Blog de Paulo Gondim

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Na noite

NA NOITE
Paulo Gondim
23/08/2008

Escuto estrondos num clarão da noite
Que se fazia breu de tanta escuridão
Escuto gritos, roucos tão aflitos
Sinistro mórbido na imensidão

E se espalham por todas as fendas
Num vale de larvas como vulcão
Enfurecidas na ígnea corrente
Destruído tudo nessa combustão

Escuto gritos ainda mais além
Num eco triste, desolado e mudo
Lamentos da alma, presságio
De sofrimento muito mais agudo

E a noite segue a milenar rotina
Com seus fantasmas, seus grilhões
Na noite, os medos se confundem
Na noite, afloram as paixões

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FRUSTRAÇÃO

FRUSTRAÇÃO
Paulo Gondim
22/08/2008

Juro que de todas as maneiras eu tentei.
Fiz das tripas coração para te suportar
Mas todo o meu esforço foi em vão
Assisti de pé toda esperança definhar

Toda minha compreensão esgotou-se
Esbarrou na tua vil brutalidade
Afundou na areia movediça do descaso
Da tua estúpida falta de cumplicidade

E todos os sonhos não subsistiram
Morreram um a um à minha frente
Como vieram, tristes, logo partiram

Agora, só resta essa mágoa inclemente
De angústias diárias que me irritam
E a frustração de uma vida descontente

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Um anjo

UM ANJO
Paulo Gondim
19/08/2008

Um anjo caiu do céu
Pousou na minha saudade
Veio como a brisa suave
Leve como o orvalho
E sorriu no amanhecer
Fazendo tudo em volta renascer

Um anjo que vagava pelo infinito
Semeava sonhos coloridos
Carregando lembranças boas
De um grande amor adormecido

E de tanto vagar e semear,
Resolveu colher as flores
E fazer chuva de pétalas
Para alegar corações sofridos

Inevitável o encanto.
A chuva de pétalas regou a saudade
A saudade aflorou a paixão
A paixão desabrochou em amor
O amor, mais uma vez, floresceu
E o anjo fingiu que voltou para o céu

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O sono da alma

O SONO DA ALMA
Paulo Gondim
17/08/2008

Deixa que minha alma sonhe
Que o lúdico se faça infinito
Que meu pensar voe longe
No eco suave de meu grito

Não me acordes de tão belo sono
Nele, nuvens de sonhos se alinham
E me transportam para além mundos
Esperanças que ali se avizinham

Embala-me sob o canto suave do vento
Sob a luz das estrelas e o brilho do sol
Agasalha-me no aconchego de teu colo
Banha-me no orvalho doce do arrebol

Deixa que minha alma durma
No abrigo de teu peito protetor
Não me acordes de tão belo sonho
Do prazer de gozar de teu amor

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Encanto

ENCANTO
Paulo Gondim
16/08/2008

Divides comigo grandes momentos de encanto
Na magia de teu riso alucinante
Nos minutos furtivos do encontro
No calor amigo de teu peito amante

E nesses poucos instantes de aventura
Mergulhados em fontes de prazer
Deixamos fluir em nós toda a volúpia
Permitimos tudo ali acontecer

Cria-se em nós, como por instinto,
Um clima intenso, um ponto de fusão
Na entrega de corpos flamejantes
Ígnea que dispara esta combustão

E depois, a sonolência suave do cansaço
Os corpos nus, os pés descalços
A sensação imensa de prazer
No descanso envolto nos teus braços

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Os dias de meu pai

OS DIAS DE MEU PAI
Paulo Gondim
13/08/2006

Dia dos pais? Sei que tem.
Embora não me conste festa
Mas, me lembro de meu pai
De pequena estatura,
Porém, grande criatura
Em sua vida dura
Quase centenária

Não sabia ler, nem escrever
Privaram-lhe desse “luxo”
Não lhe foi dado aprender
Não teve essa “vaidade”
Mas, de tudo sabia fazer
Não por arte ou prazer
Mas por necessidade

E na dureza de seus anos
Nunca teve festa
Mas, muitos desenganos
No labor diário
De uma terra hostil
Que pouco lhe rendia
Mas acreditava
E sempre esperava
Por um “novo dia”

Assim foi meu pai
Um verdadeiro herói
Muito lutou, pouco arranjou
Mas a todos sempre amou
E em nome dos filhos,
A tudo renunciou
Mas os sustentou
E nunca o “seu dia”
Consta que festejou

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Vigília

VIGÍLIA
Paulo Gondim
04/08/2008

Que me escutem os pássaros, o vento, o ar
Já que insistes em não me escutar
Que meu clamor chegue às nuvens, ao infinito
Quem sabe, assim, escutarás meu grito

Que venha a mim o silêncio da noite, o luar
Como companhia na minha solidão
Na vigília longa de tanto te esperar
No tormento insólito de minha solidão

Que me leve a ti o frio e gelado vento
Das noites úmidas de meu íntimo outono
No assobio dessa brisa leve, no açoite lento
Que me corta alma no meu abandono

Que me venha o sono, ora tão distante
Para que descanse minha alma triste
E quem sabe sonhe em forma de calmante
Para um coração que amar ainda insiste

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Fórmula

FÓRMULA
Paulo Gondim
03/08/2008

Um gesto sutil de um olhar feito chama
Como flecha no coração de quem ama
Desfaz-se a calma, nesse gatilho de pura emoção
No doce estribilho de nova canção

Um sorriso inocente, insinuante, quente
Janela de alma adolescente
No canto alegre, vibrante de ilusão
Que exulta em sonhos o coração

Os sonhos dispersos, fugindo da mão
O peito arfante, inseguro, sem os pés no chão
São ingredientes, fórmula perfeita
De uma grande paixão

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Resumo

RESUMO
Paulo Gondim
30/07/2008

O que mais posso querer do amor
Se tudo o que almejei, consegui de ti
Se tudo o que sonhei se realizou
Se tudo o que busquei eu recebi?

Não contaram as horas de angústia
Os momentos dúbios de incerteza
As noites longas, mal dormidas
E as tardes frias de tristeza

Não contaram porque superadas
Pela vontade de estar contigo
Pela satisfação de teus abraços
Pela certeza de estares comigo

E assim, nessa harmonia, tudo se resume
Dores, angústias, esperas, incertezas
São, da alma, detalhes necessários
Qualificados como pequeninas fraquezas

A cada momento que passo contigo
Minha alma voa em longos devaneios
Meu semblante fica leve, como menino
E vejo realizados todos meus anseios.

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Ao meu amor

AO MEU AMOR
Paulo Gondim
21/07/2008

Bem-aventurada és tu, amada minha
Que não medes esforços em me querer
Regozija-te em receber meu afeto
Na medida exata de tudo que eu posso crer

Celebro-te mil homenagens, minha flor
Canto todos os cantos em teu louvor
Recito os salmos mais profundos
Danço par ti, a dança sutil de meu amor

E na beleza que se vê nesse momento
Só o céu é testemunha, mais ninguém
Entre nós dois, tudo é contentamento
Do que existe agora e muito mais além

Bem-aventurada és tu, minha querida
Como alvorada que desperta o pescador
Como o orvalho que refresca as manhãs
Como centelha que incendeia o meu amor

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