Cabeça

Foto de Marceloi9

Mesmo depois de Tudo.

Eles se tornaram enamorados a muito tempo.

O destino os testou, maltratou.
Queriam amar, mas não sabiam como, queriam falar mas não sabiam o que.
Queriam curar, mas não achavam remédio,
Poderiam até morrer para que o outro pudesse viver.

Algum tempo se passou,
e o coração guardava,
o que nem mesmo eles sabiam que ainda poderia existir.

A Saudade...
noites mau dormidas, sonhos inacabados...
e todo aquele amor guardado.

A Coragem...
A vontade de saber, mas o medo de tentar...
algum tempo se passou.

O Contato...

Apenas naquele momento,
mesmo depois de tudo,
novamente escutaram-se.
O idioma do coração é universal, eles sabiam disso;
basta sensibilidade para ouvi-lo e deixá-lo falar,
mas é preciso querer resgata-lo

O amor lançou, no mesmo instante
em que se viram novamente,
mesmo depois de tudo
Uma flecha ardente aos seus corações
e um raio de luz ao seu espírito.

Os dois novamente, após terem-se ouvido
procuravam ver-se para se ouvirem melhor,
havia ali muita experiência, muita expectativa mascarada.
A curiosidade é o resultado dos primeiros conhecimentos.

Eles aproximaram-se; procuraram-se;
afastam os galhos; vêem-se depois de tanto tempo.
Deuses, que êxtase!
Nunca esperavam ter aquilo novamente.

É preciso ter o ardor de seus desejos,
o tumulto de suas idéias,
o fogo que anima seus sentidos,
para compreender a situação dos 2 naquele momento.

Durante algum tempo, permanecem imóveis;
são tomados por um tremor,
mesmo depois de tudo,
parece uma novidade do prazer para os seus sentidos.

Tocam-se; mantêm silêncio;
deixam no entanto escapar
algumas palavras mal articuladas.
Ela lhe diz: Deixa assim!
Ele sorri.

Mil perguntas um ao outro lhe sondam a cabeça
mas nada respondem com precisão;
Todavia, estão satisfeitos
com o que dizem um ao outro,
mesmo depois de tudo,
acham-se até esclarecidos.

Compreendem,
pelo menos, que se desejam,
E que encontraram o que procuravam,
o que estava esquecido.
o que só podiam encontrar um no outro
e isso é o que importava.

Eles tiveram um desses encontros
que o amor e o prazer transformam em delícias;
Desses encontros
que basta se ter tido um único na vida
para ser feliz e poder dizer,
valeu a pena.

Seja apenas pelo encanto de recordá-lo.
Quando o amor nasce,
tudo é mistério:
à medida que ele cresce,
tudo é confiança.

O local preferido deles é o lindo jardim,
onde em homenagem ao mistério do amor,
o dia só aparecia através das folhagens mais espessas,
onde sempre que quisessem,
fugiam do mundo para ir ali se encontrarem.
Mesmo depois de tudo.

Lá, a árvore amorosa inclinava seus galhos
com mais docilidade do que em qualquer outro lugar;
o tico-tico articulava, de cem maneiras diferentes, os nomes ternura e felicidade.
Noite e dia, o rouxinol lá cantava os seus prazeres; e sem cessar o pardal a eles se entregava.

É fácil fazer uma descrição romântica
dos lugares consagrados ao amor;
Mas como é possível lembrar o que dois enamorados
dizem um ao outro nos momentos de paixão?

Eu prometi guardar segredo
E, se traio a promessa,
é porque quero que os românticos
saibam de todos esses detalhes.

Porque valeu a pena!
O amor prevaleceu,
assim como nas histórias
do bem contra o mau
Não poderia ser diferente.
Tudo estava guardado.

O jardim secreto se mostrou ao mundo
Deu frutos que causavam inveja a própia felicidade.
Tudo estava consagrado, protegido.

E quem prova essa história....
o amor
Assim como fé, basta acreditar...

Os enamorados
nuncapoderiam ser mais felizes.

Mesmo depois de tudo

Foto de Martorano Bathke

SOU CARNAVALESCO, SOU BRASILEIRO

SOU CARNAVALESCO, SOU BRASILEIRO.
Velas ao vento, Caravelas singram, a água quase chega ao convés, pesadas, a carga é Real, é preciosa: Água de Fogo, Latinhas com Vidrante e Fitinhas com Barbante.
Jogo marcado e ingresso vendido: através da pesada gota de suor que te escorre pelo rosto, do vil metal, da abundante flora e fauna e de infindáveis mananciais de água e preciosidades. Foi tu Manoel: o tributário de plantão? A troca foi feita.
E para comemorar, nos enfeitamos de Latinhas com Vidrante e Fitinhas com Barbante e principalmente com a água de fogo, é claro sem esta não teríamos coragem, dançamos três dias e três noites. Teria nascido o belo Carnaval Brasileiro?
Séculos se passaram, não importa qual o nome do Tributário de Plantão, só são conhecidos por siglas: II, IE, IR, IP, IOF, ITR, IGF, ICMS, IPVA, ITCMD, AIRE, IPTU, ITBI, IVVC, ISSQN, TLL, INSS, FGTS, PIS/PASEP, COFINS, CSLL, CPMF, FMI, Loterias, Leão, Banqueiros... Cansei. E agora é repetido até chamados de efeito cascata, Carnaval de recolhimentos que não rodam mais, só milhão de palhaços continuam a rodar nesta terra de Vera Cruz.
Deve ser por isso que a comemoração não termina mais, todo mês tem carnaval, nesta terra de Santa Cruz.
Enquanto isso, os americanos do norte continuam a publicar nos seus livros de geografia que a Amazônia é deles, só que agora passaram da teoria para a prática: “Num trecho de 200 km da rodovia Boa Vista Manaus em Roraima, nação indígena, brasileiros só podem passar das 6:00 às 18:00 hs. Fora deste horário existe toque de recolher imposto pelos índios, que só falam a sua língua e o inglês, e os americanos para que não sejam incomodados. Então são hasteadas as bandeiras: americanas, inglesas e japonesas. Por coincidência existem grandes reservas de Ouro e Nióbio e todas as plantas medicinais tem patente de sua propriedade. Ainda por coincidência ali perto na Colômbia os americanos estão construindo uma grande base militar. Dizem que é para combater o narcotráfico?” Fonte: Mara Silvia Alexandre Costa Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.
Patog. FMRP – USP: Funcionária Pública na Cidade de Boa Vista.
E o que é pior ninguém sabe de nada, ninguém vê nada!
Quando meu porre acabar, e a ressaca espremer a cabeça, talvez lembre que não sou Carnavalesco aditivado, e sim Brasileiro adjetivado sem nariz de palhaço, com vergonha na cara.
Ronald Martorano Bathke

*Publicação permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

Foto de Duzinha

Destino

Olhei para ti
E vi...
Que os anjos existem!
Que a vida não tem só espinhos
Também tem belas flores
Suaves carinhos
Doces amores!
Depois de te ver
Tive medo de te conhecer
Mas se o destino quis
Quem sou eu para o contrariar...
A seguir
Tive medo de me apaixonar
Mas isso aconteceu
E ninguém perdeu.
Eu ganhei uma pessoa para amar
Tu ganhaste
Uma pessoa que te adora!
Cá ficaste...
Na cabeça,
No coração,
Perto de cada dedo da mão!
Continuas aqui
E tenho medo de te perder
Medo que fujas a correr
E eu fique sem ti!
Sem esses olhinhos
Com que eu sonho noite e dia
Porque são simplesmente
Lindos...
Lindos, naturalmente!
Sem esse sorriso
Que me dá alegria
Somente por acontecer,
Porque tudo faria,
Para nunca o deixar de ver.
Enfim,
Sem ti, seria o fim!
Fim das gargalhadas,
Dos sorrisos e das risadas
Começo das lágrimas,
Das caras fechadas,
De tudo o que é mau e não é bom!
Mas por agora
Estás comigo
E não te quero esquecer.
Fazes-me bem, sabias?!
Fazes-me não perder
O contentamento,
De viver.
Não ter arrependimento,
De ser
Aquilo que sou!
Foste o melhor que me aconteceu
Conhecer-te,
Inesperadamente
De uma forma assim sentida!
Querer-te,
Repentinamente,
De uma forma tão querida!
Achar que és tu,
A pessoa da minha vida!
Que é contigo que quero ficar
Estar e envelhecer,
Se o destino quiser,
Porque não o fazer?!
9/4/2005

Foto de Wing0Angel

REAL EMOTION ( Verdadeira Emoção )

WHAT CAN I DO FOR YOU?
WHAT CAN I DO FOR YOU?
WHAT CAN I DO FOR YOU?

I CAN HEAR YOU...

Você nunca pensou que poderia se encontrar
Nessa situação, sem conseguir se levantar
Mas aqui está você completamente perdida
A cada dia que passa há esperança, de achar uma saída

Todas as coisas que você pode ver parecem diferente ser
De tudo aquilo que você deveria entender
Você não consegue mais conceber
Nem mesmo lhe é permitido mover ou morrer...

IT'S REAL EMOTION
SHAKING UP YOUR UPSIDE DOWN WORLD

Você nunca vai se render, pois não quer perder
Mesmo que nada mais possa fazer
Embora talvez esteja errada, não irá se esconder
Porque em seu coração você me escuta dizer
THAT YOU ARE NOT ALONE...

Nunca mais o passado você irá contemplar
Jamais para trás novamente vai olhar
Porque eu estou aqui, pode confiar
Se algo inesperado te acontecer
Saiba que ao seu lado vou permanecer
E certamente irei lhe salvar

WHAT DO I DO NOW?
WHAT CAN I DO NOW?

Revelei a Verdade, que você não podia ver
Tudo o que posso agora fazer
É acreditar em você...

IT'S REAL EMOTION
SHAKING UP YOUR UPSIDE DOWN WORLD

Sempre abençoada você irá estar
Uma vez que eternamente estou a te esperar
Por isso, pode acreditar que forças vai me dar
Assim como lhe dei, e a fiz enxergar
THAT YOU ARE NOT ALONE...

IT'S REAL EMOTION
SHAKING YOUR UPSIDE DOWN WORLD

No fundo do seu coração, sempre vou me encontrar
E quando de mim você precisar
Agora que temos a Força, basta seus olhos fechar
E lá você me verá, CAUSE YOU ARE NOT ALONE...

NOT ANYMORE...

Glossário:
IT'S REAL EMOTION: É a verdadeira emoção
SHAKING UP YOUR UPSIDE DOWN WORLD: Agitando seu mundo de cabeça para baixo
WHAT CAN I DO FOR YOU?: O que eu posso fazer por você?
I CAN HEAR YOU: Eu posso te escutar ( Ouvir seu desabafo )
THAT YOU ARE NOT ALONE: Que você não está sozinha
WHAT DO I DO NOW?: O que eu faço agora?
WHAT CAN I DO NOW?: O que eu posso fazer agora?
NOT ANYMORE: Não mais

Foto de all_nites

qual o sentido de tudo isto???

Qual o sentido de tudo isto?
Acordei esta manhã com este estranho pensamento. Abri os olhos a pensar em algo que torturava a minha cabeça ao longo dos tempos. Essa pergunta impertinente não me largava e tudo o que eu queria fazer, era despachar-me para ir para escola. Tanto ela me chateava que decidi, por fim, sentar-me na cama desarrumada e pensar sobre o assunto.
Tudo o que estava a pensar tinha a ver com o sonho que tinha tido. As imagens e os filmes do meu subconsciente passavam rapidamente na minha cabeça e sem problemas, consegui finalmente, perceber a base de tudo isto. Como é que tudo se formou?
É claro que segundo a ciência, a vida formou-se na Terra, devido a condições favoráveis, ou seja, os quatro elementos criaram uma situação estável de forma a permitir a formação de aglomerados moleculares, células e por fim seres vivos.
Mas a minha pergunta não ia para tão perto, ela ia ainda mais para longe. Os animais formaram-se através das células, as células formaram-se a partir de moléculas, as moléculas provêm dos átomos e então, “DE ONDE VÊM OS ÁTOMOS?”.
Finalmente! Tinha conseguido achar a pergunta. Mas faltava o mais importante, a resposta. Ninguém sabia a resposta. Desde daquele tipo de pessoas fúteis, que não se interessam por nada e só querem viver as suas vidas segundo o padrão social, até aqueles grandes cientistas e filósofos, mentes brilhantes que atravessam a vida pelos caminhos mais difíceis e mais sabedores, como Platão, Newton ou Da Vinci, não têm uma resposta certa quanto a essa resposta.
Bem, o certo é que, depois de tudo isto, tive que me despachar a vestir e a comer para não chegar tarde à escola.
O dia foi interessante. Era uma Quarta-feira e por isso as únicas disciplinas que tinha eram Educação Física, Filosofia e Matemática.
Em Educação Física, a minha turma teve a jogar Softbol (parecido com o basebol mas com uma bola de ginásio) e consegui fazer um Home-run.
Em Filosofia, teve-se a falar da ciência, um tema porreiro quanto a mim, e o professor deu-nos um trabalho para fazer ao longo do terceiro periodo. O que nós tinhamos de fazer era criar um texto em que se falasse dos limites da ciência, segundo a nossa opinião e não com ideias retiradas de outros lugares.
Eu já tinha um tema acerca do trabalho.
Durante as férias da Páscoa, eu surgi com uma teoria acerca da viagem inter-espacial. Falei com os meus amigos, João Jalé e Rui Gamboa e todos concordámos em realizar essa experiência. Essa ideia consistia em comparar a massa e a carga de um átomo de modo a construir um modelo semelhante a essa partícula, mas em tamanho real.
Toda a experiência foi projectada. O modelo foi desenhado e os objectos eram de fácil acesso mas, o pior foi os cálculos. Segundo um átomo de hidrogénio (que é o mais leve de todos os elementos), para construir um sistema de massa 5g a energia necessária para fazer a carica viajar no espaço, não era nem mais nem menos, do que 2 x 1013 volts. Bem isso era um bocado díficil de atingir e por isso esquecemos essa ideia.
Mas agora podia falar dela no trabalho.
Cheguei a casa, coloquei-me em frente ao monitor e fui buscar toda a informação que possuia da experiência. Retirei os textos que explicavam a actividade, os gráficos e esboços do projecto e comecei a escrever um texto, a expôr a minha ideia.
Demorei pouco tempo a fazer o trabalho pois já tinha muita informação.

O período passou num instante. Faltava poucas semanas para terminar as aulas e o prazo de entregas dos trabalhos para Filosofia era hoje. Apesar de ter uma semana para entregar, só me tinha lembrado de trazer o trabalho para a escola no último dia.
Entreguei o trabalho ao professor assim como os outros alunos e expliquei ao Jalé e ao Rui o que tinha escrito. Eles disseram que segui um bom exemplo para o trabalho e que era boa propaganda da ideia.
Tocou para saída, arrumei o material e juntamente com os meus colegas saímos da sala em direcção ao átrio da escola. Encontrei a Diana, a minha namorada e cumprimentei-a com um beijo doce.
O intervalo era de quinze minutos e por isso não valeu a pena sair da escola. Quando estava quase a tocar para a entrada, um certo indivíduo colocou-se à minha frente era o meu professor de Filosofia.
- Podes vir comigo ali fora para eu te apresentar uma pessoa? – perguntou-me ele apontando para a saída.
- Claro, tudo bem. Diana, já vai tocar, podias ir já para a aula.
- Está bem. – respondeu ela dirigindo-se para as escadas que levavam às salas de aula.
Acompanhei o professor até à saída da escola e junto ao passeio, estava a estacionar, um Mercedes SLK 600. Um senhor de fato saiu do carro e dirigiu-se a nós.
- Bom tarde, doutor.
Apertaram as mãos após o senhor também cumprimentar o professor.
- Doutor, este é o Bruno. – começou ele. – Tiago, este é o Doutor José Cunha, ele é o responsável por um laboratório situado perto daqui.
- Olá. – disse eu apertando a mão ao Dr. José.
- Olá. Então és tu o génio que deu asas a esta ideia? – perguntou ele.
- Qual ideia?
- Teoria Atómica da Mudança de Espaço.
- Hã... Sim fui eu. – disse eu embaraçado.
- Estou espantado! Onde arranjaste tal ideia?
- O meu pai tem um livro antigo e nesse livro está a falar de um experiência Top Secret, que não se sabe se existiu ou não, chamada Philadelphia Experiment, a Experiência do Filadélfia.
Então eu lá falei durante minutos sobre a tal experiência que a marinha norte-americana tinha feito durante a segunda guerra mundial, eles tinham conseguido, sem se saber como, fazer desaparecer um navio em alto-mar e fazê-lo aparecer numa baía. A marinha negou tudo mas houve muitas testemunhas. Após ler aquilo fiquei curioso e pus-me a pensar sobre o assunto. Tanto pensei que, por fim, veio-me à cabeça uma ideia: qual é uma das únicas coisas instantâneas no mundo? A passagem de nível electrónico dos electrões para a camada seguinte. Segundo a química, quando um átomo recebe demasiada energia, os electrões ficam excitados e por isso passam instantaneamente para uma camada electrónica superior. Fiquei com esta ideia na cabeça mas foi logo substituída por outra, e se desse para criar um modelo com as semelhanças de um átomo mas numa escala real. Pensei mesmo muito nisso, fiz textos sobre isso, desenhei projectos, fiz tudo, inclusive os cálculos que estragaram tudo, pois era preciso uma carga de 2 x 1013 volts para o objecto de 5 g passar para o nível seguinte e viajar no espaço, e por isso desisti do projecto porque com uma energia dessas, mesmo que fosse possível criar, poderia fazer estragos com tamanha carga, como no caso dos trovões.
Acabei de explicar tudo e reparei que ambos olhavam para mim fixamente.
- Espectáculo! – disse o doutor. – Há anos que tento arranjar alguma forma de viajar no espaço e tu conseguiste primeiro que eu. Queres juntar- -te à minha equipa?
- Uau! Seria um prazer. Quando?
- Sei lá, talvez nas férias.

Falámos por mais uns momentos, mas já eram três e meia e tinha que apanhar o autocarro. Dei o meu contacto ao Dr. Cunha e despedi-me.
Ia a caminho de casa, no passeio junto à estrada e uma criança ia à minha frente a andar também, mas mais devagar. Acelerei o passo para a passar ao lado da menina e quando passei por ela, uma voz fina dirigiu-se a mim.
- Não o faças! – disse a menina com um ar triste. – Por favor, não estragues o mundo!
- Não faço o quê? – disse eu espantado pela reacção da criança.
- Teoria Atómica da Mudança de Espaço. – disse a menina levantando a cabeça e mostrando os seus olhos azuis brilhantes.
Fiquei paralizado, como é que ela podia saber? Não contei a ninguém, a não ser ao Jalé, ao Rui, à Diana, ao professor e ao doutor. Eles não iam espalhar isso por aí e mesmo assim, como é que uma miudinha conseguia perceber isso?
A criança virou-se e começou a caminhar para o lado contrário.
- Espera aí! Como te chamas? – perguntei eu acompanhando, por momentos, a menina.
- Gabriela do Paço Castanheira Esguedelhado. – disse ela olhando de relance para mim. – E não me sigas. Adeus pa....
- Adeus quê? – disse eu gritando para ela já ao longe.
Ela não respondeu. Começou a correu e virou para uma rua escondida. Durante minutos fiquei ali parado espantado pela situação.
Cheguei a casa lentamente a pensar sobre este estranho episódio. Entrei em casa, abri a porta para os cães irem à rua, abri os estores da sala e deitei-me no sofá. Estava muito cansado e custava manter os olhos abertos. Tudo se escureceu e por fim adormeci.

Acordei agitadamente, saltando do sofá violentamente e caindo para o chão. Olhei para o telemóvel, eram seis e vinte e tinha uma chamada da minha mãe.
Sentei-me no sofá e levei as mãos à cabeça, tinha tido um sonho horrível, o fim do mundo. Tinha sonhado que a terceira guerra mundial tinha rebentado devido a uma associação criminosa que usava a minha teoria para tudo o que era mau. Roubar, infiltrar e até matar. Parecia tudo tão real.
Finalmente tinha compreendido o que queria dizer a rapariga sobre o estragar do mundo. Finalmente tinha percebido que, se calhar a minha teoria não era assim tão boa como tinha pensado. Possivelmente era mais negativa do que positiva. Era boa como transporte rápido de pessoas e mercadorias mas era mau devido aos assaltantes e associações criminosas que eram facilitados no seu trabalho devido a esse transporte.
Estava decidido! Ia esquecer tudo. Era difícil mas era o melhor. Tinha que pôr tudo nas costas. Tinha que dizer ao Rui e ao Jalé o que se tinha passado e explicar ao meu professor e ao doutor a minha opinião.

Na sexta-feira, dirigi-me ao professor de filosofia que estava na sala dos professores e expliquei-lhe tudo certinho e o mais directo possível. Após acabar a explicação, o professor com uma cara de desânimo virou-se para mim.
- Tens razão. – disse ele. – Também já tinha pensado nisso.
- Então quer dizer que o professor me apoia nessa escolha.
- Claro que te apoio. Foste tu que criaste isto e és tu que tens a escolha de desistir do projecto. – disse ele pondo o braço a minha volta. – O Dr José é que vai ficar muito desiludido.

O professor voltou a chamar o doutor e eu expliquei a situação toda outra vez.
- Tens a certeza que queres fazer isso? – perguntou o doutor.
- Tenho, muita certeza.
- Que pena! Era uma grande oportunidade para seres famoso. Pelos vistos afinal vou ser só eu o famoso.
- O que quer dizer com isso? – perguntou o professor.
- Bem, já que ele não quer levar o projecto avante e como já tenho conhecimento acerca da teoria, levo eu isto para a frente.
- Não pode fazer isso! A ideia é minha e para além disso você vai provocar muita alteração no mundo. – gritei irritado com a atitude.
- Está bem! Quando me mostrares o Pai Natal, eu acredito no teu sonho.
Ele dirigiu-se para o carro e foi-se embora em grande velocidade.
- O que se pode fazer para evitar? – perguntei ao professor.
- Nada! Tu não patentiaste a ideia logo ele pode usá-la à vontade.
- Onde fica o laboratório dele?
- Fica no Bombarral. – disse o professor.
- O professor tem carro? – perguntei insistindo numa hipótese.
- Tenho.
- Então vamos fazer-lhe uma visitinha. – disse olhando para ele à espera de resposta.
O professor pensou durante momentos, até que por fim concordou comigo. Entrámos dentro do carro dele e fomos rapidamente até ao Bombarral.

Quando chegámos ao laboratório, este não era nem mais nem menos do que uma fábrica velha de tijolo.
- É aqui? – perguntei.
- É. – disse o professor. – Ele usa o laboratório debaixo da fábrica.
Entrámos dentro da fábrica e fomos dar a uma porta que necessitava de uma palavra-chave. O professor digitou uma combinação de números, a porta abriu-se e um elevador levou-nos para baixo.
Descemos poucos metros e quando a porta se abriu fiquei paralizado de novo. Já estava tudo pronto para a experiência. Os meus projectos já estavam todos construidos à minha frente e uma contagem decrescente de três minutos tinha-se iniciado.
O laboratório tinha aproximadamente três andares e no último estava, dentro de uma sala apenas com uma janela, o Dr Cunha. Ele viu-nos e rapidamente começou a descer as escadas. Ouvia-se da sua boca as palavras “Continuem a contagem”. Após descer os três andares e aproximou-se de nós com um passo rápido.
- Então gostam da minha experiência? – disse ele ironicamente.
- Pára já com isto! – disse eu directamente olhando bem para os olhos dele.
- Não sabes o que estás a fazer! – disse o professor.
- Claro que sei!
“Um minuto e meio para actividade.”
- Com essa potência, toda a população desta vila vai morrer electrocutada. – disse eu.
- Não vai não! Estão a ver estas paredes todas à volta. – disse o doutor apontando para elas. – São feitas de um material que isola grandes cargas eléctricas.
- Cala-se! – disse eu. – Voçê vai provocar muitos estragos mundiais e eu vou evitar.
- Como? A fazer birra? – deu uma gargalhada seca.
“Trinta segundos”
Comecei a correr em direcção ao projecto. Poderia fazer qualquer coisa para evitar. Estragar a experiência, rouba o objecto, qualquer coisa.
O doutor seguiu-me e quando cheguei perto do projecto, ele agarrou-me fortemente.
- Não me vais estragar tudo! – disse ele com um tom de voz irritado. – A experiência é minha.
- Não! É dele! – olhei para trás e vi o professor a dar com uma cadeira no Dr. Cunha deixando-o inconciente sobre o projecto.
- Obrigado. – disse eu.
“Dez...nove...”
- Temos que sair daqui! – disse ele.
- Mas e o doutor?
- Não dá tempo! – disse o professor agarrando-me na mão e puxando-me até ao compartimento, de onde saiu o doutor, atrás das paredes isolantes.
Um forte clarão se deu durante segundos e após ouvir-se um estalo intenso tudo se normalizou. Esperámos uns segundos e por fim volt´mos à sala. Tinha desaparecido! O doutor e o objecto tinham desaparecido totalmente. Não havia sinal deles.

Com toda esta confusão, após fechar-se o laboratório e isolar-se os acontecimentos, eu quis voltar para casa. Não podia contar isto a ninguém, não convinha. Poderia acontecer tudo novamente.
Sentia a mente aliviada enquanto ia no carro com o professor. Eu e ele não tinhamos falado mais sobre o assunto. Simplesmente agradeci-lhe por tudo.
Cheguei a casa. Já o carro se tinha ido embora e ia eu abrir a porta quando um “Obrigado” surgiu de uma voz fina. Olhei para trás e vi a menina do outro dia. Agora ela já estava feliz e despreocupada. Eu tinha tantas perguntas para fazer mas limitei-me a dizer:
- Gabriela do Paço Castanheira Eguedelhado né? Não me vou esquecer desse nome. Obrigado eu por tudo.
- Não vai ser preciso lembraste. – disse ela sorrindo e voltando a correr, afastando-se de mim.

Era Sábado e por isso estava com a Diana. Contei-lhe a situação do laboratório, ela era de confiança apesar de ter sido difícil fazê-la acreditar.
Falei-lhe da rapariga mas não sei porquê, não me lembrava do nome dela.
- Diana, se tu tivesses uma filha, que nome lhe davas? – disse eu tentando-me lembrar do nome dela.
- O meu nome favorito é Gabriela e, se neste caso, tu fosses o pai ela chamava-se Gabriela do Paço Castanheira Esguedelhado.
Voltei a paralizar. Será possível? Será que aquela rapariga era de facto, minha filha?

Fim

Foto de Daemon Moanir

A realidade

Se soubesses o quanto estou a tentar ser racional,
A pensar apenas com a cabeça
Ao invés de usar o coração…
O esforço é grande, porque espero maior recompensa.

Neste tempo ter-te-ia escrito todos teus cadernos com poemas,
Enchê-los com palavras e frases de minh'alma,
Cobri-los com doces carinhos e promessas d'amor,
Mas não, tenho a paciência e calma

E tudo correrá pelo melhor.
Fico à espera do tempo, para que passe,
Já esperei tanto e esperarei um pouco mais,
Pois não deixarei que levem pra longe de mim tua face.

Só falta uma palavra e o sonho estará completo,
Estará o sonho e eu e tu e um beijo.
Estás tu aqui e o sonho é realidade
Por isso, quero-te apenas ver meu anjo.

Foto de Darsham

Declaração de Amor

Por me dares o que dás,
por seres quem és
por olhares nos meus olhos
e veres a lua
por aguentares situações
sem cabeça nem pés
digo-te que de mais ninguém sou
a não ser tua.

O passado já lá vai
O futuro a Deus pertence
Mas, este amor já não mais sai
Não há agrura que nos vence.

Posso pedir perdão e chorar
Posso chorar e pedir perdão
Posso até falar sem findar
O que diz meu coração

Tudo o que direi
Saberás provavelmente
É que amanhã, o que serei
Será por ti especialmente.

Será amor ou foi mentido?
Amor, parece concretizar
Mas, talvez seja comedido
Pois, que nada mais há a entregar

Somos apenas um só
Juro, não foi esquema
As nossas vidas deram nó
Ao seguirmos o nosso lema

Falta-nos, uma coisa apenas
Para nos presentear
Termos o sol e as estrelas, centenas
Para continuar neste sonho
E nunca acordar...

Foto de Dirceu Marcelino

INSPIRAÇÕES DA BAIXADA SANTISTA

Talvez, seja
O ar praiano,
Essa brisa do mar,
Ou o vento minuano
Que nos faz amar...
Eu sinto essa magia
Quando estou nesse lugar,
E surge-me a vontade de poetizar...

Lembro-me muito de MARTINS FONTES...
Embora prefira as MUSAS...
Mas acredito que existem
Instantes
Em que esses vultos temos de avocar,
Pois foram deles as obras que lemos.
Que nos fizeram inspirar,
Em algo que escreveram
Em momento de inspiração
Como este poema
De amor e
Paixão,
Que não esqueço.
Jamais...

Escrito da mesma maneira,
Que o li há quarenta anos
E entreguei num bilhetinho,
A quem queria dar carinho
E a perdi por ter feito um pequeno
“plagiozinho”...

E, chamei-a ainda de "pomba",
Ei, "Faustão", porque, você não existia "põ",
Talvez fosse minha saída...

E, agora, quero tirá-lo(a) de minha cabeça,
Mas ele(a) não sai,
Parece que é meu, mas não é
Por isto te publico, sai!!!

“SONÊTO”

“Antes de conhecer-te, eu já amava,
Porque sempre te amei a vida inteira:
Eras a irmã, a noiva, a companheira,
A alma gêmea da minha que eu sonhava.

Com o coração, à noite, ardendo em lava
Em meus versos vivias, de maneira
Que te contemplo a imagem verdadeira
E acho a mesma que outrora contemplava.

Amo-te. Sabes que me tens cativo,
Retribues a afeição que em mim fulgura,
Transfigurada nos anseios da Arte.

Mas, se te quero assim, por que motivo
Tardaste tanto em vir, que hoje é loucura,
Mais que loucura, um crime desejar-te?”

(Autor: José Martins Fontes, nascido em Santos, (1884/1937 ).

Foto de Minnie Sevla

Menina Cabocla

Eu sinto-me acocorada em um rabo de fogão
a lenha.
As labaredas estalando, em cores de tons alaranjados.
A lenha queimando e deixando os restos
das cinzas amontoados.
Panelas pretas de carvão exalando o cheiro gostoso da comida
roceira. No forno o pão de queijo e a broa de fubá
assando e eu menina criança, mulher de olhar
triste, profundo, faceiro.
E eu menina esperança de encontrar
no estalar do fogo o aquecer de minh’alma
solitária, envergada, gélida.
Cubro as pernas finas e esbranquiçadas
com meu vestido de chita, os pés descalços
se ajeitam num espaço tão pequeno.
Eu menina cabocla, que tão poucas vezes
sorri, morando em um casebre com telhas
que na tempestade o vento sucumbi.
Não sei o que é luxo, mas sei sonhar...
quando pego a lata pra buscar
água no poço pra lavar a casa e meus irmãos se banhar.
A cabeça dá voltas pelo mundo de riqueza, casarões,
homens distintos a me rodear.
Eu sou assim: sou menina, sou criança,
sou mulher, sou esperança, sou cabocla,
imagem refletida nas poças da simplicidade
onde se traduz sonhos foscos de felicidade.

Minnie Sevla

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"CABEÇA DE POETA"

“CABEÇA DE POETA”

Vagens delirantes...
Ensaios, rabiscos...
Palavras desconcertantes...
Guerra, conflitos!!!

Cabeça de poeta...
Coração de menino...
Verdade ou mentira...
Sanidade ou desatino!!!

Palavras estudadas...
Versos cantantes...
Mensagens rimadas...
Sussurros de amantes!!!

Amantes pela escrita...
Mensageiros do amor...
Apaixonados pela vida...
Esse é o poeta, um escritor!!!

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