Foi aqui neste leito abençoado pelo sonho.
Em meu circulo do fogo.
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Aqui...
neste lugar de exílio,
que por entre o delírio de nós,
poetizamos louvores aos nossos corpos.
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E foi aqui que um dia te vi chegar,
como discípula de uma Deusa.
Fêmea imersa numa volúpia divina.
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E sob a luz funérea da noite,
envolveste-me num encanto poeirento.
Bebi a “libertação da alma” do teu cálice sagrado.
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E foste a vertigem que me correu nas veias.
A melodia insultuosa do meu silêncio.
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Alada das madrugadas eufóricas.
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Foste...
a blasfémia do meu desejo.
A evocação de Hécate.
Amante da Mágika prateada.
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E foste o grito sinistro das minhas dores.
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Foi aqui
que te vi partir.
Consumada num rito negro.
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Levaste contigo os gemidos que te dei.
As cicatrizes que alastrei na tua pele.
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O luar secreto das nossas palavras.
O veneno que saciava os nossos lábios.
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E a vida...
A vida que havia em nós.
A vida...
que te pintei numa tela sem cor.
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Levaste contigo a carne mordida.
Tatuada.
Fodida.
Deslumbrada.
Extasiada...
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Penetrada.
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Penetrada pela minha fome de ti.
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Foi aqui,
que simplesmente te inventei.
Á regra de três.
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