Aliança

Foto de Carmen Vervloet

Lembranças

Lembranças

Nas profundezas do oceano
Afoguei mágoas e desenganos...
Sonhos não realizados...
Brotos de amores podados...

Joguei a aliança
Símbolo da minha esperança
Mulher ainda criança...

Afoguei a doída desilusão...
Matei a sofrida traição...
Afoguei raiva e decepção...

Velejei sem rumo
No meu barquinho de papel...
Fiquei a deriva, ao léu...
Olhando minha tristeza
No espelho do mar...
Até ouvir um passarinho
A me chamar...
Convidando-me a voar...
Fazer rodopios no ar...

Rodopiei... Rodopiei... Rodopiei...
E Voltei
Renovada... Leve...

Entendi que a felicidade é breve...
Deixa meu ser embriagado...
Mas preguiçosa cochila...
Por tempo indeterminado...

Mas sempre acorda
E faz florescer a alegria
Que me enche de energia
Que faz a noite
Se acender em dia!

Carmen Vervloet

Foto de Rose Felliciano

AMOR PLENO

"Assim chegastes...

Não mostrastes os meus muitos defeitos

Antes, teceu-os todos, como fios de ouro..

E os entrelaçou ao amor Divino, purificando-os.

Trazendo à luz,

Uma beleza adormecida

quase esquecida

há muito ignorada...

Seu sorriso me moldou

transbordando felicidade plena!

Jorrando aos Luzeiros

Iluminando a alma!!!

Um verdadeiro divisor de águas...

Eis que se fez uma aliança:

Não registraremos o início

Pois não existirá o final!!!!"(Rose Felliciano)

*Poema feito em fevereiro/2007. Porém, continua atual....

Foto de CarmenCecilia

PEDAÇO DE MIM

PEDAÇO DE MIM

Pedaço de mim...
A hora primeira
E a derradeira!

Pedaço de mim...
Amor para vida inteira
Você é assim...
Um conto de fadas sim!

Nos sonhos te procurava
E ansiava. Desejava!
Esse sentimento
A todo o momento!

Estava adormecida
Você veio sem rodeios
Com teu beijo apaixonado
Soprou-me vida!

Abraçou-me com candura
Suavidade e ternura!
Disse-me ao pé do ouvido..
Sempre estarei contigo!

Serei seu abrigo... Seu amigo!
Seu dia de sol e de chuva! Sua Luva!
O inverno e o verão!
Qualquer estação! Qualquer situação!

Seremos aliança...
Nada mais nos distancia
E numa eterna cadência
Vamos juntos caminhar...

Para qualquer lugar
Basta comigo você estar
E assim somaremos dias
Um a um como magia...

Enfim vamos nos completar...
Nossos pedaços encaixar...
E hei de te amar
Todos os dias de minha vida!

Carmen Cecilia

Foto de Rosita

A NATUREZA

Vem... segura a minha mão
Vamos correr por esta relava encantada
Onde o vento faz que pareça ondas
Que a luz do sol faz brilhar como esmeraldas.

Vem... confia em mim
Sente a brisa suave e doce que está em todo lugar
Que vem suavemente beijar nossas faces
Envolvendo nossos sentidos de prazer e amor
E nos faz com a vida vibrar.

Vem... vamos juntos
Passear entre as mais belas flores
Sentir-nos envolver por inebriante perfume
E receber da natureza as mais belas cores
De matizes variados e perfeitos.

Vem... vamos ver o que há de mais belo
Ao olhar uma cachoeira ou um sinuoso rio
Que segue o caminho para ao mar se entregar
E quem sabe uma aliança de arco-íris poder usar.

Vem... vamos agora
Por tantas belezas infinitas agradecer
E para que um dia não desapareça
Vamos fazer por onde merecer e cuidar
A natureza que Deus nos deu e que devemos amar.

Rosita Barroso
18/10/2007

Foto de Lou Poulit

REQUERIMENTO PARA TOLOS

Tolos que a brisa dos amores tange, possuem o instante. Tolos, algo mais tolos, que ofertam o brilho agônico de estrelas já consumidas por si próprias, possuem mentiras. Tolos que vaticinam o gozo apoteótico no leito incerto do sol, possuem uma tola eternidade. Mas quem lhes atiraria a primeira não-tolice? Quem jamais se sentiu tolo por amor, sem que antes, ou depois, ou mesmo durante, em algum tempo tenha sido possuído e gostado disso?... Ao sol, senhor de todos os tempos, as nossas vênias... Ao amor humano, grão-senhor de todas as tolices, lambamos as suas mãos generosas... Porque nem a transitoriedade de tudo pode nos derrubar dos trançados neurônios, onde balouça como pêndulo nossa auto-estima, tangida pela própria brisa, molestando-se a si própria, por todos os tolos requeiro...

No comezinho lar do tolo, uma mulher ocupa-se dos seus afazeres, imersa no seu sagrado silêncio. Ao tolo, mais parece uma extensão dos seus domínios, mas tudo em volta dela está semi-nu, tanto quanto ela. As sombras de cada recanto seguem-na, como a pervertê-la à luz da manhã, tenazmente disposta a revelar arrepios nos insuspeitos recônditos da sua pele pudica. Os seios dela esvoaçam de alças baldias da seda dormida, e dançam com simetria um tango ousado, ainda com cheiro de amor ressacado. Nádegas sorridentes tremelicam e, ingenuamente, espalham um sismo pela casa. Por onde ela passa soberana (e ela passa muitas vezes), arrasta um pedaço de céu que convida o tolo ao inferno. Mas entre as suas penugens, uma fauna carnívora e dissimulada a protege da insensatez do tolo. E lá vem ela de volta... Vê-se que ela possui tudo ao seu redor. O que possui o tolo?

E os seus pés? Ah, os pés da mulher amada... Nem os seus pés ele possui... Não são apenas os pés do corpo. Com eles caminham a sua identidade e a sua auto-estima, os seus ideais e o seu silêncio, sua sabedoria ancestral crida submetida. Com eles ela refaz todo dia o caminho da sua escolha tola e descrente, e atrás deles caminham as tolices de muitos tolos crentes. Ao ser apresentado à mulher da sua vida, o tolo é também um injusto por beijar a sua mão. E para mantê-la sob sacro juramento de fidelidade, antes algum dedo do pé recebesse a aliança. Pois mesmo com as plantas altas, e por mais que estejam distantes, e ainda que apontem para direções opostas, eles não crêem. Eles sabem. E dissimulados vagueiam no peito do tolo ancorado, que assim não pode ver suas pegadas, prova mais indelével, endosso insofismável do seu amor. Com as patas silenciosas da fêmea, sobre o barro vermelho do sangue da manhã que se anuncia, caminha a vida que tem fome e sede da mônada, caminho da criatura única, de volta à nudez do lar.

O tolo penitente é de todos o mais desapegado. Em certo momento, distribui as suas tolices e crê que assim poderá seguir leve e ileso, porém não pode distribuir a solidão que o segue. Suas tolices pesam na alma como... um jardim, entre o corpo e o espírito. Ele o cultiva como cultivasse o seu amor e o defende como um cão raivoso. Mas não pode trazê-los para dentro de casa como gostaria, nem o jardim nem o cão. E noutras tantas vezes, o seu amor prefere ficar do lado de fora também. Antes de viajar, o tolo o rega, e ao passar por ele se despede já sentindo o peso da sua ausência. E quando retorna da viajem (nos tolos pesa a compulsão por retornar), encontrando-o do mesmo jeito ele reconhece a sua lealdade. Então o jardim, repleto e perfumado de belas tolices, fica sempre além das paredes, erguidas pelo lado de dentro para que possam se reconhecer, sem se confundir com as suas obras e tolices.

No entanto, não são as tão diversificadas tolices particulares que caracterizam o tolo-medium, mas a maior de todas as tolices, a mais geneticamente generalizada, a mais sustentada por ideologias hoje dominantes no mundo como o capitalismo e o consumismo, e por tantas razões a mais maquiada: o insaciável sentimento de posse. Alcunhado de amor-objeto por dificuldade lingüística, seria mais conciso dizê-lo amor por objetos. Sim, no plural, e isso é facilmente explicável. O primeiro amor de qualquer tolo são na verdade dois. Basta apenas alguma manha para que um deles lhe seja disponibilizado, ficando o outro para depois. Com o passar dos anos, o pequeno tolo desenvolverá muitos tipos diferentes de manha, porém, ao longo de toda a sua vida e mesmo quando já for um tolo-velho (talvez desdentado) ele dará preferência a objetos de aparência dupla... E macia...

Portanto, não se deixem iludir as tolas pelas deliciosas tolices maquiadas dos tolos, nem vice-versa. Sejam tolos novos e inexperientes demais, ou muito velhos e canalhas, sejam enormes ou apenas tímidos tolinhos, bem pressurizados com pouca irrigação celebral ou escassos de sangue com muitos sonhos na cabeça... Se já é tão difícil ter posse de alguma coisa nos amores, imaginem a tamanha tolice de querer exclusividade de coisas de aparência dupla! Posse das suas respectivas portadoras? Sem chance... Sustentar financeiramente as suas fartas e socializadas tolices? Como investimento, certamente será a alternativa mais segura... Garantia de uma aposentadoria tola e miserável.

Ora, o amor humano tem sobrevivido a tolices milenares. Mas teria se perpetuado sem elas? A brisa que tange os tolos, assim como as estrelas que podem ver, não são mais que um instante fugaz, a própria vida é um instante fugaz! Mas é tudo que podem possuir, tolos ou não... Por que então se deveria descartar as tolices? Não são elas mesmas as melhores referências para que se reconheça o tipo de amor insosso e inócuo? As tolices e o sexo se alternam enquanto o amor sobrevive, mas ele só será feliz se ambos ocorrerem simultaneamente de vez em quando. Apenas algumas vezes, e isso tornará cada amor inesquecível. Se alguém cultiva um amor por muito tempo, provavelmente cultiva alguma tolice. E se alguém se recorda de um amor passado, com muita certeza tem alguma tolice para contar. Talvez ambos sejam tolos e tenham seus próprios jardins particulares... Assim como eu, que sequer tenho uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada, em algum pulgueiro da cidade, e ser tolo o bastante para assistir o filme! Não, chega... Sejamos tolos, até sejamos convictos, mas nunca mais sejamos tolos-anônimos...

Eu, Lou Poulit, vulgo Passarinho-tolo (*), artista plástico, poeta e contista, por meio desta tolice crônica venho reclamar de volta todas as minhas tolices antes distribuídas, por equívoco desapego, declarando-as doravante reintegradas ao meu acervo sentimental, inalienáveis e insucessórias.

Por seu justo reconhecimento, venho requerer à minha própria auto-estima de tolo do amor humano, registro definitivo e carteira de identificação de tolo-aprendiz, com foto de passarinho.

Outrossim, declaro, por ter declarado “de rua” meu cão raivoso, que meu jardim desde já está aberto à visitação de tolas, loiras ou não, desde que portadoras de coisas de aparência dupla apreciáveis (a critério do declarante) e queiram nele amanhecer.

Para dirimir quaisquer dúvidas, elejo como fórum privilegiado a subjetividade coletiva de todas as beneficiárias das minhas tolices, destas desapropriadas sem “chorumelas”, digo, sem querelas, bastando que seja sediada em algum lugar entre o corpo e o espírito.

Sem mais para reclamar...

(*) – Em sites e comunidades de poesia da Internet, o autor também é reconhecido pelo pseudônimo de Passarinho.

Lou Poulit

Foto de Lou Poulit

O Caminho é o Mestre.

Precisei viver muito, cair e levantar muitas vezes, para legitimar no meu silêncio a simples impressão de que tudo valeu a pena, por ter aprendido algumas coisas. Há tantos anos que nem me lembro mais quando foi, li sobre o conceito cabalístico de amor. Achei que era uma coisa muito bonita, mas impossível de se conseguir. Parecia um paradoxo existencial insolúvel, porque parece pressupor o sacrifício da individualidade própria e sem ela, ainda que consigamos pisar no horizonte, não poderia haver nisso um mérito nosso, já que não terá sido uma obra nossa. Guardei o conceito com carinho numa das últimas gavetas da alma.

Os anos se sucederam e através deles uma aparentemente infindável sucessão de logros e malogros, que deixavam uma coisa cada vez mais clara e insofismável, na minha alma obstinada e penitente: as melhores coisas que havia conquistado não eram aquelas pelas quais me dispusera a tantos sacrifícios, não eram a montanha, mas sim as que em algum momento me pareceram uma pedra suficientemente firme, para enterrar o cravo e continuar a escalada. E isso foi verdadeiro em literalmente tudo. Sabia exatamente o que queria e, quase sempre, soube encontrar meios de prosseguir. Mas não sabia o mais essencial.

Não sabia que nossas ambições são como uma miragem. Ainda que sejam alcançadas, podem durar bem pouco nas nossas mãos. Mesmo porque logo precisaremos desesperadamente de um novo objetivo, uma nova referência para que possamos canalizar nossa energia. Precisaremos fazer isso, ou teremos a impressão de que todo o universo, em seu legítimo direito de prosseguir, está nos atropelando lenta e minuciosamente. Talvez possamos parar para comemorar uma conquista, ou nenhuma conquista, como fazemos mais freqüentemente, e assim exercer nossa auto-estima, e simplesmente não querer mais nada. Porém não poderemos interromper a sucessividade das coisas, ou a transitoriedade de tudo.

Como não podemos assumir nenhum dos extremos do paradoxo, ou seja, não podemos ser Deus nem tão pouco um inútil grão de areia, a solução está necessariamente no meio do caminho entre um e outro. Não é como encontrar uma agulha no palheiro, ou um determinado grão na praia, é muito mais difícil que isso!

Às vezes, por minha própria experiência, tenho a impressão de que posso propor uma solução: desconcentrar o foco. No entanto, preciso esclarecer uma coisa da maior importância: Quando digo desconcentrar o foco não estou defendo nenhuma abstenção, negligência ou leviandade generalizada, como pode perecer. Mas sim, muito ao contrário, redistribuir o feixe, contemplando mais as pequenas coisas do caminho, que estão sempre tão perto da gente; e nem tanto no horizonte, em cuja distância o foco talvez se perca irremediavelmente.

Isso não é nada fácil, concordo, mas deve ser uma espécie de aliança profícua. Sim, uma aliança porque assim daremos ao universo a oportunidade de participar muito mais proveitosamente das nossas conquistas, de nos oferecer alternativas, enquanto damos a nós mesmos a oportunidade de exercer mais legitimamente o nosso livre-arbítrio. Porém, aqui cabe um alerta: Não se deixe iludir pelo seu conceito vulgar e tão divulgado: O tal livre-arbítrio, instituição criada a partir textos inspirados, não pode ser o direito absurdo de fazermos o que bem entendermos. Crer nisso seria subestimar a inteligência do Grande Legislador, depois de superestimar a nossa. Não é minimamente razoável.

Vejo isso da seguinte maneira: suponhamos que você tenha dito ao seu filhinho amado que parasse a brincadeira para fazer o dever de casa. As crianças nunca têm pressa para aprender. Na verdade, ao fazer seus exercícios, querem mais se livrar da obrigação do que aprender o que os adultos pensam ser necessário. Ora, se você lhe desse dois ou três cascudos mais alguns gritos, certamente ele faria os seus exercícios e alguma coisa sobre a matéria haveria de fixar na mente, além dos cascudos e gritos, claro. Mas tenho a mais cristalina convicção de que você se sentiria um pai/mãe muito melhor, se ele resolvesse fazer o dever e aprender por conta própria! Sem precisar de qualquer penalidade. A evolução dele e a sua satisfação seriam muito mais legítimos e perenes. Pois aí está, para mim, o sentido verdadeiro do livre-arbítrio, dentro dos limites da mente humana. Até onde a criatura e o criador eram uma coisa só, não poderia haver esse mérito. Então, porque resolvemos criar nossos próprios objetivos e expectativas, e engendrar os meios para isso, passamos a precisar dessa instituição. Porque Deus, que não pode ser um pai menor do que eu ou você, prefere não nos arrastar para casa pelos cabelos. Na verdade não se trata de uma liberdade, mas da oportunidade de escolher bem e com responsabilidade.

Então, juntando tudo, creio ter uma boa proposta. É simples e não tem o rigor hermético imposto pelas instituições dogmáticas, que também tendem a priorizar suas próprias necessidades: focamos o horizonte apenas para que tenhamos uma referência de direção; depois criamos focos nas pequenas coisas que estão em nós, à nossa volta, entre nós e na mesma direção que escolhemos. Sem perceber, estaremos abrindo mão de uma parte do nosso ego cabalístico, aquele que quer satisfazer a si próprio, entretanto, também estaremos sintonizando a energia cósmica, que quer satisfazer a toda criatura, humana ou não, que possa escolher, segundo as preferências de cada uma. Além de satisfazer, segundo a Sua preferência, a todas as demais que não podem escolher por si.

A polarização sexual dessa questão é muito bem representada por um mito antigo: Os deuses do Olimpo estavam prestes a se unhar, por não haver consenso sobre quem teria mais prazer no amor, se o homem ou a mulher (uma questão que, hoje, a ciência responderia facilmente). Então Zeus, tido como grande sedutor mas que, provavelmente, era um péssimo amante, mandou chamar um semi-deus, por sua vez tido como apaziguador. Não podendo recusar a missão que lhe fora confiada, este meditou um pouco e depois afirmou categoricamente (sem a tecnologia atual): Quem tem mais prazer no amor é a mulher... Liderado pela extremada deusa Hera, mui traída esposa de Zeus, o bloco dos feministas já estava começando a sua festa. Mas, olhando os olhares inchados de raiva dos machistas, ele completou: ... Mas o homem é quem o provoca. E assim, enquanto o bloco dos machistas fazia a sua festa, a enfurecida Hera cegou o pobre semi-deus. Na tentativa de ajudar os que queiram compreender melhor a inexplicável sabedoria dos antigos, aqui vão versos definitivos de Vinícius de Moraes, da sua “Brusca Poesia da Mulher Amada”:

“...E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!”

O verdadeiro amor só pode ser isso: O sentimento de querer bem e de satisfazer as pessoas/coisas amadas. E para dar certo, basta que aquele que ama seja uma das pessoas amadas. Ponto passivo: não existe uma matemática humana para o amor, essa coisa de determinar de modo fixo um ponto entre os dois extremos. Tudo bem, mas não estaria exatamente nisso o mérito? Veja, essa exatidão fixa, humanamente lógica, redundaria em mais uma estrutura ideológica capaz de engessar a psiqué e atrair o foco para o ego. Ela não é necessária. Mais importa que se exerça a vida, a alma, que se ame e que se cresça. A alma é o maior objetivo, o amor é o meio mais eficiente, e o caminho, quanto mais escuro mais guarda estrelas: É o mestre!

Foto de Jamaveira

ALMA GÊMEA

ALMA GÊMEA

No mormaço do teu corpo me dispo
disponho do melhor abrigo
ali fico aconchegado, agasalhado...
amor sem risco, descamisado.

A sede do desejo sempre saciada
somos pareo do amor confiança
as curvas riscam anatomia perfeita
explosão de prazer, forte aliança.

Ao desabrigar para lida
a alma ainda parida
o dia-a-dia sequestro de ti
a noite... A lua sorri.

Jamaveira

Foto de Riad Munther Al Zarba

Embriaguez Saudosista

A luz da lua vislumbra visões
tanto as do bem... Quanto as do mal
E as paredes inertes se mostram tão vivas
de outro ponto de visão
Quero mais um conhaque pois a lua fraqueja
eu quero um par de lábios
que não sejam de ilusão

Nosso ato ofegante é o teu sonho de amor
minha prisão ambulante e a razão desta dor
Seu perfume suave na noite estrelada
e o cheiro o vento leva
com o ar frio da madrugada

Uma aliança no chão
uma alma com fome
uma nova mulher com odio de homem
serei eu uma vítima
gostando do perigo?
E vc é a loucura
de algo jamais visto

E se vem dos teus olhos essa melancolia
a força está no seu coração
por isso a considero minha eterna companheira
e vai ser assim
até o final...

A arma tua boca
uma batalha na cama
e é você quem dá início
a essa guerra sem fim
O empenho forçado
para nunca acabar
Essa realidade diferente
a realidade de amar...

Foto de MARTE

O PULSAR DO CORAÇÃO

Deixa-me fazer-te feliz,
Fazer o que sempre quis,
Realizar o nosso sonho esperança,
Neste dia selar a nossa aliança!
Tocar o teu corpo,
Com sussurros de amor,
Levar-te no tempo,
Dar-te o meu calor!
Efervecer a tua alma,
Pulsar os teus pensamentos,
Num sentimento que me acalma,
Viver os nossos momentos!
Acender a chama dos desejos,
Acordar-te com doces beijos,
Acariciar os teus lábios com os meus,
Despertar em mim os teus!
Sentimentos adormecidos,
Por vezes esquecidos,
Olhar os teus olhos,
Navegar no teu mundo,
Sentir os nossos sonhos!
Seres o meu tudo,
No respirar,
No pulsar do coração,
Na melodia da vida,
E contigo caminhar,
Em plena sedução,
Numa rima sentida!

Foto de shades

O nosso momento

Desperto os olhos
Descubro-te aqui
O cérebro já não pensa
Só o coração sorri

O batimento acelera
Como que a querer falar
Quer dizer que te adora
Que contigo quer ficar

Subitamente tudo aquece
Nada mais me distrai
O teu corpo encarece
O teu rosto me atrai

Tento olhar-te nos olhos
Algo que nem sempre consigo
O teu olhar ainda me finta
Não me serve de abrigo

Pelo meio deste tumulto
Vou tentando falar
São palavras de embaraço
Por de ti gostar

Depois, tudo mitiga
Com a crescente confiança
È uma norma antiga
Para gerar uma aliança

E pouco tempo depois
Algum tem que se ir
Acaba-se este instante
Um novo está para vir

Então, penso em ti
Anseio para te ver
Sonho outro momento
Que te possa ter

A cada minuto que passa
A ansiedade aumenta
O cérebro ainda maça
O coração já não aguenta

Resta-me esperar
Que o tempo decida correr
Por enquanto ainda passeia
Enquanto estou a sofrer

E quando menos espero,
Tudo recomeça!
O cérebro já lá vai
O coração também se apressa!

Desperto os olhos
Vejo-te aqui
Começa o processo
De gostar de ti!

Pedro Peixoto
13/05/06

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