Brasileiros

Foto de Dirceu Marcelino

O SANTO CASAMENTEIRO - HASTEAMENTO DO ESTANDARTE - IV - EVENTO LITERÁRIO DE 2008 - "É com nóis mesmo cumpadé"

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* Este singelo poema está em elaboração e o escrevi para inserir no vídeo que estou fazendo. Solicito ajuda de quem possa me dar mais subsídios para completá-los ou escrever comentários que o enriqueçam
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Ó nosso Santo Antonio abençoado
Permita-nos a todos os brasileiros
Que ora te reverenciemos amado
Santo Antonio para nós o casamenteiro.

Louvamos a ti com respeito em fados,
Em cantos próprios de nosso cancioneiro,
Mas te amamos Ó Santo Idolatrado
E nas festanças deste Arraial é o primeiro

A quem queremos homenagear
E por isso agora erguemos altaneiro
O teu estandarte e vamos cantar,

Músicas religiosas e do cancioneiro
Popular deste povo que te quer amar
Tanto em Portugal ou em solo brasileiro.

Foto de Wilson Madrid

BOA NOITE GRABRIELA

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* BOA NOITE GABRIELA
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José é paulistano, trabalhador, escritor e poeta. No ano de 2004, em que sua querida cidade de São Paulo, no dia 25 de janeiro, completaria 450 anos, ele já tinha 53 anos de idade.
Desde as primeiras notícias dos preparativos das grandes festividades em comemoração aos 450 anos da sua cidade, José tem a intenção de escrever uma poesia dedicada a esse dia e participar com o seu dom nessa data tão significativa para a sua cidade.
Passam-se os meses e José não tem nenhuma inspiração para concretizar essa intenção. Finalmente, no dia 21 de janeiro à noite, restando apenas quatro dias para o grande e esperado dia, eis que surge a tão necessária inspiração e José, escreve “Estação Paulo 450”:

São Paulo locomotiva de luz solar, do luar e da garoa,
formigueiro agitado de gente operosa e muito boa,
metrópole acolhedora do nosso gigante e querido Brasil,
brilhante guerreiro, branco, verde, amarelo e azul anil,
formigueiro de estrelas valentes, nascidas para enfrentar a labuta,
caminheiros perseverantes que não desistem e vão à luta ...

São Paulo de Anchietas, paulistas e paulistanos,
virgulinos, marias bonitas, baianos, cearenses e paraibanos,
jesuítas, portugueses, potiguares e pernambucanos,
salesianos, italianos, sergipanos e alagoanos,
brancos, negros, espanhóis, piauienses e franciscanos,
orientais, maranhenses, índios tupis e latino-americanos ...

São Paulo dos irmãos da Praça da Sé e dos manos da periferia,
do povo batalhador imigrante de todos os recantos brasileiros,
esperança de liberdade e de conquista da devida igualdade,
dos seus cidadãos carismáticos e inconfidentes maneiros,
da fraternidade, das músicas e poesias do alto astral,
palco das lutas pela democracia, cidadania e justiça social ...

São Paulo do arco-íris sonoro do pagode, do forró e do axé,
do sertanejo, do reagee, do rap e do clássico samba no pé,
bilheteria da estação primeira dos passageiros do trem das onze
do maquinista Adoniran Barbosa que partiu da saudosa maloca,
com os turistas Arnesto, Iracema, Cibide, Pafúncia, Nicola,
Inês, Irene, Moacir, Gabriela, Matogrosso e o Jóca ...

São Paulo rondada por Vanzolini e batucada por Germano;
Sampa caetaneada por Veloso e poetizada por Bonfim,
amada por tantos brasileiros e pelos seus leais paulistanos,
não és mais apenas a minha São Paulo que não pode parar,
a famosa terra da garoa e do grito do Ipiranga de onde eu vim,
porque ao ver a tua grandeza, força e beleza aos 450 anos,
muita coisa acontece no meu coração,
que vibra feliz e com muita emoção,
ao te parabenizar, abraçar e beijar,
pois tu és São Paulo, a feliz cidade da minha paixão...

A sua nova poesia ficou muito boa pois todos que a leram gostaram e elogiaram bastante. Animado com esse resultado José a encaminha para amigos, jornais e para o comitê de organização da grande parada que seria realizada no dia 25 de janeiro entre a avenida 23 de maio e o vale do Anhangabaú.
Versos da sua poesia ele encaminha pela internet para o sítio “Declare seu amor à cidade” pois segundo havia sido divulgado pela imprensa, no dia 25 as melhores frases seriam exibidas através de raios laser nos prédios da cidade, próximos ao local do show de encerramento das comemorações no vale do Anhangabaú e durante a grande parada que o precederia ocorreria uma chuva de papéis com trechos de poesias dedicadas a São Paulo.
José sonha com a possibilidade de ver sua poesia ou ao menos partes dela serem aproveitadas em tão memorável data, fato este que muito o honraria. O prazer que esse fato lhe proporcionaria só mesmo os poetas entendem; os que possuem outros importantes dons, que não este, não possuem condições de avaliar o valor que isso teria para ele, afinal de contas, o que José ganharia com isso? Por acaso seu saldo bancário tem algum incremento de algum centavo quando algumas das suas poesias são apreciadas, aprovadas e publicadas? Não! Então isso é coisa de maluco ou de quem não tem o que fazer. Ou então, como dizem outros, isso é coisa de sonhador ou de poeta...
Mas tudo bem, José costuma respeitar todas as opiniões, sabe que nem todos pensam assim e procura fazer o que lhe compete, pois se não existissem os poetas o mundo conseguiria ser bem mais medíocre do que na maioria das vezes já o é.
José se anima com as perspectivas e decide participar pessoalmente das principais festividades programadas para o aniversário especial da sua cidade.
Sua família programa visitar um dos seus irmãos que reside em São Bernardo do Campo, cidade da grande São Paulo, justamente na tarde do dia 25 de janeiro quando ocorreria a grande parada tão esperada. José sempre tem muito prazer em visitar os seus irmãos e as suas famílias, mas essa data e essas comemorações seriam únicas. Como não consegue convence-los a acompanha-lo nas mesmas e adiar a visita à família do seu irmão para o domingo seguinte, resolve ir sozinho nas grandes festividades.
Da mesma forma, apesar de insistir em convidar sua esposa e seus filhos a acompanhá-lo na noite do dia 24 ao Parque do Ibirapuera, para conhecer a nova fonte luminosa inaugurada no dia anterior e seguirem posteriormente para assistirem ao show com Caetano Veloso na avenida Ipiranga com a avenida São João, que faziam parte daquelas comemorações, nenhum deles interessou-se em acompanhá-lo.
Na tarde daquele mesmo dia tinha combinado com uma amiga que lhe informou que iria assistir a inauguração da restauração da fachada da Estação da Luz e logo depois iria ao show do Caetano Veloso, para comunicarem-se através de seus telefones celulares objetivando encontrarem-se na estação república do metrô, próximo à rua Barão de Itapetininga, para assistirem juntos a esse show e posteriormente voltarem juntos para suas residências.
Como José acabou não tendo com quem ir ao parque do Ibirapuera, mudou seus planos e resolveu também ir para a Estação de Luz e tentar encontrar sua amiga já nesse evento e depois seguirem juntos para o show do Caetano Veloso. Antes de sair, tentou falar com ela, não conseguiu, deixou recado na caixa postal do seu celular avisando que também estava indo para a Estação da Luz e que de lá ligaria novamente para o celular dela e saiu da sua residência às 19:30 horas com destino àquele evento.
Lá chegando tentou fazer contato com o celular da sua amiga e as ligações não conseguiram ser completadas.
Com a presença do governador Geraldo Alckmin, da prefeita Marta Suplicy, do ministro da cultura Gilberto Gil e de várias outras autoridades e apresentações artísticas de Kleiton e Kledir, Almir Sater e Elza Soares, leituras de textos, inclusive da oração do Pai Nosso, na língua tupi-guarani lida pelo grande ator Lima Duarte, dentre outras apresentações de outros artistas, danças e projeções de filmes com grande conteúdo histórico e cultural da sua cidade, o evento converteu-se num grande espetáculo muito interessante e valioso de ser assistido.
Após uma maravilhosa queima de fogos que concluiu este evento por volta das 22:30 horas, José encaminhou-se a pé para a avenida Ipiranga com a Avenida São João, onde estava previsto para as 23:00 horas o início do show com Caetano Veloso, que compôs Sampa, cuja letra cita que “alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João”, cruzamento este que se localiza próximo da Estação da Luz onde ele se encontrava.
Conforme houvera combinado com a sua amiga tentou novas tentativas de contatos telefônicos para encontrarem-se no local deste outro evento, com a intenção de assisti-lo juntos e voltarem juntos para suas residências, haja vista residirem no mesmo bairro e pela conveniência sob o aspecto de segurança pessoal de ambos, principalmente dela, por ser mulher e do horário do evento.
Até mesmo para facilitar esse retorno tinha deixado seu automóvel estacionado próximo à estação Vila Mariana do metrô para leva-la até sua residência quando retornassem de metrô do centro da cidade e posteriormente voltar para sua própria residência.
Como as ligações entre os celulares não se concretizavam, José ligou para sua residência e pediu a um de seus filhos para ligar para o celular da sua amiga dando a sua localização, em frente à Igreja Internacional da Graça, na própria avenida São João, distante há uma quadra da localização do palco do show.
Depois de alguns minutos, voltou a ligar para o seu filho e este o informou que a sua amiga estava na avenida Ipiranga, ao lado direito do palco do show. José tentou ir até aquele local mas não conseguiu, pois uma aglomeração enorme de pessoas presentes no local impedia a sua passagem até onde ela se encontrava. Então José ligou novamente para seu filho e pediu para avisar a amiga que a aguardaria, no final no show, em frente àquela igreja já informada anteriormente.
O show começou às 23:00 horas com Caetano Veloso; participaram também Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Nando Reis e outros artistas. Exatamente à 00:00 hora, Caetano declamou a parte da letra de Sampa que diz respeito ao local onde o show estava sendo realizado:

Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.

O público delirou com aquele momento histórico. O show continuou foi muito bom e terminou às 1:30 horas já do dia 25, aniversário de 450 anos de São Paulo.
José, conforme havia combinado com a sua amiga, a aguardou naquele local durante 30 minutos. A quantidade de pessoas era muito grande; com o passar do tempo a multidão foi se diluindo e José resolveu seguir em direção ao local onde ela se encontrava na esperança de encontrá-la no caminho. Não a encontrando, seguiu em direção à entrada da estação república do metrô, próxima a rua Barão de Itapetininga, que era um dos locais que haviam comentado anteriormente como sendo um dos possíveis pontos de encontro para assistirem juntos ao show e através da qual retornariam para as suas residências.
José ficou parado sozinho, como sempre estivera durante a noite toda, naquele local durante alguns minutos na esperança de encontrar a sua amiga, pois estava preocupado com ela que também deveria estar sozinha e tendo que voltar para casa sem companhia, em horário um tanto quanto perigoso numa cidade como São Paulo.
Ao lado de onde José se encontrava ainda funcionava uma pastelaria ou lanchonete onde algumas pessoas ainda consumiam alguma coisa. José resolveu tomar uma cerveja e o balconista o alertou que o estabelecimento já estava para fechar e que somente o atenderia se o consumo fosse rápido. José comprometeu-se com o balconista a consumir sua cerveja rapidamente e ele o serviu no próprio balcão, situado bem em frente e próximo do passeio público, de onde ele poderia continuar observando se sua amiga apareceria.
Próximo a ele um outro homem que também tomava uma cerveja iniciou uma conversa a respeito do show do Caetano. Disse-lhe que era da Bahia, de Porto Seguro, e que estava de passagem por São Paulo e não poderia perder a oportunidade de assistir ao histórico show do seu conterrâneo. Apesar do horário, muitos policiais cuidavam da segurança de todos e muitas pessoas ainda passavam pela avenida e outras faziam rodas de música e cantavam do outro lado da avenida, na praça da República.
Passados poucos minutos, surgiram duas mulheres, aparentemente simples e comuns, perguntando como deveriam fazer para retornar para suas residências, no distante bairro de Interlagos, na zona sul da cidade. Como o outro homem, de Porto Seguro, não conhecia São Paulo, José lhes informou que pelo seu conhecimento a única condução que estava funcionando, apenas para embarque, naquele horário era o próprio metrô e apenas em algumas estações próximas dali, inclusive aquela quase em frente de onde estavam.
Conversaram mais alguma coisa a respeito do show, elas criticaram a qualidade do som, que acharam que não estava muito bom no local onde ficaram assistindo, mas que apesar disso tinha valido a pena vir assisti-lo. Ao saber que o outro homem era de Porto Seguro, uma delas, a mais nova, comentou que conhecia aquela cidade e citou vários nomes de cidades e lugares daquela região da Bahia. Logo depois elas agradeceram as informações e dizendo que o metrô não serviria para elas retornarem para casa teriam que encontrar alguma outra alternativa para faze-lo, despediram-se e seguiram pelo passeio público na direção da rua Sete de Abril.
Depois de alguns minutos os funcionários do estabelecimento começaram a lavar o piso do estabelecimento para fecha-lo logo a seguir.
José apressou-se em terminar de tomar sua cerveja para ir embora e nesse momento ressurgiram aquelas mesmas duas mulheres e uma delas perguntou a José se ele teria isqueiro para ascender um cigarro. José acendeu o seu cigarro e elas comentaram que não tinham encontrado solução para retornarem para Interlagos naquele horário, insinuaram que estavam sem companhia e já que aquele estabelecimento estava fechando sugeriram para irem até uma lanchonete, cerca de cinqüenta metros dali, próximo da segunda esquina ali ao lado na própria avenida Ipiranga, entre a rua Sete de Abril e a avenida São Luís.
O homem de Porto de Seguro apressou-se em aceitar o convite e pediu para aguarda-lo por um momento enquanto ele iria até o banheiro da pastelaria que já estava para fechar.
Enquanto o outro homem que entrara para usar o banheiro demora-se a voltar elas comentaram que acharam-no uma pessoa estranha, com algum problema e que preferiam evitar a companhia dele. Como o tempo decorrido indicava que certamente sua amiga já havia ido embora, já eram 2:40 horas, José acabou desistindo de aguardá-la e aceitou a sugestão de sair dali e seguir com elas até a referida lanchonete para comer algo pois não havia jantado e estava com fome.
A lanchonete estava lotada, com todas as mesas ocupadas, restando apenas um canto bem discreto num balcão interno com algumas banquetas onde José e as duas mulheres sentaram-se de frente para a janela que dava para o passeio público de uma rua pouco movimentada naquele horário e de costas para o ambiente principal do local .
Pediram então uma cerveja e continuaram a conversar. Como José estava com pouco dinheiro e não sabia se elas teriam algum para dividir a despesa, evitou pedir qualquer coisa para comer pois não teria como oferecer e pagar para os três.
José ficou sabendo, segundo elas lhe contaram, que a mulher morena escura de meia idade, aparentando uns cinqüenta anos, chamava-se Dara ou algo parecido, residia em São Carlos, interior de São Paulo, e que estava a passeio em São Paulo, hospedada na residência da amiga que a acompanhava. A sua amiga, mais nova do que ela, morena clara, aparentando uns trinta anos, chamava-se Gabriela, trabalhava num hospital de São Paulo e residia em Interlagos.
José informou que era casado, que tinha família, alguma coisa sobre o bairro onde morava, também na zona sul, que se desencontrara de uma amiga e que para ele o metrô seria o suficiente para retornar para casa, coisa que pretendia fazer logo a seguir.
Perguntado se apesar de casado estaria com a noite livre, com várias insinuações de Dara para que José passasse a noite com a Gabriela, José, meio constrangido e estranhando a conversa pois elas não aparentavam ser prostitutas, respondeu que apesar dela ser muito simpática não poderia, pois precisava retornar logo para casa pois sua família o aguardava e que pretendia participar das festividades do início e final da tarde às quais ele esperava com tanta ansiedade em função da poesia que ele havia composto para aquela oportunidade. Perguntou se elas pretendiam participar das mesmas e Gabriela informou que gostaria de participar mas que não poderia pois teria que trabalhar a partir das 14:00 horas.
No retorno de uma ida ao banheiro, Gabriela comentou que encontrara, por acaso, numa das mesas da lanchonete, um colega de trabalho do mesmo hospital em que ela trabalhava; de onde estava sentado José não podia ver essa movimentação e tampouco viu esse contato que ela comentou imaginando que talvez ele o tivesse percebido.
Após pedirem pela terceira cerveja e Dara insinuar que também pretendia comer alguma coisa, José comentou que não tinha dinheiro suficiente para pagar aquela conta, pois não previa ter despesas naquela noite e que teria que fazer uma retirada de dinheiro num caixa eletrônico para acertar a conta e ir embora. Gabriela prontificou-se de imediato a acompanha-lo dizendo que aproveitaria para também fazer uma retirada. José manifestou sua intenção de ir até uma agência bancária do outro lado da praça da República e Gabriela sugeriu para evitarem irem para lá pois aquele local era muito perigoso naquele horário e sugeriu um caixa eletrônico ao lado do Hilton Hotel, distante apenas duas quadras do local onde se encontravam e local bastante movimentado naquele momento, em função de uma concorrida danceteria existente bem ao lado do caixa eletrônico.
Lá chegando, cerca de 3:45 horas, entraram juntos na cabine do caixa eletrônico, Gabriela usou o seu cartão, porém alegou que estava ocorrendo algum problema e não obteve êxito na retirada do dinheiro. José usou o seu e retirou R$-100,00-.
Voltaram à lanchonete e reencontraram Dara na companhia de um outro homem ao qual os apresentou como um amigo que conhecera naquele intervalo de tempo.
Gabriela informou que desejava comer algum salgado, retirou-se por alguns instantes enquanto José continuou conversando distraidamente com Dara e o suposto novo amigo dela. Mais uma vez, da posição em que estava, José não acompanhou o movimento da Gabriela, supostamente em direção ao balcão para escolher o salgado. Gabriela retornou com um quibe que ofereceu, dividiu ao meio e serviu a José que o comeu.
José comeu a metade daquele quibe e tomou o último gole do seu copo de cerveja por volta das 4:00 horas daquele importante e histórico dia 25 de janeiro de 2004.
Depois disso, os únicos lapsos de memória que ele teve foi o de ter sido acordado por alguém que o informava de que a sua diária já havia vencido e que ele tinha que se retirar do local onde se encontrava dormindo sozinho, provavelmente num dos hotéis existentes naquelas redondezas do centro velho de São Paulo, sendo impossível lembrar-se até mesmo em que endereço o mesmo se situa.
Saiu de lá já à noite e notou que estava sem nenhum dinheiro e sem o bilhete da passagem de metrô que ele tinha reservado para retornar para a sua casa.
Lembra-se apenas que andou pelo centro velho de São Paulo totalmente grogue e sentindo uma ligeira dor na nádega esquerda e uma certa dificuldade para caminhar, tentando desesperadamente entender o que estava ocorrendo e conseguir um meio para retornar para sua residência. Não consegue se lembrar por quais locais passou nem tampouco qualquer coisa que fez nesse trajeto e espaço de tempo totalmente apagado da sua memória.
O único fato que José consegue se lembrar desse período foi que numa determinada rua ou praça, que não consegue se lembrar onde fica, resolveu apelar para uma moça loira, provavelmente uma prostituta, resumindo-lhe o que se lembrava do ocorrido e pedindo-lhe ajuda para pagar-lhe uma passagem de ônibus para retornar para casa. A moça informou-lhe que teria que ir até o hotel apanhar o dinheiro e se ele poderia espera-la. José ficou aguardando, ela retornou e lhe deu cinco reais com os quais ele pegou um ônibus e com muita dificuldade, cochilando no ônibus e ainda com muito sono e meio dopado chegou na sua residência às 21:00 horas daquele dia 25 de janeiro de 2004, final do aniversário dos 450 anos de São Paulo.
Ao lembrar-se dessa moça, cujo único detalhe gravado é o de que era loira, José não pode deixar de lembrar-se de Madalena e de ser-lhe muito grato.
Talvez essa gratidão seja motivada por ela ser a única lembrança parcial e boa que tenha ficado daqueles horríveis momentos que ele viveu e provavelmente isso se deva nem mesmo ao precário funcionamento do seu cérebro e da sua memória mas sim no seu coração. Pois ela acreditou e confiou na sua história sem pestanejar e de todos que ficaram sabendo do motivo do horário que ele retornou para a sua casa ela foi a única pessoa que não o acusou, julgou, condenou e crucificou precipitadamente.
Após alimentar-se de algo e tomar um rápido banho logo após chegar ainda atordoado na sua residência e dormir durante toda a noite, na manhã seguinte percebeu que a dor que sentia e o incomodava foi motivada por uma injeção que lhe aplicaram não sabe quando, nem como, nem de que medicamento ou substância química; deduziu que pelo tempo que ficou desacordado e atordoado durante todo o dia 25 e ter ainda dormido a noite toda seguinte, totalizando cerca de 30 horas, devem ter lhe aplicado algum sonífero muito forte e poderoso para terem o tempo suficiente para agirem nas operações com o seu cartão bancário magnético, cujo desaparecimento só tomou consciência ao acordar naquela manhã do dia 26.
Dirigiu-se à agência do estabelecimento bancário onde possuía sua conta corrente para cancelar o cartão magnético que havia sumido e constatou que enquanto ocorriam as festividades que ele tanto aguardava e que não pode participar, fizeram todas as retiradas possíveis tanto do seu saldo credor como do seu limite de crédito totalizando R$-1.575,00-, deixando-o devedor do banco em R$-1.000,00-, que era o limite do seu crédito.
Retornando à sua residência José procurou certificar-se de terem tido roubado também o seu telefone celular que é comum, seu relógio antigo e de pouco valor material, seu isqueiro de certo valor e seus documentos pessoais. Para sua surpresa, encontrou todos em casa. Ficou surpreso com o fato e imaginou que provavelmente, algum problema operacional das totalmente desconhecidas ações que os seus seqüestradores tomaram os impediu de rouba-lo também nisso. José também acredita na possibilidade de terem ficado satisfeitos com o montante de dinheiro que retiraram da sua conta bancária, o que teria tornado seus demais pertences pouco significativos e atrativos. Ou até mesmo ser interessante ele ficar com o celular para atender alguma eventual ligação de seus familiares, evitando, desta forma, que os mesmos acionassem a polícia.
José sabe e tem consciência do grande risco de vida que correu e que, mais uma vez, errou ao confiar em pessoas desconhecidas e compreende seus familiares e amigos que no princípio tiveram dificuldade ou uma certa resistência em acreditar nesta sua história que parece enredo de filme de aventura ou de terror. Afinal de contas não seria a primeira vez que ele errara, coisa incrível e inaceitável num mundo composto por pessoas que na maioria das vezes se julgam tão perfeitas e infalíveis e juízes muito competentes. Muito mais fácil supor, naquelas circunstâncias, uma balada irresponsável, completada com uma prazerosa aventura erótica de fim de festa.
Também entende e lamenta o constrangimento da sua amiga que ficou sendo contatada pelos seus familiares durante o dia 25 para obter informações quanto ao seu paradeiro, como se tivessem passado aquele tempo todo juntos, sendo que na realidade sequer se falaram nem mesmo através das ligações telefônicas, várias vezes tentadas por ambas as partes, todas elas não completadas. José só veio a ficar sabendo que ela lhe telefonara e que conversaram no próprio dia 25, cerca das 21:30 horas, meia hora depois dele chegar na sua residência, porque seus familiares lhe contaram o fato ao rememorarem todos os acontecimentos três dias depois, sendo que naquela oportunidade ele mal conseguira raciocinar e conversar normalmente com ela, por estar ainda sob efeito da droga que lhe aplicaram, dando-lhe a péssima impressão de estar totalmente embriagado.
Na verdade, juntando todos os fatos e detalhes possíveis de serem lembrados, José concluiu ter sido vítima de um seqüestro relâmpago planejado e executado por uma quadrilha que ao invés de se utilizar qualquer tipo de arma e cativeiro tradicionais, utiliza-se do já conhecido e popularmente conhecido golpe do “boa noite Cinderela”, onde a vítima, sem que perceba, é dopada através de substâncias que colocam na sua bebida ou comida, complementado com a utilização de conhecimentos da área médica para aplicação de algum medicamento, no seu caso, uma injeção, que mantém a vítima sedada durante o tempo necessário para agirem junto aos caixas eletrônicos, mantendo-o desacordado em qualquer hotel, cuja diária é paga com o seu próprio cartão de crédito.
Provavelmente além das duas mulheres que o abordaram os demais membros da quadrilha já deveriam estar naquela lanchonete ou os seguiram até lá; o amigo casualmente encontrado pela “Gabriela” numa das mesas seria um deles e devia lhe passar orientações; provavelmente logo que começaram a tomar a primeira cerveja colocaram alguma droga no seu copo o que o levou a tomar uma atitude tão absurda de dirigir-se a um caixa eletrônico na companhia de uma pessoa que ele acabara de conhecer; o suposto cartão magnético utilizado pela “Gabriela” e que “não funcionou” deve ter sido algum artefato de clonagem que memoriza informações da senha do cartão utilizado a seguir, no caso o de José, e provavelmente assim que saíram do caixa eletrônico algum outro membro da quadrilha já estava a postos na porta do mesmo para entrar e retirar o possível artefato ou, até mesmo, simplesmente a “Gabriela” observou e memorizou a senha digitada por José; o novo amigo de “Dara” que já a acompanhava quando retornaram do caixa eletrônico também deveria ser um outro elemento do grupo já devidamente posicionado junto a ela para exercer alguma função necessária a seguir. José também acredita que até mesmo o primeiro personagem que puxou conversa no início do episódio, o “conterrâneo de Caetano, de Porto Seguro”, talvez também pertencesse ao grupo.
Tendo conseguido executar todas essas etapas, restou apenas incrementar o doping da vítima com um apetitoso e simpático quibe turbinado com algum “tempero” especial, já preparado para “Gabriela” oferecer a José assim que voltassem do caixa eletrônico, tornando muito mais fácil e rápido convence-lo, já muito atordoado e inconsciente, a acompanha-las para onde eles bem entendessem e lá chegando completarem o “tratamento” com a aplicação de uma injeção que o deixou desacordado praticamente o dia inteiro, tempo suficiente para, de posse do cartão magnético, facilmente retirado do bolso do “apagado”, e com a respectiva senha captada anteriormente mediante fraude, executar o furto de todo dinheiro possível da sua conta bancária.
O prejuízo financeiro sofrido por José foi o de menos pois muito mais significativos foram os danos morais que, além dos fatos em si, incluíram os constrangimentos que teve que enfrentar para contar essa sua história para seus familiares e amigos envolvidos, para a assistente social que o atendeu na sua solicitação de exame de sangue para controle de HIV, hepatite e outras doenças infecciosas, pois não se sabe que tipo de agulha as criminosas utilizaram para aplicarem-lhe o medicamento intravenoso; para o escrivão e delegado de polícia que o atenderam para a confecção do boletim de ocorrência policial; para os que o atenderam para a realização do exame de corpo delito requisitado pelo delegado ao IML; para o funcionário e a gerente do banco para o cancelamento do seu cartão magnético e entrada de pedido de restituição dos valores que não foram sacados por ele mas sim pelos marginais que o vitimaram e muitas outras conseqüências na sua vida particular.
Felizmente, apesar de todos esses prejuízos e transtornos, José agradeceu a Deus por estar vivo para poder contar esta história e constatar que não lhe retiraram nenhum rim ou qualquer outro órgão, cuja subtração e tráfico, por incrível que pareça, vem se tornando um mercado em expansão neste mundo cada vez mais materialista, egoísta e ateu.
José resolveu contar a sua história porque a arte imita a vida e tirando o melhor proveito possível do ocorrido pretende aproveitar seu drama até mesmo para, mais uma vez, apesar de muito divulgado, alertar seus semelhantes para o risco de caírem numa cilada como esta, que ele mesmo, uma pessoa já experiente, já ouvira falar e julgava que jamais cairia nela.
José ficou triste e chateado principalmente pela preocupação e transtorno causados aos seus familiares e à sua amiga; assim como ele perdoou todos os que duvidaram da sua história, espera ser perdoado pelos seus eventuais erros humanos e inconscientes e receber um voto de confiança na sua palavra, da mesma forma em que nele confiou a provável prostituta loira, mulher que é da vida, e que por isso mesmo conhece muito da vida e da malandragem e dificilmente se deixaria enganar por ele, concedendo-lhe imediatamente o crédito e a solidariedade que ele tanto necessitava naquele momento.
Como ele se recorda de todos os detalhes ocorridos antes de ser dopado, chama-lhe a atenção da profética coincidência de terem cantado tanto na Estação da Luz como no cruzamento das avenidas Ipiranga com a São João uma música que há muito tempo não ouvia, cujos trechos da letra confessam: “chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram, pena de mim não precisava, ali onde eu chorei, qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava... um homem de moral, não fica no chão, nem quer que mulher lhe venha dar a mão, reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima....”
Motivado por essa música e ao ter sua história transformada neste conto José já se sente, por esse simples motivo, levantando-se, dando a volta por cima, reconhecendo a queda, não desanimando e sacudindo a poeira, discordando apenas que um homem de moral não possa aceitar que uma mulher lhe venha dar a mão, seja ela quem for, pois na vida tudo é muito relativo e nós seremos sempre nós e as nossas circunstâncias.
Porém, o que o deixou muito inconformado, como poeta que também é, foi não ter percebido no devido tempo a notável rima do já conhecido golpe do “boa noite Cinderela” com a ironia do seu clone “boa noite Gabriela”.
Fosse ele um gênio da categoria de um Adoniran Barbosa ou de um Paulo Vanzolini certamente comporia mais uma das muitas obras primas que eles imortalizaram sobre as personagens desta fantástica São Paulo e de seus tão diferentes habitantes com seus dramas, culturas, formações e valores tão incompatíveis e eternos participantes da cotidiana luta entre o bem e o mal, onde todos lutam para sobreviver, seguindo caminhos tão diferentes e até mesmo opostos.
José também não pode deixar de notar a incrível coincidência dessa sua experiência, nesse dia histórico e feliz para a sua querida cidade de São Paulo e tão infeliz para ele, que tanto desejou e acabou não podendo participar das principais comemorações do dia 25 de janeiro de 2004, com a memorável poesia que leva o seu nome, composta pelo grande mestre Carlos Drummond de Andrade:

“E agora José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
E agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais,
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Apesar de tudo e sem abdicar de vivenciar tudo aquilo que faça acontecer alguma coisa boa no seu coração e que não prejudique nenhum semelhante, José pretende seguir marchando; marchar para onde? Marchar para onde segue qualquer um daqueles que como ele compõe a sua raça humana, criaturas falíveis e eternos aprendizes: para onde Deus quiser!

28/jan/2004

Wilson Madrid, o Poeta Azul
e aqui, o José...

Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2006
Código do texto: T159150

Foto de Dirceu Marcelino

HINO AO SITE POEMAS DE AMOR - 1º EVENTO LITERÁRIO 2008

CANÇÃO DE CHEGADA

Ó Portugal
Olê, olê, olêêê...
Portugal,
Nunca vi país igual
Olê, olê, olêêê...

Portugal a cantar...
Olê, olê, olêêê...

Ó Portugal
Olê, olê, olêêê...
Portugal a poetar

Ó Portugal
Olê, olê, olêêê...
Poetizar...
Em poemas-de-amor

Ó Portugal
Olê, olê, olêêê...
Cante canções de amor...

Ó Portugal,
Olê, olê, olêêê...
Receba-nos por favor

Dê-nos inspiração

Para podermos

Poetizar.

Olê. olê, olêêê..

Ó Portugal,

Olê, olê, olêêê...

Somos poetas do amor...

Ó Portugal,
Olê, olê, olêêê..
Sim, somos poetas do amor
E da esperança

Portugal vai ganhar

Vai, vai, vai...

Juntos vamos gritar

Vai, vai, vai...

Ó Portugal,

Vai ganhar os poetas

do amor...

Portugal

Vai ganhar

Portugal.

Olê, olê, olêêê...

Portugal...

O Brasil

Vai cantar...

Portugal!

Portugal!!

Portugal!!!

OBS.: 1 - A letra acima exposta é uma adaptação da Música Portugal, do Conjunto Musical Delfins, à minha entrada à Portugal e cheguei a ela, em face de utilizar a músicas em diversos trechos da viagem e assim a mesma automaticamente entrou em minha cabeça, porém, considero, que tal música poderia ser assumida pelo site com a devida autorização do autor, para quem então poderíamos pedir a LICENÇA DEVIDA.

OBS.: 2 - As outras duas canções são de minha genuína criação, mas, também devo dizer que utilizei uma espécie de inversão da poesia escrita a muito anos pelo Poeta ANTONIO GONÇALVES DIAS, ainda quando ele estudava na Faculdade de Direito de Coimbra, fato que mencionou em uma uma das minhas viagens do TREM ENCANTADO
(11ª parte ), no aspecto em que ele dizia que queria vir para sua TERRA onde canta os sábias, minha terra têm palmeiras, como não encontrou cá, etc, e eu inverto em certo tópico que gostaria de conhecer PORTUGAL,

"Permitas Deus que por lá,
Encontre toda a alegria
Que temos nós por cá
Eis que a vida se principia"

GOSTARIA de ainda observar que o escritor do HINO DOS EXPEDICIONÁRIOS, que serviu de MARCO para os Soldados Brasileiros, também, foi uma adaptação da poesia original de GONÇALVES DIAS, razão pela qual DECLARO, que essa questão deve ser muito bem analisada, mesmo, porque como diz o grande cientista: "Nada se cria, tudo se transforma".
OBS. 3 - Às vezes, a própria criação original, evolui, se transforma em outras poesias derivadas ( como no nosso caso ). Vejam a terceira poesia, escrevi nos comentários de outra poesia de "JOANINHA VOA" e com base em tua resposta escrevi essa CANÇÃO àS MUSAS. Da Canção as Musas, Eu e Joaninha, já escrevemos outra composição em DUETO: O CONDOR E O VIOLÃO. Na verdade é outra canção. Tudo isto é fruto da evolução, da transformação, da correção, da nova interpretação, que forma no meu entender o CICLO DA CRIAÇÃO. Ciclo possível, principalmente, depois da criação deste tipo de tecnologia, que nos permite fazer o que estou fazendo agora, correções, após observações de outra poetisa, a quem agradeço CIVANA. (Em 7/06/2008 )

CANÇÃO DE ENTRADA

Ó Portugal terra por Deus abençoada
Permita-nos que pela Costa de Caparica,
Adentremos às tuas plagas amadas
E vejamos como sóis uma pátria rica.

Deixa-nos ver teus rincões primeiros,
Começando por Estoril e Cascais,
Eis que nessas urbes muitos brasileiros,
Fazem-nos lembrar nossos ancestrais

Não permitas Deus que eu morra,
Sem que tua terra eu conheça
E nada de mal nos ocorra,
Pois somos poetas da esperança,

De encontrar entre as flores
Do jardim encantado de poesia
Entres os fados e dos amores,
Esta arte que nos extasia.

Permitas Deus que por lá,
Encontre toda a alegria
Que temos nós por cá
Eis que a vida se principia

No encanto da integração
E que os cantos dos poemas
De - amor faça a unificação
Sob a égide do emblema

Das gloriosas bandeiras
De Portugal e do Brasil,
E que em frente ambas altaneiras
Ergamos nosso peito varonil.

CANÇÃO ÀS MUSAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Esta é uma canção em poesia...
Muito linda muito linda canção...
Arte perfeita, que nos extasia
E toca no fundo do coração.

Ah! Nossa Senhora, quanta alegria
Ouvir o fluir dessa inspiração,
Receber o influxo dessa melodia
Que nos enche de sublime emoção.

Louvamos Nosso Senhor, a primazia
Este grande privilégio e galardão
De recebermos neste lindo dia,

O fruto d’alma dessa emanação
De carinho e terna fidalguia
D’uma Amiga, Musa, Mulherão!

Foto de Wilson Madrid

ESTAÇÃO PAULO

*
* HOMENAGEM À
* MINHA CIDADE
*

São Paulo locomotiva de luz solar, do luar e da garoa,
formigueiro agitado de gente operosa e muito boa,
universo do nosso gigante adormecido e querido Brasil,
brilhante guerreiro, branco, verde, amarelo e azul anil,
colmeia de estrelas valentes, nascidas para enfrentar a labuta,
caminheiros perseverantes que não desistem e vão à luta ...

São Paulo de Anchietas, paulistas e paulistanos,
virgulinos, marias bonitas, baianos, cearenses e paraibanos,
jesuítas, portugueses, potiguares e pernambucanos,
salesianos, italianos, sergipanos e alagoanos,
brancos, negros, espanhóis, piauienses e franciscanos,
japoneses, maranhenses, índios tupis e latino-americanos ...

São Paulo dos irmãos da Praça da Fé e dos manos da periferia,
do admirável gado novo de todos os recantos brasileiros,
dos malucos belezas, católicos, evangélicos, espíritas, ateus,
pacatos cidadãos, carismáticos inconfidentes maneiros,
da fraternidade, das músicas e poesias do alto astral,
palco das lutas pela democracia, cidadania e justiça social ...

São Paulo do arco-íris sonoro do pagode, do forró e do axé,
do sertanejo, do funk, do rap e do clássico samba no pé,
bilheteria da estação dos passageiros do trem das onze
do maquinista Adoniran Barbosa que brilha lá no céu,
com os turistas Betinho, Helder, Gonzaguinha, Herzog, Fiel,
Vinícius, Drummond, Jobim e a perfumada Elis Noel ...

Foto de Dirceu Marcelino

CANÇÃO DE ENTRADA - 6ª parte da VIAGEM DO TREM ENCANTADO - Saída de Costa de Caparica e passagens por ESTORIL e CASCAIS -

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POESIAS: CANÇÃO DE ENTRADA

Ó Portugal terra por Deus abençoada
Permita-nos que pela Costa de Caparica,
Adentremos às tuas plagas amadas
E vejamos como sóis uma pátria rica.

Deixa-nos ver teus rincões primeiros,
Começando por Estoril e Cascais,
Eis que nessas urbes muitos brasileiros,
Fazem-nos lembrar nossos ancestrais.

Não permitas Deus que eu morra,
Sem que tua terra eu conheça
E nada de mal nos ocorra,
Pois somos poetas da esperança,

De encontrar entre as flores
Do jardim encantado de poesia
Entres os fados e dos amores,
Esta arte que nos extasia.

Permitas Deus que por lá,
Encontre toda a alegria
Que temos nós por cá
Eis que a vida se principia

No encanto da integração
E que os cantos dos poemas
De - amor faça a unificação
Sob a égide do emblema

Das gloriosas bandeiras
De Portugal e do Brasil,
E que em frente ambas altaneiras
Ergamos nosso peito varonil.

Foto de Martorano Bathke

SOU CARNAVALESCO, SOU BRASILEIRO

SOU CARNAVALESCO, SOU BRASILEIRO.
Velas ao vento, Caravelas singram, a água quase chega ao convés, pesadas, a carga é Real, é preciosa: Água de Fogo, Latinhas com Vidrante e Fitinhas com Barbante.
Jogo marcado e ingresso vendido: através da pesada gota de suor que te escorre pelo rosto, do vil metal, da abundante flora e fauna e de infindáveis mananciais de água e preciosidades. Foi tu Manoel: o tributário de plantão? A troca foi feita.
E para comemorar, nos enfeitamos de Latinhas com Vidrante e Fitinhas com Barbante e principalmente com a água de fogo, é claro sem esta não teríamos coragem, dançamos três dias e três noites. Teria nascido o belo Carnaval Brasileiro?
Séculos se passaram, não importa qual o nome do Tributário de Plantão, só são conhecidos por siglas: II, IE, IR, IP, IOF, ITR, IGF, ICMS, IPVA, ITCMD, AIRE, IPTU, ITBI, IVVC, ISSQN, TLL, INSS, FGTS, PIS/PASEP, COFINS, CSLL, CPMF, FMI, Loterias, Leão, Banqueiros... Cansei. E agora é repetido até chamados de efeito cascata, Carnaval de recolhimentos que não rodam mais, só milhão de palhaços continuam a rodar nesta terra de Vera Cruz.
Deve ser por isso que a comemoração não termina mais, todo mês tem carnaval, nesta terra de Santa Cruz.
Enquanto isso, os americanos do norte continuam a publicar nos seus livros de geografia que a Amazônia é deles, só que agora passaram da teoria para a prática: “Num trecho de 200 km da rodovia Boa Vista Manaus em Roraima, nação indígena, brasileiros só podem passar das 6:00 às 18:00 hs. Fora deste horário existe toque de recolher imposto pelos índios, que só falam a sua língua e o inglês, e os americanos para que não sejam incomodados. Então são hasteadas as bandeiras: americanas, inglesas e japonesas. Por coincidência existem grandes reservas de Ouro e Nióbio e todas as plantas medicinais tem patente de sua propriedade. Ainda por coincidência ali perto na Colômbia os americanos estão construindo uma grande base militar. Dizem que é para combater o narcotráfico?” Fonte: Mara Silvia Alexandre Costa Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.
Patog. FMRP – USP: Funcionária Pública na Cidade de Boa Vista.
E o que é pior ninguém sabe de nada, ninguém vê nada!
Quando meu porre acabar, e a ressaca espremer a cabeça, talvez lembre que não sou Carnavalesco aditivado, e sim Brasileiro adjetivado sem nariz de palhaço, com vergonha na cara.
Ronald Martorano Bathke

*Publicação permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"LUZ DE EBANO"

LUZ DE EBANO

Arremedo de historias que passamos para os filhos
Tropeços de verdades de uma triste tragédia
Ajustes tendenciosos de parte da memória
Parte importante propositalmente esquecida.

Manifestação da dignidade de um povo oprimido
Perdão desesperado de uma raça humilde
Lembranças das atrocidades de um passado vivido
Passivo das maldades de uma divida vigente.

Trampolim para os mesmos senhorios
Serviçais de uma mesma nação
Lagrimas pelos mesmos maus tratos
E a mesma falta de compaixão.

Quando este povo vai ser reconhecido?
Quando suas feridas irão cicatrizar?
Quando nós brancos e Brasileiros vamos nos desculpar?
E quando vamos entender que esta nação tem cor?
A cor de ébano o tempero do perdão
O sinônimo da dor,
O exemplo de dedicação e fidelidade

Foto de Dirceu Marcelino

MUSA INSPIRADORA II - DUETO

"Ter algo meu em versos teus
É mais que prazer e emoção
Tú que me causas inspiração
Pois és um grande amigo Dirceu.... "
(Rose Felliciano)

M U S A

Musa! Tu és as luz dos olhos meus
Sim! É a verdadeira paixão,
Buscando rimas nos versos seus
E compor uma bela composição.

Só podemos agradecer a Deus!
Sim! Por nos dar tanta inspiração
E renegar aqueles que são ateus
Apesar de ser discriminação.

Sou Homem, não desejo ser semideus
Como tu Mulher, pura devoção.
Queremos poesias, nossos jubileus.

Expressar com muita emoção,
A todos, brasileiros ou europeus
O que temos em nosso coração.

Foto de Fernanda Queiroz

Eu te amo meu Brasil

Brasil de todos nós.... que desabrocha em minha serra verde um espaço para o amarelo, faz meu sangue azul anil e de meus olhos estrelas mil.

Em teu Hino entoado, uma emoção latente.... é um coro cantado que faz soar dobrado, onde no peito apoiado uma mão espalmada, num coração batente.

Coração unificado de milhões de Brasileiros, que pode sofrer o ano inteiro, mas jamais te abandonará, pois a glória deste povo, é viver para te consagrar.

Neste campo mesmo distante o tapete é tua cor....vai Brasil, vai de drible ou de chapéu, de elástico ou de caneta, pedala, mata no peito, mostra que nisto tu és perfeito... com o meio de campo a armar a zaga vai desarmar, e você vai cair com jeito, para poder escolher, de letra ou de cabeça, de bicicleta ou olímpico, não importa na questão.... vai Brasil, balance esta rede sem trave de meu coração.

E neste grito aturado, onde bradar é sagrado, percorre este gramado e não deixe a bola passar, não vá para banheira, isto dá impedimento, faz do coração deste povo repleto de envolvimento, onde aguardam aflitos que não haja expulsão, pois nesta turma de craques, que é pentacampeão, a amarela é recurso, mas, a vermelha desilusão.

Vai lá Brasil, bota bola na rede, como te coloco em meu coração,traga o Hexa na bandeja e oferece este povão, não faça acordo solidário, respeite tua Nação.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Dirceu Marcelino

ALGUNS ASPECTOS DO PRECONCEITO VELADO NO BRASIL

No movimento literário de 1922 levantou-se a questão proposta por Mário de Andrade, autor da obra “Macunaíma, o herói sem caráter”, sobre duas facetas características da personalidade de muitos brasileiros.
Uma relacionada à questão da mania de procurar “levar vantagem em tudo” e outra do “paternalismo”, dando-se uma idéia de comiseração, desrespeitando-se todos os valores morais, éticos e sociais.
Com base na primeira idéia verificou-se inúmeras infrações de pequena importância, que não são criminalizadas, por serem de pequeno poder ofensivo, que mereceriam a reprovação social, mas que acabam sendo aceitas como normais, tais como, por exemplo, as seguintes: a pessoa que passa à frente na fila do cinema, do teatro, em estádios esportivos (vejam hoje no jogo Brasil x Uruguai), muitas vezes dando pequenas gorjetas ao porteiro; o cobrador do ônibus, da lotação que fica com o troco do passageiro etc.
Mais graves aquelas infrações em períodos eleitorais, quando vimos muitos candidatos a vereador, por exemplo, comprando alguns materiais de construção (areia, tijolos, cimento etc ); fazem perfurações de poços; retirada de terra; soterramentos de terrenos rebaixados; pedidos de empregos. Outros pedidos são coletivos, tais como, por exemplos: compra de camisas para times de futebol; abertura de campos de futebol em terrenos desocupados, muitas vezes feitos sem autorização do verdadeiro dono. Infelizmente, os que atendem tais pedidos em maior número muitas vezes são eleitos. Em várias cidades é possível apontar vereadores eleitos mediante esse sistema, até prefeitos, deputados e senadores, conforme noticiais atuais de revista de grande projeção.
Enfim, formou-se a política “do é dando que se recebe”.
Alguns políticos como se confirma pelas mesmas publicações e recentes investigações das CPIs das casas legislativas, se esquematizam sim, com objetivo de ressarcir-se daquelas despesas feitas com os pequenos atendimentos paternalistas que fizeram. Os exemplos citados são pequenos, pois dizem que é apenas a ponta do “iceberg” e que casos mais graves, permanecem na surdina.
Tais atos aumentam de gravidade á medida que servem de modelos de comportamento e se difunde às grandes massas da população por um mecanismo social denominado “contágio hierárquico”.
O mecanismo de transmissão do PRECONCEITO, também, se difunde a grande massa da população, de forma semelhante e nosso amigo e professor JOSÉ CARLOS GOMES, nos ensinava a respeito há mais de vinte anos.
Destacava o professor, alguns aspectos desse preconceito que existem de fato, embora alguns autores renomados insistam em dizer que o “preconceito no Brasil é velado”.
No aspecto que nos propomos a expor, como se fosse um complemento a homenagem que fizemos a ele com a poesia “PARADOXO DA VIDA”, lembro-me a destacar que ele definia Preconceito como sendo “uma idéia pré-concebida e de forma errônea que fazemos de alguma coisa”.
Salientava que podia ser observada sob três aspectos:
Racial – contra determinada raça ou grupo étnico.
Social – contra uma classe social ou grupo de pessoas.
Religioso – contra uma denominação religiosa.
Mas salientava que no Brasil, o preconceito racial, não se delineava da mesma forma que ocorria em outros países ou regiões do mundo e que visando evitar esse tipo de comportamento anti-social a nossa Constituição Federal criminalizou o preconceito racial, inserindo-o no Artigo 5º, inciso XLII, no capítulo dos “Direitos e Garantias Fundamentais”.
Houve época que tais ranços de racismo se vislumbraram em nossa sociedade, de forma mais grave, citando como exemplo a época da 2ª Guerra Mundial , quando alguns times de futebol tiveram que mudar suas denominações para evitar que suas torcidas se identificassem com os países do eixo – principalmente, os italianos e alemães.
Citava ainda que o preconceito racial às vezes se explicite pelo próprio vocabulário, tal como ocorre quando alguém diz:
“Pelé é um negro de alma branca”.
Com referência ao “preconceito social”, demonstrava que se observam de três formas:
Contra uma classe social, quando de forma preconceituosa é com a finalidade de denegrir pessoas oriundas de determinadas regiões do Brasil, tal como o do Nordeste e alguns se referem a ele como “O nordestino”; outros se referiam a “Erondinos”, fazendo menção à ex-prefeita de São Paulo, de origem nordestina, mas que sabemos e consideramos uma mulher respeitabilíssima; do paulista em relação ao catarinense, com a expressão “barriga verde”;
O preconceito religioso observa-se em manifestações tais como quando o Católico chama o protestante ou componente de denominações evangélicas de “crente”. Ou então, quando estes, Protestantes ou evangélicos chamam os católicos de “beatos” e de ambos (católico e protestante) contra o espírita, chamando-o de “macumbeiro”.
Mencionava ainda que a religião muitas vezes, na história da humanidade foi utilizada de forma preconceituosa, como na época da inquisição, várias pessoas foram mortas em fogueira como hereges.
Embora reconheçamos não apresentar o preconceito existente no Brasil, aspectos tão graves como outras manifestações que ocorrem em outros países, na verdade em honra de pessoas como ele JOSÉ CARLOS GOMES e de outros amigos e amigas, companheiros de trabalho, de alguns de nossos próprios parentes, e, principalmente, de nós cidadãos que nos propomos a serem poetas e poetisas, temos de ter consciência de nossas convicções e estamos incluídos no rol das pessoas responsáveis pela transmissão de conhecimento, mesmo que seja por obras simples e singelas, pois essa arte deve atingir em primeiro lugar os pequeninos, os excluídos, os mais necessitados.

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