Cães

Foto de carlosmustang

NUM PISCAR...

Se posso ser tão errado quanto pareço!
Pois sem isso eu padeço!
Por isso não posso ouvir as vozes!
Do sentido da razão!
Apesar de cães ferozes!
Estendo a minha mão!
Porque meu mundo é assim!
Boto a cabeça do lado de fora!
Talvez por isso, eu não me perca!
E o amor eu tento contestar!
Eu não sou o oposto!
E isso nem exista!
Sinto pelo desgosto!
Pois assim é a vida!
E então fazer meu gosto!
Ao me beijar pela manhã!
Quando abrir meus olhos!
Num piscar tudo mudou!

Foto de PoderRosa

Sentimento Explícito de Amor

Sentimento explícito de amor

O tempo parou no exato momento
Que eu li os seus sentimentos
O mar se aquietou
O cair da chuva, parou
Os pássaros emudeceram
As estrelas se esconderam
Apareceu só a metade da lua
E os cães, não latiram na rua
Um grito ao longe ecoou
O piar da coruja, serenou
Os vaga-lumes repousaram
E sem suas luzes ficaram
Decerto, todos observaram
A seriedade deste momento
Onde eu pude ler
A pureza dos teus sentimentos
Foi algo forte e sincero
Antes cheio de mistério
Agora claro e sublime
Nada mais te oprime
Colocaste em meu coração
O sabor da emoção
De ser querida e desejada
Como sempre quis ser amada

Esse amor é assim eterno como o céu, o mar, as estrelas
E também, incontável como os grãos de areia...

Esse amor é assim...

Foto de Naja

TRIBUTO A UM CÃO DESCONHECIDO

Tributo a Um Cão Desconhecido

Era um boxer tamanho médio. Pertencia a uma senhora, umas casas antes da minha, num Condominio Fechado, onde carros sem responsabilidade corriam além do permitido.
Dizem que os câes têm o dom de ver o que nós, sem preparo, não conseguimos ver, ou sentir...raros os que os têm normalmente. Para isso é preciso um desenvolvimento espiritual, em alinhamento com a energia cósmica. No entanto, para os cães , é um dom nato. A intelidência dos mesmos, é como dos Humanos, diferem entre si.
Falava do Boxer, o cão da vizinha. Sabia que ele vivia naquela casa com gatos e três outros cães miúdos, e que os protegia dos perigos. Jamais o tinha visto.
Certo dia, ao passar com o carro na porta dessa vizinha, devagar, justamento por causa dos gatos, vi que os cães miudos estavam do lado de fora, o portão encostados e que não poderiam entrar. Fiquei preocupada e chamei o porteiro para chamar a dona da casa e avisar dos cães...O porteiro tinha medo do boxer.
Então fiquei parada e já ia sair para tocar a comapainha, quando ao me pressentir do lado de fora, o boxer colocou a cabeça para fora do portão e ficou olhando para mim, enquanto colocava os pequenos pra dentro do portão...Então falei diretamete com ele..." tome conta dos pequeninos, você, que eu saiba, é o responsável por eles e dos gatinhos também..."
Foi quando ele aproximou-se do carro e , em pé, fitou-me bem dentro dos meus olhos e aconteceu uma das situações mais incríveis que já passei em contato com os animais.
Houve entre nossos olhares uma comunicação intensa, em que eu sentia que ele falava comigo, sem articular um único som. Foi como se dissesse.."nós nos conhecemos... você já foi minha amiga e dona...já vivemos na mesma casa..." e não tive nenhum medo dele. Saí do carro, apesar dos avisos do porteiro e falei para o cão..."entre, aqui fora passa carro veloz...fique aí dentro..." Ele entrou e novamente colocou a cabeça para fora do portão , enquanto dizia "adeus", fui dirigindo devagar e vi que finalmente entrou... Passaram-se dias ou um mês, não lembro bem,,,e senti que nunca mais o vira e resolvi perguntar por ele. Foi quando tive uma das mais tristes noticias naquela manhã de domingo...ele estava com câncer e teve que ser sacrificado...Minha familia não entendeu porque chorei o dia todo, não conseguia parar, e lembrava daquele olhar amigo e carinhoso, comunicativo que trocamos naquele dia...
Sei que jamais o esquecerei, talvez já tenha mesmo sido meu...nem sei seu nome, mas não importa, sua lembrança ficará para sempre guardada na minha memória e no meu coração. Era apenas um cão...
Não,,,não era apenas um cão...Era um cão muito especial, que com um único olhar se fez entender e ficar para sempre meu amigo e quem sabe, ainda nos encontraremos um dia...Esta é minha homenagem a um cão desconhecido, sem saber seu nome, mas que tive um intenso momento de interação de amizade.
Andarela

Foto de JGMOREIRA

POEMA DO MENINO JESUS - ALBERTO CAEIRO

Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Foto de JGMOREIRA

MEZZANINO

A casa onde moraria É bela
porque nao resido nela.
Fiz as malas, embalei os livros
desmontei a parca mobília.
SÓ nao mudei.

A casa vista daqui, tao longe,
é bela, enorme, nao me cabe.
Nao suportaria morar naquela
casa e sair pelo jardim
que dá para uma rua quieta
pela qual nunca passei.

A rua que nao conheço
está arborizada e casas
iguais a que não é minha
perfeitamente iguais,
dão para jardins simétricos
ao que não é o meu.

Coisas a mim igualizadas
saem para o jardim
acompanhadas de quatro
cães com os nomes dos elementos.
Daqui, tao distante mas visível,
vejo-lhes o riso de afago nos lábios
e o amor com que os cães os festejam.
Eles apanham no escaninho
cartas que nunca receberei.
A caligrafia redonda do emitente
lembra-me a minha de adolescente
e reporto-me a tempos distantes
e nao mais visíveis quando escrevia
cartas que eu nunca respondia
a mim mesmo.

Apoiando a mão esquerda no muro
um dos homens que nao sou eu
observa a rua (na direita, as cartas).
Sob as árvores, cegos arrastam
gatos pelos rabos.
Eu nao os vejo, o homem sim.
No mezanino, lateral da casa,
crianças pulam dentro do sol
para cima do telhado
(elas tem parte com os gatos)
até‚ pularem para dentro de abril
e de lá para dentro do homem
que abre a porta e sobe ao sotao.

O homem entende coisas que eu
desconheço, embora a ele se me
pareça eu, e por isso sorri,
esbelto, com o sol de agosto no rosto.
Ele fala do amor aos cães
e o amor é uma janela
pela qual se pula:
atras nao existe chão.

O homem fala do amor
para o sol e o amor e uma
vida sem corpo atrás de si
para nao contagiar.

O homem cumprimenta vizinhos
que são, todos eles, eu, sem nada
a disfarçar a parecência.
Sua mão brilha sob o sol suas
pulseiras; seu rosto recolhe-se
à penumbra, depois u'a mão
fecha a janela.

Foto de Lou Poulit

Por Que Veio Súbita Essa Estrela?

Por que veio súbita essa estrela
dançar aos meus pés cansados?
Pois, alheio, nem penso em vê-la,
tantos séculos assim depois
de passarem tantos passados,
que nenhum deles compôs,
espelhada sobre o silêncio meu,
a quietude que esse lago me deu?

Que seio seu ainda me sustenta,
sem ao menos dizer a que veio,
a morbidez terçã de querê-lo
e de deitar nele o branco do cabelo?
Que horizonte ainda acalenta
como destino de tão vagos penares,
se em meus vagares nunca o vejo,
por que tanto me tenta o desejo?

Volte, estrela, às tuas profundezas.
Tua galáxia já te espera aflita.
E leva de mim as tuas tristezas.
Anda, vai... E pelo caminho reflita.
Ou tirarei meus pés e pronto!
Espero (a tona ao repouso reverte)
a ver-te a agonia ao ponto
de ser mais uma estrela inerte.

Mas não me tomes por ingrato...
De fato tivemos nossos momentos...
Mas folhas secas só se alardeiam
quando passam ventos e se esbatem;
pelo caminho do perdão, rodeiam.
O estranho passa, os cães latem...
Mas não há mais do que vingar-me.
Poesia, só da paz de dar-me me arme!

Porque uma outra estrela me verte
e ver-te vinho, vinagre amargo
sem embargo de mim vazado,
não me apraz, nem envaidece.
Hoje ledo, o velho lagar pisado,
legado ao momento não envelhece
o peito, ao tato do relento no convés.
E conhece a sua estrela... Pelos pés.

Foto de Emerson Mattos

A Velha

Autor: Emerson
Data: 26/10/05

Naquela fazenda isolada
Havia uma grande casa
Com sua imensa varanda
E numa cadeira, sentada
A velha apenas olhava

As borboletas voavam
Os cães as perseguiam
Latindo, latindo uivavam
E a velha apenas sorria

E os meninos brincavam
Nos galhos até penduravam
O rio é que os refrescava
Naquela manhã aquecida
E a velha não os esquecia

No mato as meninas colhiam
E as belas flores traziam
E o seu cabelo adornava
E a velha apenas sorria

O aroma lhe avisava
Na mesa o café já estava
Mas a velha não tinha
Vontade de ir pra cozinha

A bela netinha chamava
Pra ela ir para a cozinha
Com jeitinho meigo insistia
A velha apenas sorria
Mas logo dizia que ia

E dessa vida tranqüila
A velha apenas sorria
Pois vive o seu dia-a-dia
Olhando a vida que tinha

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