Para sempre
“Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígios.”
Carlos Drummond Andrade
Sim, somente com o que não veio para habitar, que como uma lança foi jogada ao ar, percorrendo com tenacidade tua trajetória de morte em um fim cravado e sepultado por total inoperância humana.
Como pode alguém passar sem deixar vestígios?
Vestígios... lembranças... parceiras de meu caminhar.
Hábitos, costumes, impregnados em minha mente de tua passagem, que por mais breve se tornou a maior, que por mais distante se faz mais presente, que por onde passar, estará a me acompanhar, na letargia...no desespero,,, nos sonhos e nas alegrias.
Vestígios natos... consagrados nos fatos ....
Protocolados na mente onde tua face está presente, que seja para me levar a gritar por teu nome, ou para me calar diante de teu silêncio, não importa onde você está,,, sempre estará na mente, onde fizeste tantas sementes germinar.
Vestígios de um coração amigo que pareceu ter nascido somente para amar...
Faz pulsar dentro do peito, este eloqüente palpitar e marcar a patente de dono secular... é como estiar a bandeira e teu terreno demarcar, porque por mais que o tempo se finde, não há velório fúnebre, não há estaca no peito, mas há nada para não lembrar, pois o teu breve passar deixou vestígios que nem a morte pode apagar.
Fernanda Queiroz
(Direitos Autorais Reservados)
Não concorrendo ao 5º Concurso