirmou categoricamente (sem a tecnologia atual): Quem tem mais prazer no amor é a mulher... Liderado pela extremada deusa Hera, mui traída esposa de Zeus, o bloco dos feministas já estava começando a sua festa. Mas, olhando os olhares inchados de raiva dos machistas, ele completou: ... Mas o homem é quem o provoca. E assim, enquanto o bloco dos machistas fazia a sua festa, a enfurecida Hera cegou o pobre semi-deus. Na tentativa de ajudar os que queiram compreender melhor a inexplicável sabedoria dos antigos, aqui vão versos definitivos de Vinícius de Moraes, da sua “Brusca Poesia da Mulher Amada”:

“...E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!”

O verdadeiro amor só pode ser isso: O sentimento de querer bem e de satisfazer as pessoas/coisas amadas. E para dar certo, basta que aquele que ama seja uma das pessoas amadas. Ponto passivo: não existe uma matemática humana para o amor, essa coisa de determinar de modo fixo um ponto entre os dois extremos. Tudo bem, mas não estaria exatamente nisso o mérito? Veja, essa exatidão fixa, humanamente lógica, redundaria em mais uma estrutura ideológica capaz de engessar a psiqué e atrair o foco para o ego. Ela não é necessária. Mais importa que se exerça a vida, a alma, que se ame e que se cresça. A alma é o maior objetivo, o amor é o meio mais eficiente, e o caminho, quanto mais escuro mais guarda estrelas: É o mestre!

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