Cabelos

Foto de GEOVANEpe

NÃO FAZEMOS AMOR... ELE JÁ É FEITO

Nem o brilho da lua tira a atenção de um ser apaixonado por seu amor,
A vida cavalga ao encontro do sol que nasce.
As estrelas se mudam de lugar e preenche o céu de vestígio de luz,
E eles só admiram o amor do seu lado sorrindo.
A mão corre por todo o corpo, mas morre nos cabelos.
Forte e fraco vitorioso e dependente.
Os elementos sorriem da distração pelo mundo e aplaudem pela demonstração de lealdade a verdadeira coisa linda que o interessa.
Extinto louco que faz até o mais forte de nos, corre atrás e pedir desculpas.
Sedução. Em baixo do chuveiro pegamos fogo, um beijo arde até as pontas dos dedos.
O ciúme gostoso que atrai o calor da vontade de ficar bem.
Cola, machuca, sara, retorna e começa de novo, isso... É o amor

Foto de Lou Poulit

UM INCENTIVO À REFLEXÃO DE TODOS OS PROSADORES TÍMIDOS

Continuando uma conversa, esquecida noutro lugar...

Dei-me conta de um outro conceito integrante do curso, que também tem tudo a ver com essa reflexão sobre os nossos personagens na vida. E avança sobre fazer arte, sobre percorrer um trajeto evolutivo, lucidamente. O que inclui escrever prosa (a arte da palavra fluída) de modo mais artisticamente pretensioso, e não exatamente presunçoso...

Depois de entrar no ateliê, com a coragem e a desenvoltura de quem entrasse no castelo de Drácula, e tentar compreender alguma coisa da parafernália que havia ali, que equivalia a uma avalanche de informações visuais e olfativas nem sempre esperada, pinturas e esculturas por toda a parte, rascunhos espalhados como que por alguma ventania, uma infinidade de miudezas, coisas difíceis de imaginar e fáceis de fazer perguntar "pra que serve isso?"... O aluno iniciante dizia, como se ainda procurasse reencaixar a própria língua: eu não sei desenhar nada, sou uma negação, um zero à esquerda, nem sei direito o que estou fazendo aqui...

Eu tentava ser simpático, e sorria sem caninos, para provar que não era o Drácula. Depois pedia ao rapaz espinhento (convenhamos que o fosse neste momento) que desenhasse aquilo que melhor soubesse desenhar, entregando-lhe uma prancha em formato A2 e um lápis. A velha senhora (agora convenhamos assim) procurava uma mesa como se houvesse esquecido a sua bússula, e a muito custo conseguia fazer a maior flor que já fizera, de uns 15 cm numa prancha daquele tamanhão, e muito distante do centro da prancha. Claro, eu não conseguia evitar de interromper, se deixasse ela passaria a tarde toda ali improdutivamente. Aquele desenho já era o bastante para que eu pudesse explicar o que pretendia.

O executivo que arrancara o paletó e a gravata para a primeira aula, depois do expediente, com a gana de quem subiria num ringue para enfrentar um Mike Tison no maior barato e cheio de sangue no álcool, olhava pra mim, a interrompê-lo, como quem implorasse deixá-lo continuar! Queria mostrar talvez que eu deveria investir nele, que estava disposto a tudo, e que ele estava ali para que eu fizesse com ele o que bem quisesse. E eu finalmente explicava: não é necessário, já vi que você pode fazer. Me diga, quantas vezes você estima que já tenha desenhado esse mesmo Homem-Aranha que acabou de rascunhar?... Ah, não contei, mestre... Claro que não, mas talvez possa fazer uma estimativa, em ordem de grandeza. Uma vez? Uma dezena? Uma centena? Mil vezes?...

O velhote, com jeitão de militar reformado, pôs a mão no queixo. Mas em vez de estar fazendo alguma conta para responder, na verdade tentava avaliar (com a astúcia que custa tantos cabelos brancos) que imagem a sua resposta produziria, na cabeça do jovem mestre. Afastou as pernas uma da outra e naquele momento eu pensei que ele pretendia bater continência para mim, mas não, aquilo era um código comportamental. Sempre fui antimilitarista, mas procurei entender o seu personagem íntimo. Afinal, ele resolveu arriscar: Mais para mil vezes... Alguém poderia acreditar nisso – perguntei a mim mesmo? Se o velhote houvesse desenhado Marilyn Monroe, vá lá que fosse. Ou a bandeira do Brasil, um obuz, uma bomba atômica, ao menos um pequeno porém honroso canivete suíço!... Mas não. Um militar que estimava ter desenhado quase mil vezes o Papa-Léguas – antigo personagem de quadrinhos e desenhos de televisão – ou tinha algum grave desvio (talvez culpa do canivete) ou estava construindo naquele momento um personagem específico para a sua insegurança, o que mais convinha deduzir. Antes que ele dissesse “Bip-bip” e tentasse correr pelo ateliê, eu tratei de prosseguir com a minha aula.

Mas qualquer que fosse o aluno, eu pedia então que sentasse nas almofadas que ficavam pelos cantos do espaço, e em seguida me sentava no chão, sem almofada. E perguntava: você já ouviu falar no Maurício de Souza, o “pai” da Mônica?... Sim, das revistas... Isso mesmo. Sabe que ele é capaz de desenhar a Mônica (mas talvez não outro dos vários personagens que assina) de olhos vendados?... O aluno tentava refletir, mas eu não esperava pela resposta. Garanto a você que ele faz isso. Sabe por que?... Acho que não, assim de surpres... Por um motivo muito simples e óbvio: ele já fez tantos desenhos semelhantes, que não precisa mais se preocupar em construir nenhuma imagem do desenhista que ele é. Muito menos com o desenho que vai fazer.

Eu não estou pretendendo estabelecer nenhuma comparação com a sua pessoa, mas somente adiantando para você uma espécie de chave para quase todas as perguntas inerentes a aprendizados. Você pode achar até que é um zero à esquerda, quer diga isso ou não. Não é. Mas a sua memória técnica é. E essa seria a principal razão de você achar que não sabe desenhar, ou não ser capaz de ver-se como artista. Todo mundo nasce com alguma sensibilidade, percepção para o belo, capacidade de fazer associações psíquicas, afetivas, emocionais e tal. Isso tudo é inato, intrínseco à natureza humana. Contudo para transpor o que está dentro de você (imaterial) para fora, de modo que outros, além de você próprio, possam compreender através de alguma sensorialidade, é preciso usar um meio físico, também chamado de veículo. Para fazer essa materialização você terá que lançar mão de uma técnica, e a técnica não é inata (salvo em raros casos).

Essa é razão mais elementar pela qual está me pagando. Mas eu não fabrico desenhistas. Apenas, com base na minha própria experiência e na minha memória técnica, vou traçar um atalho para você chegar ao que definiu como suas preferências, na nossa conversa inicial. Bastará que você faça apenas algumas coisas simples, mas que podem exigir alguma disciplina: que não faça os exercícios como faria um robô, que preste atenção com intuito de memorizar o que vou lhe dizer (como se fôsse um robô!) e que não jogue fora nem mesmo o pior dos seus resultados, pelo menos até que termine o curso. Os seus resultados de exercício, em ordem cronológica ou pelo menos lógica, por mais que pareça entulhar a sua vida, serão como os frames de um filme que só existe na sua memória, e que serve para estruturar a sua memória sensorial. Será a mais eficiente forma de avaliar o processo de aprendizado, e poderá estar sempre disponível para reavaliações.

Sua verdadeira obra, será construir um arcabouço de informações técnicas. Muito naturalmente e sem começar pelo fim ou pelo meio, você irá armazenando o conjunto da sua sensorialidade ao exercitar. Não irá memorizar tão somente o desenho em si, mas a interação entre os materiais, os sons, o cheiro, a impressão tátil de manusear e pressionar, enfim, tudo será memorizado, e a partir de certo ponto, além de saber, você estará compreendendo o que faz. Contudo, não tem que esperar o fim do curso para estabelecer uma relação mais madura consigo próprio, enquanto artista. Poderá começar a amadurecer (e reorientar) desde logo o seu foco preferencial, a sua linguagem e estilo próprios, seus conceitos e o seu próprio personagem de artista...

Isso mesmo, o artista, seja pintor, músico ou escritor, tem um personagem próprio. Para as pessoas que só podem conhecer a sua arte a partir do veículo e não a sua pessoa, será inevitável eleger atributos para agregar referencialmente ao seu nome, ou para humanizar o seu nome, e torná-lo mais compreensível. As pessoas “tocam” o produto artístico como se tocassem a pessoa do artista subconscientemente. Por isso, se você não quiser criar lucidamente o seu personagem e torná-lo compreensível para eles, os admiradores da sua arte o farão instintivamente e você só saberá depois, ou talvez passe pela vida sem saber como é visto, ou pior ainda, imaginando o que não corresponda nem de longe à realidade.

Não importa muito a linguagem artística que se escolhe. O processo evolutivo é muito semelhante. E todo aquele que reluta em mostrar seu trabalho e predispor-se a um julgamento que não se submete ao seu próprio, apenas retarda a sua própria evolução.

Foto de Lou Poulit

A JANELA

A janela é um arremedo, estreita demais para o universo que me assedia. As rendas da cortina balançam, como fossem marionetes da minha lascívia, refém de outro nível de consciência. Tenho medo... Morro de medo dessas intimidades com outros níveis de consciência. E como em qualquer mulher fêmea o medo excita, busco refrigério no corpo que ao meu lado afunda. O lençol desalinhado é de cor areia (e mais parece movediça), onde afundam de cansaço as marcas dos meus dentes, na carne cujos arrepios me cansaram, nos músculos que não me arrepiam agora mais que essa janela e a sua brisa. Os cheiros que eu buscava estão lá fora. O gosto que eu queria na garganta, os puxões nos meus cabelos, o rasgo comprido até a alma, o roçar dos pelos nas costas, os dedos cravados nos peitos... Ah!... Tudo está lá fora. E eu aqui, encolhida, refém de mim mesma.

Essa janela não merece viver... Antes fosse arrebatada de mim, molestada, possuída. Não por todas as estrelas mas sim por todos os escuros, não por gritos de piedade mas por todos os sussurros velhacos, que condenam o meu caminho enrugado, conduzida que fui, como novilha ao abatedouro do tempo. Onde todas as mulheres vêem a sua película de outra forma, e reviram gavetas e rasgam fotografias, como se o passado pudesse ser tocado como foram elas. Até que a sua ira se erguesse das areias, do fundo do poço. Até que fizesse tremerem o céu e a terra, e o seu corpo de fêmea, e as suas vísceras profanadas, empurradas aos trancos e safanões para a beira do penhasco. E só então, ao escorrer de uma gota de leite, e do gozo caudaloso que se precipita, se precipitasse no vazio do próprio espelho...

Há de abrir suas asas imensas ante o desconhecido. Há de sobrevoar todas as antigas estruturas, como em uma visão apocalíptica. E há de alinhar-se ao horizonte antes intangível, e de lá saltar para o sempre. Porque agora sabe que a mulher e o abismo são uma coisa só, e não tem ela porque temê-lo, nem ao seu predador. E que... Por que não comê-lo?! E que não precisa da ira para isso... Aliás, o medo e a ira são duas faces de uma mesma moeda. Chamam-na Juventude, ou Hebe, filha legítima de Zeus e Hera na mitologia grega. Com ela paga-se por toda a sabedoria acumulada no caminho da vida...

Uma mulher, uma legítima mulher de carne e espírito, não lamenta a perda da juventude. Mas não lamenta porque não a perdeu, em vez disso a transfigurou. E descerra em si própria a sua janela, e sem querer fugir para fora grita a todos os astros: Pois que venham! As minhas veias vos esperam...

Mas eles não virão facilmente. Talvez só depois que perderem o medo.

Foto de onil

DOÇURA NAS PALAVRAS

(dedicado a uma admiradora)

SE É GRANDE O TEU DESEJO
DE PALAVRAS DOCES OUVIR
PROVANDO SÓ O TEU BEIJO
FELIZ EU TE FAÇO SENTIR

PALAVRAS DOCES OUVIRÁS
AO TEU OUVIDO CANTAR
E NA VIDA ENTÃO TERÁS
O DESEJO QUE ANDAS A SONHAR

TUA VOZ MEIGA ME ENCANTA
E TEUS OLHOS COMO LINDOS SÃO
TUA BOCA AO BEIJO ME TENTA
E TEU CORPO É MINHA PERDIÇÃO

MAS TU TEU DESEJO LIBERTA
POIS SEMPRE O PODES LIBERTAR
OUVINDO A VOZ DO POETA
QUE O SONHO TE QUER OFERTAR

FALANDO ASSIM NÃO SOU MALDOSO
PORQUE PARA O MUNDO SER PERFEITO
O AMOR QUE É MARAVILHOSO
DEVIA SER LIVRE EM CADA PEITO

DEVIA-MOS TER O CONDÃO
DE GOZAR NOSSO PRAZER
UNIDOS NUMA ATRAÇÃO
QUE A NINGUÉM FAÇA SOFRER

E TERMOS A LIBERDADE TOTAL
DE AMOR TROCAR SEM MALDADE
PORQUE NESTE MUNDO AFINAL
É ELE QUE FAZ A FELICIDADE

QUE AS MINHAS PALAVRAS SEJAM
PARA TI, DOCES COMO É TEU QUERER
E QUE MEUS OLHOS TE VEJAM
FELIZ, COMO SE QUER A MULHER

NO AR FICA MINHA DOCE POESIA
QUE PALAVRAS TE QUER OFERTAR
DE DOÇURA QUE FAZ TUA ALEGRIA
PARA TEU PEITO DEIXAR A SONHAR

NINGUÉM ME PODE CULPAR
DO AMOR QUERER REPARTIR
PORQUE NO PEITO NÃO POSSO FECHAR
ESTE PRAZER QUE O FAZ EXPLODIR

SEJAM ESTAS PALAVRAS DOCES
AS QUE TANTO DESEJAS ESCUTAR
ESCREVO-TE AQUI COMO SE FOSSES
A MULHER QUE DESEJO AMAR

SE AS MINHAS MÃOS TE PUDESSEM TOCAR
SENTIRIAS ENTÃO TODA A MAGIA
DAS PALAVRAS DOCES QUE HÁ PARA FALAR
E QUE TANTO FAZEM TUA ALEGRIA

ESCREVENDO POR MINHA VOCAÇÃO
PARA QUE O TEU SONHO SE POSSA FORMAR
EU COMO POETA VIVO A ILUSÃO
DE QUE TAMBÉM TE POSSO AMAR

POR VEZES MEU PENSAMENTO
TIRAR DE TI NÃO CONSIGO
POIS PENSO SÓ NUM MOMENTO
DE AMOR REPARTIR CONTIGO

E USUFRUIR DA MEIGUICE
QUE NOTO EM TI EXISTIR
E PALAVRAS QUE ESCREVI E DISSE
AO TEU OUVIDO FAZER OUVIR

FALAR DO AMOR QUE PADECES
DAS MÁGOAS QUE TE ANDAM A TORTURAR
DO CARINHO QUE DESCONHECES
E TANTO DESEJAS ALCANÇAR

TUA DOCE FALA ME PRENDEU
E ME DEIXOU A SONHAR
GOSTAVA DE AO LADO MEU
OUVIR TUA VOZ DE AMOR FALAR

ACARICIAR TEUS LINDOS CABELOS
DA COR QUE ME FAZ ENCANTAR
BEM FEITOS TEUS LÁBIOS BELOS
LOUCAMENTE DESEJO BEIJAR

QUE POSSA TEU CORPO ACARICIAR
ANDA-ME O SONHO A DIZER
É ISSO QUE ME FAZ INSPIRAR
PARA A POESIA ESCREVER

SE NECESSÁRIO ME FOSSE
PARA TE PODER CONQUISTAR
DOU-TE AS PALAVRAS QUE SÃO O DOCE
QUE ANDA NA TUA VIDA A FALTAR

PARA ME SENTIR INSPIRADO
PRECISO QUE ME DÊS A RAZÃO
PARA QUE ENCONTRE ATRAÇÃO
EM TUDO O QUE POR NÓS É FALADO

NESTE MUNDO NÃO SABEMOS SEQUER
SE TODO O AMOR QUE É SONHADO
UM DIA AO LONGO DO NOSSO VIVER
ELE POSSA SER REALIZADO

ACIMA DE TUDO NA VIDA
NUNCA NOS PODEMOS ESQUECER
QUE OS DIAS PASSAM A CORRER
E OS SONHOS SÃO SÓ DE FUGIDA

NÃO QUEIRAS NA VIDA SOFRER
GOZA O QUE PUDERES ALCANÇAR
DEIXA O TEU PENSAMENTO LIVRE CORRER
DEIXA SEMPRE TUA ILUSÃO SONHAR.

5.9.00
ONIL

Foto de Angelgoiabinha2

Lavínia

Lavínia

Olha que menina mais linda!
Seu nome Lavínia,

Cabelos negros ondulados
igual os da mãe
Mas os olhos puchados!
igual os do pai.

A pele branquinha serena,
Quando crescer pode ser
que fique morena.

Menina doce contente
Dois aninhos de idade,
Que felicidade!

Lavínia
Menina esperta
princesa da casa,

Ama música,
e quando a mãe chega
"mamãe põe a muca"
Que pena!
Ainda não fala totalmente correto.

Mas é uma graça!
Em casa
na rua
na praça
e onde passa

Lavínia!
Razão da minha vida
e do meu viver

Lavínia
A que se purifica
seu nome quer dizer
Foi o nome que escolhi
para o anginho
que havia de nascer.

Que Deus te proteja
te guarde
te guie nos caminhos da vida
princesinha da mamãe
Lavínia.
Angelgoiabinha

Foto de Angelgoiabinha2

Hoje voltarei à minha casa

Hoje voltarei à minha casa,
voltarei de cara quebrada,
porque fora dela,
melhor não achei nada!

se em outra cidade pensei,
era somente miragem,
cansei!

De ser enganada,
maltratada
e pela rua devorada.

Meus cabelos sem vida,
Minha boca sem cor,
Meu estômago sem alimento.

No frio,
Na chuva,
No vento

Na necessidade,
tormento e nem tudo é belo,
Cadê meu castelo?

Nem todos são amigos;
quando precisamos
nenhum consolo!

Então,
Agora dou graças a Deus,
por voltar às pessoas queridas
para minha híja,
Lavínia,
voltei!
Voltei para meu papel e caneta!!!

Angelgoiabinha
prazer Angélica Macedo
22/02/2010

Foto de Ivanifs

Os anjos

Ouvi dizer...
que os anjos ficam de prontidão
Observando o mundo visivel ...
por seu mundo invisivel

Eles olham olham...
Mas não se atrevem a tomar decisão
Precisam de autorização
Que vem de um terceiro céu

Eles choram e choram muito
Por não poder fazer nada
Se esquivam dos anjos maus
E continuam a olhar e a olhar

Cobrem-nos com suas asas
mas não podem nos tocar
Em seus cabelos alvos
Tem coroa de ouro
a brilhar e brilhar

Eles correm pelas ruas
Sobem pelas arvores
Sentam nos portões das casas
E entram pelas janelas

Eles também nos fazem
Sentir sua presença ...
Mesmo que invisiveis estejam

Na hora do perigo eminente
Estão de prontidão
Na hora que vem a decepção
Consolam nosso coração

Bem aventurados sejamos nós
Pobres mortais que um dia
desfrutamos dessa companhia

Bem aventurados seremos
Se conseguirmos alcançar a pureza plena
E num deles nos transformar...

Foto de Angelgoiabinha2

Lavínia

*****
***
**

Olha que menina mais linda!
Seu nome Lavínia,

Cabelos negros ondulados
igual os da mãe
Mas os olhos puchados!
igual os do pai.

A pele branquinha serena,
Quando crescer pode ser
que fique morena.

Menina doce contente
Dois aninhos de idade,
Que felicidade!

Lavínia
Menina esperta
princesa da casa,

Ama música,
e quando a mãe chega
"mamãe põe a muca"
Que pena!
Ainda não fala totalmente correto.

Mas é uma graça!
Em casa
na rua
na praça
e onde passa

Lavínia!
Razão da minha vida
e do meu viver

Lavínia
A que se purifica
seu nome quer dizer
Foi o nome que escolhi
para o anginho
que havia de nascer.

Que Deus te proteja
te guarde
te guie nos caminhos da vida
princesinha da mamãe
Lavínia.

Angelgoiabinha

Foto de Angelgoiabinha2

Hoje voltarei à minha casa

Hoje voltarei à minha casa,
voltarei de cara quebrada,
porque fora dela,
melhor não achei nada!

se em outra cidade pensei,
era somente miragem,
cansei!

De ser enganada,
maltratada
e pela rua devorada.

Meus cabelos sem vida,
Minha boca sem cor,
Meu estômago sem alimento.

No frio,
Na chuva,
No vento

Na necessidade,
tormento
e na realidade nem tudo é belo,
Cadê meu castelo?

Nem todos são amigos;
quando precisamos
nenhum consolo!

Então,
Agora dou graças a Deus,
por voltar às pessoas queridas
para minha híja,
Lavínia,
voltei!
Voltei para meu papel e caneta!!!

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
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