Areia

Foto de Henrique Fernandes

MAR DE BOLSO

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Sinto na pele a cólera dos vulcões
Forças que modificam a minha face
Dos sismos devastadores da alma
Até á incalculável força do olhar
Por campos abertos na autonomia de amar
E esse olhar dá voltas e voltas ao infinito
Dando frescura eterna ao meu intimo
Com sopros de ar puro ao meu profundo
Ditar o terror dos cumes montanhosos
No reino do meu vento de areia congelada
E estouro a ameaça da erupção da vida
No enigma do meu querer mais e mais e mais…
Tenho a idade do meu tempo deste tempo
Um errado calendário de pedra feita pó
Pó onde choro e faço o molde de lama seca
Do meu oásis invisível no deserto de solidão
Minhas lágrimas são um mar de bolso
Que me acompanha na pesquisa ao desconhecido
Não encontro o paraíso das nascentes quentes
Morada dos fantasmas que guardam tesouros
Nas areias de ouro das entranhas da terra
De onde me chega á pele a cólera dos vulcões
Prisioneiros na fonte da vida esquecida

Foto de DAVI CARTES ALVES

A VIDA É BELA ! ANIME-SE!!!

Hoje o sol não deixou de brilhar soberano
Derramando sua luz ,
Que enche nossa alma de vida e alegria
Só por que você teima
Em ficar aí choramingando

Aquele travesso colibri, com seu prisma multicolorido
Hoje chegou atrasado
Mas não deixou de tomar, da sua água com mel
Só porque você esta vestida
Com essa máscara de melancolia

As azaléias neste mes de agosto
Não deixaram de matizar o jardim
Num agradável rosa pink
E de compor na cidade o dueto harmonioso
belissímo com o ipê amarelo
Só porque você não quer comer, gordinha

Lembra daquela fila de crianças, aquela que você gosta tanto!
Todas de mãozinhas dadas indo com a tia, brincar na cancha de areia
Não deixaram de mostrar a língua, me mandar beijos, me chamar de bobo
Fazer aquele sinalzinho com o dedo, e “explodirem em gargalhadas“
Só porque, você resolveu ficar o dia inteiro na cama, meu bem!

Sabe aquela chuva, que cai no final da tarde
Aquela fresquinha, fresquinha! Hoje foi mais forte!
E eu saí sem guarda chuva de novo
Mas ela não deixou de causar aquele corre-corre na Praça Tiradentes
Só porque você não quer atender nenhum telefonema, flofy!

Você percebeu como o sabiá estava animado nesta manhã?
Não! mas numa cantoria menina!
Ele não deixou de “ir ao trabalho“
Só porque a juriti, não lhe quer, doçura!

Oh meu amor, a vida não deixou de te chamar pra vivê-la!
Hoje, lhe sopraria uma brisa meliflua,
Um afago em seu cabelo, uma caricia em seu rosto
Pra gentilmente convencê-la
E pra si também tê-la.

A vida é bela!!! Gritou pra mim,
Depois de uma longa conversa animada,
aquele meu amigo
Aquele, que não tem as duas pernas,
e fica tocando sua doce flauta na Rua XV
Ele não se esquece, e não se esqueceu disso

Só porque aquele sapo
Não quer o teu beijo, minha princesa!!

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Dirceu Marcelino

O TREM DO MENINO MARCELINO BOM MENINO I - Ó Carmem Cecília...Avoco-te minha Musa...

"Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar.
( O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos)

O trenzinho do Menino Marcelino

...Voouuuu...!!!

Jáááaa...voouuuu...!!!

"Lá vai o trem com o menino” (adaptação, igual primeira parte)
Lá vai a lida a rodar
Lá vai criança, o menino...
Na cidade a sonhar...
Lá vai o jovem-menino
Pro o amor encontrar
Correndo vai pela praia,
Vai pela areia, a beira do mar
"Cantando pela serra do luar"
"Correndo entre as estrelas, a voar...

Voarrr...Voouuuu... Luaaarr... (sons de locomotiva)
Luaarr...
Vooouuu..uuu..uuu...

"Lá vai o trem c'o menino ( Segunda parte declamada)
“Lá vai a vida a rodar,”
Lá vai ex-criança, jovem-menino,
À cidade e noite a girar, (terceira parte cantada )
Lá vai o trem, seu destino,
O dia e noite encontrar
Correndo vai pela terra,
À cidade entre a serra e o mar.
"Cantando pela serra do luar"
Correndo entre as estrelas a sonhar...
Sonhar... luar, amar, no mar...

Até Itanhaémmmmm (Quarta parte apenas musicada)
À beira do mar...ar...ar
Fuuiiaaammooorrrr
Itanhaémmmm...

Jáaa... fuuiii...

Lá vem o trem do menino, (Quinta parte adaptada - retorno )
Após o amor encontrar,
Correndo entre a areia e o mar
Vem pela serra,
Do maaar,
Voltando pela serra do luar,
Correndo entre as estrelas a sonhar.

Sonhar, c'o mar, amaarrrr.......

Já fuuiiii

Voltaaarr ..voa ar.. Fuuiiuuuuu...amarr...

Fuuuiiiuuuuuuuuuuuu..voaaarrr...

NB. Não tenho a mínima intenção de mudar a letra do Grande Compositor HEITOR VILLA LOBOS, estou apenas fazendo uma adaptação da interpretação da música feita por "ZÉ RAMALHO", à segunda parte do vídeo-poema Nuvens de Fumaça I, de minha autoria (pois, pretendo a escrever sobre o tema), cujo vídeo-poema foi magistralmente ilustrado por CARMEM CECÍLIA, em You tube, no endereço seguinte:

http://www.youtube.com/watch?v=7fE5aNx-zQ4

OUTRA COISA: Estou apenas treinando, pois, quero aprender fazer video-poemas na Escolinha da Fernanda. E meu netinho, que não saber falar, tá aqui no meu colo, cantando comigo...

Foto de Carmen Vervloet

OS OLHOS NÃO MENTEM

Os Olhos Não Mentem

Teus olhos me olharam
De um jeito tão intenso
E me falaram de um amor tão imenso...
Que não precisou nem um instante
Envolvida por ondas afagantes
Para que eu caísse em teus braços
E revelasse num sentido abraço
O que teimava em negar meu coração
Derramando emoção!...
O amor foi reacendido delirante
Entre estrelas fulgurantes,
Lua nova e verde mar...
Meus olhos a falar o que meu coração
Não podia, nem queria negar!...
Num silêncio profundo
Que te ouvia a respirar...
As palavras perderam o sentido
E este amor tão contido
Explodiu em beijos e carícias
Entre lágrimas lavando a dor
Acendendo em luz o amor!
Nosso teto o céu brilhante
Bordado por estrelas fulgurantes!...
Nosso lençol... A branca areia!
Nossa música... O canto da sereia
Suave e terno a embalar
Este doce e intenso amar!
E neste mágico momento
Isentos de mágoas e ressentimentos
Éramos um só corpo, um só pensamento...
Banhados pelas águas do mar
Fundidos no conjugar do amar!

O tempo em mágico transe parou!...
A Estrela Dalva piscou...
E nós esquecidos do mundo
Em silêncio profundo a dançar
Sobre a espuma do mar...
Como cúmplice, somente a natureza...
Nesta cena de infinita beleza!

Carmen Vervloet

Foto de Boemio

Carta de amor

Eu te amo, sem saber quando, como ou por que, te amo como se ama a uma rosa que nasce em meio às pedras e tempestade, te amo como se ama o sol depois das longas noites de inverno, como se ama frio em noites onde o sangue ferve, como se ama a exatidão, o perfeito.
Eu te amo, sem saber quando, como ou por que,te amo como se ama o orvalho que repousa suave em cada folha, te amo como se ama o fim de um sacrifício, como se ama o começo de uma aventura, te amo como se ama a cura da doença, Como se ama e tem fé na crença.
Eu te amo, sem saber quando, como ou por que, como se ama a resposta da duvida que afligia, como se ama a duvida do aprender, como se ama o que é justo, assim eu te amo com toda a força do meu ser, te amo até com o que eu não posso entender, te amo antes mesmo de saber.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, te amo sem barreira de tempo e de espaço, te amo infinitamente, como uma gota de água que corre livre o oceano, como um grão de areia ama a liberdade de ser levado pelo vento, te amo sem preconceito, com o peito aberto a todo o momento.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, como se ama o silencio antes de dormir, como se ama o café ao acordar e o abraço ao sair de casa, como se ama o que é bom e se repete, como se ama a musica, o dom, a plenitude, os interesses bons, como se ama os sons.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, te amo assim sem fronteiras, sem guerras, te amo simplesmente por amor, sem duvidas, sem remorsos, te amo com a certeza que tem aquele que luta a boa luta, te amo sem precisar razão, ideologia ou pensamento, te amo por sentimento.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, como se ama até o suor de algo conquistado com dificuldade, como se ama o sucesso de algo valoroso, como se ama a verdade, como se ama a lagrima que fortalece, como se ama a felicidade, como se ama a realidade.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, não por que é lógico, coexistente ou conveniente, te amo por que meu coração se alegra com sua presença, te amo sem mistura, com um sentimento totalmente puro, te amo de amor livre e forte, te amo como um barco ama o porto seguro.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, como se ama o badalar dos sinos que anunciam o natal, como se ama as estações do ano, te amo sem projeções, leviandades, te amo de verso, de poesia, te amo até com meu mais ínfimo poema, cada palavra que digo te ama.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, por que a dor que sinto não é nada comparada a todo o meu amor, te amo sem malicia, te amo com espontaneidade, te amo como um floricultor ama o seu jardim, te amo como não amo mais ninguém, te amo com tudo que há em mim.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, sem pretensões, sem devaneios, te amo sabendo que este amor é o que faz a minha vida completa, por que eu sem o seu amor sou como um verso sem rima, como peixe no aquário, como um pássaro que canta tristonho em uma gaiola.
Eu te amo sem saber quando, como ou por que, e sem o seu amor sou apenas mais um que vagueia perdido a estrada que leva ante a morte, como um domingo sem o mínimo raio de sol, como a primavera sem as flores, como um poeta sem inspiração, sem palavra, sem prosa sem poesia.

Foto de Sandra Ferreira

Ausência da lua…

A lua
Não estava presente
É certo,
Mas tínhamos
Acalmaria do mar,
Meus cabelos
Em desalinho
Pelo vento,
O meu
O teu, corpo
Num abraço
Carregado
De carinho
Em busca
De um sentimento,
As estrelas
Iluminavam
O teu rosto
Onde dançava
Um sorriso
De menino, maroto,
Não existia mundo
Para lá
Da praia
Só a imensidão
Da noite
Tu, eu
O som
Do mar
Acariciar a areia,
A tua voz
Melodia
Que me acalma
E aquece me
A alma.

RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS
Obra registada na
SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES

Foto de Joaninhavoa

Beijos, mel...

Estou aqui e agora
bem presente! Mas hoje
logo pl`a manhã, fui sereia
e deitada sobre a areia
saboreei teus raios de Sol...
beijarem afoitos a minha pele!...

Óh! Beijos ardentes...
Paixão! Favos de mel sobre
o mel! Vinde leve levemente
como quem chama por mim
e assim em sussuros... d`amor
como é este de só te querer a ti!

Caminharei pl`os Jardins Encantados! Não serei Marília
nem rosa nem outros tipos
de flores! Serei só uma Joaninha
que voa voa sem parar... mas paira
no ar a contemplar!

E vendo vejo-te e beijo-te
num doce e refinado... desejo-te
hoje! Logo pl`a manhã
fui sereia fui amante e aceitei-te
como jamais havia feito...
foi deleite em meu leito!...

Joaninhavoa, in "Jardins Encantados"
(em 2008/02/10)

Foto de Ana Botelho

AMIGO É MESMO PARA SEMPRE

AMIGO É MESMO PARA SEMPRE...
Passar a infância no interior do Estado do Rio de Janeiro, com vida pacata, bucólica, como tantas outras crianças, que ali puderam conhecer a simplicidade e aprender o amar a essência que existe em cada ser humano, fez, definitivamente, a diferença para mim.
Quando chegava a época da adolescência, tínhamos que estudar das formas mais estranhas possíveis, ou saíamos para longe, em casas de parentes e amigos, ou ficávamos em sistema interno, em instituições particulares para jovens. E foi lá, justamente às margens do rio Paraíba do Sul,que conheci alguém muito especial, com uma gama de características incomuns, que vieram de encontro às minhas. Tornamo-nos grandes cúmplices em assuntos relacionados a poesias, músicas e a tantas outras afinidades, que só mesmo quem conseguiu se harmonizar com a natureza rústica e intocada, poderá entender o que preencheu cada minuto dos anos que lá estivemos. Uma lástima não termos guardado tantos poemas e registros que fizemos de situações inusitadas e muitas vezes até cômicas, ou trágicas...
À tardinha, quando ficávamos, as minhas amigas e eu, no pátio do referido internato, chovia aviõezinhos e outras dobraduras, com recadinhos carinhosos, através do gradil de madeira, que cercava o nosso espaço físico. Eram poemas lindos e bem trabalhados, que voavam do Clube de Futebol, onde os atletas da cidade treinavam( acho que até muito mais vezes que realmente necessitavam...rsrsrs). Aos fundos do internato, ficava a tal estrada fluvial cheia de corredeiras, que o meu especial a conhecia em suas detalhadas curvas, de tanto ir e vir entre remos e nados.
Chegara a época do vestibular, nos separamos... Os anos se passaram e cada um seguiu o seu curso natural, assim como as águas do velho Paraíba, que a tudo assistiram, mas foi observando o curso do rio, suas voltas , as pedras e as quedas, que aprendemos ver em nossa vida, para que servem e como elas nos colocam, a cada momento, diante dos nossos afins.
Como é bom ter isso tudo na lembrança e sentir agora as mesmas emoções, tal qual aconteceram.
Sempre apareciam notícias ou comentários saudosos e conjecturávamos onde estaria cada um morando e se ocupando do quê.
Os filhos nos chegaram e o tempo, senhor implacável e poderoso transformador da vida, atingiu a muitos com os seus sacodes, testes e até resgates desafiadores. E mais uma década se passou...Eu, a essa altura, já me encontrava cuidando sozinha de três filhos, que tinham entre seis e dez anos de idade, quando numa linda manhã de sol, o interfone tocou e o porteiro anunciou o nome do meu amigo tão lembrado em minhas constantes horas de poesias e divagações...cujo arquivo mental veio à tona imediatamente, era aquele companheiro do passado, que com um calhambeque ou uma vespa, percorria toda a distância entre as nossas cidadezinhas em estradas de terra, para nos vermos nos finais-de-semana, ou para passarmos as tardes e as domingueiras no clube onde nos dias que não tinham "feira", era um cinema de piso em declive, terrível para dançar, mas que achávamos tudo de bom (afinal, era aquele o nosso mundo e que mundo maravilhoso...) Respondi ao porteiro , entre palpitações e descompassos respiratíorios, que ele subisse, momentos preciosos esses... Estávamos de saída para a praia e ele achou ótima a idéia, só que não havia sequer uma sunga de adulto em minha casa. Brinquei, oferecendo uma das peças dos meus biquinis e foi com uma naturalidade ímpar que ele aceitou e se pôs a escolher ... Fui cuidar dos meus filhos e o deixei à vontade. Ao chegarmos à prainha de Itaquatiara em Niterói, nos acomodamos , cadeiras, cangas, brinquedos, foi quando ele tirou a roupa , fez alguns alongamentos e partiu correndo na areia com as tirinhas laterais se agitando ao vento ( só faltaram as bolinhas amarelinhas...rsrsrs).
-Olhem só, dizia eu aos meus filhos naquele instante, esse é um amigo de alma pura, tanto, que nem está aí para o que possam pensar ou falar dele com essa roupa esquisita, se dedicou à psiquiatria por entender a vida sob a ótica do amor.
Rimos muito e ele, definitivamente, caiu nas graças dos meninos também.
Hoje, como se tivéssemos planejado, moramos no mesmo balneário, num remanso onde a natureza, sempre presente, nos brinda a todo instante com uma vida iluminada. Ele é um respeitado profissional e excelente escritor e eu uma sonhadora incorrigível, entre os meus poemas, pinturas e leituras sem fim, mas conservamos ainda os traços que nos uniram: os versos e os "causos" do cotidiano. Quando nos encontramos, rimos muito ao falarmos do passado. Valeu à pena tudo o que aconteceu...
E ao ouvir, em qualquer ocasião, citações como " de médico , poeta e louco todo o mundo tem um pouco", imediatamente, a minha mente passa a caricaturá-lo como agora faço, aqui, em palavras de carinho a você, Zeus, meu doce amigo e parceiro pela eternidade...

Foto de Dirceu Marcelino

O MAR - Meu salvamento - DUETO - VANESSA BRANDÃO e DIRCEU

(Vanessa Brandão )
Em um lado deserto
Daquela linda praia.
Sentada na areia,
Admirando o mar,
Avistei alguém dentro dele.
Que tentava sair,
Mais não conseguia
O mar que antes estava com as ondas tênuas
De repente se tornou agressivo.

Ao olhar bem percebi que era um lindo homem
Tentei pedir ajuda
Mais não havia ninguém
Fiquei sem saber o que fazer
E mesmo que eu quisesse
Não poderia salvá-lo
Pois não sabia nadar.

Me vi enloquecida
Pois queria muito ajudar
E nesta hora lembrei
Que existia em mim
Uma força muito poderosa
A fé em Deus.

E foi nela que me apeguei
Para retirar o homem do mar
Aquele homem que estava desesperado
E que aos poucos perdia as suas forças.
Percebi que as correntes marinhas,
Formavam um círculo na baía,
E com os braços fui indicando
E ele foi nadando,
De acordo com aquela orientação.
Foi da praia se aproximando
Até que no local em que as ondas se quebram
Seu corpo já entregue foi levado
Por uma das grandes ondas

Que o jogou na areia

Justamente aonde eu me encontrava
Olhei pra baixo e lá estava ele
Aos meus pés desmaiado...
Mas vivo...

(DIRCEU)

Poderá parecer mentira,
Um sonho de pescador
Ou delírio de um caipira.

Mas, foi realidade
Eras ainda uma menina,
Mas alguém como tu
Vi sentada na areia da praia,
Observando o mar de longe.
Estendi a minha esteira
Na areia.

Queria chamar-lhe atenção:
Fiz algumas flexões,
Olhei-a mas ela não me via.
Não deu bola.

Adentrei na água,
Passei os arrebentos das ondas,
Mergulhei.

Virei-me ná água
Não sei mais se ela me via
E aos poucos fui adentrando
Mar adentro.
Sempre eu fazia isso
Ia até o farol.

Mil metros, para um jovem
Na época era pouco.
Mas naquele dia,
Não percebera por encanto
Que o mar estava tenebroso
E fui adentrando,
Adentrando...

De repente
Vi que tinha passado o farol,
Era hora de retornar,
Desvirei-me do nado de costas,
E dei algumas braçadas.

De três ou quatro,
Avançaria dois metros,
Mas naquele instante recuei um metro.
Mais quatro ou cinco braçadas,
Avancei meio metro.

Ah! Já fiquei desesperado.
Olhei ao ser erguido por uma onda
Para a praia e vi ao longe só aquela morena.

Não podia gritar,
Nem adiantaria
O marulho do mar era intenso
E então fiz alguns gestos,
No padrão do S.O.S.

Noutro levantar das ondas
Vi que ela desesperada
Levantou-se da areia
E virava a cabeça para todo lado,
Talvez, pedindo ajuda,
Foi quando percebi.

Ela me fazia sinais,
Com os braços,
Em círculos
E comecei
Então,
A obedecê-los,
Seguia a corrente d’águas,
Que eu não podia vê-las
Tantas eram as fortes ondas.

Mas, com certeza, ela as via de longe
E assim, confiei nela,
E atendendo suas indicações,
Comecei a avançar,
Dois metros,
Em forma de um semi-círculo,
Dez metros,
No sentido dos ponteiros do relógio,
Cinqúenta metros,
E via a medida que avançava
Em cada onda que me erguia,
Que ela me seguia,
Andando pela praia.

Passei o farol,
E sempre em círculo,
Seguindo suas indicações
Fui avançando,
Quinhentos metros
E, já podia ver
Que para trás o farol foi ficando
E fui avançando,
Novecentos metros,
Até quando
Sentia
As ondas me elevando,
E quando passavam
Meus pés ia roçando
A areia do fundo,
E não sei quantos metros
Faltavam.
Mas já era praia
E continuei,
Remando...
Não sei
E
Só acordei,
Recobrei os sentidos
Quando a minha frente vi duas pernas
D’uma linda morena e
Ela me olhava
Sorrindo.
Vivi.
E vi que ela caminhou vários quilometros
Pela areia da praia
E foi assim que me salvou.

Se não fosse ela,
Não estaria agora aqui poetando

Por isso te peço, continues,
A vida é assim...

Até hoje agradeço a Deus!

NB. Ontem indicastes o caminho,
Hoje poderei indicar o teu
E, aqui temos muitos amigos,
Vamos nos encontrar
Na Escolinha da Fernanda. Uai!

Foto de DAVI CARTES ALVES

AS MULHERES E O MAR

As mulheres que escrevemos,
quando no mar, quais sereias de top
nos pulverizam,
renascemos da areia,
pois escrever é preciso...

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