Blog de Lígia Laginha

As acções ditadas pelo coração são poucas
E as explicações para a sua falta imensas,
Pejadas de desculpas extensas
Que esbarram com as almas ocas.

Só alguns apelam arduamente ao sentimento,
Usando o mesmo como algo que se compra e vende,
Apostam na emoção que mais rende
Sobretudo nos chamados programas de entretimento.

Esses traficam amor, paixão e ternura
Nos tempos de paz e alegria,
Mas quando a guerra é a ordem do dia

Também oferecem ódio, raiva e loucura.
Assim, vivem do comércio da sentimental mercadoria,
Independentemente da bonança ou da agrura.

Estás farta de rir sem ter vontade!
Mas o que podes fazer?
Foi esse o esquema que inventaste para entreter
A odiosa, tua semelhante, Humanidade.

Por vezes ainda pensas em te libertar…
Mas acabas por concluir
Que a máscara já cobre todo o teu existir
E tens incondicionalmente de a usar.

Então vês que a vida é isso e mais nada
E o teu desespero quase te leva à combustão,
Pois ardem-te a raiva e a revolta no coração

E desejas ainda mais ser mal-humorada
Quando te lembras da maldita representação
E tens de soltar uma pseudo-convincente gargalhada.

(02/12/08)