Céu

Foto de CarmenCecilia

QUEBRA CABEÇA

QUEBRA CABEÇA

Hoje estou em mil pedacinhos
Caquinhos... Em desalinho
Procurando caminhos...
E parte da minha cabeça

Diz pro meu coração
Não fique assim não...
Pense com a razão
Não com a emoção...

A mão que acena...
Num contra-senso diz adeus
Leva mensagens para as pernas
De perdas eternas...

Que é preciso caminhar
Os pés calcar... Calçar!
Para contemporizar... Alcançar!
Ao mar se lançar... Mas voltar... Acordar!

Sinalizar aos olhos
A luz que desperta...
No horizonte descoberto...
Farol a céu aberto!

A boca que cala...
Diz ao corpo que fala...
Que tudo se intercala
Mesmo o sorriso se encoberta pelo sizo

O braço que abraça... Entrelaça...
Também traz ameaça...
Aproxima e afasta...
Numa despedida nefasta

A voz que anuncia num prenuncio...
É aquela que silencia...
Enrijece... Arrefece...
Emudece nossa face num disfarce...

O que alegria causou...
Motivou, também com a dor se casou!
E se o sonho transformou... Deformou!
Se não é mais meu o seu amor...

Então melhor mesmo
Ficar assim a esmo...
Juntando os pedacinhos enfim...
Nessa busca sem fim do que sobrou de mim!

Carmen Cecília

Foto de CarmenCecilia

QUEBRA CABEÇA

QUEBRA CABEÇA

Hoje estou em mil pedacinhos
Caquinhos... Em desalinho
Procurando caminhos...
E parte da minha cabeça

Diz pro meu coração
Não fique assim não...
Pense com a razão
Não com a emoção...

A mão que acena...
Num contra-senso diz adeus
Leva mensagens para as pernas
De perdas eternas...

Que é preciso caminhar
Os pés calcar... Calçar!
Para contemporizar... Alcançar!
Ao mar se lançar... Mas voltar... Acordar!

Sinalizar aos olhos
A luz que desperta...
No horizonte descoberto...
Farol a céu aberto!

A boca que cala...
Diz ao corpo que fala...
Que tudo se intercala
Mesmo o sorriso se encoberta pelo sizo

O braço que abraça... Entrelaça...
Também traz ameaça...
Aproxima e afasta...
Numa despedida nefasta

A voz que anuncia num prenuncio...
É aquela que silencia...
Enrijece... Arrefece...
Emudece nossa face num disfarce...

O que alegria causou...
Motivou, também com a dor se casou!
E se o sonho transformou... Deformou!
Se não é mais meu o seu amor...

Então melhor mesmo
Ficar assim a esmo...
Juntando os pedacinhos enfim...
Nessa busca sem fim do que sobrou de mim!

Carmen Cecilia

Foto de Civana

Minha Canção do Exílio

Um exercício proposto na aula de Literatura Comparada, dos tempos da faculdade (1988).

Minha Canção do Exílio

No meu mundo não tem palmeiras,
Mas ouvimos o sabiá;
Todo amor do mundo,
Tenho certeza, está lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossos olhos têm mais luzes,
Nossos corações têm mais esperanças,
Nossas vidas mais amores.

Em pensar, sozinha, à noite
Mais paixão me dá;
No meu mundo não tem palmeiras
Mas ouvimos o sabiá.

No meu mundo tem mais cor,
Coisas tal que não vejo aqui;
Em pensar, sozinha, à noite
Mais esperança me dá;
No meu mundo não tem palmeiras
Mas ouvimos o sabiá.

Não permita Deus que eu vá,
Sem que eu volte para meu lar.
Sem encontrar todo aquele brilho,
Toda aquela luz,
Toda a minha outra metade,
A qual se encontra lá.
No meu mundo não tem palmeiras,
Mas, tenham certeza, ouvimos o sabiá!

(Civana)

Foto de Noslen

Quanto te amo?

Pedi as nuvens que te levassem um beijo meu e que te dissessem o quanto te amo.
Elas viraram-se para mim e disseram: diz-nos o numero exacto que representa o quanto a amas e nos fazemos o que pedes.
Então fui e pedi ao mar que me dissesse quantas gotas de agua tinha , pedi ao vento que me dissesse quantos grãos de areia existem nas praias e nos desertos , depois contei todas as estrelas que há no céu e multipliquei tudo isto pela distancia que nos separa.
Fiquei desiludido pois o resultado da conta é apenas uma pequena parte do quanto te amo, então as nuvens disseram-me que te levariam o beijo que pedi com a ajuda do vento mas o quanto te amo isso terei que to mostrar pessoalmente, por isso amanha, quando vires a primeira nuvem no céu e sentires uma brisa no teu rosto será a entrega do meu beijo…
Envia um para o ar e elas entregar-mo-ão no regresso…

Foto de Maria Goreti

A HISTÓRIA DE ANA E JOAQUIM – UM CONTO DE NATAL.

Chamavam-no “Lobo Mau”. Era sisudo, magro, alto, olhos negros e grandes, nariz adunco, cabelos e barba desgrenhados, unhas grandes e sujas. Gostava da solidão e tinha como único companheiro um cão imundo a quem chamavam “o Pulguento”. Ninguém sabia, ao certo, onde morava. Sabia-se apenas que ele gostava de andar à noitinha, sob o clarão da lua.

Ana, uma pobre viúva, e sua filha Maria não o conheciam, mas tinham muito medo das estórias que contavam a respeito daquele homem.

Num belo dia de sol, estava Ana a lavar roupas à beira do riacho. Maria brincava com sua boneca. Eis que, de repente, ouviu-se um estrondo. O céu encobriu-se de nuvens escuras. O dia, antes claro, tornou-se negro como a noite. Raios cortavam o céu. Ana tomou Maria pela mão e correu em direção à sua casa. Maria, no entanto, fazia força para o lado oposto. Queria resgatar a boneca que ficara no chão. Tanto forçou que se soltou da mão de Ana e foi arrastada pela enxurrada para dentro do riacho. Desesperada, Ana lança-se nas águas na vã esperança de salvar a filha. Seu vestido ficara preso a um galho de árvore e ela escapara, milagrosamente, da fúria das águas. Desolada, decidiu voltar para casa, mas antes parou na igreja. Ajoelhou-se e implorou a Deus que lhe tirasse a vida, já que não teria coragem de fazê-lo, por si. Vencida pelo cansaço adormeceu e só acordou ao amanhecer. Ana olhou em derredor e viu a imagem do Cristo pregado na cruz. Logo abaixo, ao pé do altar, estava montado um presépio. Observou a representação da Sagrada Família: Maria, José e o Menino Jesus. Pensou na família que um dia tivera e que não mais existia. Olhou para o Menino no presépio e depois tornou a olhar para o Cristo crucificado. Pensou no sofrimento de Maria, Mãe de Jesus, ao ver seu filho na cruz. Ana pediu perdão a Deus e prometeu não mais chorar. Ela não estava triste, sentia-se morta. Sim, morta em vida.

Voltou à beira do riacho. Não encontrou a filha, mas a boneca estava lá, coberta de lama. Ana desenterrou-a, tomou-a em suas mãos e ali mesmo, no riacho, lavou-a. Depois seguiu para casa com a boneca na mão. Haveria de guardá-la para sempre como lembrança de sua pequena Maria.

Ao chegar em casa Ana encontrou a porta entreaberta. Na sala, deitado sobre o tapete, havia um cão. Sentado no sofá um homem magro, alto, olhos negros e grandes, nariz adunco, cabelos e barba longos e lisos, unhas grandes. Ana assustou-se, afinal, quem era aquele homem sentado no sofá de sua sala? Como ele conseguira entrar ali?

Era um homem sério, porém simpático e falante. Foi logo se apresentando.

- Bom dia, dona Ana! Chamo-me Joaquim, mas as pessoas chamam-me “Lobo Mau”. Mas não tema. Sou apenas um homem solitário. Sou viúvo. Minha mulher, com quem tive dois filhos, Clara e Francisco, morreu há dez anos e os meninos... Seus olhos encheram-se de lágrimas. Este cão é o meu único amigo.

Ana, muito abatida, limitou-se a ouvir o que aquele homem dizia. Ele prosseguiu:

- Há muito tempo venho observando a senhora e o zelo com que cuida de sua menina.

Ao ouvir falar na filha, os olhos de Ana encheram-se de lágrimas. Lembrou-se da promessa que fizera antes de sair da igreja e não chorou; apenas abraçou a boneca com força. Joaquim continuou seu discurso:

- Ontem eu estava escondido observando-as perto do riacho, quando começou o temporal. Presenciei o ocorrido. Vi quando a senhora atirou-se na água, mas eu estava do outro lado, distante demais para detê-la. Também não sei se conseguiria. Pude sentir a presença divina naquele galho de árvore na beira do riacho. Quis segui-la, mas seria mais um a nadar contra a correnteza. Assim que cessou a tempestade vim para cá, porém não a encontrei. Queria lhe dizer o quanto estou orgulhoso da senhora e trazer-lhe o meu presente de Natal!

Ana ergueu os olhos e comentou:

- Prometi ao Senhor, meu Deus, não mais chorar. Mas o Natal... Não sei... Não gosto do Natal. Por duas vezes passei pela mesma situação. Por duas vezes perdi pessoas amadas, nesta mesma data.

Joaquim retrucou:

- Senhora, a menina está viva! Ela está lá dentro, no quarto. Estava muito assustada. Só há pouco consegui fazê-la dormir. Ela é o presente que lhe trago no dia de hoje.

Ana correu para o quarto, ajoelhou-se aos pés da cama de Maria, pôs-se em oração. Agradeceu a Deus aquele milagre de Natal. Colocou a boneca ao lado de sua filhinha e voltou para a sala. O homem não estava mais lá.

Um carro parou na porta da casa de Ana. Marta, sua irmã, chegou acompanhada de um jovem casal – Clara e Francisco, de quinze e treze anos, respectivamente. Alheios ao acontecido na véspera, traziam presentes e alguns pratos prontos para a ceia.

Ana saiu para recebê-los e viu o homem se afastando. Chamou-o pelo nome.

- Joaquim, espera. Venha cear conosco esta noite. Dá-nos mais esta alegria.

Joaquim não respondeu e se foi.

Quando veio a noite o céu estava estrelado, a lua brilhava como nunca!
Ana, Marta, Clara e Francisco foram à igreja. Ao retornarem a porta estava entreaberta. No sofá da sala um homem alto, magro, olhos negros e grandes, nariz adunco, sorridente, cabelos curtos e barba bem feita, unhas aparadas e limpas. Não gostava da solidão e trazia consigo um companheiro - um cão branquinho, limpo, chamado Noel.
Antes que Ana pudesse dizer alguma coisa ele disse:

- Aceitei o convite e vim participar da ceia e comemorar o Natal em família. Há muitos anos não sei o que é ter família.

Com os olhos marejados, Joaquim começou a contar a sua história.

- Eram 23 de dezembro. Minha mulher e eu saímos para comprar brinquedos para colocarmos aos pés da árvore de Natal. As crianças ficaram em casa. Ao voltarmos não as encontramos. Buscamos por todos os lugares. Passados dois dias meu cachorro encontrou suas roupinhas à beira do riacho. Minha mulher ficou doente. Morreu de paixão. A partir do acontecido, volto ao riacho diariamente para rezar por minhas crianças. Ontem, mais um 23 de dezembro, vi sua menina cair no riacho e, logo depois, a senhora. Fiquei desesperado. Mais uma vez meu “Pulguento” estava lá. E foi com sua ajuda que consegui tirar sua filhinha da água e trazê-la para cá.

Clara e Francisco se olharam, olharam para Marta e para Ana. Deram-se as mãos enquanto observavam o desconhecido.

- Joaquim, ouça, disse-lhe Ana. Há dez anos, meu marido e eu estávamos sentados à beira do riacho. Eu estava grávida de Maria. Eu estava com os pés dentro d’água e ele estava deitado com a cabeça em meu colo. De repente ouvimos um barulho, seguido de outro. Meu marido levantou-se e viu duas crianças sendo levadas pela correnteza. Ele conseguiu salvá-las, mas não conseguiu salvar a si. Entrei em estado de choque. Fiquei sabendo, mais tarde, do que havia acontecido por intermédio de minha irmã, que mora na cidade. Foi ela quem cuidou das crianças. Não sabíamos quem eram, nem quem eram os seus pais.

Aproximando-se, apresentou Marta e os dois jovens a Joaquim.

- Joaquim! Esta é Marta, minha irmã. Estes, Clara e Francisco.

Ana e Joaquim olharam-se profundamente. Não havia mais nada a ser dito. Seus olhos brilhavam de surpresa e contentamento.

Maria brincava com sua boneca e com seu novo amiguinho Noel. E todos cantaram a canção “Noite Feliz”, tendo como orquestra o som do riacho e o canto dos grilos e sapos.

Joaquim, Ana e Maria formaram uma nova família. Clara e Francisco voltaram com Marta para cidade por causa dos estudos, mas sempre que podiam vinham visitar o pai.
Joaquim reconquistara sua fama de homem de bem.

O povo da região nunca mais ouviu falar do “Lobo Mau” e do seu cachorro “Pulguento”.

Autor: Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 23/12/07

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"MENTE ABERTA"

MENTE ABERTA

Houve um dia que acordei achando tudo muito novo
E isso muito me agradou,
A casa, as ruas, as pessoas se tornaram mais bonitas.
E isso também me agradou.

Quando a noite chegou percebi que havia algo de novo
E isso aguçou minha curiosidade
Parei, e escutei o som do silencio.
E ele me trouxe uma novidade.

Olhando para o infinito, senti que saia do chão.
O céu vinha a meu encontro
Milhões de imagens, e num imenso clarão.
Vi-me nascer de novo.

Turbilhões de sensações
Arrepios de alegria
Lagrimas de emoções
Reencontro com a família.

Foi ai que descobri o meu ponto de origem
Fiquei feliz com a descoberta
Visitei cada lugar nesta viajem
E regressei com a mente muito mais aberta.

Foto de Francisca Lucas

Ledo Engano

Se pensas que fazendo ciúmes
A mim, irás me conquistar,
Com os arrebatados perfumes
Da tua louca paixão...

Será ledo engano teu
Pois, quando acordares dessa tramóia,
Eu em ritmo de poesia,
Estarei na visão do sétimo céu,
Entre nuvens de algodão,
Sonhando e apreciando estrelas!...

<*>

Foto de HELDER-DUARTE

As pombas

Amor, fervor e espiritual calor,
Este deve ser o poema e o tema,
De escritos nossos! Para terem valor.
Vá! vamos! Vamos! Não haja teatro e irreal cena.

Acabemos com a hipocrisia humana, que nos engana.
Recebamos, a verdade, p´ela fé, que nossa alma,
Não deixa nua. Então, vamos vestidos de flores brancas,
À rua plantar, um poema, alvo e puro, nas ruas.

De modo, que os que o ouvem, saibam qu´a eles, ninguém engana.
Mas eis que sentirão, que flores, são as que à sua alma, não desama.
Então haverá um cordão, de milhares de pombas brancas,
Voando, voando, e cantando, cantigas lindas e do princípio e antigas.

É um cântico, com músicas que vêm de um rio, de águas sem fim.
Cujas mesmas, delas, eternos sons, das águas emana.
Esta música às estrelas e ao céu, a paz proclama.
E não se dirá, mais: «...Um meteorito, ontem caiu...»; Pois não! Agora é assim!

Foto de Raiblue

Enquanto a noite durar....

.

O desejo rasgou o céu dos sonhos
Lá onde estou a esperar por ti
Estrela azul
Atravessando a noite
Ponte que te conduzirá até mim

Tenho a duração de um sonho
Intensamente vivido
Enquanto a noite durar...
Seu satélite gira em torno
Do meu eixo,viagem estelar...

Serpente sem veneno
Deslizando em teu juízo
Sussurros vermelhos
Tua língua em meu ouvido
Eternas noites de luar...

Enquanto houver sonhos
Desejo haverá...
E o meu azul há de se misturar
Ao vermelho das tuas palavras
Em chamas...sussurradas no meu céu

Incandescente céu..
Ao leve toque de tua língua...
E o mar vermelho se abre
E o desejo derrama na carne
Enquanto a noite durar...

(Raiblue)

Foto de Raiblue

Enquanto a noite durar....

.

O desejo rasgou o céu dos sonhos
Lá onde estou a esperar por ti
Estrela azul
Atravessando a noite
Ponte que te conduzirá até mim

Tenho a duração de um sonho
Intensamente vivido
Enquanto a noite durar...
Seu satélite gira em torno
Do meu eixo,viagem estelar...

Serpente sem veneno
Deslizando em teu juízo
Sussurros vermelhos
Tua língua em meu ouvido
Eternas noites de luar...

Enquanto houver sonhos
Desejo haverá...
E o meu azul há de se misturar
Ao vermelho das tuas palavras
Em chamas...sussurradas no meu céu

Incandescente céu..
Ao leve toque de tua língua...
E o mar vermelho se abre
E o desejo derrama na carne
Enquanto a noite durar...

(Raiblue)

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