Hoje, facto raro, acordei e lembrei-me do que sonhei. Lembro-me de ti, de mim, de carícias, carinho, amor, paixão, culpa, dor...
Sonhei que havia, entre nós, cumplicidade. As minhas mãos curiosas não tinham medo de percorrer cada centímetro do teu corpo e percorriam curvas, tocavam as tuas roupas e sentiam o calor da tua pele.
Sentei-me ao lado do teu corpo deitado e os meus olhos felinos observavam os teus movimentos respiratórios nas tuas costas. A paixão, sentimento carnal e primitivo do ser humano, tomava agora conta do meu espírito.
Fiz, dos meus dedos, fontes de conhecimento. Conheci, então, o que sentia quando tocava no teu corpo, sentia-te vibrar. Os teus olhos semicerrados olhavam as minhas mãos e os teus lábios mostravam um sorriso tímido.
Levei a minha mão a subir, levemente, provocando-te um sentimento de arrepio nas costas. Senti o teu cabelo. Oh! Como sabe bem sentir que tu existes, tocar no teu ser estimulante, ser que me tira do sério e me leva a ser alguém que não conhecia. Prazer dos deuses, pecado capital...
Como te queria. Naquele movimento de percepção do teu tacto, queria-te como nunca tinha querido ninguém. Uma sensação que nem Platão conseguiria descrever, uma melancolia que tomava conta do meu bom senso, digna de um sonho...
Mas algo aconteceu. Queria ter-te, beijar-te, tocar em toda a tua pessoa, mas não podia... Quando surge um passo teu para incendiar a nossa paixão com um beijo, apenas permito que nossos lábios se toquem... Não posso ter-te... Por quê?