Era sozinho, há coisas que o tempo não cura
Por si só nunca cura, o sangue derramava
Como ferida aberta que era, mas não se vê ainda
E ninguém compreende.
Era sozinho, dia frio e inconfundível na memória
Que eu queria apagar, choram os mares na altura
Em que eu devia ter chorado também as poesias,
Mas não chorei.
Era sozinho, desprotegido, qual ombro desnudado
Ao vento de Inverno, reti-me, ajuntaria depois
As lamúrias à chuva e talvez aí…
Mas é Verão, o Sol seca a pele e a chuva não pende.
Sou facto de dois, metade de um, metade de outro.
Nada mais é, nada era antes e se era, não me descompõe.