Chão

Foto de Ed Sonhador

Sonhei que a deixava...

Sonhei que a deixava...

Deixava você louca de saudades, quando partia.
Deixava você sufocada de sonhos, quando a beijava com fervor.
Deixava perturbada com as minhas roupas sujas jogadas ao chão, só para poder chamar sua atenção.

A deixava feliz com minhas piadas.
Deixava triste com meus erros, pois nem tudo na vida e perfeito.
Deixava envergonhada com minhas de clareações de amor
Deixava embaraçada com meu jeito de ser, não somos iguais!

A deixava impaciente, com meu suspenso em lhe dar um presente.
Deixava sua ansiedade aflorar com minhas longas viagens.
Deixava incapacitada com meus tempos perdidos.
Deixava com raiva da minha falta de atenção quanto às datas comemorativas

A deixava com um vazio no peito quando um beijo meu faltava ao seu rosto.
Deixava tímida em dizer a todos seus amigos e familiares o quanto eu te amo.
Deixava confiante e forte, quanto acreditava e apoiava suas decisões.
Deixava você pensando que não te amava mais, mas era justo esse momento que eu mais te amava.

A deixava com ciúmes, ao olhar para outra mulher só para ver o quanto sentia em perder-me.
Deixava frustrada, com meus momentos de silencio.
Deixava angustiada, em demorar a dizer EU TE AMO.
Deixa assustada, com meus atos de loucura em mostrar a minha felicidade de viver ao seu lado.

A Deixava mulher quando nos amava

Agora vou deixar de falar e fazer você pensar e refletir por dizer o quanto eu amo fazer parte de você.

Foto de Carmen Lúcia

O poeta e a bailarina

Por entre versos grassa a graça de seus passos,
Que saltitando por sonetos compassados,
A cada rima uma performance ela combina
Num sincronismo magistral...poeta e bailarina.

Nos poemetos, viravoltas são constantes...
Levita em trovas, inusitados os instantes,
A poesia em vôos épicos, cibernéticos,
E a bailarina valsa os versos mais frenéticos.

Mas, de repente, pára a música, some o chão...
Sapatilhas, em falsetas, titubeiam sem noção,
E o bailado já sem vida, descompassa,
Chora o poeta por faltar inspiração.

Foto de Varley

“Versos derramados”

Entre os versos derramados no papel
Algumas gotas do vinho que meus olhos verteram
A taça em pedaços pelo chão
A garrafa de Cabernet Sauvignon vazia
O silêncio perturbando-me os ouvidos
A razão embriagada balbuciando dor
Enquanto minha alma vomitava muito da saudade
Que venho bebendo desde que partiste

Varley Farias Rodrigues

Foto de martini

Amiga

Amiga do peito
Foste com efeito
Me deste tua mão
Falaste ao coração

Apesar do travão
Sempre puxado
Tiveste cuidado
Deste tua mão

Nada terminou
Nem começou
Estamos em processo
Vai haver sucesso

Acredito no sucesso
Caminho em progresso
Irei conseguir
Para ti um dia ir

Mas com pés no chão
Vamos pensar solução
Caminhando devagar
Para não precipitar

Tu és um sonho
E quero acreditar
E talvez se calhar
Em tuas mãos me ponho

Me entrego por amar
E assim tanto gostar
Um dia vou chegar
Feliz por te abraçar

Apesar de sentir
Que te afastaste
Não vou desistir
Pensar que te fartaste

É apenas cansaço
Mera reacção
Um cheiro no cangaço
Te dou do coração

Tu vida convulsa
Cheia de emoção
Com muita razão
Te abate o coração

Tua amizade
Que é quase
Existe entre nós
Não estamos sós

Tu estás em mim
E não será o fim
Tu me olharás
Um dia me verás

Destino é caminho
Juntos vamos encontrar
Com muito carinho
Vamos procurar

Toda tu és Luz
Assim queiras dar
Eu vou querer ficar
Esperando me iluminar

O amor é energia
É luz que ilumina a alma
É a força de dois corações
Que traz a paz e a calma
(Roberto Carlos)

Meu amor tens
Um dia vens
E juntos assim
Estaremos sim !

Foto de martini

Teu olhar meigo

Bom dia meu amor
Agora que acordou
Vai ver que até gostou
De ouvir esse calor

Dormiu bem espero
Num sono descansado
Meu desejo sincero
É que tenhas repousado

Desse repouso que cura
Para levar a vida dura
Estás precisando
Força ir ganhando

Teu jeito meigo de ser
Tudo ajuda a vencer
Nem haverá doença
Que não venças pela crença

Mas tudo passou
Teu corpo ganhou
Vamos esquecer
E não voltar a ver

A meiguice de teu olhar
Com teu sorriso junto
Me deixa a te amar
De ti quero o conjunto

Esse binómio sabido
Caroço e casca crescido
Por ele me amarro muito
Com ele quero estar junto

Não penses que abusas
De me pedires para ler
Ao menos assim vou querer
Ao saber que me usas

Se gostas de comigo estar
E de me ouvir falar
Então eu te vou ler
Tudo o que tiveres aprender

Eu contigo quero
Estar assim juntinho
Sempre espero
Melhor que dormindo

Te ver nessa telinha
É o que tem agora
Mas quando for embora
Te quero agarradinha

Te beijar longos beijos
Partilhar teu calor
Vão aí meus desejos
E também meu ardor

Meu ardor a subir
Pedindo umas asas
Vou querer sentir
Estar junto nessas brasas

Brasas que são pétalas
De cheiro doce intenso
Quero muito e imenso
Com meus dedos tocá-las

Tocando-as oh meu Deus
Até as nuvens se abrem
Voar até aos Céus
Num colibri selvagem

Nesse colibri montado
Vai uma flor rosada
E assim bem chegado
Ela fica toda molhada

Mas esse liquido bebendo
Esse néctar sorvendo
Como se fica ardendo
Mas mais e mais querendo

Te desejo nessa hora
E em outras de seguida
Bora lá agora
Colibri de cabeça erguida

No chão ou no sofá
Sai como dá
É por se querer
E vontade de se ter

Tu me tens a mim
Eu a ti desejo
Todo para ti
Se quiseres eu ensejo

Todo bem direito
São e escorreito
Invisto tudo junto
E vou até ao fundo

E sede desse beijo
Ai como desejo
Teus lábios gostosos
Teus doces saborosos

Nesses lábios voo
De olhos fechados
Nem sequer enjoo
Se os sinto trincados

Sonhos
Sentidos
Vividos
………

Direi concretizados
Um dia próximo de ti
Se juntos e chegados
Estivermos então assim

Sonhos
Sentidos
Vividos
………

Direi já concretizados
Um dia próximo de ti
Se juntos e chegados
Estivermos de novo assim

Foto de Carmen Lúcia

Tu me ensinaste

A ver o alvorecer sorrindo
E um novo pôr-do-sol se indo...
Que o brilho da última estrela,
É tão intenso quanto o da primeira.

Que a flor mais bela será sempre aquela
Que em nuances aos olhos se revela,
Que a primavera tem sua beleza
Tal qual o inverno...sua realeza.

Que a felicidade mora onde supomos,
Que o amor reflete tudo o que somos,
Ou alcançamos céus,ganhamos terra,
Ou sucumbimos fundo,vítimas do mundo.

Me ensinaste que a dor morre e nasce,
Em meio à ilusão,sempre em contraste
Com o amor que descompassa o coração
E lança nossos sonhos pelo chão.

Me ensinaste a viver fortes emoções,
Desencadeando um mar de inspirações,
Sorri,sofri,amei,poetizei...
"Mas nessa hora a viver comecei..."

*Último verso:Almeida Garret

Foto de Carmen Lúcia

Devaneios

Removi pedra por pedra,
Que me impediam de andar
Pelo caminho traçado
Por onde eu iria passar.
Tapei todos os buracos
Com terra fértil e molhada,
Neles plantei com cuidado
Flores,arbustos,gramados.
Nem mesmo o gorjeio dos pássaros
Deixei que ficasse de lado,
Pois ele enaltece a vida,
Com seu estribilho encantado.
Ao deparar-me com a dor,
Que quis me crivar de seqüelas,
Pintei-a com todo ardor
Com as cores da aquarela.
E veio a tristeza arrogante
Tentar roubar a beleza
Impor-se naquele caminho.
Com um gesto hilariante,
Ousei fazê-la sorrir,
Por incrível que pareça
Ela começou a rir...
Assim fui seguindo o caminho,
Livrando-me de espinhos,
Afastando sofrimentos,
Recuando-me dos tormentos,
Que não me deixavam viver.
Seguindo os raios de sol,
Quase perdi a visão
E quando surgiu o arrebol,
Meus pés perderam o chão.
Indo,andando,flutuando,
Pela estrada do infinito
Que salpiquei de ilusão,
Hoje tornei-me uma estrela,
Da mais bela constelação...

(Tema:Caminho)

Foto de Carmen Lúcia

O que eu gosto em você...

O que eu gosto em você...
É esse seu jeito de ser,meio maroto,
Pirraceando feito um garoto,a contragosto,
Zombeteando desse meu modo carente
E meio “careta”de lançar-lhe um flerte.

O que eu gosto em você...
É esse atrevimento em seu olhar,
Tentando me despir,me ver corar,
Olhos de “raio x”,a fim de descobrir
As minhas partes íntimas,o íntimo de meu ser,
E eu nem sei porquê...Elas são todas pra você!

O que eu gosto em você...
É querer ganhar-me facilmente,
Me arrepiando toda,indiscretamente,
Me deixar perdida,maliciosamente,
Me arrebatando o chão,impiedosamente,
E me levando à loucura,inconseqüentemente.

O que eu gosto em você...
É esse seu jeito imprevisível de ser,
É não saber se vem para ficar,
É não saber se vai pra não voltar.
E quando vem,é luz do dia,
E quando vai,noite sombria.

O que eu gosto em você...
É esse seu sorriso escancarado,
Qual porta aberta para o céu e o pecado,
É caminhar em direção ao infinito,
Por terra firme ou beira de precipício.

O que eu gosto em você...
É essa displicência,indiferença,
Quando de amor quero lhe falar
E num gesto sôfrego,me tapa a boca,me deixa louca,
Pra logo em seguida começar a me beijar.

O que eu gosto em você...
São essas investidas tempestuosas
Gerando sensações voluptuosas...
Eu,frenesi do ápice da paixão,
Você,lava de vulcão em erupção!

O que eu gosto em você...
É ter-me ensinado,mesmo sem querer,
O lado gostoso do viver,
Um jeito tresloucado de querer,
Simples e complicado,calmo e agitado.

O que eu gosto em você...
É tudo o que me faz sentir...
Achar que com o Big Bang só restou nós dois,
E todo o universo se formou depois...
É ver no arco-íris a oitava cor,
Me entregar de vez a esse louco amor,
É ver o dia amanhecer...resplandecer...
Sem me importar com o que possa acontecer!

(Tema:Nós dois)

Foto de cathy correia

Palhaço

Palhaço
Sobe, desce.
Dá uma cambalhota, rebola.
Cai ao chão e dá um trambolhão.
Palhaço
Sempre com um sorriso.
Pronto a dar a mão.
Alerta, se alguém está triste.
Palhaço
Faz o salto do trampolim.
Pula como um canguru.
Parece feito de borracha.
Rebola, salta, sorri
Mesmo quando está triste
Não deixa de sorrir
As suas lágrimas não aparecem
Ficam lá dentro
Trancadas
Estranguladas.
Ah! Palhaço ser o que és não é fácil.
Mas é bom saber que existe
Cara alegre, quando se está triste.

Foto de TrabisDeMentia

Onze da noite

Onze da noite. Soava a campainha. “Aposto que ele estava à espera que a hora chegasse” pensei enquanto me dirigia à porta atando meu robe. Ajeitei os cabelos ainda húmidos e espreitei pelo orifício enquanto levava uma mão à maçaneta. Do lado de fora aguardava um indivíduo cabisbaixo. Não era ninguém que eu não esperasse! Corri o trinco e cumprimentei-o com um sorriso! “Entre”, Ordenei em tom de pedido e estendendo a minha mão à sala de estar. “Sente-se ali por favor, no sofá”. Não era um jovem bonito, mas era contudo interessante. Musculado o suficiente para me despertar a curiosidade e abastado de masculinidade se bem me quis parecer. Fiquei observando-o caminhar enquanto fechava lentamente a porta. “Sim, sem dúvida o que eu estou precisando”. Dei duas voltas à chave como sempre faço quando tenho visitas. Se por um lado transmite segurança a quem vem por bem, por outro lado transmite desconfiança a quem vem por mal. E eu gosto sempre de saber em que terreno estou pisando antes de partir para a caça. Aproximei-me do jovem contornando o sofá pela esquerda e me debruçando sobre as costas deste. “E vai querer beber alguma coisa?” Ele se virou e num instante desviou seus olhos para o meu robe propositadamente entreaberto. Antes que ele se engasgasse ao me responder eu continuei - “Não tenho nada com álcool, mas tenho sumo, água...Tenho chá preto fresco, quer?”
“Pode ser chá então se não se importar” disse ele retomando a posição. Atravessei a sala lentamente em direcção à cozinha. Pelo ruído quis-me parecer que ele estava se ajeitando por entre as calças. E concerteza que estava me observando. Assim é que eu gosto, de deixar meus convidados bem esfomeados antes da refeição! De mostrar à presa quem é o predador!

Não demorei mais que dois minutos. O jovem estava debruçado sobre a mesa de vidro com um ar de expectativa. “Espero que não se importe, preparei para si também!”. Não pude evitar o meu ar de surpresa. Afinal não é todos os dias que me deparo com um espectáculo destes! “Não! De jeito nenhum! Hoje vamo-nos divertir imenso!” - disse eu enquanto me ajoelhava e descortinava o porquê dos ruídos! Com um cartão de crédito ele ajeitava o risco de pó branco na minha direcção. Me estendeu uma nota de vinte enrolada sobre si mesma e me convidou. “Não! Você primeiro” retorqui lhe devolvendo a mão! Não se fez rogado! E na mesma sofreguidão que inspirou o pó se recostou no sofá! “Agora eu!”. Levei a nota á narina e limpei o que restava na mesa! Ele olhava para mim com um rasgo ofegante nos lábios e eu... Que saudades que eu tinha disto! Me sentia como que... Viva! Do meu coração partia uma sensação que se espalhava até ao formigueiro na ponta dos dedos! Fitava o jovem com meus dentes serrados, lábios entreabertos, olhar de desejo! Gatinhei até ele e me encaixei entre as suas pernas! “Era assim que me querias?” - falei sem esperar resposta. Puxei a sua camisa branca para fora das jeans e comecei pelo botão de baixo, escalando em direcção ao seu peito, ao seu pescoço. Ele me pegou nos cabelos e deixou que eu levasse minha língua até os seus lábios. Trepei para cima dele, e deixei que ele me desatasse. Sentia ele pulsando sob mim, pulsando a um ritmo louco. Como que implorando pelo meu toque ele se esfregava. Mas é assim que eu gosto, é assim que eu gosto! “Vem cá” disse eu lhe mostrando o caminho com a minha mão! “Vê como eu estou!” - O jovem não cabia em si com tanta loucura, tanto tesão. Tomou meus seios como se fossem dele e se vingou. Queria que eu devolvesse a ele o prazer que ele me estava a dar. “Mas eu devolvo, eu devolvo” -pensei. “Tira as calças” -mandei. Ele num ápice as chegou aos joelhos. Mostrava-se abastado, como eu já esperava pela firmeza das investidas. O tomei em minha mão e me apressei em aconchegá-lo em mim! A sua falta de ar estava, a cada batida, mais apercebida. Ele me olhava boquiaberto com ar de deslumbramento. Eu retorquia com movimentos mansos... Sob as minhas mãos palpitava um coração descontrolado. Cravei as unhas e demarquei meu espaço na sua boca. Sua língua me procurava numa ânsia louca. Demasiado louca para se conter num só lugar. Demasiado grande para caber num só sofá. Agarrou em mim e sem se permitir afastar me jogou no chão. Cruzei minhas pernas sobre as suas costas enquanto ele me ganhava centímetro a centímetro, enquanto palmo a palmo me arrastava pela sala. “Quero mais que isso, muito mais que isso” - eu avisava, mas ele já nem me ouvia de tão surdo que estava. Todo o seu ser se resumia num único ponto e com um único objectivo: me vencer no prazer. Encurralou-me num canto... Uma mão sob mim, outra na parede. Nada poderia ser mais perfeito. “Queres saber o que é prazer?" - Ameacei. Seus movimentos cada vez mais frenéticos eram já de um comboio descarrilado. “Queres?” - E no momento em que ele se enterrou em mim, eu me enterrei nele. Cruzei forte as minhas pernas e não lhe permiti nem mais um movimento.
Sob os meus lábios o quente sabor do prazer. Sob os meus lábios, em cada vez que ele compulsava, o doce sabor do sangue, impregnado de toxinas, me levava ao êxtase. Como leoa esperei pela morte incrédula da caça. Ali naquele canto, me satisfiz!

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