Faço o que não quero...
O que quero nunca faço!
O mar negro que me abstêm
Vejo a neblina em seu abraço
Fujo do que me faz bem
Teu mau sempre me detém
No fundo do oceano estou ancorado
Fujo do amor. Um pescador de sonhos!
Sinto a dor com um sabor de mel recém tirado
Nunca limpo as teias do telhado
Que me enfeitam tão obscuramente
Como um assassino desalmado
A gota pinga, esfria, desfalece!
O afeto cresce com o chegar da tua fragrância
Mas sinto que não é essa a minha herança
Já sou parte do sepulcro inerte e lacrado
No reduto de velhos, de astutos magos
Vejo o mundo com novos sentidos
Nem sempre algo bom produz coisas boas,
Mas às vezes coisas não boas trazem bens necessários
Como os cavaleiros vitimados na guerra infernal
Que pintaram a história, com a tinta escarlate
Fortes! Gritos de adendo ecoam-se no mar
Um sedento nadador que não se pode saciar.
(Melquizedeque de M. Alemão, 21 de julho de 2011)