Bodas

Foto de Hanilto josé Da Silva

O NOME DA ROSA

Eu vejo em teus
olhos,
a língua dos versos
copiosa mensagem
em tom diversos.

São uns versos trocados,
com meus olhos enamorados.
O nome da rosa dos olhos
apaixonados é o amor de olhos
versados.

É o orvalho da alma
em orvalhadas de amor,
é o encanto da natureza,
na ternura da flor.

São meus ais de forma
natural,de modos quase
normal,
são sentimentos regados
nas bodas do tempo,aliciados
a verbos doces anciosos de
momentos.

É amor verdadeiro
na viola de um
violeiro,
na canção do trovador
é o que fala meu coração
pros teus olhos meu amor.

O nome da rosa
é essência da flor,
com chama de perfume
com todo teu esplendor.

Hanilto 04 08 2011

Foto de Edson Cumbane

Amor-Supremo

Dispa-te meu amor
Nas nuvens do meu sentimento
Na alegria do meu tormento
De saudades saudáveis só tuas
Dispa-te em semi-lua
E fique semi-nua
Só para mim
Para nós!

Encantemo-nos de prazeres
Amanheçamos só em nós
E partilhemos estas nossas
Bodas de amor imaterial
Sentimental ao extremo
Amor-Rei, Amor-Supremo!

Foto de Edson Cumbane

VIVO

Vivo em via láctea
que transborda no Universo
que me faz existir
em harmonia no multiverso

Vivo em dissabor
com a dor
porque ela tem rancor
porque eu amo o amor

Vivo em meu coração
e meu coração em mim
vivo na alegria, tristeza, enfim
vivo sozinho, vivo com a gente
vivo efervescente, vivo diferente

Vivo por viver
vivo para entristecer
a morte
vivo por sorte
viver é destino
morrer é desatino
vivo além da morte

Vivo a felicidade
vivo no Campo
vivo na Cidade
vivo e não sambo
mas marrabento
como um moçambicano
como um distraído
por ser um moçambicano
atencioso, vicioso, maravilhado
pela beleza das raízes moçambicanas

Vivo moçambicano
vivo africano
vivo, revivo a África
vivo debaixo do sol que me faz negro

Vivo o reviver
vivo o entristecer
vivo as bodas
vivo o luto
vivo às vacas gordas
vivo às vacas magras

Vivo neste século
vivo eternamente
no sabor da eternidade
vivo como missão
de mais um cidadão
para fazer a diferença
enfim... vivo
a diferença de viver
como ninguém mais viveu!

Foto de Dom Quixote - crítico amador

Literaturas Lusófonas

Bem mais que dança, bailado;
que som, melodia;
que voz, sobrecanto;
que canto, acalanto;
que coro, aleluias;
que cânticos, paz.

Bem mais que rubor, saliência;
que encantos, nudez;
que imoral, amoral;
que bosques, fragrâncias;
que outono, jasmins;
que ventos, orvalho;
que castelo, arredores;
que metáforas, rios;
E um pouco além: tsunamis.

Bem mais que naus, sentimento;
que excelsa, nascendo;
que olho, contemplo;
que invade, arrebata;
que vitrais, catedral;
que versos, vertigens;
que espanto, tremor;
que êxtase, pranto;
que apatia, catarse.

Bem mais que contas, rosário;
que prece, amplidão;
que o menino, sua mãe;
que Império, regresso;
que palmas, martírio;
que anúncio, Jesus;
que Ceia, Natal.

Bem mais que alegria, ternura;
que espera, esperança;
que enlevo, paixão;
que adeus, solidão;
que dor, amargura;
que mágoas, perdão;
que ausência, oração;
que abandono, renúncia;
que angústia, saudade.

Bem mais que anciã, joyceana;
que lógica, onírica;
que o Caos, Amadeus;
que ouro, tesouro;
que ode, elegia;
que amiga, inimiga;
que insensível, cruel;
que signos, símbolos;
que análise, síntese;
que partes, conjunto.
E um pouco além: generosa.

Bem mais que efêmera, sândalo;
que afago, empurrão;
que clássica, cínica;
que exceto, inclusive;
que inserta, incerta;
que adubo, arrozal;
que oferta, procura;
que unânime, única.
E um pouco além: tempestade.

Bem mais que ouvida, vivida;
que austera, singela;
que pompa, humildade;
que solta, segredos;
que fim, reinício;
que um dia, mil anos.

Bem mais que reis, majestade;
que jus, reverência;
que casta, princesa;
que moça, menina;
que jóia, homenagem;
que glórias, grandeza;
que ocaso, esplendor;
que espadas, correntes;
que fatos, História;
que Meca, Lisboa.
E um pouco além: messiânica.

Bem mais que pingos, Dilúvio;
que água, Oceano;
que mares, o Mar;
que porto, Viagem;
que cais, caravelas;
que rochedos, neblina;
que vôo, Infinito;
que Abysmo, gaivotas.

Bem mais que a tribo, navios;
que lanças, tristezas;
que campos, senzalas;
que bodas, queixumes;
que soul, sem palavras;
que o tronco, maldades;
que ais, maldições;
que feitor, descorrentes;
que mandinga, orixás;
que samba, kizomba;
que “meu rei”, Ganga Zumba;
que olhos baixos, quilombos;
que discordo, proponho;
que cedo, concedo;
que escravos, Zumbi.

Bem mais que brisas, Luanda;
que ondas, Guiné;
que amarras, Bissau;
que o azul, São Tomé;
que náutica, Príncipe;
que axé, Moçambique;
que opressão, Cabo-Verde;
que fragor, linda ao longe;
que injusta, perversa;
que abutres, pombinhas;
que trevas, pavor;
que rondas, terrores;
que bombas, crianças;
que tágides, ébano;
que o Sol, rumo ao Sol.

Bem mais que luar, nua e crua;
que longínqua, inerente;
que ornamento, plural;
que ira, atitude;
que abstrata, denúncia;
que conceitos, Nações;
que Camões, mamãe África.

Bem mais que ética, ascética;
que pro forma, erga omnes;
que embargo, recurso;
que emoções, decisão;
que rodeios, sentença;
que Direito, Justiça;
que leis, Lei Maior.

Bem mais que flor, Amazonas;
que improviso, jeitinho;
que frágil, incômoda;
que alvor, cisnes negros;
que escrita, esculpida;
que lírios, o campo;
que veredas, suindara;
que denúncia, ira e dor;
que bonita, pungente;
que amena, os sertões.
E um pouco além: condoreira.

Bem mais que lares, veleiros;
que adeuses, partida;
que feitos, missão;
que honras, repouso;
que canto, epopéia;
que mística, fado;
que areias, miragem;
que sonhos, delírio;
que vozes, visões;
que acaso, destino.
E um pouco além: portugais.

Bem mais que errante, farol;
que ânsia, horizonte;
que distância, presença;
que solo, emoção;
que países, Galáxia;
que estresses, estrelas;
que zênite, impacto;
que intensa, profunda;
que letras, magia;
que formas, sentido;
que textos, teoremas;
que idéias, princípios;
que imensa, perfeita;
que graça, milagre;
que arcanjos, fulgor;
que dádiva, Mãe.

Bem mais que luz, primavera;
que audácia, tumulto;
que estética, rústica;
que em paz, desinquieta;
que estática, cíclica;
que cercas, muralha;
que assédio, conquista;
que plantas, concreto;
que escombros, palácio;
que átomos, Deus...

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