Entrei no mar escuro, abracei as ondas
Sentia o meu corpo a fazer amor com o mar
Assim bebi a sua energia, a sua força pacífica
E ali fiquei sem contar o tempo
Deixei-me levar para terra
Estendi-me nas pedras mornas
Sentia-me única entre a terra e o céu
As nuvens não deixavam passar os raios do sol
A pele brilhava com as gotas de mar salgado
Cristais espessos formavam-se na pele
As pedras cravavam-se nas costas massajando-as
Estava assim estendida no chão,
Qual vestido atirado depois de usado
Despida de roupa, despida de emoções
Rendi-me e entreguei-me ao todo e ao nada
Sem passado nem futuro, apenas no eterno momento do Agora
A minha essência finalmente a descoberto
Sem corpo, sem matéria e sem densidade
Apenas lágrimas, lágrimas, lágrimas pacificas…
Lágrimas vindas do eterno vazio…