Não quero ser começo nem fim
e sim entremeio dos enredos
onde a essência reside sem medo,
sem prever o que está por vir...
Não quero ser flor nem espinho;
o meio termo é que determina o caminho
e o cultivo traz a satisfação de ter deixado
em cada trecho, sangue, suor e carinho.
Não quero ser profana nem sagrada,
mas sucumbir na palavra sacramentada
e conhecer os dois lados da vida...
Colher o que me coube ao longo dessa estrada.
Não quero ser canção ou melodia
mas do piano, as notas musicais,
ainda espremidas em solfejados ais
num ritual que leva à sinfonia.
Não quero ser Romeu nem Julieta,
chorar a dor do sentimento arrebatado,
mas sim o canto da cotovia
anunciando um amor inacabado...
Não quero ser rio nem oceano,
mas a gota que falta pra preencher o vazio
e transbordar no estio do sertão
o pranto feito um elo de restauração.
_Carmen Lúcia_