Mulher - Anos 40
Despertei aos quarenta
e descobri que ainda espero
meu cavalheiro andante.
Lancelot, Galahard, Arthur?
Por que não esperá-lo?
Não será o primeiro.
É certo que não.
O último?... Talvez.
Será meu bravo pioneiro.
Um sábio? Um guerreiro ou menino?
Quem desbravará meu coração?
E se neste território
onde habita o meu Ser,
não houver mata virgem,
Ainda encontrará recantos
originais, muitos encantos,
Áreas inteiramente preservadas.
Sonho aos quarenta. É justo.
Ainda desejo amar. É lícito.
E por que não sonhar?
E por que não realizar?
Sou pura essência,
Alma intacta, sem máculas,
sem rótulo de validade
Minha paixão não
está contida na idade,
ou deserdada pelo tempo.
E este fogo é incêndio
que brota no coração.
Simplesmente não se apaga.
É mar de larvas que se propagam.
Sempre em ebulição, erupção,
Onde só quem queima nada.
E se é verdade que o tempo acalma,
Sou como o próprio vulcão,
Que respira, medita e apenas dorme,
Aos quarenta! Viva a vida, pois nada morre.
Rosamares da Maia - 2000