Incólume
Paredes e ouvidos
supostamente ocos
gritam à dedos desvalidos.
aquela noite
ardia vermelha taça
na boca de teus seios
o cigarro parado queimava
enquanto veias entumesciam
era o maldito desejo a dizer:
quero-te!
quero-te no lençol sangrento.
quero-te na noite infernal.
quero queimar sem cinzas
abocanhar tua voz
na renda desenhada
de teu pensamento
perfurando histórias in contadas
e extrovertidas
às gargalhadas.
quero-te na ausência
do cheiro forte que exalas.
quero-te mordendo
até que possas saborear
cerejas desfazendo-se
em roucas letras
ainda por se formar
somente porque
esvaziaste e consumiste
o gole fatal.
sem entender o porque
estou limpo
lavado e barbeado
a espera de que algo aconteça.
ThiersRimbaud
25/2007
__Julho__
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