Alternativas

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

O DESPERTAR DA RAÇA HUMANA.

O DESPERTAR DA RAÇA HUMANA”

Caros amigos, meus irmãos planetários estou aqui me postando diante de vós na intenção de mostrar esse trabalho que é voltado para o despertar da raça humana, é com muita satisfação que hora apresento as alternativas que dispomos para nossa própria salvação.

A terra esta condenada a cataclismos de origens artificiais criadas pelo próprio homem, a raça humana corre serio perigo de extinção pelo excesso da ganância. O homem atrás do lucro cada vez maior compromete a sua própria descendência, e nós caminhamos feito cordeiros por ladeira abaixo de encontro ao extermínio.

Precisamos reescrever nossa historia, vamos redirecionar nosso futuro cabe só a nós a salvação da terra e de seus habitantes.

"E eis que voz digo um mistério, na verdade nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados",1 Corinthios cap. 15 vers 51,quando na Bíblia se fala que nem todos dormiremos, refere-se as pessoas incumbidas de trabalhar no despertar da humanidade, e quando se fala que todos seremos transformados, isso inclue a toda população terrena a ficarem aptas ao grande encontro, isso passa pela alteração do D N A, pelo nível consencial, pelas emoções e nas dotações das para normalidades a todos os escolhidos.

O despertar talvez não seja para todos, mas os escolhidos terão que mostrar aos demais todas as alternativas a que dispomos.

CONCIENTIZAÇÃO

Meus queridos irmãos, na volatilidade das inúmeras formas que já assumimos nas diversas moradas de nosso pai, somos mutantes alados de um universo imenso, errante e acertante no contexto da vida as quais já alinhavamos de diversas formas em enumeros mundos, e esse na qual nos encontramos hoje, e o hoje é bastante efêmero, é nada mais do que apenas mais uma das muitas vidas que ainda viveremos a caminho da essência.

Com certeza um dia deixaremos de gravitar as voltas do núcleo e conseguiremos pairar no centro do universo e evitaremos as hecatombes que poderão dizimar parte da raça humana, hoje quase no ponto da equalização negativa, o padrão vibracional tem mudado muito rápido nos últimos tempos, os valores estão despencando, os homens assim como todos seus interesses estão sendo desvalorizados a cada segundo, cada vez se tem menos compromisso com a integridade e com a decência, raciocina-se com o sexo o tempo todo. O homem descobriu que o sexo é uma grande fonte de renda.

Trabalha-se, estuda-se, constrói-se e se destrói tudo pelo sexo.

A intelectualidade o amor à amizade deixaram de ser interessantes, só o sexo instintivo impera, estamos voltando ao reino animal, aonde multinacionais investem bilhões em pesquisas com testículos de roedores para criarem cosméticos com cheiro de sexo. Sem duvida os apelos sexuais da televisão do cinema e de toda a mídia junto com as drogas afrodisíacas estão acabando com o romantismo, e introduzindo o cio das fêmeas nas mulheres.

Se continuarmos neste ritmo logo se presenciará em praça publica o coito entre humanos, tal e qual acontecem com os cachorros.

Há de se inverter o caminho da decida, e promover a volta da regência das divindades, para que um dia possamos voltar a assumir a intelectualidade o amor e a decência.

Os dias que virão no ritmo atual, serão recheados de incertezas e frustrações, e as noites de medos e amarguras. Já não é sem tempo uma intercessão divina no planeta terra para que sejam promovidas mudanças estruturais na concepção humana, esse modelo que usamos para abrigar a centelha divina é obsoleto e primitivo, tem que ser reativado de tempos em tempos, necessita de uma alteração em seu código genético permitindo que cumpra sua jornada terrena sem oscilações de conduta, a morte da matéria deixara de ser necessária. A transmutação acontecera com mais freqüência e a quarta dimensão ficara mais próxima.

A MISSÃO

O nosso posicionamento se da a partir do momento em que descobrimos nossa condição decadente em relação às outras dimensões e outras moradas, e ousamos parar o retrocesso e investir na reciclagem da raça humana, raça essa criada para colonizar a terra com propósitos superiores e não inferiores com os quais estamos convivendo.

Nosso criador Deus todo poderoso, usou das mais altas tecnologias para nossa criação. Nosso processo evolutivo obedecia a normas gradativas e rígidas, as quais ao burlamos nos perdemos do caminho evolutivo, por tais motivos foi lançada à semente do despertar, e nós os já despertos temos como missão passar isso adiante.

Se forem obedecidas as leis divinas universais, tudo será distribuído quantitativamente, não faltando nada a ninguém, o que hoje presenciamos é o acumulo de coisas para determinados grupos e a total falta para outros, gerando assim riquezas e pobrezas absurdamente injustas. O despertar acorda o pobre para a aquisição e o rico para a distribuição das condições de vida.

E todo aquele desperto sabe da importância do equilíbrio entre todos humanos, portanto dividindo suas posses financeiras e também intelectuais emocionais e afetivas com seus irmãos planetários a vida ficara mais fácil para todos. Ha. de se observar porem que não é dando o que conseguistes com muito esforço e sacrifício que consertara o mundo, e sim gastando uma ínfima parte com ensinamentos aos que carecem de informações, proporcionando a quem necessitar o vírus do despertar.

A minha parte estou fazendo a partir deste trabalho, e notem que não estou ficando mais pobre por causa disto.

O que cabe a nós os já despertos é a propagação do despertar na mídia, mas, sobretudo através de exemplos, vamos esbanjar competência, espalhar o amor, recriar as amizades , semear a cortesia e distribuir a felicidade por onde quer que passemos, deixando rastros de esperanças em nossas pegadas, nós os escolhidos não podemos nos furtar perante tão nobre missão. O planeta agoniza, não podemos e nem dispomos de tecnologias para sairmos daqui e abandonarmos tudo, precisamos salvar o que ainda nos resta que é muito pouco diante de tudo a que dispúnhamos.

O tempo não espera meus amigos, arregacemos as mangas de nossas camisas e mergulhemos de vez em nosso trabalho que é salvar a nossa casa, a terra, tão comprometida pela nossa própria ganância, deixaremos de lado as condutas destrutivas e assumiremos uma conduta estabilisadora, e depois construiremos novamente a terra com tecnologias mais avançadas que serão acessadas gradativamente há seu tempo conforme nossa evolução e merecimento.

Usaremos cada dia menos produtos ofensivos ao meio ambiente, substituiremos paulatinamente tudo por produtos ecológica e divinamente corretos.

O amor pelo meio ambiente será incentivado em programas estudantis e o ser humano não mais sofrera dos males que hoje os aniquila.

De o primeiro passo a caminho da evolução, recicle o seu jeito de ser, recrie hábitos de cortesia, consuma cada vez menos produtos industrializados, use roupas de tecidos naturais, calce sapatos com solado de couro, obviamente não da para promover uma mudança tão radical e abrupta, mas tente não usar remédios em demasia, substitua-os por ervas, aos poucos e em comunidades aparecerão às opções, de alimentos, de remédios, de transportes e atè de trabalho em comunhão com o meio ambiente.

Esqueça um pouco as programações habituais de televisão, logo aparecerão novas programações, as mensagens subliminares dos programas atuais nos levam ao consumo e a conduta pré-determinadas por seus idealizadores.

Existem produtos que possuem substancias manipuladoras de massas de primeira e de segunda geração.

SUBSTANCIAS MANIPULADORAS DE MASSAS.

Essas substancias foram criadas para acalmar os povos de todo mundo , ajudando-os a pensar em paz progresso e ajuda ao próximo.

Essas técnicas de como inserir comandos em um liquido ou alimento foi absorvida pelos Americanos que ainda hoje as utilizam, embora os acordos, firmados com quem as forneceu tenham chegado ao fim por terem infringido algumas das clausulas, mas eles as detem e as usam para vender cada vez mais produtos e serviços, e quem sabe nos manter em estado de submição, como nos livrar-mos deste jugo?

Parando de consumir produtos batizados, e não é só de produtos ingeriveis que sofremos influencias talvez hoje as áreas que estão mais frágeis sejam nas mensagens vídeo-auditivas as que nos são impostas através de filmes, novelas documentários e comerciais auto-sugestivos. O apelo consumista de uma determinada marca de refrigerante é algo sem precedentes no mundo mercadológico, quem assiste a um comercial sente uma necessidade premente da ingestão do mesmo, Daí entende-se o sucesso dos produtos Americanos, e no esporte os suplementos alimentares os transformam em super-homens, difíceis de serem derrotados por homens normais, talvez nunca tenhamos tais suplementos, pois foi uma experiência extraterrestre que não deu certo, era para ser usado para se sobressaírem dando exemplos de coisas e fatos positivos e não para tripudiarem em cima das outras nações, mais somos sabedores que eles estão estacionados e nós (todos os paises da terra), estamos caminhando uns mais devagar outros mais rápidos para num espaço muito curto de tempo ter o mesmo conhecimento e poder dividir com todos os irmãos inclusive os Americanos a gloria de sermos todos iguais.

Ainda falando sobre as substancias manipuladoras de massas, existem as complementares, um refrigerante que ataca o estomago e causa mau hálito que ajuda a vender o chiclete que acaba com o mau hálito mas produz suco gástrico em excesso que ataca a flora intestinal precisando de remédios assim por diante passando por cigarros sanduíches ate chegar aos Spas tudo com uma sincronia de fazer inveja , e a humanidade vive em função do consumismo desenfreado e direcionado transformando nós humanos em verdadeiros caça níqueis colocados no mundo para produzir consumo , e ai vai uma pergunta porque os paises de terceiro mundo são campeões de natalidade?,E nos paises ricos muitas vezes famílias desejam filhos e não conseguem gera-los. Será que tais substancias são espalhadas só em paises pobres? Ou pessoas mais esclarecidas evitam tais produtos por considerá-los prejudiciais.Já pensaram que esta "dádiva" das mães de paises pobres pode ser plenamente manipulável para que sejam gerados pedaços de carne ambulante para andarem de um lado para outro gerando consumo e riquezas?

É meu amigo você que não tem espaço em sua casa, para plantar, reúna-se em comunidades com o mesmo objetivo e plante seu próprio alimento, tome suco de frutas frescas e construa um filtro para bi - filtrar toda água que precisar utilizar, para beber ou fazer comida, assista a filmes e programações de origem nacional, exercite a cidadania e o patriotismo, valorize seu vizinho, aplauda seus lideres ,colabore com a humanidade nessa época de transição do processo hegemônico Americano, para o processo de libertação do seu Pais, pague se preciso for ,mais caro por produtos nacionais, seus descendentes agradecerão.

SUBSTANCIAS MANIPULADORAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO

São aquelas que condicionam o usuário a cada vez consumir mais, tornando-os dependentes do referido produto. Essa química não é tão prejudicial, a sua única contundência se da na medida em que você fica condicionado a consumir cada vez mais os produtos batizados, e a sua total descontaminação se torna possível num curto prazo, que varia de 30 a 120 dias dependendo do tamanho da embalagem de cada produto.

As recomendações te levam a cada dia consumir menos produtos industrializados, reunindo-se em comunidades alternativas que cultivem grãos, legumes e hortaliças sem agrotóxicos nem pesticidas. Existem espalhadas por todo Brasil centenas de comunidades das mais diversas crenças que praticam a agricultura natural, e você poderá se associar a algumas delas para obter os produtos a que desejar.

SUBSTANCIAS MANIPULADORAS DE SEGUNDA GERAÇÃO

Essa é a grande vilã da historia, pois alem de incentivar o seu próprio consumo, dita normas comportamentais, manipulando o cérebro do dependente tal qual lhe convem. O nível de sofisticação chegou a um patamar que é impossível ao viciado neste liquido milagroso pensar com imparcialidade, você só compra o que eles querem que você compre só veste o que eles querem que você vista, só vota em quem a eles interessa, e assim por diante, hoje já se fala que determinados grupos financeiros compram os serviços desta empresa para colocarem seus produtos ou serviços no mercado, inserindo em seu precioso xarope os comandos que os contratantes querem. Como seu produto é consumido no mundo todo, e o "xarope" é fabricado em um único laboratório e distribuído para todas as fabricas, fica muito fácil adicionar os comandos para qual região ou pais interessar aos contratantes. Fala-se inclusive que um candidato a presidência de um determinado Pais da América do Sul, localizado estrategicamente de forma e recursos naturais muito interessantes ao Pais de origem de tal "xarope ", foi assediado para que contrata-se os serviços desta empresa, obcecado pelo poder cedeu as pressões e permitiu que fosse usado em seu Pais a tal substancia manipuladora de massas de segunda geração, na campanha dava festas regadas de bebidas batizadas com tais substancias e o resultado foi mais que o esperado venceu com larga margem de vantagem sobre seu adversário, hoje luta para se livrar do jugo pesado dos manipuladores.

O que hora tento passar a cada um de vocês é da importância de poder retomar a capacidade de escolher em quem quer votar, o que quer vestir, o que quer comer, o que quer ouvir, assistir e assim sucessivamente, ser dono de suas próprias vontades e não massa de manobra, um corpo perambulante, um reles humanóide criado só para gerar consumo e riquezas para encher os cofres alheios.reunindo-se em comunidades, plantando alimentos orgânicos, trocando informações produtos e serviços, você aos poucos se descontaminara e conseguira pensar com imparcialidade.Faça um teste, se livre primeiro do produto que detem as substancias de segunda geração , assim não recebera mais ordens comportamentais, já os produtos batizados com as substancias manipuladoras de primeira geração são inúmeros e praticamente não terás chance de se livrar tão cedo, evite assistir a programações vídeo-auditivas geradas pelo Pais de origem de tal bebida pois elas estão carregadas de mensagens subliminares nocivas a hegemonia nacional.

Cada mililitro desta substancia demora quase cinco horas para perder seu efeito em nosso organismo, calculando que você tenha tomado uma lata contendo 300 ml, você só estará limpo em mais ou menos 60 dias, o fato de ter tomado duas ou mais latas não acrescenta em nada, pois cada unidade tem em seu teor uma química que anula a anterior, sempre prevalecendo as informações da ultima unidade, portanto em dois meses você será dono de suas próprias vontades , nunca se esquecendo de usar calçados com solado de couro e roupas de fibras naturais, o resto é só se preparar para ser feliz saudável e dono de suas vontades que acontecera logo após a descontam inação assim como o amor a harmonia e o sentimento de patriotismo.

Se você teve a paciência e o interesse de chegar ate aqui, com certeza já tem um posicionamento em relação ao despertar, se for do seu interesse divulgue este trabalho para o Maximo de pessoas que julgar com potencial para adquirir tais conhecimentos, com certeza estará fazendo a sua parte nesta distribuição universal de condições e também não ficaras mais pobre por isso.

Na equalização das dimensões e produtos da terra existem lugares e condições de vida para toda raça humana viver com dignidade e fartura, precisamos ocupar nossos espaços.

VIDA LONGA A TODOS!!!

EDSON PAES

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

MERGULHO.

MERGULHO

Quando mergulho no silencio profundo...
Acesso áreas do meu cérebro desconhecidas...
Viajo por quase todo o mundo...
E relembro de coisas já adormecidas!!!

Vez ou outra me distraio com o som da respiração...
Até nessa hora me disciplino...
E diminuo o arfar dos meus pulmões...
E na prospecção do meu eu me declino.!!!

Vou bem fundo nos quadrantes da mente...
E inicio um safari intelectual...
Quem vê pensa que estou ausente...
Mas só estou fazendo um estudo mental!!

No fim desta viagem introspectivo...
Sempre algo de bom acabo trazendo...
Soluções, resultados, alternativas...
E é assim que meus problemas vou resolvendo.!!!

Foto de Lou Poulit

ARTE VIRTUAL

Em menos de duzentos anos a velocidade das transformações da nossa identidade aumentou vertiginosamente, como um cometa de rumo duvidoso. Na proa dessa nave vai a tecnologia, na propulsão o capital e, no leme, o capitalista. No bojo desse processo, a maior mudança está na massificação da informação (que contempla todas as outras), entretanto, uma mudança interessa particularmente à arte e ao artista. E a sua compreensão deve ser considerada imprescindível ao bom admirador de arte também: a imagem virtual. Ela nos é oferecida (e quase sempre aceita) como a melhor imagem possível, um dos principais pratos do cardápio tecnológico. E de fato o é, como produto da tecnologia moderna.

Não se deve questionar que seja possível fazer arte virtual. Mas será que ela será sempre melhor, apenas por ser virtual? Sem dúvida, uma imagem virtual pode expressar uma linguagem artística, transmitir e despertar subjetividade, quer através da criatividade inusitada quer por capturar um realismo que seria inviável de se repetir (nesse último caso, a tecnologia atual já se coloca além dos limites puramente humanos). Como tecnologia, repito, é maravilhosa. Contudo, o superficialismo e o gosto pelo descartável, a preferência por preços pequenos, enfim, o consumismo a que nos deixamos levar, tende a nos velar os olhos da alma para virtudes outras, mais tradicionais. Além de fazer-se presente desde o berço da intelectualidade, como meio de transmissão de idéias e sentimentos, da divindade e de fenômenos sobre-humanos, de conceitos e padrões comportamentais, ou seja, meio de perpetuação do entendimento, não é isentamente presumível que a arte deixe de ser útil. A arte, como o que é belo e bom para o espírito (atributos seus irrecusáveis), tem um papel em relação à humanidade, mas já havia tido desde a criação do universo, pois há razões para que se creia que nele todo, ela esteja presente. Seria muito mais razoável imaginar que a matéria física (meio comum da arte tradicional) seja, futuramente, menos necessária como veículo de subjetividade.

Como o efeito da arte nas pessoas independe dos recursos utilizados para construí-la, resta sermos menos consumistas, menos imediatistas, mais zelosos de nós mesmos. Ainda podemos, apesar do fortíssimo condicionamento que recebemos desde a infância, resguardar as boas coisas tradicionais, cujos resultados são bem conhecidos, inclusive a longo prazo. Podemos ser criteriosos em ceder à sedução das novidades. Podemos ser mais lúcidos, a respeito do que fazemos, e entender que, queiramos ou não, fazemos parte de um processo de enorme amplitude. E que a fórmula mágica do capitalismo moderno, que não pressupõe apenas investimentos e lucros, mas principalmente a fabricação de preferências populares e a substituição de produtos por outros de menor custo e maior lucratividade para os fabricantes, ainda que seja um direito desses, não se constitui (ainda) uma obrigação generalizada para os consumidores.

Portanto, caso no próximo fim-de-semana você se decida a admirar pinturas e esculturas, ou ir a um espetáculo de dança, ou preferir um recanto sossegado para ler poesia, com certeza qualquer dessas alternativas (além de muitas outras não virtuais) lhe fará muito bem. Caso, em vez de admirar a de outros, prefira construir sua própria arte, poderá vislumbrar o quanto lhe seria possível partilhar o espírito da arte na condição de criador, e descobrir depois, mesmo se passando muitos anos, que suas criaturas artísticas lhe serão sempre fiéis. Talvez a perspectiva que você tenha para sua vida (e a dos seus filhos) até seja modificada, pela simples canalização da sua boa energia. Mas, com muita segurança, isso já estará acontecendo, caso se preocupe em educar mais de pertinho as suas crianças, em termos do uso que fazem dos computadores.

Foto de Lou Poulit

O Caminho é o Mestre.

Precisei viver muito, cair e levantar muitas vezes, para legitimar no meu silêncio a simples impressão de que tudo valeu a pena, por ter aprendido algumas coisas. Há tantos anos que nem me lembro mais quando foi, li sobre o conceito cabalístico de amor. Achei que era uma coisa muito bonita, mas impossível de se conseguir. Parecia um paradoxo existencial insolúvel, porque parece pressupor o sacrifício da individualidade própria e sem ela, ainda que consigamos pisar no horizonte, não poderia haver nisso um mérito nosso, já que não terá sido uma obra nossa. Guardei o conceito com carinho numa das últimas gavetas da alma.

Os anos se sucederam e através deles uma aparentemente infindável sucessão de logros e malogros, que deixavam uma coisa cada vez mais clara e insofismável, na minha alma obstinada e penitente: as melhores coisas que havia conquistado não eram aquelas pelas quais me dispusera a tantos sacrifícios, não eram a montanha, mas sim as que em algum momento me pareceram uma pedra suficientemente firme, para enterrar o cravo e continuar a escalada. E isso foi verdadeiro em literalmente tudo. Sabia exatamente o que queria e, quase sempre, soube encontrar meios de prosseguir. Mas não sabia o mais essencial.

Não sabia que nossas ambições são como uma miragem. Ainda que sejam alcançadas, podem durar bem pouco nas nossas mãos. Mesmo porque logo precisaremos desesperadamente de um novo objetivo, uma nova referência para que possamos canalizar nossa energia. Precisaremos fazer isso, ou teremos a impressão de que todo o universo, em seu legítimo direito de prosseguir, está nos atropelando lenta e minuciosamente. Talvez possamos parar para comemorar uma conquista, ou nenhuma conquista, como fazemos mais freqüentemente, e assim exercer nossa auto-estima, e simplesmente não querer mais nada. Porém não poderemos interromper a sucessividade das coisas, ou a transitoriedade de tudo.

Como não podemos assumir nenhum dos extremos do paradoxo, ou seja, não podemos ser Deus nem tão pouco um inútil grão de areia, a solução está necessariamente no meio do caminho entre um e outro. Não é como encontrar uma agulha no palheiro, ou um determinado grão na praia, é muito mais difícil que isso!

Às vezes, por minha própria experiência, tenho a impressão de que posso propor uma solução: desconcentrar o foco. No entanto, preciso esclarecer uma coisa da maior importância: Quando digo desconcentrar o foco não estou defendo nenhuma abstenção, negligência ou leviandade generalizada, como pode perecer. Mas sim, muito ao contrário, redistribuir o feixe, contemplando mais as pequenas coisas do caminho, que estão sempre tão perto da gente; e nem tanto no horizonte, em cuja distância o foco talvez se perca irremediavelmente.

Isso não é nada fácil, concordo, mas deve ser uma espécie de aliança profícua. Sim, uma aliança porque assim daremos ao universo a oportunidade de participar muito mais proveitosamente das nossas conquistas, de nos oferecer alternativas, enquanto damos a nós mesmos a oportunidade de exercer mais legitimamente o nosso livre-arbítrio. Porém, aqui cabe um alerta: Não se deixe iludir pelo seu conceito vulgar e tão divulgado: O tal livre-arbítrio, instituição criada a partir textos inspirados, não pode ser o direito absurdo de fazermos o que bem entendermos. Crer nisso seria subestimar a inteligência do Grande Legislador, depois de superestimar a nossa. Não é minimamente razoável.

Vejo isso da seguinte maneira: suponhamos que você tenha dito ao seu filhinho amado que parasse a brincadeira para fazer o dever de casa. As crianças nunca têm pressa para aprender. Na verdade, ao fazer seus exercícios, querem mais se livrar da obrigação do que aprender o que os adultos pensam ser necessário. Ora, se você lhe desse dois ou três cascudos mais alguns gritos, certamente ele faria os seus exercícios e alguma coisa sobre a matéria haveria de fixar na mente, além dos cascudos e gritos, claro. Mas tenho a mais cristalina convicção de que você se sentiria um pai/mãe muito melhor, se ele resolvesse fazer o dever e aprender por conta própria! Sem precisar de qualquer penalidade. A evolução dele e a sua satisfação seriam muito mais legítimos e perenes. Pois aí está, para mim, o sentido verdadeiro do livre-arbítrio, dentro dos limites da mente humana. Até onde a criatura e o criador eram uma coisa só, não poderia haver esse mérito. Então, porque resolvemos criar nossos próprios objetivos e expectativas, e engendrar os meios para isso, passamos a precisar dessa instituição. Porque Deus, que não pode ser um pai menor do que eu ou você, prefere não nos arrastar para casa pelos cabelos. Na verdade não se trata de uma liberdade, mas da oportunidade de escolher bem e com responsabilidade.

Então, juntando tudo, creio ter uma boa proposta. É simples e não tem o rigor hermético imposto pelas instituições dogmáticas, que também tendem a priorizar suas próprias necessidades: focamos o horizonte apenas para que tenhamos uma referência de direção; depois criamos focos nas pequenas coisas que estão em nós, à nossa volta, entre nós e na mesma direção que escolhemos. Sem perceber, estaremos abrindo mão de uma parte do nosso ego cabalístico, aquele que quer satisfazer a si próprio, entretanto, também estaremos sintonizando a energia cósmica, que quer satisfazer a toda criatura, humana ou não, que possa escolher, segundo as preferências de cada uma. Além de satisfazer, segundo a Sua preferência, a todas as demais que não podem escolher por si.

A polarização sexual dessa questão é muito bem representada por um mito antigo: Os deuses do Olimpo estavam prestes a se unhar, por não haver consenso sobre quem teria mais prazer no amor, se o homem ou a mulher (uma questão que, hoje, a ciência responderia facilmente). Então Zeus, tido como grande sedutor mas que, provavelmente, era um péssimo amante, mandou chamar um semi-deus, por sua vez tido como apaziguador. Não podendo recusar a missão que lhe fora confiada, este meditou um pouco e depois afirmou categoricamente (sem a tecnologia atual): Quem tem mais prazer no amor é a mulher... Liderado pela extremada deusa Hera, mui traída esposa de Zeus, o bloco dos feministas já estava começando a sua festa. Mas, olhando os olhares inchados de raiva dos machistas, ele completou: ... Mas o homem é quem o provoca. E assim, enquanto o bloco dos machistas fazia a sua festa, a enfurecida Hera cegou o pobre semi-deus. Na tentativa de ajudar os que queiram compreender melhor a inexplicável sabedoria dos antigos, aqui vão versos definitivos de Vinícius de Moraes, da sua “Brusca Poesia da Mulher Amada”:

“...E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!”

O verdadeiro amor só pode ser isso: O sentimento de querer bem e de satisfazer as pessoas/coisas amadas. E para dar certo, basta que aquele que ama seja uma das pessoas amadas. Ponto passivo: não existe uma matemática humana para o amor, essa coisa de determinar de modo fixo um ponto entre os dois extremos. Tudo bem, mas não estaria exatamente nisso o mérito? Veja, essa exatidão fixa, humanamente lógica, redundaria em mais uma estrutura ideológica capaz de engessar a psiqué e atrair o foco para o ego. Ela não é necessária. Mais importa que se exerça a vida, a alma, que se ame e que se cresça. A alma é o maior objetivo, o amor é o meio mais eficiente, e o caminho, quanto mais escuro mais guarda estrelas: É o mestre!

Foto de Lou Poulit

São Jorge e o Dragão

Sentados em bancos tipo meia-bunda, Hermes e Cuia haviam acabado de chegar ao balcão da birosca. Cuia era bebedor dos bons. Mulato quase negro, de fala mansa e bigodinho de chinês. Bom malandro, sobrevivente a tudo. De terno e gravata daria um excelente relações públicas. Só bebia cachaça e tinha preferência: Ô Portuga, dá meu marimbondo aí! Já seu amigo Hermes era letrado. O Vela, como era chamado na adolescência, era magérrimo, branco como um defunto, parecia meio lento em tudo. Havia se afastado dali por alguns anos e nesse tempo fez faculdade, arrumou emprego, casou, separou, casou de novo, separou de novo, casou mais uma vez... Continuava mal bebedor, pedindo a mesma marca de uísque: Ah... Bota qualquer um aí, Portuga.

O Cuia só observando. Em sua cabeça um silêncio era bom conselheiro: gozado, o tempo passa e as pessoas vão se misturando. Aquela que conhecemos desde dos tempos das pipas e peladas, agregam-se com outras que não conhecemos ainda, mas parecem tão importantes quanto as antigas, senão mais. E todas se dão muito bem umas com as outras, dentro do mesmo corpo.

Era manhã de domingo, dia de decisão no campeonato local de futebol. A birosca na encosta da favela já parecia lotada. Se a polícia chegasse de repente, com certeza ganharia o dia, porque já era quase impossível aos de dentro vigiar os que viessem de fora. O tumulto pacífico da birosca era como o Hermes. Com o passar dos anos alguns não arredam pé. Outros, desconhecidos, chegam, depois voltam e vão ficando. E outros tantos somem, por algum tempo ou definitivamente. Mas a birosca ainda era a birosca do Portuga e as alterações individuais não modificavam muito a mistura. Fora a fauna birosqueira, tudo mais parecia continuar nos mesmos lugares: as garrafas de bebidas mais caras, os salames e enlatados cobertos de poeira, no nicho de táboa a lâmpada devia estar iluminando o São Jorge que, a despeito da ausência de uma lança, não fora ainda comido pelo dragão, apesar de tantos anos de luta. O próprio Portuga sempre se dizia convencido de o aquele dragão enchia a cara de madrugada, depois que fechava as portas, e que só por isso não conseguira ainda comer o santinho.

O Hermes agora tinha uma identidade virtual, a julgar pelo palavriado que estava usando e que provocava a indignação dissimulada dos bebuns mais próximos: sabe, Cuia, o Portuga devia deletar aquele mictório compactado... Como é que é? – Espantou-se o amigo. É verdade, mermão... Aquilo é um banco de vírus! O Portuga é meio lento mesmo. Ele quer que esses caras acertem uma latinha daquelas. Já viu bêbado bom de mira?... Não – Cuia achou melhor não interromper – Nunca vi não... Então, Cuia, pra começar você tem que se espremer pra passar na portinhola. Só nisso já vai um risco. Depois tem que segurar a bebida, o cigarro, a portinhola... A portinhola?... Claro, mermão, vai que alguém deixa pra última hora e entra lotado. É uma senhora “portada”!... Riram-se os dois e o Cuia completou: É o que chamo de um arranca-rabo!... E o cara que não queria encostar em nada... Vai chegar em casa todo molhado – Hermes interrompeu - e a dona encrenca vai inserir o cara na casinha do quintal, vai passar a noite junto com o Totó!

Ô Hermes, por falar nisso, cadê a Laurinha?... Laura? Ô Cuia, que estória é essa de “por falar nisso”? Eu nunca dormi com o Totó não. Você precisa ler as atualizações do meu perfil... Ler as atualizações... – Repetiu o outro perplexo. E faz isso rapidinho, porque eu tô saindo, Cuia... Você tá saindo... Já vai embora?... Que vou embora, cara? Quis dizer que tô desistindo das mulheres dos outros... – e aproximou-se do ouvido do amigo – Estou apostando todas as fichas na mentirinha... Que mentirinha, Hermes?... Ô rapaz, aquela gata gorducha, que trabalha na “lan house”, vai dizer que nunca viu?... Sei, da loja de internet ali no fim da ladeira. Mas não era a Laurinha a razão da sua vida?... Laurinha nada... Se arrumou com o dono da firma, agora desfila de gerente... Ô meu irmão... – O Cuia mostrou-se penalizado – Que azar... Azar? Você não sabe da missa a metade. Depois dela já tive a Mariazinha, a Teresinha e a Socorrinho... É mesmo Hermes?... Tô te falando, Cuia, mulher dos outros agora pra mim é homem!... Nenhuma delas deu certo, né?... Não podia dar: A Mariazinha só queria saber de ganhar coisas caras... Ih, mermão, isso ia te deixar na miséria... Deixou mesmo. A Teresinha no início era uma santinha, o marido tinha sido atropelado, vivia numa cama, e ela passava o dia fazendo sexo pelo computador... Mas isso não resolve, Hermes... Não, a gente saía toda semana... Então, qual foi o problema?... Ela acabou viciada, Cuia. Perdeu a fibra... Como assim, não era a sua mulher?... Não!! Era mulher do computador!!... Ô Portuga, dá mais um aqui pro Hermes!

Cuia precisou pedir mais bebida para dissimular. Tinha muita gente em volta olhando, querendo saber quem era aquela tal mulher do computador. Sem se dar conta e parecendo soterrado de alguma culpa, Hermes foi se explicando: Mas a Laura, ô Cuia, ela não foi a única culpada, sabe? Porque quando comecei a desconfiar dei de ficar deprimido. Depois, sabe... Eu não dava mais cem por cento, depois nem oitenta, e foi diminuindo, diminuindo a transmissão dos dados... Entende?... Os dados? Ah, sim, acho que entendo. Mas e a outra?

Quem, Cuia? Já te falei, depois foi a Mariazinha... Me deixou numa miséria de dar gosto. Ô acesso caro aquele, sô... Aí eu não podia mais fazer outras coisas das quais gostava e sentia falta, não tinha grana pra nada. Estourei o cartão de crédito. Ninguém olhava mais pra minha cara, mermão... Tentando entender melhor, o Cuia perguntos pelos dados... Ah, a transmissão voltou a cair, né? Chegou a menos de um quilobite por segundo! Ô desespero o meu... Por que você não fez uns programas, pra variar?... Programa, não fiz nenhum, Cuia. Mas baixei tudo que pude baixar. Todo dia era dia de “down”... E nada de “up”... Nem um cachorrinho? – O Cuia perguntou brincando, para tentar levantar o astral do amigo... Nem um, era só cavalo-de-tróia!... Essa eu não conheço ainda, mermão... Nem queira, Cuia. Depois você tem que fazer uma faixina geral. É muito chato mesmo. E se perdesse o HD nunca mais vinha aqui beber com você. Em falar nisso, ô Portuga! Cadê o meu uisquinho?... Já vos dei, ó pá!... Tão dá outro!

Da posição em que estava, Cuia percebia o interesse crescente dos bebuns em volta na estória do Hermes, mas achou melhor não interromper. O amigo devia estar precisando desabafar. Depois, eles não poderiam mesmo entender aquele dialeto de informática. Também não entendia bem. E o Vela continuava falando: Agora a Teresinha, Cuia, nas primeiras vezes aquilo chegava sem jeito, olhando pro chão... Mas dali a pouco a santinha virava o demônio com rabo e tudo. Caraca, mermão! – O Cuia completou – Você só no piloto-automático... É isso, Cuia, o navegador era dela. Ela que escolhia a página... E num tinha anúncio não!...

Ao ouvir tais palavras, um dos bebuns já bastante calibrado, amigo dos tempos das pipas, chegou-se ao ouvido do Cuia e perguntou: Ele tava vendo televisão ou o que?... O Cuia dissimulou: Ainda não sei, mermãozinho. Fica na tua aí, na moral. Deixa o cara acabar de falar, valeu? O bebum voltou meio inconformado pro canto dele e o Hermes falando: Mas foi assim só nas primeiras vezes. Pôxa, Cuia, eu já tava apaixonado por ela quando, numa tarde, começou a balbuciar umas arrôbas diferentes... Que arrobas, Hermes?... Endereços, Cuia... Ah, dos outros amantes dela?... Que outros amantes? Amante era eu, o resto era virtual! - Hermes indignou-se, deu um murro na táboa do balcão e pediu mais uísque. Do seu canto, sentindo-se desprezado, o bebum disse com a voz lenta: Taí... Que machão que ele é... E recebeu um olhar enviezado do Cuia.

O Vela nem se dava conta do que acontecia à sua volta, ia desfiando o seu rosário enquanto a audiência dos bebuns aumentava: Eu não queria bloquear nem excluir a Teresinha, mas a cada nova tentativa ficava pior... Aí conheci a Socorrinho, que também era Maria, Maria do Socorro... E qual era o problema dela, mermão?... Não era ela não, Cuia. O problema era o marido dela... Ué, por que?... Porque o cara tinha mais de dois metros de altura, era muito forte e ruim que só o cão... E ele sabia que era chifrudo?... Sabia, mas era apaixonado pela Socorrinho e já tinha mandado dois pra lixeira, cara!... Ih, canoa furada, Hermes... Então uma tarde ela me chamou na casa dela... E você foi, maluco?!... Fui, ela me disse que estava precisando de um desencanador... Ocê é doido... É foi doidice mesmo. Quando eu pensei que ia carregar o arquivo, a trezentos kilobites por segundo... O cara te deu o flagrante... Não, tocaram a campanhinha... Ô mermão, ninguém toca a campaínha pra entrar na própria casa... Pois é, mas já derrubou a velocidade, né? Era o filho da vizinha. Ela despachou o moleque a agente voltou pro matadouro...

O bebum desprezado era um bebum respeitado. Toda hora fazia uma careta, ou um gesto, e os demais bebuns, formando já uma meia-lua às costas do Hermes, trocavam impressões. Percebendo tudo, o Cuia tentou levantar a moral do amigo: Aí você fez o couro comer... O bebum balançou o dedo indicador e fez beiço, querendo dizer que não acreditava. O Hermes respondeu: Mais ou menos, Cuia... Os bebuns metidos a jurados dissimularam uma estrondosa risada, quando o bebum desprezado saiu da birosca fazendo uma porção de gestos. Mas não demorou muito, alguns minutos depois lá estava ele novamente, pedindo licença para passar e voltar ao seu canto. Que mais ou menos é esse? – Perguntou o Cuia. Eu disse mais ou menos porque quando o programa estava quase carregado, ela me sussurrou que ouvira um barulho na cozinha. De repente o cara entrou no banheiro, já tirando a roupa, e quando me viu perguntou o que eu estava fazendo ali... E você, mermão, por que não pulou a janela?... Que janela, Cuia? Primeiro porque não tinha uma por onde eu pudesse passar. Segundo porque o banheiro era tão pequeno e o cara tão grande, que eu tinha a impressão de que éramos duas sardinhas numa lata. Ou melhor, uma sardinha e um tubarão! Que coisa, rapaz. Ele entrou tirando a roupa e eu tentando vestir a minha!... E aí?... Ai eu disse que já sabia qual era o problema... Como assim, Hermes?... É, mermão. Vou explicar: Quando corri pro banheiro, logo vesti a cueca. Aí ouvi o cara falando que havia chegado o caça-vírus. Então, em vez de por a roupa, eu desenrosquei o sifão da pia e abri a torneira. Só não deu tempo de abotoar as calças... E o cara caiu nessa? Mas que otário!... Bem isso eu não sei. Porque eu disse a ele que no dia seguinte voltava pra tirar o entupimento. Ele me pediu que saísse do banheiro porque queria olhar o serviço. Enquanto ele olhava eu fui saindo. Quando pus o pé na rua, mermão, desembestei que nem a mula-sem-cabeça! E ainda passei uma semana correndo. Vendo o cara atrás de tudo que era poste.

A turma de bebuns já não dissimulava mais as risadas e os julgamentos. E já não era composta apenas de bebuns, nem somente de homens. Haviam chegado mais torcedores e algumas prostitutas mas, devido a bebida já em conta alta e ao peso das lembranças, o Vela não se importava. Expunha-se ao ridículo, despertando a piedade de alguns. Cuia não sabia mais o que fazer. Pensava em como levar o amigo para casa, enquanto ele ainda pudesse andar com as próprias pernas. Mas de repente o Hermes se empolgava e recomeçava a falar, sem tramelas na lingua já melosa. Estava claro que ele não se submeteria a nenhum conselho: E tudo por causa daquela piranha, Cuia! A gente era feliz. Eu percebi muito antes e falei com ela. Disse que o Afrânio ia querer lotar o disco, secretária novinha, com tudo no lugar, se sentindo importante... É, o cara foi esperto... Ela é que foi uma vagabunda! Eu avisei antes, ela aceitou porque se entusiasmou com as gentilezas do Dr. Afrânio – disse o Hermes com desdém... Mas clama, mermão, isso agora já é passado. Esquece essa estória e vai em frente. Você não quer pegar agora a mentirinha? Então pega e esculacha, mermão. Vai te fazer esquecer as outras. Inclusive a Laurinha... Ah, a Laura não, Cuia. Eu não consigo esquecer o que ela me fez. Nunca, jamais vou perdoar aquela mulher. Se encontrar com ela na rua eu arrebento a piranha de porrada.

Sem sair do seu canto, o bebum desprezado balançava o dedo e fazia beiço. Os demais, já em franco debate, se dividiam. As prostitutas, em grupo, se defendiam. Alguns torcedores defendiam as prostitutas, para que tivessem o que fazer depois do jogo, afundar a mágoa em caso de derrota. O Portuga não tomava partido, bastava-lhe vender bebidas para todos. No fundo todos se divertiam, aproveitavam o fim-de-semana. Até o dragão se divertia com aquele São Jorge sem lança! Menos o Vela. Estava realmente consternado, não parava de imaginar formas alternativas de trucidar a Laura. E usava as opiniões dos bebuns para reorientar as suas tramas, curtindo a dramatização da sua desgraça, como se lhe causasse prazer. Numa dessas, ao dirigir-se ao grupo de prostitutas para ver sua reação, percebeu que uma delas saia de trás do grupo e atravessava em sua direção. Ele não queria falar com ela, era apenas uma puta, como dizia ser também a Laura. Tudo farinha do mesmo saco! – Disse em definitivo.

Quando o Hermes escutou aquela voz de mulher lhe dizendo um curtíssimo “Oi” pelas costas, imaginou que o mundo havia parado de repente. Um silêncio palpável preencheu o ambiente. O Vela tentava decidir o que fazer, sob o peso de muitos olhares. Quando se voltou para trás, viu que havia uma mulher muito bonita no centro de um pequeno espaço, obviamente aberto para ela. Apesar do congelamento generalizado, apenas o bebum desprezado balançava a cabeça, mas agora positivamente. O Hermes não conseguia articular uma só palavra. Dentro do seu íntimo encharcado de uísque “qualquer um”, tudo era escuridão, uma multidão de vultos ia e vinha, sem que ele pudesse organizar o pensamento. Não teve coragem de dizê-lo, mas não restava nenhuma dúvida: só podia ser a Laura. Queria olhar dentro dos seus olhos, pois conhecia-lhe o olhar, mas a bebida já não o permitia. E quando a mulher lhe estendeu docemente a mão, com um sorriso calmo e soberano no rosto, o Vela não conseguiu fazer resistência. E deixou-se levar lentamente para fora, pela mão, como uma criança ingênua. Atravessando o silêncio estupefato e o julgamento sem veredicto de cada um dos presentes, sumiram os dois entre os torcedores que, na rua, preparavam-se empolgados para tomar o caminho do estádio. Como se houvessem ali dois mundos paralelos, o casal e os torcedores não se confundiam, mal se notavam. Era de se pensar que não estivessem no mesmo tempo e no mesmo lugar. Uma mão imensa e irresistível parecia abrir aquele mar de gente, enquanto o casal sereno e mudo escapava dos julgamentos, sem que se molhassem sequer no suor dos torcedores.

Na birosca, foi o bebum desprezado que quebrou a perplexidade. Deu um tapa na lateral do balcão, fazendo um estrondo que deixou o Portuga furioso. Ô Portuga! Dá outro marimbondo aqui pro meu amigo Cuia, que ele está pagando o meu também – e virando-se para o mulato, que se mantinha pensativo, sussurrou - como nos bons tempos, hem Cuia? Uma a uma as pessoas foram se reacomodando pela birosca. O bebum sentou-se no banco, que o Hermes deixara morninho, disse com ar sábio: Ah, o amor. Coisa mais linda é o amor... Encafifado, o Cuia não respondeu mas quis saber: Sabe, você até pode me achar com cara de panaca, mas eu não tenho certeza de que aquela mulher era a Laurinha. Se bem que era muito parecida, não vejo há anos, mas acho que não era não... O bebum virou a sua cachaça toda de uma vez e depois ficou olhando para o chão, reflexivo, com um sorriso torpe nos lábios. Depois de um tempo, finalmente falou claramente: Não era ela mesmo, Cuia... Mas então, quem era ela?... Depois de fazer uma careta, como se rebuscasse o passado, explicou: Você não se lembra da Fátima? Não, né. A menina que vendia bala na estação do trem... Não, não me lembro mesmo... Eu conheci as duas desde pequenas, desde quando eu era um homem respeitado. A Fátima é mais nova, mas sempre foi parecida com a Laura. Depois meteu-se com aquele bandido, famoso por cortar as orelhas dos seus desafetos... O Pinga-Fogo... Isso, ele mesmo. Ele sustentava a ela e a outras molecas. A Fátima engravidou para se sentir mais segura, mas o cara apareceu cheio de buracos pouco antes do bebê nascer. Ela então andou na mão de um e outro bandido, pra manter o pirralho. Depois desapareceu de repente. Passou uns anos fazendo programas com gente endinheirada, gerentes de banco, diretores de empresa. Tem três meses que ela reapareceu, está morando no bairro aí de trás... Mas por que ela tomou aquela iniciativa?... Porque, como lhe disse, coisa mais linda é o amor...

O Cuia estava inconformado, não conseguia entender direito. Não vai me dizer que ela está apaixonada pelo Hermes?... Que apaixonada, Cuia. Ela nem conhecia ele direito... E como ela veio parar aqui na birosca?... Eu chamei, ora. Ela é puta, não é adivinha. Mas eu conheço ela muito bem. Você sabe que conheço as putas daqui. Não posso mais pagar pelos serviços delas, mas conheço bem várias delas e sou amigo delas... Que coisa de doido, quem vai pagar? Quando o Vela entender tudo não vai tirar um tostão do bolso... Nada de doido não, Cuia. Ela não veio receber dinheiro não... Como não?... O bebum parou, se ajeitou no banco e continuou: Cuia, meu velho Cuia... Eu já vivi um pouco mais que você. E lhe digo com toda a convicção: As mulheres que vivem de programa não são todas iguais. Mas são seres humanos todas elas, têm sentimento. Eu não pedi, apenas perguntei se ela queria fazer isso. Ela confiou em mim e topou fazer... Mas o Hermes não ama essa mulher... Já deve estar amando, Cuia... Não é a Laurinha... Que diferença faz, Cuia? Ele precisava amar, se regenerar, tirar o paredão de dentro dele. Você acha que o amor dele, que ele não pode exercer e não serve pra nada, é mais amor que o da Fátima, dado de graça, pela necessidade dele e por amizade a mim? E ademais ela não tem nada a perder, tem a dar. Qual o pecado nesse caso? Mas o Vela podia ter perdido a vida, lá no banheiro do caça-vírus. E noutras vezes, porque ficar pegando as mulheres dos outros...

O Cuia ainda não aceitava plenamente a conversa do amigo, porém reconhecia certa razão. E será que o Vela vai segurar a peteca? Do jeito que saiu daqui, não sei não... Ora, Cuia, ela é uma mulher sofrida, experiente, com certeza vai dar o jeito dela... Mas ele não vai se casar com ela, né?... Casar? Acho que ela não ta pensando nisso, não. Prostitutas nunca pensam em casamento numa primeira ocasião. Não é esse o trato. Se você sair com uma delas e falar em casamento, nunca mais ela sai contigo, pra não apanhar do cafetão... Mas vai que a Fátima pensa... E daí? Eu não sou cafetão, não ganho dinheiro com ela... O Cuia pediu a conta ao Portuga, pagou a cachaça e pendurou o uísque, reclamando do preço. Depois, com ar de satisfeito, disse ao amigo: bom, tomara que pelo menos você esteja certo e ela saiba acender velas. Senão, quando ele voltar aqui, vai dizer que de repente bateu um vento... Que nada, Cuia, você num entende nada de velas. Ele vai dizer que quando o programa estava carregado, caiu a conexão!

Foto de Suzan Keli

Amar ou Ser Amado

Se pudéssemos escolher apenas uma alternativa...
O que seria mais importante?
Amar ou Ser Amado?
Por mais que pensemos...
Fica realmente difícil encontrar uma resposta...
Mas podemos tentar...
Vamos presumir que a alternativa escolhida fosse Amar...
Como é bom Amar...
Sentir o coração bater mais forte...
As mãos frias e trêmulas...as pernas fracas...
O sorriso nos lábios...
Sim, porque o sorriso faz parte do amor e como faz!
Quando amamos, temos o privilégio de sorrir mais...
Sorrimos até quando estamos parados, com o pensamento longe...
Sorrimos das próprias lembranças que esse amor nos traz...
e muitas vezes, quando nos damos conta...
Estamos lá, não importa aonde...
Mas estamos com o sorriso nos lábios...
Até mesmo parados no farol a caminho de casa...
No meio de um trabalho...
Quem estiver prestando atenção na gente... provavelmente não vai
entender nada...
Mas, se essa pessoa também já amou
alguma vez na sua vida...
Ah, com certeza vai entender porque estamos assim... e vai sorrir
também só em lembrar como ela
já ficou um dia por causa do amor...
Quando pensamos na pessoa amada,
uma enorme sensação de leveza
vai tomando conta do nosso corpo...
Da nossa mente...da nossa alma...assim, sem pedir licença...
Mas é uma sensação tão maravilhosa que não importa, ela é tão boa
que não precisa mesmo pedir licença...
pode ir entrando e tomando
conta do nosso ser...
Sensação de plenitude...
E, agora, vamos pensar na outra escolha...
Ser amado...
Como é maravilhoso também saber que existe alguém que nos ama...
Que se importa conosco...
Que se preocupa com tudo o que nos possa acontecer...
Que teme que nos aconteça algo de errado...
A pessoa que nos ama está sempre vigilante...
Tentando nos proteger de situações
que poderiam nos machucar, e
consequentemente machucar a esta pessoa também, sim, porque não
podemos nos esquecer de tudo que foi dito anteriormente sobre
amar...
Quando somos amados, se algo de
errado nos acontece, o ser que nos
ama sofre muito com isso,
talvez sofra mais do que nós mesmos
poderíamos sofrer...
O ideal seria escolher as duas alternativas
Amar e Ser Amado
Pois os dois sentimentos se completam
Mas, nem sempre é assim...
O ideal seria:
Saber Amar e Ser Amado
Mas isto é privilégio de poucos...
talvez privilégio de quem já aprendeu
muito com o amor, já cresceu
muito com ele, e por isso talvez até
consiga entende-lo melhor...
O ideal seria:
Amar sem sufocar... Amar sem aprisionar...
Amar sem cobrar... Amar sem exigir...
Amar sem reprimir, simplesmente Amar...
E
Ser Amado sem se sentir sufocado...
Sem se sentir aprisionado...
Sem se sentir cobrado...
Sem se sentir exigido...
Sem se sentir reprimido
Simplesmente Ser Amado!
Pois do que nos adiantaria Amar sem Ser Amado
e Ser Amado sem Amar?

Foto de Rolizey

Foi Assim...

Denunciastes através de teu olhar o sentimento que nutrias por mim, confesso-te que gelei! eu a causa de teus pensamentos de insônia, como poderia? Acostumei-me com teu olhar pedinte a suplicar-me por mim e com a nudez estampada na alma te declarastes tão inocente e intrépido que sem alternativas cedi, cedi aos teus encantos enfeitiçantes que enfeitiçaram os meus feitiços de amor, e com brio nas palavras castas como palavras de criança te revelastes um menino pedinte de amparo emocional, e com fraterno desejo de viver a felicidade, conquistastes através de teu olhar, um coração que havia se tornado agreste para as coisas do amor, hoje! Confesso-te que desde a primeira vez que meus olhos olharam os teus, senti grande emoção, emoção de tudo que o belo revela, e lentamente a emoção revelava para mim teus mais íntimos sentimentos com tamanho vigor que de medo fugi! Fugi de teu olhar, de tua boca, de teus afetos que freneticamente me cobriam de temor, depois de inúmeras fugas, outro sentimento se apoderou de meu ser, a saudade; A saudade! porque buscas dentro de mim esta emoção que quer se calar e adormecer em meu seio como segredo profundo de minha alma, foi quando li no livro da vida do teu existir, que teu amor sem julgamentos me dará coragem para conquistar minhas mais antigas aspirações, e sonhando com dias vindouros de suprema felicidade e comovida pelo cálice que bebi da tua boca transbordando um amor inigualável, decidi; E ébria da vida acordei em mim; Teu amor é refúgio que me dá força e me guia a alma através dos purgatórios da vida, elevando-me ao ápice da vontade de ser feliz, e devaneio com frenética emoção que me cala a voz do peito, destemida e sem receio, nao mais rastejo diante da vida que entregou-me teu amor despojado das coisas vãs deste mundo arredio, e sigo numa viagem só de ida rumo ao centro de tua terra em busca do amparo que me guarda teu coração. Hoje como ontem, penso em ti, abraço teu sorriso e absorvo teu aroma como se absorvida eu fosse pelo teu amor, eternizando-te na lembrança de minha alma em busca do pólen da tua vida, e cresce em mim a vontade de viver; Cresci com a força de teu amor a regar-me como flor na primavera, e podando-me as arestas corrosivas da vida, delineastes um novo ser em mim, nesta altura da vida e em momento incomum, reajo!Reajo ao desamor cruel que corrompeu o mais íntimo do meu ser transformando-o em buraco negro nos espaços vazios de minha honra, transplantaste-me no jardim do teu Éden, e e sem o gosto da maçã, não conheceremos o pecado que mora ao lado. E trago aos tragos o teu olhar embriagado pelo olhar de meu olhar, trago uma sede imensa para beber de tua boca o pólen da minha existência, trago uma cabeça cansada para descansar no regaço da lembrança de tudo que vivi, trago sim! O amor esperado para teu amor que espera, nao mais esperar.

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