Cacos

Foto de Sirlei Passolongo

Habita em mim

Ah! Como desejei sufocar essa saudade
... Amarga... Insana!
Refazer meus passos, seguir adiante
Calar o grito do meu peito
Esquecer seu jeito...

De me olhar...
De me tocar...
De me sorrir
De me possuir

Ah! Como desejei arrancar você...
...Como se arranca uma erva daninha
Apagar sua imagem...
... Esquecer sua voz...

Ah! Como desejei secar o pranto...
.... Que parece não ter fim
Colar meus cacos, seguir adiante
Mas, não há como apagar o passado
... Que habita em mim.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora.

Foto de Lady B-Neka

Carta dum Imortal

querida minha,
Trago-te as novas antigas que de mim não se apartam:

Um dia fui sentar-me junto a um lago que, calmo e sereno, não compactuava com a tempestade que o rodeava. Em volta, um casal de namorados que se beijava, outro que discutia, uns que se abraçavam, e eu…sozinho e triste a contemplar a mesmíssima paisagem, mas sem ti…
Sabes que sem ti nada é igual, sabes bem que sem ti nada é o mesmo. Fico aqui sentado, chorando por não te ver, por não te ter aqui… Dava tudo para te ter comigo, agora e para sempre, e dava ainda mais para que o relógio parasse no tempo e voltasse atrás.
Se pudesse mudar o passado, nunca teria largado a tua mão, porque foi depois de partires que te dedicaste a quebrar o meu coração. Pobre coração, que ao fim de tantos anos ainda sangra por uma bala perdida (estás perdida no meio do meu pensamento que gira unicamente em torno da tua lembrança, és impossível de remover deste meu destroçado coração).
Foste tudo para mim, nada tinha maior significado. Mas a verdade é que só depois de te perder percebi o quanto te amava. E agora, mais do que nunca, te amo com toda a força…
Ainda lembro tudo… Ainda recordo a primeira troca de olhares, a primeira palavra, ainda não esqueci o primeiro beijo e a última palavra faz eco dentro de mim (essa última palavra a que eu não soube responder). Se soubesses amor, como é acordar e não estares ali… Dói tanto que faz lágrimas e choro tanto que faz sangue… Como me arrependo de não ter sabido dar valor ao que tinha nas mãos, como me arrependo de não ter dado conta que por entre os meus dedos tu escapavas…
Partiste porque quiseste, e traíste-me porque eu quis. Foi como que um querer perder-te para outro que não eu, mas quando olhei e já tinhas partido para longe, já não foi isso que eu pensei. Depois, passei a escrever-te todos os dias, a toda a hora, para te lembrar que o teu coração já foi quente e não eras o cubo de gelo em que te transformaste, para te lembrar que outrora tiveste uma paixão em chamas (quem estava de fora só via o fumo, mas nós sentíamos a chama ardente). Tentei fazer-te ver que o teu sorriso não é o mesmo quando eu estou contigo, e tentei mostrar-te como sou quando sei que foste para não mais voltares, mas tudo em vão… A única resposta que me deste foi este silêncio que me mata por dentro, aos bocados…
Um dia perguntaste se te amava pelo que eras ou só pelo que eu era quando estava contigo. Na altura encolhi os ombros e segui andando, agora sei o que eras para mim! Sempre te amei, não só pelo que és mas também pelo que sou quando estou contigo…
Por agora saber amar, talvez tarde demais, é que vou sentar-me onde tu caíste e olho duas vezes para aquilo que me quiseste mostrar…
Já lá vai muito, muito, muito tempo desde a tua ida, desde o teu último telefonema, mas a tua voz ainda se ouve dentro de casa, e o teu sorriso ainda entoa pelas paredes do quarto. Foi tudo tão mágico e diferente que não sei dizer se apenas o sonhei, mas foi tudo bom demais para ser verdade. E passou tudo tão rápido, que foi como se não tivesse existido um amanhã. Mas eu sei que existiu, e a prova é o lençol quente que deixaste, os cacos do meu coração que pisaste e ficaram no chão molhado de lágrimas, os restos de uma vida que deixaste para trás…
Só quero que saibas que agora dou valor a tudo o que passámos e a tudo o que fizeste para me tentar mudar… Continuo aqui se me quiseres, tu sabes onde me encontrar…
Continuo esperando o regresso caloroso daquela que tanto amo e quero, e que sei que por mim partiu, esperando que a causa da sua ida seja um dia a causa do seu regresso…
Nunca esqueças que te amo muito e profundamente, pois é a única certeza que consigo ter desde que me deixaste! São tantas as saudades como palavras que aqui vão!... Peço-te, volta para mim…

Do teu IMORTAL amado
(se o teu silêncio não me matou,
Já nada me arrancará da vida.
Este amor que nutro por ti
Abre-me as asas sem
Que corra o vento…)

Foto de Ventania

Quase amar

Criou-se um quase que toca
no tudo de quase tudo,
neste quase não és mudo,
tiras-me os sapos da boca.

Aquilo que queria dito
O disseste neste quase
Fica o dito nesta fase
Para o golo que medito.

Atirar fundo na rede
desses cacos que não digo
para enganar esta sede
nos ses e quases dum figo!

Figo esse que dispersa
estas letras onde escrevo
nesta manhã submersa
onde me enredo num trevo.

Queria vê-lo repartido
Para na sorte me soltar
Em quatro folhas metido
Dizendo-me: queres ....?

ME AMAR

Foto de Mauro Veras

Temporal

.
Trago nas veias não sangue
o beijo partido de dentes e marcas
a carne ferida, o aroma dos mangues,
o temporal que encharca a mente
e transforma em pântano
o âmago do que era afago.

Trago essa bebida mórbida
de desilusão e salvias apodrecidas,
uma saraivada de trovões e órbitas
azuladas na boca hoje nada, onde
reinaram versos e que agora pétreos
são grilhões de uma tórrida paixão.

Trago raiva.
Sou seu prisioneiro.

Hoje eu queria as calçadas
marés de pés ligeiros, casais namorados
corriqueiros de mãos dadas e luas
assanhadas e nuas a consagrá-los ... e

trago raiva.
Sou seu prisioneiro.

Hoje eu precisava um roçar de lábios
e não roçar os lábios em palavras
lixas, sentidos sórdidos e prolixas
piras de angústias e decepções...

trago mentiras
de mil corações

que entoavam canções reconfortantes,
que reinavam diamantes na boca juvenil
de cantigas de roda infantis, mentiras
imperiais, ardilosas prostitutas, mentiras
abruptas e ilações. Trago mentiras
de mil corações.

O pôr-do-sol mediterrâneo que, se foi
a semente do jasmineiro, hoje vidrino
e por inteiro rasga com seus cacos e iras
o destino subcutâneo do sonho atro
pelado coração, exposto, mentiroso....

Trago mil corações
de mentiras.

Foto de Hisalena

Não deixes...

Não deixes que o teu coração fique assim
Como um papel rasgado lançado ao chão,
Como mil cacos de um copo que se partiu…

Não deixes que o teu coração fique assim
Como destroço de uma vida em contra mão,
Como esperança que aos poucos desistiu…

Não deixes que o teu coração fique assim
Como uma folha que alguém amarfanhou,
Como barco destinado aos poucos a naufragar…

Não deixes que o teu coração fique assim,
Como soldado que no fim da guerra tombou,
Como jogador que não sabe o que é ganhar…

Não deixes que o teu coração fique assim
Porque tu mereces muito mais que essa dor,
Porque tu mereces viver um verdadeiro amor…

Não deixes que o teu coração fique assim
Porque tu ainda tens tanta vida para viver,
Porque amanhã tudo pode acontecer…

Foto de babygirl

Soneto dos momentos Perdidos

Como se em uma respiração foste embora
Impossível tornar-se eterno o ardor
Ó vida de um minuto arrasta agora a dor
Como levou – me a felicidade outrora

Caminhando algum dia em sua serenidade...
Inaceitável talvez vivê-lo intensamente
Mágoa toca meu céu plenamente
Como nunca sentido o pesar da saudade

Lágrimas formando o dilúvio
Vida fracionada em pequenos cacos
Perdidos quando se veio o descuido

Sempre presente na vida, única vez na morte,
Triste és como a bruma nas manhãs
Amor maldito abandonado à própria sorte.

Foto de Odalisca

Teus lábios

Sim... são lábios sedutores
Dúbios,
Envolventes.
Cujo canto fala de antigos amores.
Dilúvios,
Poemas poentes.

São lábios mágicos,
Especiais
Fantásticos
E fatais.

Lábios discretos
Ínfimos...
Cacos de poesia
Poemas secretos.
Íntimos
Toques de revelia

Os ecos de todos os nossos beijos,
Perdidos...
Resplandecem sob a luz da lua
Iluminando pejos e desejos
Caídos...
Frente a sombra tua

Minha alma que sempre te procura
Atenta...
Procura sempre a ternura de teus braços
E agora,
Sedenta...
Está a loucura
Pois quer eternamente, o calor dos teus abraços.

Foto de Joao Fernando

Poema de algodão...

Vou fazer de você um poema de algodão
Pra que o vento leve distante daqui
As sementes que dia eu plantei, mas colhi só ilusão,
Foi só dor e sofrimento de pensar em ti.

E quando essa saudade levada ao vento passar,
A dor que sinto um dia não machucar mais...
Finalmente vou poder navegar
Com o meu barco a procura de um cais.

Tu serás apenas recordação... Nada mais!
Olharei pra ti e nada mais sentirei.
Será apenas um vulto do meu passado.
Alguém que um dia de verdade eu amei.

Vou dar carta de alforria ao meu coração,
Libertar-me dessa escravidão tão rude
Que um dia me entreguei com emoção,
Pensando ter achado um amor sincero e humilde.

Vou juntar os meus cacos espalhados
Pelo terreno baldio dessa paixão que só me fez delirar.
Vou procurar outra morada distante dessa tormenta
Que um dia meu frágil barco insistiu em navegar.

Foto de Sirlei Passolongo

Pedaços e retalhos

Deparo com o passado
Lembranças, dor e
Decepção.
Tento remendar os cacos
Colar os pedaços do
meu coração.
Pedaços de dor,
Sombrias mágoas.
Marcas da desilusão!

Recordações incessantes
Alma em cacos
Pesadelos constantes
Sonhos despedaçados
Sofrer é o meu instante!

Retalhos desfiados,
Rasgados por todos os lados
Assim está meu coração!
Não há remendos,
Somente recortes
De um sonho acabado
Do fim de uma desejada
Paixão!

Vida em cacos
Sem emendas, sem cola.
Dor da saudade
que meu peito assola
Sentimentos rasgados
Planos mutilados.
Sou vida em pedaços
Coração em retalhos
Sem você ao meu lado!
(Sirlei L. Passolongo)

Foto de Fernanda Daniela

....

Na fria noite que encerra minha alma
Sinto a presença que me alivia
A calma que não me livra da Dor
A suave presença que lembra Você.

A noite acalenta minha alma
E me mostra os sonhos negros
Pesadelos em que eu acreditei
E sonhos quebrados na Madrugada.

Os cacos da minha vida
Cada vez mais à mostra na pele
Os sentimentos cada vez mais mortos
Dentro desse peito só vive a Dor.

As asas doces e meigas da fada
Agora Secas, Negras Asas
Causa Mortis de minha alma
A saudade do que Nunca Tive....

Páginas

Subscrever Cacos

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma