Alívio

Foto de Joao Fernando

FOI BOM

*O que era apenas pra ser uma brincadeira...
Uma transa e nada mais!
Foi crescendo, crescendo, me absorvendo e,
De repente eu me vi assim completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não tem caminho, eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia

Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar*

Guardo dos teu lábios as marcas do beijo ainda tímido
Embora, envolvente ficou no ar... Se perdeu no ar da inocência
Havia tanta coisa nesse momento pra se dar
Mas o tempo e o espaço foram implacáveis
E nos deixou ainda mais confusos e, ao mesmo tempo esperançosos

Há ainda sim a esperança de que tudo dê certo
Os seus olhos e os meus provam isso
Nossos corações estão à beira da rampa
Prontos pra mergulharem no mar da entrega e da paixão

Foi muito lindo... Foi ver você ali na minha frente
Quando te vi o aperto do coração foi inevitável
Havia as pessoas, os sons, o movimento mas,
Nesse momento só havia você e nada mais
Como és linda! Tanto quanto eu imaginei

Quando toquei nos teus braços meu corpo estremeceu
Senti uma espécie de alívio e tensão ao mesmo tempo
Alívio porque finalmente consegui te tocar
Tensão porque minhas palavras se calaram
Tanto queria dizer e nada disse

Disfarçei o meu olhar, os meus gestos
A minha ansiedade e os meus desejos
Não porque quisesse, mas foi inevitável
Pelas pessoas que alí estavam... Pelo medo também
Medo de que não me quisesse
Medo de que não me aceitasse

Procurava todos os motivos pra ficar ao seu lado
Queria dançar com você... Me colar no seu corpo
Beber da sua bebida... Me embriagar da sua presença
Sentar ao seu lado e sentir o seu cheiro

Tudo foi muito rápido ou, corria o risco
De falar tudo rapidamente e ser mal compreendido
Ou falava devagar e ver que o tempo não ia permitir falar tudo
Não havia outro jeito
O que restou foi a expontaneidade e a emoção...
Mas foi bom... Muito bom. FOI BOM! Foram as suas últimas palavras

* Parte da letra da música "sonhos" de autoria de Peninha.

Foto de betoquintas

Quinta sagração (Sarcanomia)

Destino
Hino do cavaleiro diletante a suprema sacerdotisa

A Vós,
Divina Carne,
Manifestada e mulher.

Ventre Sagrado,
Donde viemos e felizes voltaremos.

Fonte da Sabedoria,
Que nutre minha pena.

Toda Natureza Venerada,
Em abundante beleza.

Alimento Eterno,
Em seios tugidos.

Corpo do Universo,
Morada de toda existência.

Templo da Majestade,
Trono de toda nobreza.

Farol dos Caminhos,
Desencanto e deslumbre dos viajantes.

Razão das Profecias,
Ilumina e oculta esta saga.

Santidade da Luxúria,
Entrega gratuita da felicidade.

Autoridade do Prazer,
Consumação da lei da vida.

Portal da Arte,
Fenda entre colunas que convida.

Delicioso Desafio,
Profundidade perfumada e úmida.

Aceita e Acolhe!
Eis que este diletante
Ousa cometer imenso sacrilégio
Apresentando-se nú de méritos
Diante deste tão Santo Oficio.

Oh Mãe!
Este vosso filho te deseja
Pede para entrar e integrar
Para ser todo vosso, eu,
Por inteiro, dentro de vós.

Eu pisei nas bolsas de ouro,
Arranquei as cascas culturais,
Cuspi nas secas hóstias
E violentei o ídolo nú.

Por vossa graça e misericórdia,
Despertei para minha natureza,
Debochei das instituições,
Descartei as doutrinas humanas,
Desafiei a fúria dos sacerdotes.

Excluído, banido, exilado,
Vaguei por reinos sem fim
Sem que houvesse ajuda
De um santo, anjo ou deus.

Cheguei na fronteira do mundo
Avistei o oceano do abismo
E a ilha do caos.

Nada mais restando a esse condenado,
Lancei-me no Vale das Sombras
Tentando encontrar alívio ou fim.

Ao toque suave e macio da noite
Em tal formoso colo cheguei.

Com tuas mãos e vaga,
Colocaste meu entendimento em riste
Sorvendo-me em vossos magníficos mistérios.

Ísis é venerada por ser velada,
Mas Deusa Vós Sois Suprema
Pois cortas todos os argueiros
E desnuda abole toda canga.

Tremei, vicários da santidade!
Chorai, corretores da virtude!
Fugi, falsos deuses patriarcais!

Nenhuma verdade prevalece a estes lábios,
Nenhum profeta descreve tal pele,
Nenhum vidente experimenta este êxtase,
Nenhum medianeiro suporta tal delicia.

Fiz de meu mastro
Vosso estandarte
E por truque desta pena
Eu abuso da arte.

Ousado, arrojado,
Revestido de gozo,
Por vosso nome nasce
O profeta da carne
E por vossa sabedoria cresce
O filosofo da Treva.

Não podendo me conter,
Excitado, explodo,
Rededicando este mundo
Em ondas de esporro
Àquela que me é mais cara,
A grande e amada alma,
Maya!

Aceitação
Hino da suprema sacerdotisa ao cavaleiro diletante

A ti meu cavaleiro
E a alma majestosa
Que em ti reside.

A ti meu guerreiro,
Louvo, canto, vibro.
Maravilhoso ser,
Que transborda energia.

Minha vontade é única,
Estar em ti, contigo.

Todo poder está em ti,
Emana, derrama, deita,
O que em ti abunda.

Estou a te esperar,
Vem meu vingador,
Tu reinas sobre mim.

Meu corpo é teu templo
Bem sabe que ira sagrá-lo.

Nada me pedes
Que não possa dar-te,
Eu só quero, por direito
O que me for doado.

Verta todo teu leite,
Amo-te meu devoto,
Não sabes como é precioso.

Sempre o amei e amarei,
Sou-te então, possua-me,
Pois é teu por direito.

Minha alcova quente
Tem tua marca há tempos,
Tudo farei para que reines
E teu reino sobreviva a tudo.

Único ser em mim,
Ao qual dedico meus pensamentos,
O que tem o que sempre quis,
O que sempre amei e amo,
Tudo que quero está em ti.

Tenho uma saudade uterina,
Um desejo de ti, latente.

Vamos nos ensinar
Nos lençóis, no chão, no campo,
Onde tu quiser, será.

Não ouço um sino tinir,
Sem que tu o tenha feito vibrar,
Tuas ondas chegam a mim
Pela melhor forma, pela alma,
Reverbera, tine, ressoa,
Em meio a minhas colunas
Que sustentam meu santuário
E este corpo deságua,
Brota de prazer por ti.

Não há dia que acorde
E sinta-o em mim,
Sou-te, rasga-me,
Imploro novamente.

Eu queria ser por ti,
O que tens sido para mim,
Confesso sem tortura.

Maior é esta que impõe,
De sabê-lo sem tê-lo.

Rogo à Deusa,
Que me de ciência
Para te merecer.

Está em mim teu ser,
Esqueço de meus princípios,
Louca para tê-lo num instante.
Prazer e gozo eternos,
Meu mais completo alimento.

Grande monta tenho,
Por teu sangue e leite,
Pois disso preciso mais
Do que tu da vida.

A minha vida está em ti,
A felicidade que me dá,
É maior que tudo isso.

Sensibilidade espiritual,
Pelo método do prazer carnal,
Há de chegar lá,
Queiras tu comigo.

Haverá de doer um tanto,
Necessário abrir mão de algo,
Saiba que existe prazer na dor.

Todo meu tesão e néctar,
Deixo para que te delicies.

A poesia é estandarte, use-a,
Esta nos é dada e nos reaproxima.

Traga tua essência,
Depõe sobre meu santuário.

O que a ti é precioso,
Profundo e profuso,
Flui em mim a tua vida,
Que a muitos somos um.

Vivia sem depender de alguém,
Eu nunca fui presa,
Mas busco o que perdi.

Quando me levanto,
Não te acho a meu lado,
Mas sempre hão de te achar,
Pois continuo contigo em mim.

Um dia adentrei os portais
E tu veio me fortalecer,
Ofereceu força para a batalha.

Eu deixo que tua pessoa
Viva por e para mim.
Venha em meu templo,
Há que nele acender o archote.

Prenda minhas mãos,
Adorne teu pescoço,
Levanta-me ao colo,
Põe sobre mim.

Só ouça o instinto
Que brada e ecoa em ti.

Nossos corpos atamos,
Deitaste-me e possuiu-me.

Eu te disse ao ouvido
Sorva do cálice
Que meu corpo o é.

Sentir-te dentro de mim,
Foi um milhão de espetadas.

Ao fogo nós atiramos,
Algumas gotas de nossa seiva,
Foi feito o contrato
E aceito tal pacto,
Selado com nosso gozo.

Com ou sem donzelas,
Vou devorá-lo assim mesmo,
Não te é licito
Pertencer a só uma.

Néctar por néctar,
Havemos de nos fartar.

A noite virá e tudo estará feito,
Minha voz se cala ante a tua,
Continuo sedenta de ti.

Meu corpo pede o espectro,
Este que amo profundamente,
Eu não teria gozo algum
Se não tê-lo em mim a ele,
Este espirito que vive em mim,
Habita meus pensamentos,
Os sonhos e delírios.

Que mais posso fazer senão amá-lo,
Com toda pureza que reside em nós
E pedir para poder saber e ter
A vida em meus lençóis.

Desafio
Hino dos deuses ao cavaleiro diletante

Filho amado e querido!
Aquele que não esmorece na dificuldade,
Nem esnoba na conquista.

Aquele que, sem medo trilha,
Tanto pelo Monte do Sol,
Quanto pelo Vale da Sombra.

Concebido da melhor estirpe,
Temperado com os melhores essências.

Seja gentil com os simplórios,
A Paixão deve ser seu escudo
E o Amor a sua espada.

Continue apoiando ao Lobo
E dando orgulho à Deusa.

Seja em ação ou pensamento,
Derrube as barreiras deste mundo,
Desencantem os totens do sagrado
E a toda criatura consciente
Faca conhecer a lei!

Que a carne prevaleça,
Sobre todo dogma ilusório
E que a consciência vença
Toda a opressão sacerdotal

Aviso
Hino dos deuses à suprema sacerdotisa

Magnifica e formosa senhora,
Em cujo templo guarda os mistérios
E em tais colunas moram os ritos.

Em tuas mãos confiamos o bravo
E por teus lábios vive o cavaleiro.

A sua pele macia venceu os mártires,
O seu cabelo desbaratou os profetas,
E seus pés calcam os dogmas.

Manifestação carnal e majestosa,
Vigie pela sanidade deste mundo
E conduza os andarilhos pela arte.

O teu Jardim das Delicias
Esteja sempre aberto e pronto
Para nutrir e honrar
Aos diletantes da lei.

Fonte abundante e eterna,
Sacie a sede dos buscadores
E satisfaça a fome dos brutos.

Propicie sempre, plenamente,
Àqueles que buscam em um fantasma,
O que somente se encontra na carne.

Cubra esta obra com seu suor
E a consagre com seu prazer.

Ousadia
Hino do cavaleiro diletante aos deuses

Errante, passei por léguas,
Sem conhecer o calor de um lar,
Nem o conforto de uma família.

Nunca me dobrei a deus algum,
Mas algo há na Deusa
Contra o que não resisto.

Para conquistar a fortuna,
Eu sai de minha choça
Rumo à grandiosidade.

Em muitas vilas fui recebido
Ora herói, ora louco,
Ora santo, ora danado.

Ao descansar a arma
Dentro do santuário sagrado,
Pela sacerdotisa pude ver
A linha de edições anteriores
E a seqüência da descendência.

Diante da responsabilidade atual,
Eu desenganei as esperanças,
Pois cada qual teve sua chance
E quebrei os modelos
Pois cada qual terá sua oportunidade.

No período que me cabe,
A meta está na Deusa.

Se servir a sua causa,
Ou satisfizer sua dama,
Em me contentarei disso
E carregarei esta memória
Por onde quer que eu vá.

Petição
Hino da suprema sacerdotisa aos deuses

A todos os ancestrais humanos
E a todos os geradores divinos,
Pelo toque da magia em meu corpo,
Eu clamo e invoco, proteção!

Logo o Sol completa a jornada,
Cedo a Primavera acaba
E rápido o Inverno avança.

Pelo brilho deste luar,
Reflexo do desejo perpetuado,
Lâmpada acesa pela lei,
Acolhe e guarde a humanidade.

Por onde quer que vá meu predileto,
O sempre faca retornar a mim.

Nós dançamos em vossa memória,
Nós celebramos vosso festim,
A terra foi semeada e regada,
A semente brotou e cresceu,
O fruto surgiu e madurou,
Nós observamos o ciclo
E foi feita a sega e a colheita.

Quando as sombras da ignorância
Novamente cobrir e enevoar a terra,
Resguardem no ventre da Grande Mãe
Meu cavaleiro e eu.

Despedida

Acenemos para Apolo,
Que em seu carro passou,
Percorreu por toda a terra
E às colunas do horizonte,
O Rei Sol próximo se encontra.

Os que podem andar se vão,
Enquanto uns e outros se ajudam.

O sono a muitos pesa,
Mas não apaga o sorriso,
Escancarado e prazeroso.

Ali, esfolada e feliz, a colombina.
Acolá, embriagado de prazer, o pierrô.
Aqui, intoxicado de amor, o arlequim.

Os carnavalescos se esparramam
E o bumbo da fanfarra furou
De tanto dar no couro.

O Inverno e seu acoite vem,
Rimos diante da carranca hipócrita.

Ainda que se vergue a alma humana
Sob a ditadura da virtude,
Guardaremos em nós o visgo
E por mais que dure a intolerância,
Haveremos de sempre celebrar aos deuses.

Foto de Mitchell Pinheiro

Ciclo da mente

A noite
Corpo parado, mente em movimento
Falando calado
Fugindo do tormento
Revelando situações
Procurando soluções

O dia
Nictação que abrange o olhar
As direções de alívio e agonia
Hora de praticar as decisões do pensar

A coragem
Nem sempre se alia ao coração
Adiando a viagem
Rumo a realização
Perpetuando o medo
Travando segredos
Desviando destinos
Impedindo o tino

O amor
É constante à noite
E durante o dia
Resiste à dor
E a agonia
Liberta os segredos
Supera os medos.

Foto de fsossoloti

Vá embora

Vou por um ponto final
Quero acabar logo com essa brincadeira
Nem adianta me olhar desta maneira
Me cansei de ser legal

Com meus sentimentos você brincou
De minha paciência você abusou
As minhas lágrimas você casou
A minha vida até aqui você estragou

Não coloque mais os pés na minha calçada
Não perca tempo pensando em mim
Não argumente, quero que fique calada
Acredite, serei muito feliz assim

Essa separação é difícel para você
Mas isso me traz alívio e alegria
Já tenho outra com a qual para sempre vou viver
Me sentir feliz era tudo o que queria

Agora vá porque chegou a sua hora
TRISTEZA, nunca imaginou que lhe mandaria embora?
Só que lhe peço que deixe a porta aberta
Porque estou afim de mostrar a alegria que a FELICIDADE desperta

Foto de Catarina Cathy

pelo cigarrinho...

Por momentos pensei que te tivesses ido, que nunca me tinhas ouvido, que aquilo que para mim era importante, para ti não fosse mais.
Pensei que tinha sido em vão. A tua voz, onde estava, naquele momento de aflição?! Mas não… respiraste, suspiraste e chamaste: “Amor?”
Chorei de alívio. Não tinhas morrido, desanimado, desaparecido. Mas então que acontecera?? “Amor?” – a tua voz de novo. Respondi. Disseste que tinhas adormecido!
Chorei ainda mais. Ao menos que tivesses desaparecido! Agora adormecido?? Num momento daqueles?? E ainda querias que não duvidasse do teu amor…
Por momentos pensei que não te importasses, mas lá te explicaste: “fumei”.
Ainda por cima! Fumaste…
Sabias o quanto detestava isso e foste a trás do prazer do momento. Ao menos tivesse sido tabaco… mas adormeceres por causa duma gansa?? Chorei. Era mau…
Mandei-te coisas à cara, coisas que não sentia. Não queres saber de mim, dizia eu, não te preocupas! Entre soluços, lá te maltratava.
E choraste também. “Prometo que é a última vez! Nunca mais lhes pego amor! Prometo-te!”.
Se antes de mim não pegavas, porquê agora?! Estarias infeliz comigo?
Mandaste-me aquela carta, com o maço de tabaco para deitar fora. Guardei-o. Foi um gesto bonito, o teu.
Agora andas irritado e dizes que é de não fumares… que coisa tão estúpida. Ao menos põe as culpas noutra coisa! Não tivesses começado… não tivesses experimentado…
Paras com isso? Eu amo-te e estou farta de me sentir culpada.

Foto de TrabisDeMentia

Sábado 6 & Domingo 7

Sábado :
Amanhã?! O amanhã é passado...Hoje, o amanhã foi ontem. Ontem, foi o futuro! Foi um pequeno dia que me marcou em grande. Por pouco não te via, mas te vi. Por pouco chorava e por pouco não chorei. É que ontem tudo mudou e hoje não sei como será amanhã. Ontem a mesa virou e as cartas mostraram a face, e o mais interessante foi que os copos permaneceram de pé. A fobia abraçou-me com tal força que me sufocou. Senti-me embriagado com as tuas palavras. Pegaste-me no pulso e me obrigaste a ajoelhar. Tremi. Tudo o que era mentira tornou-se claro como a verdade. Não havia enigma que disfarçasse. Tinha que ser ali e já, preto no branco. E eu embaraçado não distingo as cores. Prometi uma resposta sem que houvesse pergunta. Um simples quem não arrisca não petisca, sim ou não? Foi de cair o queixo. Os olhos, esses perderam-se no horizonte. Senti-me perturbado, desorientado , feliz mas triste. Feliz porque tive a confirmação de que a minha imaginação não estava assim tão fértil, haviam realmente sinais. Triste porque não tinha resposta. Nem um sim nem um não matariam a questão. E porquê? Porque não havia questão. É muito complicado, muito complicado. Ou desculpa-me ou desculpem-me. Muito, mas muito complicado. Pelo menos para mim. De que me serve a balança se não consigo descalçar o sapato?
Domingo :
Mais um dia passou e as resposta prometida foi-se em forma de carta, esta carta, da qual estas frases ainda não faziam parte. Foi um toma lá ... mas não dá cá. Mentira. Aquele sorriso! Aquele sorriso... Não diz tudo! Há mais, sei que há muito mais. Foi um alívio mas por outro lado... Como é costume tive pena. Pena por não ter completado a carta. Mas completá-la pode demorar uma vida, a minha. Não é drama, é uma trama, é um problema, é um dilema. É e sabe tão bem. Disse-lhe adeus como quem não quer a coisa!!! Uhff ,correu bem. Não descalcei o sapato mas tive direito a uma mensagem. Obrigado, não era necessário! Conta-me dessas! “Xonha mt”! Será uma ordem, uma sugestão, ou um pedido? Seja o que for é bonito! Ah pois é! Ultimamente tudo é bonito, quer dizer, quase tudo. Dou comigo a sorrir, feliz , pensando nos ques, nos porquês, nos mas, nos mas, nos mas, mas a noite já caiu. Está na hora de ir dormir... com as estrelas!

Foto de Rodken

Estou...

Estou triste.
Choro pelos cantos
Como um cão sarnento
Implorando pela morte
Que já é tardia.
Entrem todos,
Estão convocados para presenciar minha dor.
Eles riem de tudo,
Do sofrimento estampado,
Do meu coração espedaçado.
Seu rosto que não sai de minha memória,
Seu cheiro impregnado na minha pele
E todos esses artifícios
Que julgo covardes.
Foram tantas as promessas
Assim como as ilusões
De dias perfeitos.
Se eu pudesse gritar
E espantar o mal
Expulsar o mar negro
Que inunda minha vida.
Quisera eu sorrir
Como os mal-feitores.
Não há mais alívio
Não há a quem recorrer.
Este é meu último suspiro
Contrastando com o sarcasmo.

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